—Assassina.

Seus olhos azuis ficaram nublados ao escutar Chloé repetir a palavra, os alunos ao redor começaram a puxar frases grosseiras.

—Maria-macho assassina!

—Volta do lugar de onde veio!

—Então...o que vai fazer agora, Marinette? -A loira destilou seu veneno ao ver a garota ainda segurada por Adrian.

—Fica quieta Chloé! -Berrou Adrian.

—Assassina! -Todos gritavam.

Luka se preguntou o por quê de a chamarem assim, a garota de jeito marrenta de fato possuía um passado conturbado, e que, não queria que fosse revelado para toda a escola.

Por um momento Marinette baixou a cabeça, recebendo todos os gritos de incentivo para uma briga, os xingamentos direcionados a si. Não surtaria em frente as câmeras de reportes ou a praticamente toda a escola.

—Escutem todos! -Gritou a loira. -Para quem não entendeu ainda, Marinette não passa de uma assassina, Bridgette Dupain-Cheng morreu por causa dela!

O ar pesou com a revelação em alto e bom som. Os amigos de Marinette estacaram no lugar sem saber o que pensar, não por duvidaram da inocência da amiga mas sim pelo que viria a seguir. Luka a olhou atordoado, vendo o corpo da recém-amiga tremer. O único consciente da verdadeira história por trás de tudo era o jovem Agreste que surpreso afrouxou por milésimos o aperto em Marinette.

A mestiça deu uma cotovelada em seu estômago o tanto para afastá-lo sem maiores danos. Ergueu os olhos nublados enquanto um sorriso brotava em seus lábios, frio como uma tempestade de inverno.

—Tsc…sabe, deveria ter se afastado enquanto podia. Todo a paciência que tinha em mim, se foi agora. -Sua cabeça tombou para o lado enquanto sorria. -Não se preocupe, não sou uma assassina como diz para todos, mas garanto. -Deu um passo em frente. -Nunca esquecera desse dia.

Marinette partiu para cima da loira que não teve tempo para reagir e mais uma vez seu rosto estava prensado contra o asfalto, a azulada agarrou os fios loiros e puxou para cima ficando cara a cara com a rival. Um tapa seguido do outro com força, queria deixá-la marcada com seus cinco dedos. E faria com muito gosto.

Chloé não tinha tempo de reavir as investidas, e ninguém ousava se intrometer para separá-las. Os olhos azuis ficaram opacos e sem vida, em alguns momentos algumas pessoas presentes acreditavam que seus olhos muitas vezes adquiriam tons em vermelho, como se estivesse possuída ou fora de si. Alunos saíram correndo em busca de responsáveis ou alguém que pudesse parar o que ocorria, no ritmo que seguia, Chloé poderia acabar em estado grave. Marinette continuava a bater sem parar, seu cérebro havia mais uma vez entrado em modo de defesa.

—Marinette!-Uma voz gritava ao longe.

Ela em momento algum desviou o olhar da figura abaixo de si que ainda gritava por ajuda, assustada.

Braços rodearam sua cintura mas Marinette os desvencilhou, não queria parar, sua mente queria mais.

—Menina sou eu, se acalme pelo amor. -Falou com a voz mansa. -Marinette se acalme, lembre de tudo que aprendeu.

Segundos se passaram enquanto a mestiça processava as palavras. Saiu de cima das pernas de Chloé e caiu sentada no chão enquanto olhava para as próprias mãos, não sabia mais dizer de quem era o sangue que as manchava, seu ou da loira. Com os olhos marejados e assustados virou-se para o dono da voz, que a ajudou não só naquele momento, mais em muitos.

—Plagg me ajuda. -Pediu jogando-se nos braços do professor de Jiu Jitsu.

—Sua monstra. -A filha do prefeito sussurrou o suficiente para a garota escutar.

Marinette mudou a expressão quando a mirou, ali estavam mais uma vez os olhos de alguém que estava prestes a bater novamente. Plagg vendo que a aluna perderia mais uma vez a voz da razão, acertou-lhe entre o ombro e o pescoço, a fazendo desmaiar, antes que a mesma colidisse com o chão, passou um dos braços por seu tronco.

—Escutem todos! -Gritou. -Se alguma coisa que aconteceu aqui chegar as redes sociais ou a televisão, irão ter problemas! Entenderam?!

Ninguém respondeu e o moreno entendeu aquilo como um SIM. Com a menina nos braços esperou que os alunos abrissem espaço para que pudesse passar. Adrian que ainda não sabia o que fazer, correu em direção aos dois.

—O que fez com ela?

—Nada demais, Marinette só esta dormindo, irei deixá-la em casa agora.

—Deixe que eu a leve.

—Melhor não Adrian, preciso falar com os pais dessa menina.

—Ela vai ficar bem?

—Não se preocupe garoto, isso não vai acabar com ela assim.

Piscou tentando o tranquilizar.

Adrian o viu se distanciarem aos poucos. Os cochichos entre os alunos pararam quando todos foram embora. Chloé saiu gritando aos quatro cantos do mundo que não deixaria barato o que havia acontecido. Suspirou, deveria ir para casa também, despediu-se dos amigos que ainda estavam ali e seguiu rumo para seu destino. Ao chegar na esquina, se assustou com Luka que os esperava ali.

—Luka?

—Agreste, o que acabou de acontecer?

—Não interessa a você. -Bufou irritado.

—Falou o homem que até ontem defendia com unhas e dentes a filha do prefeito. Por mais que eu te odeio, me responda, o que aconteceu com a Marinette.

—Por que todo esse interesse, agora que começaram a se falar!

—Eu gosto dela!

Adrian desconfiava desde o começo, mas escutar em alto e bom som, foi um baque.

—Eu te contarei o que sobre o passado, de hoje eu realmente não sei o que aconteceu. Mas tenha em mente uma coisa. Não a entregarei para você. -Declarou o loiro convicto, para a surpresa de Luka.