Reminiscent escrita por Alyssa


Capítulo 2
Chapter II - Twinkle Twinkle Little Star


Notas iniciais do capítulo

Boa noite, seus limdjos -w-

E estou novamente aqui com um novo capítulo /eeeehh
O capítulo de hoje se remete ao presente, então agora poderemos ver o atual de todos qq
Espero que goste de como as coisas se desenvolveram o3o E bem, se não gostarem, sina-se livre pra dizer também lol A opinião de todos é interessante :3

Outro nome de composição no titulo aaaa ♥ ~Dessa vez a honra é do lindo do Mozart -w-


Boa leitura a todos ♥



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Chapter II

Twinkle Twinkle Little Star

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Atualmente

Mais 7 anos haviam se passado desde então. Algumas coisas mudaram na vida daquela família, conforme o tempo foi passando. Sesshoumaru deixou de vez a ideia da música em sua vida, optando por apenas se concentrar até o fim de seus estudos. InuYasha deixou de fazer muitas coisas, porém não desistia de sonhar em ver seu irmão tocar novamente. Izayoi, junto de InuTaisho, tiveram a ideia de abrir uma escola de música. Iam de iniciante até o avançado, apesar de, ser apenas uma desculpa para incentivar a música mais uma vez naquela família.

Mesmo que sempre estivesse sério com sua decisão, as vezes se via encarando a porta trancada daquela sala. Seu piano branco estava lá, parado a exatamente 7 anos. Depois daquele dia, ele simplesmente trancou a porta e jogou a chave fora. Hoje sabia que havia sido uma atitude infantil, mas no momento foi o único meio que conseguiu para se aliviar daquela frustração.

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— Você está mesmo bem? — Pergunta Izayoi, chegando perto dele. — Está encarando essa porta a dias.

— Estou. — Sesshoumaru se limitou a responder. — Não é bem isso que estou olhando.

— Você sente falta, não é? — Izayoi insistiu. — Por que não volta a tentar?

— Não, não sinto. — Sesshoumaru se virou para ela. — Eu já disse que não posso mais tocar, você sabe.

— Sesshoumaru. — Ela suspirou. — Então venha comigo, ao menos. — Tentou novamente. — Sabe, numa escola de música não precisa somente tocar um instrumento… Você pode dar dicas aos novatos.

— Por que insiste tanto em mim, mãe? — Perguntou Sesshoumaru, frustrado. — Eu não pertenço mais a esse mundo.

— Você é meu filho, é claro que vou me preocupar. — Izayoi o abraçou. — Não gosto de vê-lo desse jeito.

— Eu estou bem… — Sussurrou, se deixando ser abraçado.

— Então me prove. — Izayoi o soltou, olhando-o séria. — Venha comigo hoje.

— Mãe… — Sesshoumaru começou, já suspirando.

— Receberemos alguns alunos novos. — Izayoi cortou animada. — Ao menos venha conhecê-los, sim?

— Tudo bem. — Se deu por vencido, conhecia bem a mãe que tinha. — Eu vou acompanhar um pouco.

— Está ótimo! — Izayoi sorriu. — Esteja pronto, sairemos em breve.

— Ok… — Murmurou, caminhando para seu quarto.

“Nem tudo precisa ficar no passado...” — Izayoi voltou a olhar para aquela porta trancada. — “Às vezes, tudo o que precisamos é de um motivo certo para continuar o que pausamos.” — Por cima da camisa segurou uma corrente dourada.

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~*~

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Escola de Música Ikigai

A escola ficava numa velha construção, esta que fazia jus ao tipo de ensinamento que eles procuravam dar ali. Resgatando as antigas técnicas da música; a especialidade deles era a clássica. Apesar de existir escolas mais famosas na cidade, a de Izayoi, tinha alguns diferenciais que a fazia ser única. E novamente, era graças a isso que novos alunos se matriculam.

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— Eu não vou ficar muito tempo, já aviso. — Falou Sesshoumaru, abrindo a porta. — Nem sei por quê aceitei vir…

— Não se force tanto, mas adoraria que me acompanhasse na aula nova de piano hoje. — Izayoi comentou. — São tão fofos.

— Que faixa etária? — Perguntou curioso. — Isso pode ser um problema, no entanto.

— 10 anos, por aí. — Olhava algumas fichas. — São duas irmãs gêmeas… Ah, tem o irmão que é um ano mais velho. — Lembrou. — A mãe insistiu que eles aprendessem juntos… Não vai ser tão ruim assim.

— Diz isso agora. — Sesshoumaru suspirou. — Eu vou para a sala esperar.

— Oh, tudo bem. — Izayoi avisou. — Vou esperar os pequenos aqui.

 Como quiser. — Sesshoumaru respondeu de longe.

 Esse meu filho. — Izayoi murmurou perdida. — Oh sim, a professora nova veio? — Se virou para a secretária.

— Sim, ela já chegou...

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Sesshoumaru, caminhava em passos lentos até a sala mais próxima, local onde era dada as aulas de piano. Sua mãe geralmente acompanhava os novos alunos que se matriculam, antes de repassar aos demais professores. Ali ela apresentava a música e falava mais sobre o instrumento escolhido. Após isso, marcava aulas particulares dependendo o nível do aluno.

Abriu a porta devagar, revelando alguns pianos verticais pela sala. Aquela visão era um tanto nostálgica para si, desde que aprendeu a tocar em um daqueles. Entretanto, a sonoridade e harmonia que sentia em um de cauda era sem dúvidas inexplicável. Deixando a porta aberta, seguiu até um piano mais próximo. Olhou por alguns segundos aquele teclado perfeitamente alinhado, seus dedos estavam formigando para tocar.

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— Não posso… — Sussurrou, se contendo. — O que eu estou fazendo aqui?

— Você é o nosso professor? — Logo ouviu uma voz infantil atrás de si.

— Não. — Diz Sesshoumaru. — Só vim olhar. — Deu de ombros. — Sente-se ali e aguarde.

— Sim, senhor. — A menina correu até um puff mais próximo. — Ei, senhor.

— Hm? — Sesshoumaru voltou a olhar para a menina. — Não me chame de senhor.

— Oh, então como devo chamar? — Ela perguntou confusa. — Você não é professor também…

— Sou o filho da professora Izayoi. — Sesshoumaru disse por fim.

— Ah, entendi. — Ela sorriu. — Ei, filho da professora, você sabe tocar piano?

 Filho da professora?! — Sussurrou incomodado. — Não, não sei. — Mentiu.

— Não sabe? — Ela insistiu confusa. — Por que você olhava com tanta tristeza para o piano então?

 O que… — Sesshoumaru ficou de cara com a pergunta tão na lata. — Ei, espionar os outros é falta de educação.

— Mas a professora Izayoi que disse para vir aqui. — Ela cruzou os bracinhos séria. — Não fiz por querer. — Se ajeitou no puff. — Mas por quê olhava daquele jeito então?

“Ela realmente não vai desistir.” — Pensou incomodado. — Estava desse jeito porque… Não sei tocar, é isso.

— Oh. — Ela pareceu acreditar. — Então você veio aprender também?

— Não. — Murmurou entediado. — Vim matar tempo e ver vocês aprenderem.

— Entendi. — Ela parecia finalmente ter suas dúvidas sanadas. — Ah, a professor chegou.

— Vamos começar. — Izayoi entrava. — O restante chegou… Por aqui, pequenos.

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Sesshoumaru, caminhou para o outro canto da sala, sentando-se numa cadeira sozinha. Ao olhar para o porta, viu mais duas crianças entrando, todas na faixa etária que sua mãe havia falado. Era no fim um menino e duas meninas. Duas crianças pareciam discutir algo, enquanto apontavam para um piano. A menina das mil perguntas sorria para a nova professora amavelmente. Revirou os olhos com a visão. Quem visse isso, diria que o mesmo não gostava de crianças, mas essa seria uma informação errada. Ele até gostava, mas no momento aquele não era seu cenário preferido.

Estava pronto para ignorar a próxima hora de aula, quando uma nova pessoa entrou. Ao encará-la sabia que não tinha nem um pouco cara de 10 anos, entretanto o que uma garota mais velha fazia ali junto de todas as outras crianças. Sem falar que ele pensava que fossem apenas três irmãos. Ela também não era nenhum pouco parecida com eles. Um tanto curioso, Sesshoumaru, tentava prestar atenção na situação presente. Olhar para aquela garota havia lhe dado uma sensação incômoda.

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— Oh, você realmente veio. — Izayoi voltou toda sua atenção para a novata. — Fico feliz que tenha conseguido convencê-lo.

— Obrigada pela paciência em esperar. — Ela sorriu simplesmente. — Meu pai é um pouco intolerante com algumas coisas. — Suspirou.

— Eu entendo bem como é isso. — Izayoi sorriu também. — Tenho três homens e um gato problemático em casa.

“O que raios ela está dizendo ali?!” — Sesshoumaru revirou os olhos.

— Eu espero não dar muito trabalho. — Riu sem graça. — Prometo me esforçar muito.

— Não se preocupe com isso, nunca é tarde para aprender algo. — Izayoi confortou com palavras. — Só ficamos velhos quando paramos de aprender.

— Eu concordo com isso.... Minha mãe sempre… — Sussurrou nostálgica.

“Ela veio aprender piano nessa idade?” — Sesshoumaru encarava a cena surpreso. —“Não que eu tenha algo contra, mas é curioso ver algo assim.”

— Sesshoumaru... Filho! — Izayoi o chamou. — Venha aqui, quero apresentá-la.

— Estou indo. — Levantou a contra gosto. — Por que eu preciso conhecê-la mesmo!? — Sussurrou.

— Vamos, não seja tímido. — Izayoi o puxou para o seu lado. — Esse é meu filho mais velho, Sesshoumaru.

— Eu sei me apresentar, mãe. — Sesshoumaru murmurou entre dentes, enquanto tentava fazer uma cara simpática. — Prazer em conhecê-la.

— Oh, o prazer é meu. — Ela sorriu corando. — Sou Rin…O-Olá. — Gaguejou. — Isso foi estranho, eu sei. — Sussurrou.

—  Ela não é um encanto? — Izayoi sorriu, cutucando Sesshoumaru.

“Um encanto quebrado, eu diria.” — Suspirou, sentindo novamente aquele incômodo.

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Enquanto os minutos de aula passavam, alguns alunos iam acompanhando os ensinamentos de Izayoi com toda atenção. A menina que havia chegado primeiro, se chamava Yuuki e a mesma já sabia fazer algumas notas. Enquanto, seus irmãos eram separadas por nível de aprendizado. Rin somente assistia tudo do fundo, próxima a Sesshoumaru. Quando todas as crianças se foram, Izayoi se dirigiu à Rin.

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— O que achou da aula? — Izayoi perguntou. — Nivelamento pode parecer chato para sua idade.

— Oh não, eu gostei de ver sobre isso. — Rin respondeu rapidamente. — Algumas coisas eu já havia esquecido…

— Que idade ela tem? — Sesshoumaru perguntou sem rodeio. — 10 anos que não seria!?

— Que cruel, Sesshoumaru! — Izayoi o repreendeu. — Nunca pergunte a idade de uma dama assim.

— Sem problemas. — Rin deu de ombros. — É, eu não tenho 10 anos. — Murmurou incomodada. — Tenho 18.

— Imaginei que fosse isso. — Murmurou simplesmente. — Sabe tocar algo?

— Eu sabia a um tempo atrás… — Falou Rin, suspirando levemente. — Com o tempo a gente vai esquecendo o que aprende.

— Se não praticar pode acontecer mesmo. — Izayoi comentou. — Há quanto tempo não chega perto de um piano, querida?

— Vai fazer... 10 anos… — Rin respirou fundo. — É, quase 10 anos já.

— Oh, mas é bastante tempo. — Izayoi ficou surpresa. — O que houve para acontecer algo assim?

— Eu não me lembro muito bem o que houve… — Rin sorriu sem graça. — Acho que ele trancou tudo e jogou a chave fora.

— Ah, entendo bem isso. — Izayoi encarou Sesshoumaru. — Mas agora vai ficar tudo bem.

— Eu espero…

— Eu tenho uma aula agendada agora. — Izayoi olhou a hora. — Como você veio mais cedo do que precisava, se importa de esperar um pouco?

— Oh não, tudo bem. — Rin concordou. — Eu tenho bastante tempo livre, por isso vim mais cedo hoje.

— Tudo bem, fique à vontade. — Izayoi ficou de pé. — Ah, Sesshoumaru… Por que não faz companhia a ela?

 Mãe… — Sesshoumaru olhou-a incomodado. — Eu tenho que estudar hoje.

— Estudar o que? — Izayoi revirou os olhos. — Nem o curso você decidiu ainda.

— Esse tipo de assunto é particular. — Suspirou. — Tudo bem, eu fico. — Se deu por vencido. — “Já tive que aturar uma hora com crianças mesmo.”

— Eu não quero incomodá-lo. — Rin tentou recusar. — Posso esperar aqui quietinha.

— Não diga isso. — Izayoi sorriu. — Ele parece chato, mas é um bom garoto.

— Mãe...

— Estarei de volta em breve! — Izayoi saiu rapidamente.

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O silêncio se formou na sala, deixando uma Rin um tanto constrangida. Não querendo apenas ficar sentada encarando o nada, ela se pôs a andar pela sala. Olhava cada piano com curiosidade. Observando marcas e até as cores em cada detalhes. De longe podia ver o quanto seus olhos brilhavam.

— Oh, um autêntico Fritz Dobbert. — Rin se aproximou de um piano próximo à porta. — Essa madeira nogueira dá um jogo de cores perfeito. — Olhava em cada canto. — Hm, deve ter umas 12 costeletas aqui…

— Você parece entender de pianos. — Sesshoumaru comentou. — Até agora as pessoas apenas diziam que parecia um armário.

— Ah, eu realmente gosto de conhecer bem os instrumentos que vou tocar. — Diz Rin, se virando para ele. — Acho interessante adquirir tal conhecimento.

— Você é uma das poucas. — Sesshoumaru ficou de pé. — Esse foi o último piano que minha mãe comprou.

— Ele é muito bonito. — Rin sorriu. — Só tinha visto na cor preta até agora.

— Ela gosta mais de tons de madeira mesmo. — Confessou. — Apesar de nem eu mesmo saber que esse era feito de nogueira.

— Sim, eu… Oh! — Rin parou de falar ao notar algo ao fundo da sala. — Espera… Esse ali é um Ritmuller Colonial? — Correu para o outro lado da sala. — Esse tom que só a madeira Imbuia tem... É perfeito!

— Esse é o mais velho de todos aqui. — Sesshoumaru se espantou com o surto repentino dela. — Acredito que foi o primeiro piano dela. — Se referia a mãe.

— Eu sempre quis ver um de perto. — Rin ainda falava toda animada. — Só vi por fotos… Nossa, um de verdade!

“É a primeira vez que vejo uma pessoa tão feliz só por causa de um piano” — Sesshoumaru disfarçou um sorriso. — “A primeira pessoa que não seja eu…”

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Enquanto Rin olhava cada detalhe esculpido na madeira já antiga, Sesshoumaru deixava sua mente viajar para um época longe, mas ao mesmo tempo tão viva da sua infância. O dia em que decidiu aprender a tocar piano. O dia em que sentiu a música mudar a sua vida… Mas logo um pensamento trágico o fazia esquecer de toda a magia.

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— Você está ouvindo isso? — Rin o puxou para o presente com sua voz.

— O que? — Sesshoumaru perguntou confuso. — Sobre o que você está falando?

— Essa melodia… — Rin murmurava calma. — Cenas da infância.

 Hm? — Caminhou próximo a ela. — Ah, você diz essa música?

— Sim, é uma das 13 composições de Robert Schumann. — Rin comentava. — De todas, o 7º movimento é a minha preferida.

 Träumerei… — Sesshoumaru murmurou, ouvindo nota por nota. — Uma surpresa que você prefira composições calmas.

 Huh? — Rin voltou sua atenção para Sesshoumaru. — Por que?

— Você parece ser muito espontânea e tagarela. — Deu de ombros. — Achei que gostasse de algo mais animado.

— Ah, entendi. — Rin sorriu sem graça. — Normalmente eu passo essa impressão mesmo.

— Quer tocar? — Sesshoumaru desviou do assunto ao perceber que as mesma havia ficado sem jeito. — Esse piano ainda é usado para algumas aulas.

 Ah! — Rin voltou a olhar para o piano. — Acho melhor deixar para outra vez.

— Eu conheço a minha mãe. — Sesshoumaru escolhia as palavras. — Ela me fez vir hoje aqui de propósito.

— O que você está querendo dizer com isso? — Rin perguntou confusa.

— Estou aqui por causa de você, é isso. — Soltou de uma vez. — Ela não faz ponto se dar nó. — Murmurou para si. — Senta!

— Sim, senhor! — Rin sentou-se rapidamente. — Quer dizer, como assim? — Se sentia cada vez mais perdida. — “Ah, a melodia parou…”

— O que você sabe tocar? — Sesshoumaru perguntou simplesmente. — “Realmente, que sensação incômoda...”

— Acredito que nada mais. — Diz Rin, engolindo em seco. — Faz tanto tempo já.

— Então vá na sequência de notas mesmo. — Cruzou os braços incomodado. — “Que tipo de situação é essa?”

— Entendo. — Rin deslizou suas mãos calmamente pelas teclas. — “Oh droga, isso é muito constrangedor!”

— Um pouco mais rápido… — Sesshoumaru fechou seus olhos calmamente. — Mais…

— Certo.  — Rin continuou a seguir a sequência. — “Eu vou morrer aqui!”

— Agora tente isso. — Sesshoumaru folheava uma partitura. — Essa aqui é a básica.

— Huh?! — Rin observou o título. — Twinkle Twinkle Little Star…

— Pode começar. — Suspirou. — O primeiro verso já está bom. — Completou. — Olha, as notas estão simplificada na partitura e nas teclas do piano.

— Ah… Certo. — Murmurou apreensiva. — “Eu não esperava ter que tocar assim de cara.”

— Ok… — Sesshoumaru ouvia as primeiras notas. — Espera… O piano está desafinado? — Olhou confuso.

— Acho que quem está desafinada sou eu… — Rin sussurrou, sentindo se afundar no banco.

— Já começaram? — Izayoi entrou ali, acompanhada de uma garota.

— Não, estamos apenas repassando notas. — Diz Sesshoumaru, observando a garota nova interessado. — “Essa garota…”

— Oh, entendo. — Murmura Izayoi. — Deixa-me apresentar, Kagura.

— Muito prazer. — Kagura sorriu simplesmente. — Estarei tendo aulas aqui a partir de hoje.

— É um prazer! — Rin sorriu, ficando de pé. — Também comecei hoje.

— Deu para ver, a diferença de som é algo que se nota de longe. — Kagura encarou Rin. — Mas treinando você consegue, certo?

— Sim. — Rin sorriu, não se importando. — Terei certeza de treinar muito.

— É assim que se fala. — Izayoi incentivou. — Logo estará tocando de olhos fechados.

— Eu espero. — Rin sorriu corada. — Eu tenho muito o que aprender.

— Pense positivo, querida. — Izayoi concordou. — Sesshoumaru, venha aqui um pouco.

— Ok. — Seguiu sem dizer mais nada. — “O que ela faz aqui, hm…”

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Com a saída de Izayoi e Sesshoumaru, o ar em torno das duas ficou gelado. Kagura encarava Rin de cima, sem mesmo disfarçar. Algo em Rin não parecia agradá-la. Rin por outro lado tentou disfarçar o constrangimento, segurando de leve o colar prateado que usava. O mesmo possuía um pingente em forma de coração, junto de uma nota musical. Rin sentindo-se incomodada, se virou novamente para o piano. Pegou a partitura e começou a folhear devagar.

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— O que acha que está fazendo nesse lugar? — Kagura cortou o pequeno silêncio.

— Como? — Rin perguntou confusa. — Eu vim aprender…

— Aprender, você? — Kagura repetiu. — Parece que não se lembra mesmo de mim.

— Hm, não. — Rin respondeu incomodada, segundo seu colar sem perceber. — Nos conhecemos da onde?

— Não vai fazer diferença se eu falar isso agora. — Kagura deu de ombros. — Já faz 10 anos mesmo. — Voltou a observar o pingente.

— 10 anos… — Rin sussurrou tonta. — Por acaso você ia naquela escolinha também? — Olhou para seu pingente confusa.

 Oras… — Kagura de virou para Rin.

— Pronto, terminamos. — Izayoi voltou com um sorriso no rosto. — Kagura, amanhã ligo para combinarmos as aulas direitinho.

— Obrigada, Senhora Izayoi. — Kagura sorriu gentilmente.

— Não precisa ser tão formal assim. — Diz Izayoi. — Assim sinto que estou envelhecendo rápido.

— Desculpe, mas fui criada com tal educação. — Kagura se curvou levemente. — Contudo, farei como diz.

— Vamos, seja um pouco mais solta. — Izayoi sorri. — Até mais, se cuide.

— Obrigada. — Kagura ajeitou sua bolsa no ombro. — Até mais, Rin!

— Oh, até mais. — Rin sorriu. — Tenha cuidado ao ir para casa. — Deu tchauzinho.

— Vamos começar? — Izayoi falou, trazendo a atenção de Rin para si.

— Oh, claro. — Rin voltou sua atenção para Izayoi. — Ah, onde está o seu filho? — Procurava Sesshoumaru com os olhos.

— Ele foi resolver algo para mim. — Ela explicou simplesmente. — Vou conduzir a aula daqui.

— Tudo bem. — Rin concordou. — “Vai ver ele já se cansou.”

— Vamos, sente-se ali novamente. — Apontou para o velho colonial. — Ele te deu essa música é?

— Sim. — Rin concordou, enquanto ajeitava a partitura. — Apesar de nem ter começado mesmo…

— Foi a primeira composição que ele aprendeu sozinho quando pequeno. — Izayoi comentava nostálgica. — Então, vamos lá.

— Sim… — Rin se ajeitou no banco. — “Por alguma razão ela tinha um olhar melancólico agora.”

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~*~

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Mais tarde

Rin parou em frente a uma grande porta de mogno escura. Respirou fundo, enquanto decidia se entraria ou não. Quer dizer, ali era sua casa, no fim teria que entrar. Entretanto, havia passado quase o dia todo fora. Encarar o seu pai naquele instante não parecia ser algo muito interessante.

Se dando por vencida, decidiu abrir a porta com calma. Entrou em passos lentos, fechando-a atrás de si. Olhou em redor, passando pelo hall de entrada, indo direto para a escada que dava ao segundo andar.

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— Onde esteve, Rin? — A voz calma, vindo da sala ao lado, lhe fez congelar no lugar. — A governanta me falou que você esteve o dia todo fora.

— P-Papai… — Rin gaguejou. — Sim… Eu estava um pouco ocupada hoje. — Se virou para ele.

— Ocupada com o que? — Se revelou na luz. — Você deveria apenas se concentrar no seu curso. — Sua expressão era séria, apesar da voz calma. — Pare de procurar distrações para a sua mente.

— Eu entendo. — Rin respondeu. — No entanto, eu não posso ficar apenas estudando o dia todo. — Suspiro. — Não aguento mais ficar trancada em casa…

— Rin, o que você está aprontando pelas minhas costas? — Seu tom engrossou. — A governanta não soube me dizer onde você foi.

— A-Ah… — Rin voltou a gaguejar. — Bem… Eu fui à biblioteca…

— Por que uma biblioteca quando temos todo tipo de livro necessário? — Ele semicerrou os olhos.

— Papai, veja bem, o que eu procurava era um livro… diferente… — Rin se enrolava na explicação.

— Um livro diferente? — Ele repetiu interessado. — E onde está esse livro diferente?

— Huh?! O livro?! — Rin olhou para suas mãos vazias. — Haha, o livro… Eu não achei nenhum.

 Está mentindo para mim, Rin? — Tornou a perguntar.

— Não, papai. — Diz Rin, abaixando o olhar. — Não estou.

— Espero mesmo que não. — Resmungou. — Só te peço duas coisas: Não minta pra mim… E não se envolva com nada haver com música.

— Sim, papai... — Respondeu tristemente. — Pode deixar.

— Bom, agora vá para o seu quarto. O jantar será servido no horário. — Seu pai disse, saindo em seguida.

“Por que não posso me envolver com música… Ein, papai?” — Rin suspirou.

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Duas semanas depois

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Conforme os dias iam passando, Rin e as novas crianças aprendiam mais sobre aquele belo instrumento. Obviamente, a ‘grande menina’ se sentia deixada para trás, todavia, ela sabia que crianças tinham mais facilidade para aprender as coisas. Ao observar algumas salas, Rin notava as crianças melhorando cada dia mais. Sorria sem perceber, afinal um dos seus motivos em querer recuperar o tempo perdido, era poder ver mais cenas assim.

Desde o dia em que seu pai lhe repreendeu, Rin começou a tomar mais cuidado ao sair de casa, lembrando sempre de trazer algo junto. Porém, não seria sempre um livro, as vezes até algo que a governanta pedisse. Isso mesmo, Kaede, a tal governanta, estava do seu lado e sabia obviamente o que ela tanto fazia fora de casa. No começou até tentou parar Rin, mas no fundo entendia que isso era algo que corria no seu sangue já.

Entretanto, o que Rin não sabia, era que seu pai andava desconfiado. O mesmo já pensava em contratar um detetive particular e colocar atrás dela. Talvez ele ainda não tivesse feito, pois esperava que ela tomasse a decência de lhe dizer a verdade. Infelizmente o tempo dela estava acabando agora.

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Escola de Música Ikigai

Um nova semana se iniciava na rotina da escola de música. Rin parou em frente ao local e observou a velha construção. Notou cada detalhe no acabamento da porta e das janelas. Seu olhar subiu até o telhado, descendo pela parede, ainda bem conservada. Mais um vez subiu o olhar, dessa vez mirando o nome da própria escola. Ela conhecia bem aquele kanji e o que a palavra Ikigai queria dizer.

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“Razão para viver, é?!” — Rin suspirou, ao perceber que talvez estivesse ainda patinando nisso. — “Ao menos devo tentar tudo que puder!”

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Confiante, levantou a cabeça e adentrou o local mais uma vez. Deu um breve cumprimento a secretaria e, seguiu o caminho até chegar à sala de preparação. Estranhou ao perceber que haviam vários alunos ali também. Confusa se dirigiu até o canto da sala, enquanto, aguardava por esclarecimentos.

Ao olhar para algumas crianças em redor de determinado piano, percebeu que Kagura estava em meio a elas. Foi então que Rin lembrou que mal havia trocado palavras com ela, apesar da mesma parecer lhe conhecer bem. Ao pensar nisso, segurou seu pingente por impulso.

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“Seria mesmo da escolinha há 10 anos?” — Rin voltou a olhar as crianças, foi quando ouviu as primeiras notas soarem. — “Oh, é Träumerei novamente… Então aquele dia era Kagura quem tocava!?”

— Que lindo! — A pequena Yuuki sorria. — Eu quero tocar assim também.

— Se você se esforçar, estará tocando assim um dia também. — Kagura respondia, toda orgulhosa de si mesma.

— Vamos nos esforçar. — A gêmea de Yuuki sorriu. — Nós duas!

“Tão belo.” — Rin fechou seus olhos, deixando as notas preencherem sua mente. — “Eu quase sinto a melodia me… Hm, falta algo.” — Voltou a abrir os olhos.

— Olha, é a irmãzona daquele dia. — O irmão mais velha das gêmea, diz.

 Rin! — Yuuki diz, correndo em direção a mesma. — Você ouviu ela… Venha, venha!

 Huh. — Rin se deixou ser levada. — Sim, eu estou aqui a um tempo já.

— Ah, nem havia percebido você ai. — Kagura dá de ombros, continuando a tocar. — Escutem, vocês devem ter disciplina ao tocar no piano. — Continuou a falar.

— Rin, Rin! — Yuuki pulava ao seu lado. — Você também sabe tocar algo bonito assim?

— A-Ah, bem… — Rin gaguejou. — Talvez saiba algo… — Mordeu o lábio inferior. — “Eu preciso treinar mais isso.”

— Vamos, Rin. — Kagura começou, parando de tocar. — Tente algo também. — Se virou para ela, sorrindo.

— Eu… — Rin sentiu seu ar falhar.

— Tente, irmãzona. — O garotinho incentivava. — Eu também gostaria de ouvir.

— Sente-se! — Kagura se levantou, dando espaço para ela. — Estão todos esperando.

— Ah, claro… — Rin murmurou, observando os olhares em cima de si. — “Oh, não… Aquele sentimento novamente.” — Uma leve tontura passava por si.

— Pode tocar aquela de criancinha mesmo. — Kagura apontou para a partitura. — Qualquer coisa está bom, certo crianças?

— Sim, por favor. — Yuuki batia palminhas animada. — Eu quero ver a Rin tocar.

— Sim… — Rin olhou rapidamente para a partitura, desviando seu olhar para as teclas brilhantes. — “Eu não consigo…” — Sentiu algumas gotas de suor se formarem em sua testa.

— Não consegue tocar, Rin? — Kagura cruzou os braços séria. — Fracamente, o que você faz em uma escola de música, ein?

 Eu… — Rin tentou falar, mas até mesmo sua voz fugiu. — “Algo me bloqueia, é isso.”

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Rin deixou que suas mãos caíssem em seu colo novamente. O ar havia fugido em seus pulmões, apesar do local estar bem arejado. Fechando seus olhos com força, desejou que tudo ao seu redor sumisse. Só assim se sentiria segura para tentar novamente, entretanto, ela sabia que desse jeito não resolveria nada do seu estranho problema.

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— Parece que todos chegaram. — Izayoi entrou na sala, animada. — Ótimo, agora posso revelar o motivo.

— Boa tarde, senhora Izayoi. — Kagura cumprimentou a professora.

— Boa tarde, Kagura. — Izayoi se aproximou.  — Oh, vamos lá, querida. — Ela sorriu. — Não me chame de senhora, sim?

— Queira me desculpar. — Kagura suspirou. — Sempre me esqueço disso.

— Está tudo bem. — Diz Izayoi. — Rin, tudo bem? — A mulher se virou em direção ao piano. — Está pálida?

— Estou bem. — Rin murmurou simplesmente. — Não se preocupe.

— O que vai acontecer, Professora Izayoi? — Yuuki se aproximou também. — É algo bom?

— Exatamente, Yuuki. — Izayoi sorriu. — Alguns de vocês são recentes, mas teremos tempo de treinar mais, sim?!

 Sim! — Yuuki sorriu.

— É sobre o que isso? — Perguntou Kagura. — Todos os alunos estão envolvidos?

— Falarei sobre isso agora, Kagura. — Respondeu Izayoi, dando uma última olhada em Rin. — Atenção, crianças! — Bateu palmas. — Nossa escola, junto de outra, estaremos participando de um pequeno evento. — Continuou. — A intenção é arrecadar fundos para a caridade.

— Um evento de música? — Kagura perguntou. — Então todos participaram.

— Exato. — Izayoi confirmou. — O evento será feito no Teatro Suntory Hall. — Explicou. — E todos vocês poderão convidar seus pais e familiares para assistir nesse dia.

 Que legal! — Yuuki sussurrou, cutucando seu irmão. — Mamãe poderá me ver tocar.

 Ela estará ocupada elogiando a mim. — Ele sorriu brincalhão.

— Seu bobo! — Yuuki fez biquinho. — Ela me verá tocar também sim!

— Os detalhes serão passados direitinho, não se preocupem! — Izayoi voltou a chamar a atenção das crianças. — Seus pais serão chamados para uma reunião também.

— Isso será muito interessante. — Kagura sorriu. — Ei, Rin? — Chamou, após à sala ficar em silêncio.

 Hm? — Rin, apesar de ouvir tudo, não conseguia se concentrar.

— O que acha? Vamos fazer um desafio. — Kagura continuou. — Você e eu!

— Um desafio?! — Rin sentia sua mente voltar a trabalhar. — O que você quer dizer com isso?

— Exatamente o que diz, um desafio no piano. — Kagura revirou os olhos. — Escolha um música e me enfrente.

— Enfrentar você!? — Rin abriu a boca espantada. — Não acho que isso seja o correto a se fazer…

— Não seja medrosa! — Kagura grunhiu, chamando atenção de todos. — Não fuja e me enfrente!

— Kagura… — Rin murmurou confusa.

— Você e eu no festival! — Kagura repetiu séria. — Quem perder o desafio terá que sair da escola!

— O que?! — Rin ficou de pé no susto.

— Meninas, por favor. — Izayoi ficou preocupada ao ouvir o rumo da conversa. — Um desafio saudável seria o correto… — Tentou acalmar.

— Já está com medo de perder? — Kagura continuou. — Se for assim, então simplesmente saia daqui!

— Kagura, por favor! — Izayoi se aproximou de ambas.

 Eu não vou sair! — Diz Rin, também ficando séria. — Tudo bem, eu vou…

 Ótimo! — Kagura dá um meio sorriso. — Acho que assim poderemos saber quem é a melhor de uma vez por todas.

— Rin você não deve fazer isso…

 Desafio aceito, Kagura! — Uma nova voz se fez presente.

— Como?! — Kagura olhou para à porta da sala assustada. — Por que você…

— Sesshoumaru, o que pensa que está fazendo agora? — Izayoi se virou para o filho, séria.

“O que ele faz aqui?” — Rin olhava a cena confusa.

— Eu vou dar assistência para a Rin nesse desafio. — Diz Sesshoumaru, ignorando a carranca de sua mãe. — Mãe. você pode ajudar Kagura então.

— Não preciso de ajuda! — Kagura fala, fechando seu punho. — Eu posso vencer sozinha!

— Aceite esse termo ou você que terá que sair da escola agora mesmo. — Sesshoumaru falou, cruzando seus braços.

“O que esse garoto pretende agora?!” — Izayoi observava a expressão do filho. —“Espera, isso pode ser a chance…” — Voltou seu olhar para uma Rin completamente chocada. — Tudo bem, faremos assim!

— S-Senhora Izayoi?! — Kagura se virou para a mulher, confusa.

— É melhor aceitar, querida. — Izayoi sorriu. — Ninguém é capaz de mudar a mente dele agora.

— C-Como… — Kagura observou a expressão das crianças, indo de espantadas a uma Yuuki admira por causa de Sesshoumaru. — Tudo bem. — Se deu por vencida.

— Muito bem. — Sesshoumaru se aproximou delas. — O desafio será em um mês, no teatro Suntory Hall. — Olhou para Rin. — Temos muito o que fazer, certo?

 Huh… — Rin ainda estava chocada com tudo.

“Eu não vou perder!” — Kagura apertou seus dedos na palmas de ambas suas mãos.

.

Em meio a uma atmosfera desafiadora, Izayoi observava a expressão de seu filho. O mesmo convidava Rin, apenas pelo olhar, ele passava à confiança de que tudo daria certo. Por aqueles minutos ela conseguiu ver o seu velho Sesshoumaru novamente. E, apenas por isso, ela estaria disposta a entrar junto nesse desafio. Talvez o ‘motivo’ estivesse mais perto do que ela imaginava.

.

.

Continua


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Notas finais do capítulo

Opa, capítulo 2: Feito!
E então, será que a espera de uma semana valeu a pena?! ~E ao mesmo tempo me pergunto se a espera para o capítulo final também valerá 'u'

Enfim, agradeço a todos os comentários e favoritos no capítulo passado -w-
Realmente fico feliz que estejam acompanhado e gostado ♥
Ao novos leitores, bem-vindos ♥

Ah, sobre o nome da escola de música e a reflexão da Rin.
"Ikigai significa algo como encontrar um “propósito de vida” ou uma “razão para viver”. Ikigai está dentro de nós mesmos e por isso requer uma busca interior profunda e demorada para encontra-lo. Ao encontra-lo, descobrimos o sentido da vida ou “um motivo para se levantar de manhã”."
[Fonte: Japão em Foco]

Link das músicas:
— Reminiscent - Yiruma: https://www.youtube.com/watch?v=7Cq175HNWu0
— Twinkle Twinkle Little Star - Mozart: https://www.youtube.com/watch?v=KKCsujeeu8o



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