Return to Paradise escrita por Lily


Capítulo 6
06. Rocket man




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"Rocket man"

I

Fez não notou o que exatamente estava acontecendo até ouvir os gritos animados de Donna. Era estranho estar em uma sala como aquela, havia preto demais em tudo, nos móveis, nas almofadas, nas cortinas e nas paredes. Preto, preto e cinza. Fez odiava preto.

Jackie tentava sorria para Hyde que tinha os braços envoltos em Donna, era óbvio que ela estava com vontade de arrancar o lenhador ruivo dos braços de Hyde para poder tomar seu lugar, mas ela pareceu se conter. Fez também se conteve.

Brooke havia feito todos prometerem que não fariam nada para prejudicar ou ajudar nos relacionamentos de Jackie e Hyde, não era da conta deles e os dois em questão podiam muito bem cuidar de seus próprios assuntos.

Fez se perguntava se Brooke esqueceu com quem estava falando. A amizade deles era algo que ultrapassava todos os limites morais ou normais. Eram horríveis como amigos, principalmente quando o assunto envolvia a vida amorosa do outro. Eles eram quase como cupido certificados.

—Por que estamos comemorando mesmo? - Donna indagou finalmente se afastando de Hyde.

—Oh seu maldito lenhador! Você rouba meu momento e nem sabe o que está acontecendo. - Jackie resmungou de braços cruzados, Fez não conseguiu evitar de olhar para sua barriga por baixo da camisa branca de linho que ela usava. - Isto tudo é de Steven! Está é gravadora dele.

Fez finalmente desviou o olhar de Jackie para Hyde. Aquilo tudo era dele?. Fez sabia que Hyde trabalhava em uma gravadora em New York, havia sido o motivo dele ter se mudado seis anos atrás, mas Fez nunca cogitou a ideia de Hyde continuar naquele ramo, ele sempre havia sido a pessoa que voava solto como um passarinho, passar o resto preso a algo, não era a cara de Hyde.

—Espera! O quê? Aí meu Deus, Hyde! Isso é incrível! - Donna disse voltando abraçar o amigo.

—Hey, hey. Se você tem essa gravadora aqui, isso significa que você vai ficar em Point Place? - Eric indagou sorrindo quase esperançoso para Hyde, mas ele não era o único que tinha esperança no olhar. Todos na sala pareciam ansiosos para o que estava por vir.

—Sabe cara… às vezes é bom voltar para esse fim de mundo. - Hyde disse naquele estado indiferente enquanto dava de ombros.

—Oh meu Jesus! Meus bebês finalmente estão em casa! - Kitty gritou deixando as lágrimas caírem e se jogando nos braços de Hyde.

—Sra. Forman, por favor. - Hyde sussurrou tentando conter a pequena mulher. E o que se seguiu foi uma série de gritos animados, exclamações irritadas, vindas de Red, e risos das crianças. O grupo de amigos desajustados envolveu Hyde em um abraço, obviamente em meio aos resmungos dele.

—Saíam! - Hyde tentou empurrar os corpos para longe de si, porém seis pares de braços o apertaram com força.

—Hey! De quem é essa mão na minha bunda? - Donna indagou irritada.

—Minha! - as vozes dos quatro caras soaram.

—Seus tapados! - Donna exclamou desfazendo o abraço.

—Hey, isso significa que Steven Hyde se rendeu às grandes corporações e a indústria musicais? Oh céus, acho que estou em um mundo inverso. - Eric disse em tom de brincadeira. - Oh Hyde, seu eu adolescente deve estar se remoendo atualmente.

—Isso se chama crescer, Forman. - Hyde murmurou sorrindo cinicamente.

—Agora, Steven, que tal um tour pelo seu novo emprego? - Kitty sugeriu ainda sorrindo. Hyde assentiu e indicou uma das duas únicas portas da sala.

—Aqui é o meu estúdio.

A pequena comitiva seguiu Hyde até a sala indicada, Fez deu um passo à frente, quando sentiu uma mãozinha segurar sua mão. Ele abaixou a cabeça e encarou Tucker que tinha as pernas cruzadas e se contorcia.

—Oh! Banheiro? - indagou, o garotinho assentiu. Fez olhou ao redor tentar achar a porta para o banheiro, porém só haviam um única porta além da do estúdio.

Puxando Tucker pela mão, Fez empurrou a porta entrando no que deveria ser o escritório de Hyde, era escuro devido às pesadas cortinas que cobriam a janela e a tinta escura que tinha nas paredes. Fez olhou novamente ao redor e notou outra porta que desta vez ele torceu para ser o banheiro.

—Papa, não tô conseguindo segurar. - Tucker afirmou se contorcendo ainda mais. Fez o ergueu pelas axilas e correu até a porta. Fez não pode evitar o suspiro aliviado quando a porta se abriu revelando o banheiro, provavelmente, particular de Hyde. Fez soltou Tucker e virou de costas esperando ele fazer o que tinha que ser feito. - Papa, eu não vou conseguir fazer isso de você estiver aqui.

Fez gemeu e saiu do banheiro deixando a porta apenas encostada. Ele então percebeu que estava sozinho no escritório escuro de Hyde, o que significava que ele estava no local secreto de seu amigo.

—Oh meu amiguinho hippie anti-social, me mostre seus podres. - ele sussurrou já caminhando até a mesa. Ela era de madeira em um tom escuro, talvez carvalho envernizado, a cadeira era giratória e embora não houvesse muitas coisas em cima da mesa, ele pode notar uma foto saindo de dentro do que deveria ser a agenda de Hyde. Fez abriu o pequeno caderno na página marcada revelando a foto completa.

Na fotografia havia uma mulher de cabelos escuros, olhos castanhos-esverdeados e um sorriso cativante. Ela usava um casaco de tricô branco e segurava em seus braços uma criança, um garotinho que não deveria ter mais do que alguns meses de vida, ele estava dormindo calmamente contra o corpo da mulher embrulhado em uma manta azul. Fez franziu a testa tentando lembrar se a mulher lhe era familiar ou não, ele então virou a foto em busca de pista e sorriu ao perceber algo escrito bem no final.

Já estamos com saudades papai, com amor, Margot e Danny.

Ele voltou a franzir a testa. Donna havia falado sobre a família de Hyde, dito algo sobre uma esposa e um filho, Daniel era o seu nome, então Danny deveria ser o apelido. Se aquela era a esposa de Hyde, ele havia tirado a sorte grande, ela era linda.  

—Papa, terminei. - Tucker disse ainda no banheiro. Fez hesitou em devolver a foto para a agenda, então a colocou no bolso da calça e se apressou para ajudar seu filho prodígio.

 

II

Kitty estava saltitando por dentro. Steven estava voltando para casa, voltando para seus braços de onde nunca deveria ter saído. Seu pequeno órfão estava de volta para de lar. Ela olhou ao redor notando o quão grande e importante era aquele lugar para Steven. Ela sabia que ele era estava orgulhoso, e não apenas porque agora era seu próprio chefe, mas porque finalmente tinha algo que ele mesmo havia construído sem ajuda de ninguém. Kitty sabia que aquela sensação de independência era algo magnífico.

Ela sorriu enquanto observava seus dois meninos conversarem com seu pequeno grupo de amigos.

—Eles cresceram, Red. - ela disse ao marido com aquele tom melancólico.

—Ora Kitty, uma hora ou outra eles tinham que fazer isso. Eles não podiam ser para sempre os idiotas do meu porão. Embora eu ache que eles ainda sejam.

—Oh Red. Eles vão ser para sempre nossas crianças. - ela afirmou e notou o marido revirar os olhos. As crianças de suas crianças corriam agitadas de um lado para outro, Kitty observou Luke puxar Elliott pela gola da camisa fazendo o pequeno Kelso cair de bunda no chão. Red riu ruidosamente ao seu lado quando as crianças começaram a se atracar no chão, seus pais, meio desesperados saíram em auxílios de suas crianças.

—Aí meu olho! - Michael gritou soltando Elliott no sofá e colocando as mãos sobre o olho esquerdo.

—Agora sim estamos em casa. - Steven disse sorrindo para a cena. Kitty apenas balançou a cabeça em desaprovação.

—Hey tio Hyde, a gente pode assistir esse filme? - Anne indagou enquanto saía do escritório de Hyde com uma fita cassete em mãos.

—Que filme? - Donna questionou rapidamente tomando a fita das mãos da filha. Todos na sala pareciam compartilhar o mesmo pensamento momentâneo. Deus, que não seja porno. - O ataque do Nerd? Que filme é esse, Hyde? É um filme de adulto?

—É um filme sobre o Forman. - Steven disse dando de ombros.

—Você tem um filme de adulto sobre o Eric? Por que eu não soube disse antes?! - Kelso sorriu abertamente, mas seu sorriso desmanchou assim que Steven o socou no ombro. - Droga Hyde! Esse é o meu braço de tiro.

—Não é um filme adulto do Forman. É a fita do casamento dele. - Steven explicou atraindo um série de exclamações aliviadas, principalmente de Kitty.

—Como é? - Eric olhou para Steven um tanto confuso. - Por que você tem uma fita com o meu casamento?

—Porque algumas vezes eu tenho que rir de alguma coisa.

—Por que você riria do meu casamento? - Eric questionou erguendo ainda mais as sobrancelhas.

—Porque é engraçado ver você chorando na frente de todos enquanto Donna tenta se segurar para não gritar com você.

—Isso não é engraçado! - Eric protestou, mas todos na sala apenas balançaram a cabeça.

—Na verdade isso é hilário. - Jackie afirmou sorrindo. - Eu adoro aquela parte em que ele começa a soluçar e Red grita “panaca” para todo mundo ouvir.

—É ainda tem o final quando ele tropeça no vestido de Donna e caia do altar. - Hyde disse fazendo todos rirem. Kitty virou o rosto tentando se manter indiferente. Mas nem ela podia negar o quanto havia sido uma situação peculiar.

—Mas nada supera a primeira despedida de solteiro de Eric. - Michael falou. - Aquela em que ele abandonou Donna.

—Obrigada Kelso por essa lembrança adorável. - Donna murmurou socando Michael no ombro.

—Eu me lembro disso. Tio Eric fugiu e voltou uma semana depois como se nada tivesse acontecido. - Betsy disse rindo. Kitty franziu a testa.

—Como você sabe disso? Não me lembro de ter contado essa história. - Michael falou olhando para a filha.

—Não foi você, papai. Foi Margot que me contou, porque tio Hyde contou para ela. - Betsy disse, mas subitamente se calou e fechou os olhos, como se estivesse arrependida de ter falado. Kitty franziu a testa e institiabmete se virou para Steven, ele se mantinha indiferente ao comentário de Betsy, porém ela o conhecia muito bem para saber que aquele nome lhe causou um grande impacto.

—Quem é Margot? - ela indagou tentando soar calma e nem um pouco curiosa.

—Ok. Já estou cansada desse lugar, as luzes são horríveis para minha pele e as cores da sala não combinam em nada com a minha roupa. - Jackie tagarelou se levantando do sofá com o ânimo de sempre. - Vamos ao shopping, tem uma promoção magnífica de queima de estoque. Donna tenho certeza que destaca você não precisará comprar suas roupas no Exército da Salvação.

—Eu não compro minhas roupas no Exército da Salvação. - Donna protestou irritada.

—Então quer dizer que vendem essas coisas em lojas mesmo? - Jackie perguntou em uma ingenuidade verdade. - Oh, o povo de Point Place ainda tem muito o que aprender.

Kitty suspirou tentando não revirar os olhos. Havia certas coisas que nunca mudariam.


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