Cegueira Sensitiva escrita por Mrs Chappy


Capítulo 2
Palavras escritas com Cor


Notas iniciais do capítulo

♡ Vocês vão rir: trago uma boa e uma má notícia! A boa é que tem capítulo novo, a má é que não finalizei a história como prometido! Confesso que está difícil fazer esta história pequena... É um desenvolvimento muito profundo e complica de facto reduzir alguns momentos. Portanto... EM PRINCÍPIO, eu finalizo esta fanfic com o terceiro capítulo que vai dar um certo pulo temporal. Eu poderia fazer isso tudo num só capítulo mas eu não gosto de saltos temporais tão significativos assim no mesmo capítulo. Para além disso, prometi a actualização por volta desta altura. Por isso, desculpem.
♡ Ainda assim, espero voltar a actualizar por volta destes dias... E sobretudo finalizar a história ainda este mês (risos). Espero que gostem!



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Eu não sou tão mau como me pintam. Sou o protagonista, em muitas poesias e romances, dos desfechos trágicos. Descrevem-me como se fosse o vilão. Mas para vocês, que lêem esta pequena história, sou como uma criança que gosta de brincar com os seus talentos.

Chamam-me Destino.

Mas podem chamar-me de qualquer maneira: kami, fado, sorte ou até mesmo “vida”.

O meu nascimento e como tenho poderes fica para outra história. Para aqui, apenas basta saber que uma das minhas qualidades é poder interferir com o quotidiano das pessoas em suas vidas miseráveis e enfadonhas. Passam o dia a correr em seus afazeres que ficam escravas das suas rotinas. Eu tento ajudá-las, tento mesmo!

Às vezes faço com que fiquem doentes. Outras tirei-lhes os bens materiais que eram super valorizados. Pode parecer mau, eu sei. Contudo, não sou cruel. Eu queria mostrar a essas pessoas que nada disso era realmente importante… Que elas precisavam de largar estes materiais feitos de um corpo para entregarem-se a algo mais abstracto. Para viverem! Serem felizes! Para não morrerem antes de poderem sorrir genuinamente.

Retirei-lhes o supérfluo que consideravam o mais importante para dar-lhes mais uma chance. Só mais uma. E o que acontece? Normalmente morrem nas suas ilusões e caprichos. E no seu insucesso descrevem-me como o vilão. Logo eu que apenas queria ajudar.

No entanto, isso não me incomoda de facto.

Com essas situações, sim, divirto-me com as suas desgraças. Rio às gargalhadas sem arrependimentos! Quem me pode julgar por isso? Ah, claro, os livros de poesia. Mas quem lê hoje em dia? Eventualmente essas teorias a meu respeito desaparecerão tal como as leituras. Ler encaminha as almas para outros mundos, novos horizontes sem os cinco sentidos corpóreos, apenas sentir. Sentir com o coração.

Porém, os governos roubaram essa capacidade de voar às almas. Entregaram-se apenas ao concreto e morrem por ele. E as pessoas revolucionárias? Vão morrendo juntamente com tudo o resto. Apesar de suas vidas simples serem confundidas com misérias, essas foram de facto felizes. E com orgulho, ajudei-as. Mesmo que não tenham relatos disso… Afinal sou apenas o “Destino” cruel e impiedoso que castiga os amantes apaixonados os separando pela eternidade.

Que tolice.

Sabem leitores, eu gosto de histórias de amor. Mas não daquelas impressas nos livros para idiotas que resumem amor a reacções corporais. Nada disso! Gosto das histórias reais! E com meu dom de intervenção, eu escrevo minhas próprias histórias. Junto personagens num determinado cenário e deixo elas se moverem consoante os seus sentimentos.

Nem todas essas histórias tem um final colorido e emocionante, mas esta teve. E devo confessar: foi a história mais linda que assisti em longos séculos.

Orihime Inoue e Ulquiorra Shiffer.

Tão antagónicos, como duas peças de puzzles diferentes. Seriam impossíveis de encaixar. Mas o seu amor foi mais forte até do que aquilo que poderia prever… Fora abstracto demais, até para mim. Não é maravilhoso sermos surpreendidos pelo desconhecido!? Eu, o Destino, também sou surpreendido! As maravilhas do amor podem combater todas as forças deste mundo minúsculo.

Vocês devem estar a perguntar: porquê juntá-los?

Justamente por não haver nenhum ponto que os unisse. Se não fosse eu a interferir eles nunca teriam uma oportunidade para se conhecerem. E eu quis dar-lhes essa chance. Conhecia os riscos da imprevisibilidade, duas personalidades tão diferentes era algo que não garantia um bom resultado. Mas gosto de arriscar. E eles foram a minha melhor aposta… porque pela primeira vez, desde que eu sou eu, emocionei-me. Por isso relato-vos esta história. Não quero que um amor assim morra no esquecimento.

Só precisava de criar as circunstâncias certas para o encontro inesperado. Só tive de destruir a casa de Ulquiorra. Oh, claro. Isso talvez tenha sido algo mau. Não houve um filósofo que defendeu que os fins justificavam os meios? Espero que ele esteja certo.

Ulquiorra, cego, viu-se sem a sua casa com todas as comodidades de que precisava. E não havia nenhum espaço com as condições necessárias nas redondezas (isso teve interferência minha também), só arranjou na cidade vizinha, Karakura. Mais especificamente, no apartamento ao lado de Orihime Inoue.

Tudo poderia ser improvável mas o mais expectável, até para vocês meus leitores, é que uma jovem tão simpática e alegre como Orihime iria receber educadamente seu vizinho. Bom, é assim que nossa história começa.

E não se preocupem, irei limitar-me a descrever neutramente o romance. Pois não quero que as minhas observações estraguem as surpresas que virão com o decorrer da vossa leitura.

Só não se esqueçam: nunca apaguem esta história das vossas memórias. Ela será a porta de salvação para muitas almas reencontrarem os seus mundos perdidos no grandioso mundo da imaginação.

Karakura amanhecera com um espectro colorido fascinante. Porém, Orihime não encarava o céu. Em vez disso, estava diante da porta com o número “4” que era junto ao seu apartamento. Recebera a novidade de que alguém se mudava para aquele apartamento e não quis ser rude. Fez um bolo de frutos silvestres, caprichosamente decorado com bombons, para receber aquele estranho. Afinal, ela não queria que ele se sentisse sozinho.

Bateu na porta levemente, escutando passos antes de o fecho da porta guinchar com o ruído do movimento da porta abrindo. Sorriu ligeiramente constrangida pela beleza do jovem à sua frente. Deveriam ter praticamente a mesma idade.

Seus olhos eram de um tom jade que ela nunca tinha visto antes, eram simplesmente lindos! Realmente, haviam cores novas para descobrirem-se… Nunca pensou que descobriria isso no apartamento ao lado do seu.

— Olá! Eu fiz um bolo! —A ruiva estendeu os braços, esperando para que o seu doce causasse boa impressão. Mas rapidamente ficou nervosa e corada ao reparar em seus maus modos.— Oh, me desculpe, esqueci de apresentar-me! Como sou tonta! Chamo-me Orihime Inoue, sou sua vizinha!

— O que pretende mulher?

A voz ríspida assustara Orihime, não estava acostumada que fossem hostis com ela. Seus olhos marejaram com a aspereza no seu tom, recolhendo os braços como uma criança assustada. Seus olhos opacos num ponto em cima de si a deixou sem jeito. Não esperava uma recepção daquelas.

— Bom, eu fiz um bolo… Sabe… para comermos e talvez falarmos um pouquinho… Para nos conhecermos e sermos… amigos...—A confiança anterior ia esvaindo com o rosto inexpressivo continuando a observar estaticamente algum ponto que desconhecia.

— Não estou interessado. —Sem mais uma palavra, fechou a porta, assustando Orihime que acabara por derrubar o bolo. O seu trabalho de longas horas estava espalhado pelo chão.

As lágrimas molharam o seu rosto e fugiu para o apartamento, refugiando-se sozinha em sua tristeza. Pela primeira vez, Orihime não se alegrou com os tons coloridos, sentindo-se confortável com cores escuras e opacas. Queria estar sozinha. Porque ele foi tão cruel com ela? Fizera algo de errado?

Essas perguntas consumiram o seu sorriso durante todo o dia. A lua partilhava o cenário com as estrelas quando Orihime decidira tentar dialogar com aquele homem tão estranho. Duas vizinhas de certa idade avançavam na direcção da oposta, cumprimentara-na sorrindo, e prosseguiram com sua conversa que conquistou a atenção da ruiva quando compreendeu o assunto daquela conversa.

— O nome dele é Ulquiorra Shiffer… Dizem que ele está numa depressão muito avançada.

— Depressão? —Gritou a vizinha do quinto andar, em choque com a notícia.

— Ah! Você ainda não sabe? —A mulher do primeiro andar fizera uma pausa dramática, torturando a amiga e Orihime que acreditava saber de quem falavam.— Ele é cego, desde que nasceu.

— Oh, que horror! Pobre rapaz!

A conversa prosseguiu com outros assuntos triviais enquanto Orihime estagnou a meio do corredor compreendo por fim o olhar vago do seu vizinho. Ele não estava olhando um ponto distante, ele apenas não via!

Poderia parecer uma conclusão precipitada, afinal ela não sabia o seu nome mas fazia todo o sentido. E tinha a certeza de que era ele. Não sabia bem como, mas a sua pulsação modificou-se com a pronúncia do seu nome da mesma forma quando depara-se com os seus olhos.

A expectativa brilhou em seu olhar, motivação parecia borbulhar em seu corpo como se tratasse de adrenalina. Ergueu seus olhos cinza imaginando o pôr-do-sol pintado no céu mas sua feição enrugou de surpresa ao constatar que era noite. Mas seu maior espanto foi notar que nunca tinha reparado como a noite era um encanto, apesar da monotonia das cores. Sorriu, feliz. Não sabia bem porquê mas sentia que sua vida estava mudando para algo novo. Adiou a conversa com seu vizinho para o dia seguinte. Embora estivesse ansiosa para poder compartilhar um pouco da sua alegria com Ulquiorra.

Se ele não poderia ver as cores, ela iria descrever cada uma delas, arrebantando-o daquele estado depressivo! Estava determinada! Iria conquistar um sorriso daquele vizinho carrancudo!

Poderia ser bruto e frio consigo mas nem que tivesse de dormir encostada à sua porta, não iria desistir dele. Orihime não entendia o fascínio que sentia por aquele homem, apenas tinha noção de que ele era diferente.

Não apenas fisicamente. Não era apenas a cor incomum de seus olhos, ou do contraste de sua pele pálida com o cabelo negro… Era mais do que isso, algo que ela não conseguia descrever com analogias coloridas. Ele era um ser totalmente diferente, era como se não pertencesse àquela realidade, ao seu mundo. Mas ela queria encaixá-lo no seu mundo.

Seriam amigos! E ela estava certa de que conseguiria isso!

Ajudaria o seu futuro amigo através da sua própria visão.

Orihime não tinha conhecimento, ainda, que uma nova palavra estava sendo escrita no seu coração com várias cores. Tantas cores juntas tão carregadas de emoções que só poderiam significar uma coisa: o interesse súbito converteria-se em amor.


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