— Valeu mesmo, eu não sei eu acho que você tem dom pra ser professora! - falou Clarisse, uma garota de 19 anos, com cabelos curtos e ralos - você tem que me contar como faz isso parecer mais fácil e divertido!
— Não é a pior coisa, eu diria - respondi enquanto jogava seus livros na bolsa - Você consegue, enfim... vou indo! Até amanhã!

As coisas parecia fluir tão bem, finalmente, eu tinha pego as minhas responsabilidades e encarava seriamente.
Cheguei em casa, exausta, mas a vontade de se superar me mantinha tão viva que tornava tudo um pouco mais...divertido. E, eu diria, que aqueles longos banhos mornos me deixavam em paz com a vida.
Peguei o celular na tentativa de ver alguma coisa interessante, dei uma olhada nas mensagens, nada muito útil.
Programei meu dia seguinte, repassei tudo que fiz no dia e o que teria no outro dia.

05:00 A.M

Meditei. Exercitei. Li. Comi. Escovei os dentes. Arrumei minhas coisas. Sai de casa.



Eram três da tarde, eu só queria tomar banho e estudar. Estava voltando pra casa, estava tudo tão normal, ou melhor, tudo muito calmo. O motorista comentou sobre quase não haver carros na rua, olhei um pouco ao redor e uma claridade tão absurda me fez fechar o olho por alguns segundos, eu senti meu corpo desfalecer.

Barulho de água? Esse som de praia, o que diabos aconteceu? Onde eu estou?
Eu senti a areia, a grama, o sol, o vento.
Abri os olhos lentamente como se esperasse que alguém vinhesse me trazer respostas, porém qualquer expectativa foi em vão.
Eu estava deitada no meio da praia? Era isso. Me levantei ainda tonta, um pouco assustada e cheia de perguntas.
O que pelo visto não serviria de nada, não parecia haver qualquer outro ser vivo além de mim e plantas, afinal eu torcia pra que não tivesse animal algum por perto.
Olhei ao redor, tentei chamar alguém, andei um pouco, observei cautelosamente... eu não estava numa praia qualquer, eu estava numa ilha, sabe-se lá aonde.
A grande pergunta era como isso aconteceu? Mas eu parecia não ter tempo para entender, na verdade eu só queria me acordar logo, fechei os olhos com toda a minha força, e repetir comigo mesmo que era só um sonho, ou que eu estava surtando. Foi em vão, o que me deixou abismada sempre funcionou nos meus pesadelos, eu continuava lá.
Mas a única coisa que me parecia verdade era que tudo isso era uma mentira.

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