Adoção Compulsiva escrita por Juh11


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Fanfic originalmente publicada no Social Spirit, pois o projeto foi idealizado por lá.

Primeira vez que eu escrevo sobre esse casal que eu amo, e graças ao projeto #ShinnichiProj, onde o tema do mês era uma homenagem ao dia do gato no Japão, o Neko No Ni.
Espero que gostem da one ^^



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Definitivamente, May tinha um problema, ela constatou enquanto olhava aquele par de olhos dourados a sua frente.

— Ele não é fofo? — perguntou Alphonse, que segurava um gato de pelagem alaranjada em seu braço direito e o acariciava com a mão esquerda.

May encarou os olhos amarelos do gato novamente, que parecia extremamente feliz de estar nos braços de Alphonse.

— Eu o encontrei no meio da avenida principal, ele quase foi atropelado porque está com a patinha machucada e não conseguia andar. — Al continuou e ela reparou na bandagem na pata dianteira do gato e um arranhão na mão do marido. — Podemos ficar com ele? — continuou a encarar o gato e constatou que ele era pequeno demais para ser um gato adulto.

Ela arqueou a sobrancelha e levantou o rosto para encarar Al. Ela não podia dizer não, ele havia resgatado um gato filhote machucado da rua, evitando que o pobre bichinho fosse atropelado.

— Ele é dourado! — ele disse animado e levantou o rosto do gato para ficar na altura do seu. — E parece comigo! — Ele achou que esse último comentário a faria rir, mas a esposa continuava séria. — Ouvi dizer que na cultura de Xing, gatos dourados trazem prosperidade para a casa.

— A estátua, Alphonse, a estátua de gato. — respondeu num tom cansado. Ela não poderia simplesmente dizer não e mandar Al abandonar aquele gato na rua sem condições de sobrevivência.

O problema era que aquele não era o primeiro gato que ele levava para casa, era o quinto, e parecia que não seria o último. E eles tinham apenas dois meses de casados.

Ela se lembrou que Edward sempre reclamava do irmão esconder gatos em sua armadura enquanto os dois viajavam, mas May sempre pensou que era apenas pelo jeito reclamão de Ed, não que Alphonse fosse mesmo o louco da adoção.

— May? — ele perguntou chamando atenção da morena.

— Al... Olha, juro que entendo seu lado, mas já temos quatro gatos e a Xiao Mei... Você não pode ficar trazendo todos os gatos de rua que encontrar para casa... Mais da metade das nossas peças de decoração já foram derrubadas e quebradas por eles, as roupas estão sempre infestadas de pelo... — May começou a listar.

— Por favor. — Al pediu segurando mais firme o gato. — Eu prometo que esse será o último.

Ela acenou com a cabeça, concordando, mas internamente sabia que se não fizesse nada, o gato de pelos dourados ainda ganharia vários companheiros.

~X~

Ling deu um pulo da cadeira do imperador e não sabia o que o havia assustado mais: se era o estrondo da porta da sala se abrindo ou se foi a velocidade de Lan Fan de se posicionar a sua frente. Era completamente atípico alguém entrar em sua sala sem antes ser anunciado pelos seus guardas, mas entendeu o motivo quando a moça de estatura mediana e longos cabelos trançados cruzou a porta, fazendo com que Lan Fan recuasse e voltasse a posição anterior ao seu lado.

— Chang, como ousa entrar na minha sala sem antes ser anunciada pelos guardas? E se eu estivesse em uma reunião importante? — perguntou o imperador, levemente irritado.

— Sou sua irmã, seus guardas não podem me impedir de vir te ver. — May deu de ombros, por mais que Ling já ocupasse o cargo há anos, ela continuava ignorando as regras de etiqueta de como se portar perante ao imperador.

— Você fala isso como se a maior parte dos nossos irmãos não desejassem me matar. — ele disse em um tom irônico. — E então? Ao que devo a honra de você ter quase quebrado minha porta?

— Estou com um problema e preciso da sua ajuda. — ela respondeu.

— Precisa da minha ajuda? — Ling perguntou enquanto cruzava os braços e a expressão em seu rosto se fechava. — Você casa, vai para lua de mel e some do palácio por dois meses, passa pelos meus guardas sem solicitar audiência, quase quebra a minha porta e ainda diz que precisa de ajuda. Me responda, May, por que eu te ajudaria?

Ela engoliu em seco. De fato, ela usou a desculpa do casamento para fugir de assuntos burocráticos, mas organizar uma casa e passar a viver com outra pessoa não eram tarefas tão simples quanto pareciam. Além do mais, ela não recebeu nenhuma cobrança oficial, então pensou que tudo deveria estar correndo bem sem ela.

— Porque eu sou sua irmã. — ela repetiu a resposta um pouco mais envergonhada, a panda em seu ombro copiando sua expressão. — Uma das poucas da família que apoiam seu governo e acho que meu problema poderia ser de seu interesse.

Ling mudou a postura, apoiando seus braços no braço da cadeira. Claro que ele ajudaria May, independente do problema ser do seu interesse ou não, mas ele ainda estava um pouco chateado dela ter retornando de lua de mel e não ter comparecido para nenhuma reunião do conselho desde então. May era a única, dentre todos os seus meio irmãos, que ele confiava de olhos fechados.

— Certo. Um problema que possa ser de meu interesse… — ele coçou o queixo pensativo. — Não me diga que já está grávida? — May corou da cabeça aos pés e até mesmo Lan Fan esboçou espanto. Ling estalou os dedos. — Já sei! Se for menino, você pode colocar o nome do seu belo irmão e imperador. O que acha, Lan Fan, não seria um nome bonito? — agora havia sido a vez da vassala corar e murmurar levemente um sim.

— Que?! — exclamou May — Eu não estou grávida e muito menos daria o seu nome para um filho meu!

— Lan Fan, é permitido que eu a prenda por insultar o imperador? — Ling perguntou num tom brincalhão.

— Sim, mestre, porém não seria recomendável. — respondeu a guarda — Lembre-se de que você a colocou como a primeira na linha de sucessão enquanto não tem herdeiros.

— Certo, então não posso prendê-la até ter um filho… — suspirou Ling, fingindo estar chateado — Continue, May, qual o seu problema?

— Obrigada pela consideração. — a princesa disse, fazendo uma referência forçada. — Agora o problema pelo qual eu vim: Alphonse não para de adotar gatos.

Ling soltou uma forte gargalhada e até mesmo Lan Fan segurou o riso.

— Você está me dizendo que fez esse escândalo todo para reclamar que o Al está adotando gatos? — o imperador continuava a rir. — May, você precisa rever suas prioridades de invadir a sala do imperador.

— Pare de rir, seu idiota, a situação está ficando realmente séria. — May falou fazendo bico, frustrada.

— Minha irmãzinha querida… — Ling começou, conseguindo finalmente conter o riso. — Você sempre soube do amor do Al por gatos, inclusive, lembro de você achar fofo ele esconder gatos na época da armadura. — May corou com o comentário, mas Ling continuou. — O que faz disso tão problemático?

— Ele já adotou cinco desde que casamos! — ela exclamou. — Cada hora uma coisa diferente: “coitado, quase foi atropelado”, “tadinho, jogaram uma barra de ferro na direção dele”, “acredita que a prenderam numa lata de lixo?”. — Ling continuava a rir da imitação da irmã. — Estou falando sério, Al não vai parar de levar gatos abandonados para casa, mas não temos espaço para ficar abrigando todos.

— E onde eu entro nessa história toda? — perguntou Ling ainda confuso. Ele não fazia ideia de como ajudar May a resolver aquela situação.

— Eu tive uma ideia, mas preciso do apoio e da permissão do imperador para isso. — ela respondeu atraindo toda a atenção do irmão e de Lan Fan.

~X~

Quando May voltou para casa naquele dia, Alphonse não sabia o que esperar. Ela parecia irritada e cansada por ele ter levado um gatinho para casa, mas ele não entendia o porquê e nem sabia como melhorar o humor da esposa. A deixou sair de casa sem nem perguntar para onde ia, e depois de algumas horas, ela retornou com um sorriso sincero no rosto.

— Eu não estou brava com você. — ela disse, deixando-o aliviado, tudo o que não queria era uma briga com tão pouco tempo de casamento. — Mas por favor, me prometa que não vai trazer mais gatos para casa por enquanto, já perdemos todos os vasos de cerâmica que ganhamos no casamento. — ele concordou com um olhar triste. May acariciou sua bochecha de maneira delicada. — Eu te prometo que darei um jeito nessa situação.

Alphonse abriu um sorriso genuíno, uma coisa ele havia aprendido desde cedo sobre aquele país: pessoas de Xing sempre cumprem as suas promessas.

~X~

Um mês havia se passado e Alphonse tinha mesmo cumprido a promessa de não levar nenhum outro gato para casa. O assunto não havia mais sido levantado e tudo estava bem entre os dois.

O que May não sabia era que ele resgatara mais uma gata, há cerca de uma semana, e estava cuidando dela no cômodo adjacente ao seu laboratório de pesquisa, o antigo quarto de Alphonse. Ele havia encontrado a gata dentro de uma lata de lixo próxima, a revirando atrás de comida, muito magra e com a orelha machucada. Ele prometeu a si mesmo que só cuidaria até que ela melhorasse, mas o que ele faria depois disso? Não poderia simplesmente devolver a gata para a rua…

May havia prometido que o ajudaria com essa situação dos gatos, mas já havia se passado um mês e até agora nenhum comentário. Ele precisava encontrar uma solução logo, concluiu enquanto chegava em casa.

— Você chegou tarde. — disse May assim que o marido entrou no quarto. — Está tudo bem no laboratório?

Ele olhou ao redor, confuso. May estava sentada em frente à penteadeira, já maquiada e trançando os cabelos. Em cabides distintos, tinham roupas tradicionais xinguesas para ambos.

— Eu esqueci de alguma coisa? — Al perguntou preocupado. Ele só usava trajes xingueses em eventos imperiais, mas não se lembrava de hoje ser uma data especial.

— Não. — ela respondeu envergonhada. — A culpa é minha, esqueci de te avisar que Ling vai inaugurar um novo estabelecimento imperial. Você consegue ficar pronto em uma hora? — ela perguntou preocupada. Ele concordou, deu um beijo na testa da esposa e seguiu para o banheiro.

~X~

— Sobre o que exatamente é esse estabelecimento? — perguntou Alphonse curioso a caminho do evento. Era estranho May esquecer de avisá-lo de algum compromisso imperial, achava mais estranho ainda não saber sobre o que se tratava o lugar.

— Bom… — ela começou dizendo, batendo seus indicadores um no outro em um claro sinal de nervosismo. — Eu contei para o Ling sobre nosso problema com os gatos… — ela enrubesceu — E te prometi que acharia uma solução, então…

Eles chegaram à porta do estabelecimento. Era uma casa bonita, perto do centro da cidade e com um grande quintal. Na entrada, uma placa indicando o nome da instituição: Centro Imperial de Resgate Animal Alphonse Elric.

— Espero que tenha gostado. — disse Ling ao se aproximar, vendo o rosto surpreso do cunhado. — Você vai ter a sua disposição uma equipe de veterinários e cuidadores. Além disso, o espaço vai ser aberto para adoção responsável.

Alphonse sentiu a umidade em seus olhos, porém, rapidamente a secou com a barra da manga de sua roupa.

Em Xing, não era bem visto uma pessoa expressar seus sentimentos em público, mas o afeto e a dedicação que eles tinham pelos seus familiares eram simplesmente admiráveis. Al não poderia estar mais feliz e agradecido por ter o apoio incondicional de sua nova família.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado e se a resposta for sim, deixe um comentario (mesmo sendo curtinho :3)

Agradeço ao meu namorado, por ler a fic e opinar ao longo desse mês, me deixando mais segura em postá-la.
À Akemicchin pela sua disponibilidade de betar rapidamente
À Daeho pela capa super fofa :3



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