Forte mas Apaixonada escrita por Mel


Capítulo 8
Fantasmas do passado- Parte 2


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura!



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♥Oitavo Capítulo♥

 

[Dez anos atrás]

 

 

Os grossos pingos de chuva anunciavam a grande tempestade que estava por vir, assim como o meteorologista avisou no noticiário. Paris entrava no começo do inverno fazendo as pessoas andaram encasacadas para se protegerem do vento frio. Em frente a escola, poucas crianças saiam para suas casas na companhia de pais e responsáveis, querendo se aconchegar no calor de seus lares.

Duas crianças corriam pelo pátio da escola de ensino fundamental quando pararam ofegantes em frente a porta dupla de madeira que dava as escadarias em direção a rua. A menina ofegou apoiada nos joelhos buscando ar para os pulmões. Os cabelos escuros azulados presos em duas marias-chiquinhas pequenas com a franja solta quase a altura dos olhos azuis. Vestia casaco vermelho com bolinhas pretas. Calça jeans azul e botas vermelhas. Marinette ainda ofegava, quando seu vizinho e “rival” se aproximou.

Ela o mediu de cima abaixo. Cabelos loiros desarrumados pela correria. Olhos verdes brilhantes. Moletom preto com uma pata de gato verde desenhada a frente, contendo um capuz com orelhas de gato. Calça jeans escura e tênis. Adrian Agreste, uma verdadeira peste aos seus olhos e seu vizinho.

—Tu é muito chato. -Gritou ela

—Chata é você!- Rebateu o loiro.

Ambos se encararam furiosos, haviam brigado por mais uma besteira como todas as vezes. Adrian e Marinette, estudantes da escola infantil, considerados pequenos “terroristas”, enlouquecendo qualquer professora quando uma briga se iniciava.

—O que estão fazendo?

Ambos viraram em direção a voz extremamente conhecida, a garota aparentemente de quinze anos os encarava com um olhar de repreensão. Olhos azuis e cabelos escuros que alcançavam o meio das costas. Corpo mediano como toda adolescente. Trajando um sobretudo preto de botões, uma faixa circulando a cintura a deixando levemente marcada. Calça jeans azul com detalhes dourados na barra e nos pés um par de botas de camurça marrom. Em mãos, um guarda-chuva vermelho.

Marinette correu alegre até a pessoa que tanto a comparavam. Bridgette Dupain-Cheng, filha mais velha e irmã de Marinette. Adrian olhou a mais velha e esticou um leve bico, a “inimiga” se comportava diferente em frente a irmã.

—Brid! -Gritou alegre abraçando as pernas da garota.

—Como foi a aula pequena? -Alisou os cabelos bagunçados. -Oi Adrian.

—Olá. -Respondeu tímido.

—Quer nos acompanhar até em casa? -Perguntou vendo Marinette a olhar incrédula.

—Mamãe vem me buscar.

—Então até mais tarde, de tchau Marinette.

—Tchau loiro.

—Tchau.

Ambos mostraram linguá um para o outro antes da garota se virar para acompanhar a irmã. Poucas pessoas se arriscavam nas ruas, com a chuva e o tempo nublado os becos pareciam ainda mais estranhos. Marinette comentava como fora seu dia, Bridgette escutava atenta, tanto nas palavras da mais nova quanto na estrada. Os olhos percorriam todos os cantos, alerta a qualquer possível perigo. A mais velho acelerou o passo ao escutar um barulho estranho vindo das sombras, apertou a mão contra a de Marinette e a pois em sua frente quando escutou uma voz obscura chamá-la.

—Paradas.

As duas pararam na hora, a pequena estremeceu ao ver a irmã se abaixar em sua altura.

—Fique calma. -Virou-se para o estranho. -O quer de nós? -Perguntou calma.

—Isso é um assalto.

Bridgette suspirou olhando sua irmã, a pequena tremia com os olhos arregalados. O homem saiu da sombra de um dos prédios, com a pouca luz pode ver a silhueta masculina. Pele morena e olhos amendoados, o cabelo comprido chegava aos ombros. Vestia uma camisa branca por baixo da jaqueta de couro preta. Calça larga azul-escuro e um par de coturnos marrom. Na mão uma faca que brilhava dependendo da pouca luz que refletia. Por um momento Bridgette pensou ter visto o próprio reflexo na laminá.

Bridgette abaixou-se na altura da irmã e alisou seus cabelos na tentativa de acalmá-la.

—Quando eu pedir pra correr, corra tá bom?

—Mas Brid…

—Ei, confie em mim Marinette. -Assegurou olhando com firmeza. -Você ai, não se aproxime. -Gritou para o homem.

—Eu que dito as regras aqui mocinha. -Analisou de cima a baixo. -Bonitinha.

—Marinette corre!

Bridgette gritou para a irmã que prontamente atendeu seu pedido e correu sem olhar para trás. Aliviada por não precisar proteger a mais nova, a azulada ficou em posição de ataque como fora ensinado nas aulas de Jiu jitsu que fazia sobre os protestos da mãe. Sabine sabia ser dura com algumas coisas.

Brid se sentia livre enquanto lutava, gostava do próprio jeito de fazer as coisas, um espírito livre que não se importava com as opiniões alheias. Sentiu a adrenalina percorrer seu corpo quando viu o vulto do assaltante se jogar contra si em passos rápidos. Fechou o guarda-chuva e esperou o momento certo para abri-lo o fazendo dar passos para trás com o susto, fechou novamente e o acerto a ponta no braço que segurava a faca, sem sucesso pois o mesmo segurou com firmeza e puxou o jogando pra longe, Bridgette arquejou surpresa.

Ele investiu mais uma vez contra ela com a faca em punho, ela segurou pulso sem ser cortada e deu uma cotovelada no antebraço do estranho o fazendo soltar a laminá. Irritado pela ousadia da garota deu-lhe uma joelhada no diafragma retirando todo o ar de seus pulmões, ela grunhiu ajoelhada no chão.

—Fique quietinha aqui enquanto cuido da pirralha.

—Não encoste...nela.

—Veremos.

O meliante passou ao lado de Bridgette que tentava a todo custo se levantar, olhou mais adiante e viu Marinette paralisada com os olhos arregalados, não se mexia, a medida em que o homem se aproximava do pequeno corpo a mais velha se afligia.

—Brid…

Não sabia de onde havia retirado forças para se levantar e correr, cambaleante jogou-se em frente a irmã mais nova fazendo um escudo com o próprio corpo, nessa hora sentiu a faca cravar suas costas e o gosto do ferro invadir sua boca. Tossiu respingando o líquido vermelho no rosto gorducho de Marinette.

—Bridgette! -Gritou com as pequenas mãos sobre a boca.

A mais velha sorriu caindo para o lado ainda consciente.

—Hey, venha cá. -Pediu baixo. -Me escuta… pra mim não há pessoa...mais importante...que você Mari. -Pausa- Quando crescer seja o que quiser...não deixa a mãe te impedir, tá bom?

—Mana…

—Não chora, seja forte...a mana vai cuidar de você...de longe...eu te amo minha pequena...seja feliz.

As últimas palavras saíram como um sussurro, os brilhosos olhos azuis se tornaram opacos e nos lábios um sorriso ensanguentado. Marinette gritou horrorizada enquanto abraçava o corpo ainda quente da irmã mais velha. Naquele dia Marinette viu com seus olhos a morte em sua frente e nunca esqueceria quem foi sua irmã. A facada atingiu uma importante artéria gerando assim a morte de Bridgette Dupan-Cheng

O funeral ouve apenas o silêncio, familiares choravam, alguns amigos da falecida expressavam tristeza, conhecidos apoiavam aqueles que não conseguiam se manterem sozinhos. Sabine estava ao lado do marido inconsolada com a morte da primogênita, em frente ao casal aquela que presenciou a cena, aparentava estar a assistir a um programa de TV sem graça, expressão apática, se recusava a derramar lágrimas em frente a desconhecidos. Adrian de longe a observava juntos aos pais. O enterro chegou ao fim e todos foram para casa em total quietude.

Tom e Sabine seguiram para a cozinha ainda chorosos, afinal eram os mais afetados, atrás vinha a pequena que seguiu em direção a geladeira, chamando a atenção dos mais velhos.

—Não esta triste? -Perguntou Tom.

—Sim. -Respondeu simplesmente enquanto tomava suco.

—Como pode ser assim?! -Gritou a mulher. -Nem uma lágrima.

—Se controle. -Pediu o marido.

—É verdade, ela não expressa nada, a irmã morreu!

—Por que deveria chorar?

Sabine deixou o copo com água cair das mãos quebrando em mil pedaços. Avançou contra a filha mais nova e segurou o pequeno braço.

—Ela morreu por sua causa! Se jogou na sua frente e morreu!

—Eu sei mamãe.

—Você nunca será que nem ela Marinette. -Soltou a pequena que massageou o pulso.

—Nunca serei como ela.

Tom se espantou com a mudança repentina da filha, Marinette nunca usara de um tom de voz frio como aquele. Passou pelos pais e seguiu para o próprio quarto onde se jogou na cama e chorou baixinho pelo resto da noite.

Os dias se transformaram em semanas e as semanas em meses, o assunto havia esfriado deixando as lembranças e cicatrizes nos corações frágeis. Sabine se desculpou com a filha e retirou tudo o que tinha dito com o calor do acontecimento, ela claro a perdoou, e disse que não havia afetado em nada.

Mentira. Todas as noites Marinette sonhava com a chuva e o sangue na irmã mais velha, internamente se culpava por não ser forte, não saber se cuidar e pela morte de Brid. Os sorrisos se tornaram menos frequentes, não sentia felicidade, viu os pais seguirem em frente mas ela não conseguiu, tudo estava marcado na memória. Poucos sabiam como o acidente ocorreu, a mídia não vazou informações a pedido de Gabriel Agreste, grande amigo e vizinho da família. Mesmo assim, Marinette não voltou a escola, tinha medo de sair e encontrar o maníaco que havia escapado dos policiais. Medo de a culparem mais uma vez. Decidiu não sair, poucas palavras trocava com os pais, não pediria ajuda.

Quatro meses se passaram e mais uma vez ela ia até a sacada do quarto observar seu vizinho barulhento. O perfeito dia ensolarado para jogar bola no quintal. Adrian corria sozinho atrás de uma bola de futebol encardida como a camiseta que vestia. O loiro parou cansado e mirou a vizinha que estava no segundo andar.

—Quer brincar? -Perguntou, mais uma tentativa entre tantas.

—Não.

—Por que? -Naquele dia, Adrian não desistiria.

—Isso é coisa de menino.

—Vem Marinette, tá com medo de perder? -Provocou.

—Sou melhor que você. -Respondeu convencida.

—Duvido!

—Pera ai! -Gritou da sacada e logo sumiu pelo quarto.

Adrian esperou alguns minutos, sentado na grama verde, ela não aparecera. Levantou-se pronto para entrar em casa quando algo atingiu sua cabeça. Um tênis sujo. Virou irritado pronto para jogar de volta quando a viu, Marinette vestia uma calça leggin preta e um casaco vermelho velho, em um pé o tênis sujo e no outro apenas a meia colorida.

—Devolve meu tênis! -Gritou

—Tu que jogou em mim!

—Devolve Adrian.

Ele revirou os olhos e jogou de volta. Ela calçou o sapato e logo o alcançou -não havia muros ao redor.

—Me ensina. -Pediu.

—É só chutar no gol. -Apontou para a trave feita de madeira no fundo do quintal.

Da janela, Emilie observa o filho com Marinette. Uma grande amizade nasceria entre o casal, aos poucos a pequena voltaria a sorrir e se tornaria uma grande dor de cabeça para o loiro.

 


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Notas finais do capítulo

Desculpem a demora gente. Tava sem inspiração(E preguiça)
O que acharam?
Triste? Quem diria que a Marinette passaria por tanta coisa.
Até a próxima!
BEIJOS
—Mel



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