Return to Paradise escrita por Lily


Capítulo 4
04. Goodbye yellow brick road




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"Goodbye yellow brick road

I

—Então, quem é o pai? Um executivo de São Francisco ou um modelo de Los Angeles? Quem teve a coragem de engravidar o diabo? - Eric indagou se sentando na tampa do vaso sanitário. Jackie puxou as pernas contra o corpo e as abraçou. Ela parecia frágil e indefesa, fazendo ele se arrepender rapidamente de sua piada. - Jackie, você quer que eu chame a Donna?

—Não! Por favor não, eu não quero envolver mais ninguém nisso. Porque se ela souber ela vai falar para Steven e ele não pode saber. - ela disse se agarrando ao braço dele. - Eu não estou pronta para contar, principalmente depois de tudo que…

—Que vocês passaram? - ele sugeriu colocando as mãos sobre a dela. Eric não queria bancar o ombro amigo para Jackie, não em um banheiro fedido a vômito, mas ele não podia simplesmente virar de costas e sair. Sua mãe havia lhe dado educação o suficiente para não deixar uma mulher chorando sozinha no banheiro. - Você sabe que eu não sou exatamente a melhor pessoa para manter um segredo de Hyde. Somos irmãos.

—Eu sei, eu sei. Mas não será por muito tempo. Eu juro! Apenas me deixe pensar em como contar isso, está bem? Eu preciso de um tempo.

Eric assentiu. E instantaneamente sentiu como se estivesse assinando seu nome em um contrato com o diabo.

—Mas e bebê? De quem ele é?

Jackie o encarou com aquele olhar que gritava “Meu Deus, Forman! Você é tão burro!”, mas isso só durou alguns segundos antes dela balançar a cabeça.

—Meu marido. - ela disse, mas então balançou a cabeça de novo. - Meu ex-marido, quando eu assinar os papéis.

—Você é casada? Quem diabos aceitou se casar com você?

—Um cara que me ama. - ela afirmou antes de beliscar ele no braço. Eric levou a mão até a pele doída e tentou maneirar em suas palavras dali por diante. - Um cara que me respeita e não consegue viver sem mim. Alguém que jurou passar o resto da vida comigo e me amar independente de tudo. Alguém que me escuta, me entende e sabe qual música tocar no momento certo. Alguém que eu preciso tanto quanto preciso respirar.

Eric observou um sorriso crescer lentamente no rosto de Jackie enquanto ela listava as qualidades de seu marido, mas o mesmo sorriso se esvaiu no final.

—Se você o ama tanto assim, por que está se divorciando? - ele indagou realmente curioso com atitude dela.

—Estávamos tentando ter um bebê, tivemos alguns problemas e há mais ou menos seis meses atrás, eu engravidei e acabei perdendo por ser irresponsável. - ela contou em um sussurro embargado. - Foi nossa pior briga. A maior de todas. Eu nunca realmente pensei que isso pudesse acontecer, mas eu sei que a culpa foi minha, o médico mandou eu ir com calma, mas eu continuei a trabalhar e trabalhar, mantive minha rotina e acabei colocando a vida do meu bebê em jogo.

—Jackie, isso é horrível, mas se ele te ama tanto assim, ele não pode desistir de você.

—Mas ele não está desistindo de mim. Eu é que estou desistindo de nós. - ela revelou deixando as lágrimas escorrerem. - Eu não contei a vocês sobre o casamento porque eu sabia que em algum momento iríamos acabar, é a minha sina ter relacionamentos fracassados. Eu não queria envolver vocês nos meus dramas. Não queria ser um fardo.

Eric franziu a testa, em sua mente já havia uma frase formada para confortá-la, mas ele sentia que assim que as palavras saíssem ele se arrependeria.

—Jackie. - a chamou fazendo-a olhar para ele. - Você não precisava esconder isso da gente, você não é um fardo para nós.  Estamos aqui para te apoiar independente da situação, porque somos sua família.

Jackie abriu a boca levemente surpresa com as palavras dele e então subitamente jogou seus braços ao redor do pescoço dele. Eric torceu o rosto em desgosto enquanto acariciava as costas de Jackie.

—Olha, você precisa contar ao seu marido sobre o bebê. Talvez seja uma nova chance para vocês.

—Ele estava tão ansioso para ter uma família. Isso é muito importante para ele. Eu não quero ser responsável por estragar a felicidade dele se essa gravidez não seguir adiante.

—É importante para vocês dois, pequeno ser de chifres e cauda pontuda. É sua felicidade também. - ele afirmou acariciando o cabelo dela. - Ter filhos é uma bênção.

A porta do banheiro foi aberta com brutalidade, Eric se virou rapidamente observando sua filha para na entrada com aquele sorriso diabólico.

—Oi pai, que tal você me dar aquele vestido que eu queria ou eu vou contar para a mamãe que você está trancado no banheiro com a tia Jackie. - Anne disse cruzando os braços. Eric respirou fundo e se voltou para Jackie.

—Retiro o quê disse.

II

Hyde abriu a porta da cozinha esperando encontrar a sra. Forman em seu habitual lugar perto do fogão cozinhando biscoitos ou decorando cupcakes, mas se surpreendeu ao encontrar Jackie em frente ao fogão segurando metade de um bolinho enquanto mastigava a outra metade.

Ela estava linda em um vestido simples florido e saltos anabela. Seu cabelo estava solto e mais curto do que a última vez que ele havia a visto. Mas mesmo assim, ela estava linda.

—Hey Jackie. - ele disse se aproximando dela e pegando o bolinho da mão dela.

—Steven! - ela o repreendeu puxando o bolinho para si. Hyde riu observando-a devorar o resto do bolinho. - O que você está fazendo aqui?

—Bem. Tecnicamente eu estou hospedado aqui.

—Não, seu bobo. Eu estou falando de chegar mais cedo a cidade. Pensei que só te veria domingo. - ela disse jogando o forminha do bolinho no lixo.

—Tive que vir resolver alguns assuntos importantes. - ele falou. Os dois ficaram em silêncio por alguns segundos, Hyde gostaria de dizer tudo a ela, lhe contar sobre seus planos e ideias. Ele sabia que aquela sensação, ou melhor, aquela necessidade de lhe contar tudo, era um efeito colateral de apaixonar por Jaqueline Burkhart. Ela tinha o transformado em idiota. Ela era como um verme que entrava em sua cabeça e comia seu cérebro de pouco em pouco. - Onde está todo mundo?

—Kitty e Red saíram para o supermercado, Eric levou Anne, Donna e Luke para o shopping, Fez foi para Caroline e os Kelso foram almoçar na casa dos pais de Michael. - ela disse se apoiando no fogão. - Eu já estava de saída, mas pensei em esperar a sra. Forman chegar, é estranho deixar essa casa vazia.

—É estranho estar nessa casa vazia. Já estou tão acostumado com os gritos de Kelso e as palestras de Red que o silêncio devia tudo mais… triste. Me lembra de casa.

Jackie mordeu o lábio e colocou a mão no braço dele.

—Essa é sua casa, Steven. Aqui com todas as pessoas que te amam. - ela disse descendo a mão pelo braço dele até sua mão, Hyde entrelaçou seus dedos a puxando para perto de si.

—Acho que todas as pessoas que eu amo já passaram um tempo nessa casa. - ele falou fazendo-a desviar o olhar. Hyde segurou delicadamente o queixo dela e a fez virar o rosto para ele. - Boneca, eu estou ficando cansado de ficarmos neste círculo sem fim. Temos que tomar uma decisão.

—Steven por favor, não complique mais as coisas nós dois sabemos muito bem como isso vai terminar.

—Jackie, eu… - Hyde não conseguiu terminar a frase já que Jackie o impediu lhe roubando um beijo. Ele moveu o braço ao redor da cintura dela a puxando ainda mais contra si.

O beijo de Jackie era como um veneno o qual ele era imune, ela era capaz de despertar os desejos mais insanos nele, e não apenas algo carnal, era mais como o desejo de se casar e ter uma família. Hyde nunca se imaginou ter uma família até conhecer Jackie, então depois dela, todos os pensamentos que envolviam seu futuro eram pintados em um tom de amarelo brilhante.

As mãos dela percorreram o pele do pescoço dele até chegar em sua nuca onde ela enrolou seus dedos no cabelo dele. Hyde se segurou para não virá-la e colocá-la sobre a bancada, ele sabia muito bem que Red o mataria se os visse naquela situação.

Eles continuaram o beijo pelo o que pareceu longos segundos, até um barulho de algo caindo os despertou. Hyde rapidamente se virou para a garagem tentando encontrar a origem do barulho, então um gato malhado pulou de cima da casa caindo de quatro no chão. Ele se voltou para Jackie, os olhos castanhos de sua morena brilhavam como se ela quisesse despejar tudo o que sentia de uma só vez, mas ela então se afastou dele.

—Preciso ir, Steven. Diga a sra. Forman que vou jantar com algumas amigas. Vejo você depois. - Jackie sussurrou já saindo para sala de estar. Hyde suspirou passando a mão pelo cabelo e bufou irritado consigo mesmo.

Ele sempre havia sido um idiota e estava muito bem com isso, mas ele não podia ser um idiota com ela. Jackie Burkhart era tudo o que ele precisava e embora por muito tempo tive negado isso a si mesmo, naquele momento ele sabia que era a mais pura verdade. Por isso ele tinha um plano e para que esse plano desse certo ele precisaria que eles ficassem a sós, por mais do que cinco minutos.

Steven Hyde não era o cara de gestos românticos. Mas por ela, ele era capaz de qualquer coisa.

III

As batidas na porta foram o suficiente para despertar Eric de seu sonho que envolvia naves espaciais e Donna em um traje muito provocante. Ele tinha certeza que mataria a pessoa que estava por trás daquela porta no momento em que a visse, já estava preparando seu punho para acertar no indivíduo em questão quando a porta se abriu revelando um Brooke desanimada.

Eric franziu a testa diante da presença da amiga em sua casa às seis horas de uma manhã de sábado.

—Michael. - ela disse mudando o peso do corpo uma perna para outra para que a figura robusta de Kelso fosse revelada.

—É bom que a notícia seja trágica demais ou incrível demais para me tirar da cama a esta hora da manhã. - ele murmurou deixando que os Kelso entrassem sendo seguidos por um Fez sonolento e de pijama de coelhinhos. - Tenho tantas perguntas, mas não quero ter respostas.

—Kelso, seu lindo bastardo. O que diabos deu em você para me arrastar até aqui enquanto minha linda esposa grávida estava prestes a consumar seu desejo carnal por mim. - Fez caminhou até o sofá enquanto todos o seguiam com olhares enojados.

—É algo grande! - Kelso ergueu os braços representando fisicamente sua notícia.

—Ele está agitado desde ontem. Disse que só pode falar quando todos estiverem juntos. Então, Eric por favor, vá chamar Donna para acabarmos com isso. Deixamos as crianças dormindo no hotel. - Brooke disse cruzando os braços sobre o casaco, ela também estava de pijama, o que significava que Kelso havia a irritado ao ponto dela sair de casa sem se importar com mais nada.

Eric assentiu e subiu a escada até seu quarto, ele se tomou cuidado para fazer muito barulho ao passar na frente do quarto de Luke e do de Anne. Ele abriu a porta de seu quarto já encontrando sua amada esposa acordada. Donna o olhou ainda sonolenta tentando entender o que estava acontecendo.

—Kelso. Notícia urgente. Todo mundo lá embaixo. - ele resumiu rapidamente já pegando o roupão de Donna do cabide no armário e jogando para ela. Donna se arrastou pelo quarto enquanto amarrava o roupão e o seguia para o andar de baixo.

—Você chamou Jackie e Hyde? Ele te ameaçou com um soco na cara ou chute no traseiro? - Donna indagou a Kelso assim que chegou a sala.

—Eu não chamei eles, porque o assunto é sobre eles. - Kelso disse se colocando de pé. Eric bocejou jogando os braços para cima.

—Como assim sobre eles? - Brooke indagou coçando os olhos para despertar.

—Acho que vamos precisar de café. - Donna afirmou já indo para a cozinha, todos a seguiram se arrastando em meio ao sono. - Kelso, continue.

—Ok. Ontem eu voltei aos Forman depois que Elle deu por falta daquele bonequinho que Eric tinha dado de natal.

—São Power Rangers. - Eric protestou sem muito ânimo. Kelso o ignorou e pressentiu.

—Bem, como eu estava dizendo, eu voltei para pegar o bonequinho de Elle, ele estava perto da garagem, então quando eu estava voltando para o carro, eu vi pela porta de vidro a cena que eu tenho certeza absoluta que vai chocar vocês, porque eu fiquei em choque. Foi quase como dejavu.

—Oh Kelso, pare de praguejar e fale logo, seu filho da mãe! - Fez exclamou já irritado.

—Eu vi, Jackie e Hyde… se beijando!

Nos primeiros segundos Eric franziu a testa, depois abriu a boca em surpresa e então arregalou os olhos em descrença enquanto sua mente tentava reter aquela informação.

—Jackie e Hyde? - Donna indagou também em choque.

—Sim. - Kelso afirmou sorrindo.

—Se beijando? - Brooke questionou um tanto incrédula.

—Sim. - Kelso afirmou novamente.

—Na boca? - Fez perguntou piscando rapidamente.

—Sim! Qual parte vocês não entenderam? - Kelso olhou para eles visivelmente irritado. - Céus! Vocês são mais lerdos do que eu!

—Kelso, não somos lerdos, apenas estamos tentando entender porque Jackie e Hyde estavam se beijando na cozinha dos meus pais. - Eric disse dando voz a reação de todos. - Faz o quê? Dezenove anos que eles se separam? Como diabos eles ainda podem sentir algo um pelo outro?

—O amor é algo duradouro, Eric. - Fez falou com a voz séria. - No meu país temos um provérbio que diz “O amor é como um rio que pode até secar, mas em algum momento a água volta a correr”.

—Então parece que o amor de Jackie e Hyde nunca realmente acabou. - Brooke disse fazendo todos concordarem. - Mas até que eles são fofos juntos, não me lembro muito bem deles como casal, mas sempre achei que Michael fez a escolha certa ao entregar Betsy para ser afilhada deles. Eles amam ela e fazem tudo para vê-la feliz.

—Eles são bons padrinhos, mas nós poderíamos ter sido melhores. - Eric afirmou e Donna concordou balançando a cabeça em afirmação. - Porque, dah, a gente não se separou.

—Que tal pararmos com essas gracinhas e focarmos no que importa. - Kelso disse chamando a atenção de todos. - Colocar Jackie e Hyde juntos novamente.

—Por que faríamos isso? - Donna indagou cruzando os braços.

—Porque eles se amam e Brooke disse que eles eram felizes juntos.

—Kelso, todos nós sabemos que você tem um plano de juntá-los apenas para compensar o fato de que foi você que causou a separação deles. - Eric disse arqueando a sobrancelha em direção ao amigo.

—O que? Não! Como você….?! Cara, eu…! Ok! Eu admito! Eu estou tentando compensar um erro. E seria muito mais fácil se vocês me ajudassem.

Eric suspirou passando a mão pelo rosto. Ele adoraria ajudar Kelso, ver seu irmão adotivo feliz era algo que ele realmente desejava, mesmo que para isso tivesse que juntá-lo com o ser que senta na cadeira de ossos enquanto o fogo queima ao se redor. Mas, devido às últimas circunstâncias, talvez aquilo não fosse uma boa ideia.

—Kelso, acho melhor deixarmos tudo como está. Jackie e Hyde são adultos, tenho certeza que eles vão se resolver. - ele disse atraindo um olhar confuso dos amigos.

—Do que você está falando, minhoca albina? - Fez indagou o olhando confuso. - Jackie era feliz quando estava com Hyde, depois dele, ela entrou em uma especial decrescente de desespero e humilhação. Foram tempos sombrios para minha deusa.

—Fez, mas não foi nessa época que ela te namorou? - Brooke questionou.

—Então, querida, como eu disse tempos sombrios.

Eric revirou os olhos enquanto Brooke ria da dramaticidade de Fez.

—Cara, Jackie não precisa de mais nenhum problema agora. Acho que ela já tem demais. - Eric disse olhando insistentemente para o amigo afim que ele se tocasse e se lembrasse pelo que Jackie estava passando atualmente, Fez o encarou sem piscar, e por pelos menos dez segundos eles continuaram assim, até que o estrangeiro arregalou os olhos e assentiu veementemente.

—Sim! Sim! Acho melhor não nos envolvermos.

—Qual é, cara? Podemos bancar os cupido em uma operação cupido. - Kelso insistiu.

—Eric está certo, Kelso. Vamos deixar as coisas como estão. Hyde também já tem coisas demais para resolver. - Donna afirmou.

—Vocês sabem de alguma coisa que a gente não sabe? - Brooke indagou olhando de Donna para Eric. - Porque parece que vocês sabem. Então se souberem é melhor contar, porque assim acabamos com essa ideia de Kelso.

Eric respirou fundo, ele não olhou para ninguém na sala antes de dizer em voz alta.

—Jackie está grávida.

—Hyde é casado. - Donna disse ao mesmo tempo que ele. Eric olhou para a esposa perplexo, ela o encarou com a mesma expressão.

—Oh merda! Isso é melhor do que eu imaginava! - Kelso exclamou rindo daquela piada obscura que nenhum deles teve a intenção de contar.


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