Return to Paradise escrita por Lily


Capítulo 8
08. Blues For Baby And Me




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"Blues For Baby And Me"

I

—Por que toda vez que eu vejo você, você não está com uma barriga de seis meses? - Eric indagou a Lauren que já havia passando por Donna e entrado na casa. Kelso se aprumou no sofá voltando todo o corpo em direção a Forman recém-chegada.

—Então, Lauren, como estava o Canadá? Todos andam sem roupa ou existe uma lei que só pessoas bonitas podem fazer isso? - Kelso indagou sorrindo.

—Kelso, sua esposa está atrás de você, então é melhor calar a boca antes que consiga perdê-la. - Donna disse irritada.

—Hey, não me culpe se Jackie e Hyde não seguem suas leis moralistas. - ele retrucou cruzando os braços.

—Lauren, o que diabos você está fazendo aqui? Seu cafetão disse que você já está velha demais? - Eric indagou. Lauren riu se jogando na poltrona de Red.

—Onde estão mamãe e papai?

—Saíram para organizar os últimos detalhes da festa deles. - Eric disse olhando irritado para a irmã. - Onde diabos você estava?

—É, onde você estava? - Fez questionou olhando para Lauren, ele estava vermelho da cabeça aos pés. Kelso se virou para Brooke, mas sua linda esposa parecia mais interessada na discussão que se desenrolava à sua frente. - Temos muitos assuntos a resolver, mocinha.

—Oh Fezzie, podemos falar depois. Eu estou muito cansada e preciso dormir um pouco. A viagem foi longa. - Lauren disse abaixando os óculos escuros que estavam presos em sua cabeça e se levantando. - Me acordem quando papai e mamãe estiverem em casa.

Kelso observou Lauren se afastar, sua bunda apertada contra o jeans escuro que ela usava. Um sorriso malicioso surgiu em seus lábios, mas ele se desfez assim que Brooke segurou sua mão. Ele se voltou para a esposa e sorriu amorosamente para ela.

—Céus, como ela consegue fingir tranquilidade depois de passar décadas desaparecida. - Eric resmungou andando de um lado para outro.

—Não foram décadas, ela veio ao nosso casamento. - Donna o lembrou. Kelso franziu a testa.

—Estava? Não lembro de ver nenhuma stripper. - Eric retrucou fazendo a esposa revirar os olhos.

—Eric, Lauren deu uma rápida passada, Kelso deu em cima dela e tudo voltou ao normal.

—É eu me lembro disso. - ele afirmou enquanto passava o braço ao redor dos ombros de Brooke.

—Mamãe vai surtar quando souber souber que ela está aqui. - Eric resmungou passando a mão pelo rosto. - Não tem como esse dia ficar pior.

—Pai! Pai! - Luke atravessou a porta da cozinha correndo, atrás dele vinha uma Anne coberta de tinta azul parecendo muito irritada.

—Você me transformou em um Smurf. - Anne grunhiu deixando a tinta pingar no chão.

—Bom, pelo agora sabemos que azul não é a sua cor. - Luke retrucou sorrindo. Kelso começou a rir sendo acompanhado por Fez.

 

II

Jackie piscou rapidamente enquanto recuperava os sentidos. Ela olhou ao redor tentando saber onde estava, sua cabeça ainda girava, mas rapidamente reconheceu onde estava.

—Bem vinda de volta. Como está se sentindo? - o médico indagou. Jackie rapidamente colocou a mão sobre a barriga pensando em seu bebê. - Não se preocupe, ele está bem.

—O que aconteceu? - ela indagou se sentando na cama.

—Você teve uma queda na pressão devido a sua falta de alimentação, estamos lhe aplicando um soro e logo você estará melhor. - ele assegurou, Jackie instintivamente olhou para seu braço e agulha que prendia em sua veia. - Também fizemos alguns exames e descobrimos que os níveis do hormônio progesterona estão um tanto baixo e isso me deixou preocupado. Você tem ido ao obstetra?

—Eu descobri a gravidez recentemente. Ontem para falar a verdade. Ainda não tive chance de ir.

—Você lhe passar um remédio para aumentar os hormônios e uma lista de alimentos que podem ajudar. Segunda você volta e repetimos o exame. - ele disse e ela assentiu. Ela não seria irresponsável daquela vez, ela não deixaria o mesmo erro acontecer de novo. - Seus parentes estão na sala de espera, quer que eu peça para eles entrarem?

—Você já falou com eles? Falou sobre o meu bebê?

—Ainda não.

—Ótimo. - ela soltou um suspiro aliviado. Não queria que Steven descobrisse sobre o bebê por outra pessoa. - Você poderia chamar apenas Steven Hyde, é o homem  de cabelo encaracolados e óculos escuros. Diga que quero falar apenas com ele.

O médico assentiu e saiu da sala. Jackie colocou as duas mãos sobre a barriga e sorriu minimamente.

—Você me deu um baita susto, sabia? - ela sussurrou para seu bebê. - Eu prometo que vou cuidar bem de nós dois. Vamos ficar bem. - assegurou e então olhou para sua aliança, lentamente a retirou do dedo e sorriu com a gravação dentro dela. Ele poderi não ser o mais romântico de todos, mas sabia como fazê-la feliz.

“Era tudo azul e brilhante. Jackie amava coisas azuis e brilhantes. Ela saltitou pela loja sem soltar a mão dele, ela sabia muito bem que ele acabaria se irritando com suas ações, por isso decidiu aproveitar um pouco do bom-humor dele naquele dia.

—Não. - ele disse sem nem ao mesmo ela abrir a boca.

—Mas eu…

—Não.

—Vamos lá…

—Não.

—Olha…

—Não.

Jackie abriu a boca indignada. Então cruzou os braços e o encarou irritada.

—Você nem sabe o que eu vou falar.

—Eu sei que você vai pedir um anel, mas você já tem um anel. - ele disse indicando com o queixo a pedra no dedo dela. Jackie olhou para seu anel de noivado, a pedra era bem maior do que qualquer anel que Eric havia dado a Donna e era óbvio que tinha um valor sentimental bem maior do que qualquer outra jóia da loja. Mas ela não podia deixar de sentir caída por aqueles modelos brilhantes.

—Por favor. - ela implorou fazendo beicinho.

—Beulah. - ele disse porque sabia que ela odiava seu nome do meio. - Escute com atenção. O próximo anel que eu for comprar, será as alianças do nosso casamento.

—Oh James. - ela sussurrou colocando as mãos sobre o dia coração. Ele revirou os olhos com a menção do seu nome do meio. Jackie então riu, colocou a mão duas mãos no rosto dele e o beijou delicadamente. - Eu te amo.

—Eu sei. - ele afirmou e ela sabia que aquela era a forma dele de dizer que também a amava.

—Mas olha, tem esse lindo colar. - Jackie apontou para a vitrine, porém antes que pudesse fazer mais alguma coisa, ele simplesmente a jogou contra suas costas e a arrastou para fora da loja.”

—Seu para sempre. - Jackie a gravação sem conseguir conter o sorriso.

—Sabe, acho que essa é a única promessa que eu não quebrei. - ela levantou a cabeça e encarou Steven parado na porta, ele tinha as mãos nos bolsos e uma postura hesitante. Jackie colocou a aliança no dedo e sorriu receosa para ele. Steven caminhou lentamente até ela ainda sem expressar qualquer reação. - O médico disse que você queria falar comigo. Mamãe não gostou muito desse pedido, Red teve que segurá-la para ela não vir correndo até aqui.

—Não queria preocupar a sra. Forman, e também se eles viessem antes de você, eu teria que me explicar sobre coisas que ainda não tem explicação. - ela disse sem desviar o olhar dele.

—E essas coisas seriam tipo?

—Os últimos sete anos, três anos, seis meses e as últimas vinte e quatro horas. E eu não estou muito a vontade de ouvir a sra. Forman berrar para mim sobre como sou irresponsável e desnaturada e que ela me deu amor e carinho o suficiente para eu não agir como uma vadia em torno dela.

Steven riu passando a mão na nuca, Jackie sabia que ele também estava nervoso sobre contar a todos o que realmente aconteceu nos últimos anos.

—Steven, eu pedi para te chamar porque eu preciso conversar com você antes de falar com Red e Kitty. Eu preciso me explicar, mas você tem que prometer que não vai gritar comigo ou ficar com raiva de mim.

—Jackie, você sabe que toda vez que você começa me pedindo isso, no final eu sempre acabo com raiva. - ele disse cruzando os braços. Jackie mordeu o lábio e se sentou de joelhos na cama, o fio do soro esticou fazendo a agulha pinicar sua pele, ela ignorou essa dor e colocou ambas as mãos sobre os braços de Steven.

—Por favor, você sabe que eu odeio quando você me olha com aquele olhar de reprovação e eu juro que desta vez eu não tinha más intenções. Eu só não sabia como te contar.

Steven franziu a testa tentando entender o que ela falava.

—Jacks, o que você fez?

—Eu não fiz nada. Eu juro. - ela sussurrou sem tirar os olhos dos dele, então estendeu a mão e tirou o óculos do rosto dele jogando-o sobre a cama. O tom de azul na íris de Steven era como um calmante para ela, tudo à sua volta parecia caminhar em câmera lenta quando ele a olhava daquela maneira. Jackie respirou fundo tomando coragem e então disse em voz baixa. - Eu estou grávida. - os olhos de Steven piscaram rapidamente enquanto ele tentava associar as informações. - Eu só descobri ontem e eu juro que iria te contar, mas as coisas começaram a acontecer e tem a festa amanhã e toda a história da gravadora que eu acabei me perdendo. Então hoje eu não consegui comer nada durante o almoço porque meu estômago estava revirado, daí quando fomos visitar o hotel havia coisas demais para se fazer e eu me descuidei só um pouquinho e acabei tendo uma queda na pressão e de repente o médico veio e disse que meus hormônios progesterona, aí eu comecei a rezar para que acontecesse de novo, aí…

Jackie se calou no momento em que Steven a beijou nos lábios. Ele juntou suas bocas de maneira bruta, ela podia sentir seus lábios sendo machucados contra os deles, mas ela ignorou isso e devolveu o beijou na mesma intensidade.

—Eu te amo. - Steven sussurrou descansando a testa contra a dela. Jackie sorriu com aquela afirmação.

—Eu também te amo, pudim pop. E eu sinto muito se agi como uma vaca nos últimos meses, eu apenas estava muito assustada. - ela revelou erguendo o dedo e tocando os lábios dele. - Parecia que tudo na nossa vida tinha um prazo de validade. E do nosso casamento estava preste a se vencer. E eu simplesmente surtei. Sinto muito.

—Não, não sinta. Eu também agi como um idiota depois de tudo o que aconteceu. Eu te afastei e deixei que você escapasse de mim, eu já fiz isso uma vez e não vou deixar isso acontecer de novo. - ele afirmou acariciando o rosto dela com a lateral de sua mão.

—Eu também não quero ir de novo, já cometi esse erro duas vezes, não vou cometer uma terceira. - ela disse e então ficou alguns segundos em silêncio. - Eu estou pronta, Steven. Quero contar a todos sobre nós.

—Tem certeza?

—Absoluta. - Jackie sorriu abertamente. - Eles são nossa família. Eles são obrigatórios a nós apoiar em qualquer merda que fizermos.

Steven riu afastando o rosto do dela e a envolvendo em um abraço. Eles ficaram em silêncio por alguns segundos até a porta do quarto ser aberta por um Red levemente irritado.

—Então panacas, agilizem, o médico já liberou a barulhenta e segundo Eric temos novidades urgentes em casa. Agilizem. - ele disse antes de fechar a porta novamente.

 

III

Betsy sorriu quando a porta do porão foi aberta e seus padrinhos entraram. Jackie carregava um saco pequeno de carne seca enquanto Hyde girava as chaves do seu carro na mão.

—Então Dolly, quais as novidades? - Hyde indagou se jogando no sofá entre as crianças. Elle e Luke estavam imersos em seu jogo para notar o que acontecia à sua volta.

—Por que você chama Betsy de Dolly, tio Hyde? - Anne indagou abaixando a Vogue que lia.

—Porque quando Betsy era pequena ela gostava de ouvir Dolly Parton e Steven a apelidou assim. - Jackie explicou arrancando um pedaço da carne com os dentes. Betsy arqueou a sobrancelha para sua madrinha, Jackie não costumava comer carne seca, não normalmente. - Anne, o que tão urgente aconteceu com Eric para ele ter que chamar Red e Kitty de volta? Ainda faltava muita coisa para organizar.

—Tia Lauren voltou. E papai surtou.

—Oh merda. O que a fez voltar? Seu cafetão disse que você já está velha demais? - Hyde indagou esticando o braço para roubar uma das tiras de carne de Jackie.

—Tio Eric falou a mesma coisa. - Betsy disse rindo. - Papai já deu em cima dela e tia Donna deu um calmamente para tio Eric.

—E Lauren? Ela ainda está gostosa? - Hyde questionou, Jackie bufou e o bateu com a bolsa. - Calma, boneca.

—Idiota. - Jackie grunhiu se levantando do sofá e caminhando para a escada. Betsy seguiu a madrinha deixando Hyde com as crianças.

—Tia Jackie. - ela a chamou fazendo a mulher diminuir o passo.

—O que foi, querida?

—Agora que tio Hyde vai morar aqui, isso significa que vocês vão se separar?

Jackie negou com a cabeça enquanto mastigava a carne.

—Ainda estamos resolvendo as coisas, mas não vamos nos separar. - ela assegurou. - Eu amo Steven. E acho que seria fisicamente incapaz de me afastar dele novamente.

Betsy sorriu aliviada. Ela amava demais seus padrinhos para vê-los separados. A melhor lembrança que ela tinha de seu padrinho e de sua madrinha era de um dia em dezembro quando eles levaram-na para patinar no gelo perto da grande árvore que tinha na Times Square. Ela deveria ter uns sete anos e era sua primeira viagem sem os seus pais. Jackie vivia em New York desde 1984 e Hyde havia se voluntariado para levar a pequena Kelso até a madrinha em uma viagem de dois dias.

Betsy costumava passar muito tempo com sua madrinha quando ela morava em Chicago e trabalhava na estação de televisão local como garota do tempo, então quando Jackie recebeu a oportunidade de trabalhar em New York como apresentadora de talk-show, ela não hesitou, para a tristeza de Betsy.

Então por alguns meses ela havia ficado separada de Jackie e suas músicas da ABBA, até que Hyde, vendo a tristeza da afilhada, convenceu Brooke e Kelso a liberá-la para ir com ele até New York para fazer uma visita a Jackie antes de voltarem para Point Place para comemorar o natal. Betsy nunca havia ficado tão feliz como naquele dia, quando depois de muita insistência e choro, Brooke cedeu, deixando-a ir com Hyde.

Mas aquela memória não era a melhor apenas porque ela estava em outra cidade com suas pessoas favoritas, ela era a melhor porque naquela noite, enquanto ela saiu de seu quarto para ir atrás de sua madrinha a fim de que ela lê-se seu livro favorito antes de dormir, ela viu algo que a fez acreditar que contos de fadas podiam ser reais, que a fera podia realmente se apaixonar pela bela sem precisar mudar.

Betsy nunca contou a ninguém o que viu na sala do apartamento de sua madrinha, nem mesmo para seus pais, mas lá no fundo sabia que foi melhor assim. Eles não precisavam que os aldeões cheios de opiniões estragassem aquele conto de fadas.

Então quando Jackie e Hyde se casaram, três anos atrás, ela foi a única convidada da festa. Eles sabiam que poderia muito bem guardar aquele segredo até que eles estivessem prontos para contar aos outros. Betsy não gostava de esconder coisas de sua mãe, por isso sempre que os encontrava questionava sobre quando eles iriam revelar a verdade. Naquele momento não foi diferente.

—Então, vocês já estão prontos para contar agora que tio Hyde vem morar mesmo aqui Point Place.

—Sim. Planejamos contar hoje à noite quando todos se acalmarem. - Jackie disse abrindo a geladeira e pegando o que havia restado da massa de cookies da sra. Forman. - Amanhã vai ser um dia corrido, então se alguém for ter um ataque que seja hoje.

Betsy assentiu rindo. Um certo alívio tomou conta de seu corpo por saber que logo ficaria livre daquela daquelas mentiras. Ela jogou os braços ao redor de Jackie e ambas começaram a pular no mesmo lugar.

—Ok, melhor parar ou eu vou vomitar. - Jackie resmungou afastando a garota e indo se sentar à mesa.

Betsy observou sua madrinha. Sua princesa de contos de fadas, a mulher que havia lhe ensinado a nunca usar camurça em dias de chuva, uma das pessoas mais importantes em sua vida. Então ela sorriu.


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