O que eu realmente faço nas reuniões de família escrita por TheArcaic


Capítulo 1
Capítulo Único - Domingo




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Me chamo Amanda, Amanda Amado. Moro num condomínio de caixas de fósforos empilhadas e amontoadas, e a minha família se consiste em Brenda Amado (Mãe), Carlos Amado (Irmão bem mais novo) e eu. Bom, isso até a mãe da caixinha do segundo andar, vir tomar café conosco uma vez por semana, depois seus três filhos, e por subsequência nós na caixinha deles, e... acho que deu pra entender né? Viramos da família. Ganhei uma Tia Luz Lima, um Tio Luz, um Primo Luz que briga constantemente com o Carlinhos, uma Prima Luz de 15 anos e outra de 5, ambas me odeiam. Entretanto, com essa nova família, vieram diversos eventos, incluindo aniversário, finais de semana, e feriados com toda a parentada a qual eu nunca iria lembrar o nome.

Eu estava sentada no sofá, ao lado do irmão do Tio Luz, quase vomitando depois de comer um cachorro quente, dois pedaços de Empadão e muito bolo, daqueles quadriculados, ainda me lembro do trabalho que foi para fazer isso, ainda sim, ficou bom, meio de chocolate, e meio de cenoura coberto com brigadeiro. Tinha tanta gente. Eu só queria ir embora dali naquele momento. Mas é claro, é muito fácil, ir para uma festa como convidada, terminar de comer e ir pra casa. Eu ficava encarando um ponto qualquer da sala, debatendo comigo mesma entre o que eu queria, e o que eu não poderia fazer.

Foi então que eu lembrei, O Robson também está aqui. Pronto, foi motivo suficiente para me alegrar, e colocar à disposição. Gostoso, lindo e cafajeste de primeira mão, primo da minha tia Luz Lima, completamente impossível, mas muito gato. Cabelos castanhos escuros com uns quatro dedos de tamanho, perfeitos pra agarrar, uma barba rala por fazer, em torno de 1,77m de altura, e musculoso da cabeça aos pés, mas só o suficiente pra me levantar no colo e levar pra fora dessa casa mal decorada. Me entretinha durante as reuniões de família analisar como ele estava se vestindo no dia, e imaginar as coisas incríveis que poderíamos fazer juntos. Inclusive, hoje era uma polo verde com jeans escuros e a jaqueta de couro, tudo muito fácil de tirar.

Como no churrasco do mês passado, aniversário de um dos pirralhos, ele estava tão sexy chegando naquela motona, vindo em direção a cabana do parque, parecia até uma sena em câmera lenta, ele de regata e bermuda, levando no braço a jaqueta de couro e na mão o capacete, e com a outra as latas de cerveja. Um sorriso despojado e um olhar penetrante era o que fazia dele tão incrível, parecia que ele realmente não se importava com muita coisa, mas ainda era lindo. Meus devaneios foram parados quando minha mãe me pediu para ir comprar um pouco mais de pão para o cachorro quente. Tudo bem, a imagem dele está bem salva na minha mente, posso ir devaneando pelo caminho, assim como também posso seguir imaginando o dia todo. Voltei pra casa, peguei o dinheiro e um casaco, e sai para comprar pão, imaginando o quão bom seria amassar aqueles braços dele que nem massa de pão.

Enquanto eu estava no penúltimo lance de escadarias para descer me deparo com o senhor perdição, eu estava descendo as escadas rápido, na ponta dos pés como de costume, então realmente não havia notado que havia mais alguém, quando o vi, parei de repente, e contive a respiração mais alto do que gostaria. Ele se virou e abriu aquele sorriso que me fazia derreter. Voltei a pisar com o pé inteiro no chão, e senti meus ombros relaxarem um pouco, ele não sabia como eu me sentia era só eu agir como se minha cara fosse naturalmente vermelha e seguir com a minha vida. Mas é mais forte que eu. Quando eu me dei por mim, estávamos a algum tempo nos encarando, dois degraus de diferença, eu com a cabeça inclinada para o lado, sorrindo que nem besta, com baba quase escorrendo da boca, e ele virado pra mim parecendo um Deus grego, com aquele sorriso maravilhoso.

Por mais que me doa agora parar de olhar pra essa escultura viva, eu vou me arrepender depois se eu não fizer nada, ou melhor, se eu continuar a não fazer nada. Então eu disse “Bom –bati as mãos –E-eu acho que eu tenho que fazer alguma coisa, então ...” Olhando para o chão e depois para as paredes, e pro teto, eu só realmente não queria sair daquele momento prestigiado que estava sendo encara-lo, mas sabia que precisava. Ele pareceu sair de algum tipo de transe também balbuciou algo como “É eu, também ... também tenho coisas, e... cerveja” não estava realmente prestando atenção nas palavras, tinha que manter minha concentração em manter minha boca fechada, enquanto os lábios dele desenhavam formas lindas enquanto ele falava.

De repente ele avançou até mim. Num piscar eu estava encostada na parede da escadaria, ele segurava meus braços, me mantendo firme na parede, seu rosto estava a centímetros do meu, ele encostou sua testa na minha, e me olhou nos olhos. Respirações e o som do meu coração batendo era tudo que eu conseguia ouvir, eu não pensei, só conseguia sentir o hálito quente dele, o que me fez lembrar daquela boca, mas ainda parecia tão longe, eu queria ela mais perto. Coloquei uma mão na jaqueta dele e fechei, tentando o puxar para mais perto, foi tudo o que precisou. Faminto, ele atacou meus lábios, e sem demora joguei meus braços para as costas dele, numa tentativa de não deixa-lo ir, sedenta eu o correspondi sem pensar em nada, esses momentos duraram tão pouco, nossa bagunça, nossa sede, nosso desejo, era nós sendo nós mesmos, sem baboseira de famílias e toalhas de mesa, e mais importante, não era Eu, era Nós. Quando ele segurou o meu rosto nos afastamos um pouco para tomar ar, ficamos nos encarando por um tempo, os arredores dos lábios dele estavam vermelhos, e eu nem quero saber a bagunça que eu deveria estar, mas ele pareceu gostar de algo do que viu, já que deu um sorriso largo. Ele, sem largar do meu rosto, afastou um pouco nossos rostos, sem afastar nossos corpos, colados um no outro, quase tentando entrar na parede, fez carinho no meu rosto com o dedão de uma das mãos, e me deu um beijo doce.

E agora?


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