Até que a morte nos separe - DESRomantize escrita por ThaayVi, QG Dramione


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Olá!
Essa one participa do Projeto (DES)Romantize, organizado pelo QG Dramione e que conta com autoras incríveis. Dá uma checada na hastag #10romantize e conheca as outras histórias.

Antes de qualquer coisa, que agradecer imensamente à @Lillest pelas capas lindíssimas. Obrigada por embarcar nessa viagem maluca que eu tive.

Nas notas finais eu digo qual o meu tema a ser desromantizado. LEMBREM-SE: No final, tudo acaba bem! ;)



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Aquela manhã de primavera não nasceu dourada como tantas outras. 

Banhado por uma leve chuva desde suas primeiras horas, o dia trazia consigo uma aura cinzenta e fria. Mas não seria este pequeno detalhe a tirar plenitude de Hermione. "O céu está como os olhos dele", pensou.  

Hoje era um dia muito significativo. O destino inexorável de uma história como a deles. Quem diria que chegariam tão longe? Certamente, não os amigos dela. Eles pareciam torcer contra aquele romance. Por que eles não entendiam que Draco era o homem que ela escolheu amar? Por que era tão difícil aceitar que ele só queria o bem dela? Mas isso já não importava mais, agora que ela estava ali, sendo arrumada por causa dele. 

Enquanto sentia seu corpo ser preparado e perfumado com as essências, deixou-se relaxar e sua mente vagou até a época em que o conheceu. Ela jamais esqueceria daquele momento. Nem em mil encarnações. Foi um daqueles acontecimentos certeiros da vida que te levam a pontos cruciais, mesmo que na hora ela nem se quer fazia ideia disso. Com Hermione foi assim. No instante em que pôs os olhos em Draco, algo em seu íntimo sabia que sua existência estava irremediavelmente ligada a ele. Alguns chamam isso de pressentimento. Mas ela chamou de sinal. 

Era como se ele tivesse saído das fantasias mais profundas de uma jovenzinha apaixonada e estava ali por ela. Especialmente pra ela. Como não se apaixonar quando tudo parecia um sonho tornado realidade?  

Seria quase uma injustiça pedir que ela não mergulhasse de cabeça naquilo. Um mergulho em águas desconhecidas, de peito aberto, sem boias ou colete salva vidas. 

Para alguém que vinha de desastrosas experiências no campo amoroso, encontrar alguém tão atencioso era como deparar-se com a terra prometida após uma longa travessia no deserto. Draco a fazia sentir-se a protagonista de um daqueles romances de banca. 

Ele parecia tão doce, tão gentil, tão solícito. O que Hermione não entendia bem era porque ele sempre parecia querer discordar de algo que ela dizia, ou insistia em agir como se precisasse explicá-la coisas que ela já sabia. Aaah, mas a garota achava tão lindo o jeito compenetrado que ele adotava ao portar-se assim, era um tom meio professoral, meio paternalista. Ela se sentia tão protegida, tão querida, que fingia nem perceber esse comportamento dele. Afinal, era uma coisa tão pequena diante da felicidade que ele lhe proporcionava. Que mal haveria em fechar um pouco os olhos? 

Conforme os meses iam passando, mais entorpecida pela paixão Hermione se sentia. Ela estava tão encantada com o fato de Draco amá-la e constantemente parecer disposto a torná-la a prioridade da vida dele que, de bom grado, Hermione foi pouco a pouco cedendo espaço para que ele participasse mais ativamente das suas decisões. E o loiro se mostrava tão preocupado com ela que não havia aspecto da vida da namorada que ele não estivesse pronto para opinar a respeito. “Ele era tão cuidadoso”, repetia pra si mesma. 

 

— Hora de colocar seu vestido, garota. - A voz doce da senhora que a preparava trouxe-a de volta. Um singelo suspiro lhe escapou ao vislumbrar o lindo vestido que a aguardava. - Definitivamente, branco é a sua cor. 

—  Deixe de tolices, Papoula, e trate logo de me ajudar. - Disse a outra senhora, com uma voz que era uma mistura de impaciência com azedume. 

— Ah, Irma, sempre um doce de pessoa. 

 

Para Hermione era como estar vestida com nuvens, espumas, luz da manhã, ou qualquer uma dessas comparações lúdicas que exprimem o quão mágico é o que se vivencia. Ela quase se achava como um anjo naquela roupa. Era assim que deveria se sentir, não é? O seu dia havia chegado, afinal. 

O toque frio do cetim charmeuse em sua pele, entretanto, lhe fizeram recordar algumas cenas que redesenhavam em sua memória ocasiões em que, vez ou outra, Draco traçava comentários sobre suas roupas. Obviamente, como um namorado zeloso com o bem-estar dela, ele sempre estava atento para qualquer oportunidade de demonstrar todo seu cuidado com a morena. 

Era tanto esmero da parte dele, que chegava a ser difícil agradá-lo. No começo, ele a aconselhava sobre o comprimento, pois uma mulher na posição dela não poderia usar qualquer coisa, em qualquer lugar. Depois, ele a enchia de recomendações sobre a sua imagem. Segundo ele, aquele estilo que ela usava não lhe favorecia. Mas ela o ouvia, sem nem pestanejar, afinal era para o bem dela, não é? “Só quem ama de verdade, cuida”, estava convicta. 

Por fim, Hermione não mais sabia o que fazer. Já que nada parecia agradá-lo. Roupas curtas, não. Justas, nem pensar. Quando tinham um comprimento mais longo, a faziam parecer uma velha, palavras dele. Às vezes, parecia que ela nunca conseguia acertar. A garota se sentia um pouco sobrecarregada com a toda pressão de agradá-lo, mas ela relevava. Até porque esse esforço era um pequeno preço a se pagar para tê-lo orgulhoso e ao seu lado. 

A medida em que tinha os cabelos escovados e arrumados em um penteado singelo, mas que continha em si um interessante grau de elaboração e capricho, Hermione notou como eles tinham estado cumpridos nos últimos dois anos em virtude de Draco. Seu namorado fazia questão daquilo, dizia que ela ficava mais feminina assim. Ela acabou por descobrir que ele tinha preferência por cabelos lisos, logo não pensou duas vezes em se livrar dos cachos, que cultivava desde pequena com muita minúcia, para agradar seu par. “Mas, tudo bem, não é? Era só cabelo”, pensava fascinada. 

E, pelo visto, apareceu funcionar, já que ele ficou tão feliz e dizia que está estava tão lindo. Draco passava horas acarinhando os cabelos dela. E se tornou tão extremoso com ele que, certa vez, ficou dia sem falar com Hermione apenas por ela ter decidido cortar um pouco, mudar o levemente o estilo. A garota precisou se desdobrar para fazer todas as vontades dele por meses a fio. Já que ele dava a entender que ela tinha o magoado, não pelo corte do cabelo, ele dizia, mas pela quebra de confiança. Ela não poderia esconder nada dele, era isso que os casais faziam. 

E em uma dessas tentativas de atender as expectativas do mesmo, que ela abriu mão de algo importante pra si. Por muito tempo, Hermione havia desejado fazer um determinado curso, mas por inúmeras adversidades nunca havia tido a chance de fazê-lo. Quando finalmente conseguiu se inscrever no curso o qual sempre sonhara fazer, não foi surpresa pra ninguém que tivesse conseguido ser aprovada entre as primeiras colocações. Aquilo encheu seu peito de felicidade. Sua família e seus amigos estavam tão orgulhosos, não podiam esperar menos daquela ratinha de biblioteca. 

Mas, com o que Hermione não contava era que seu amado loiro estaria tão relutante, por vezes, parecia até mesmo desgostoso com aquilo. Ele afirmava que aquele curso não era pra ela, que ela devia procurar outra coisa, ser mais ambiciosa em suas opções. Draco lhe dizia com tanta convicção que aquela era uma escolha que não lhe traria nenhum retorno vantajoso e que seria só perda de tempo, que as estruturas dela ficaram balançadas. Poxa, ele era mais velho, havia vivido muitas coisas, conhecido mais lugares, sabia tanto das coisas do mundo e da vida. Já ela, era quase uma menina, com pouca experiência e mal tinha alguma vivência. 

 Seus pais não sabiam o que dizer, quiçá por estarem perplexos demais, mas ficariam ao lado da filha, não importava o que ela escolhesse. Já seus amigos mais próximos ficaram inconformados. Há anos ouviam da amiga o quanto ela desejava aquilo e, agora que tinha conseguido, iria desistir. Eles não podiam aceitar, pediam-na para que tivesse mais cautela, que pensasse por conta própria, mas ela parecia não ser capaz de enxergar um palmo a sua frente sem que precisasse recorrer aos olhos de Draco. Suplicaram com tamanha intensidade que, fatalmente surgiram atritos entre eles e o parceiro de sua amiga. A garota aparentava viver em um grau elevado de uma espécie de miopia seletiva, que não lhes restou escolha além de ser afastarem. 

Draco, por sua vez, não mediu esforços, nem artimanhas de persuasão, e tanto insistiu no assunto que Hermione acabou cedendo, mesmo incerta se deveria mesmo fazer isso. Mas seu namorado lhe passava tanta confiança e demonstra ter tanta certeza sobre o que dizia, que Hermione renunciou de olhos fechados ao seu antigo sonho. “Mas, ele não poderia estar errado, poderia? Ele só queria o meu bem, não é?”, ela reiterava consigo mesma, talvez em uma tentativa pueril de se convencer. 

 

—  Bom, nosso trabalho está quase no fim. Vou buscar as flores que faltam para o arranjo. - A senhora da voz meio azeda de antes se manifestou, já se encaminhando em direção a outra sala - E, madame Pomfrey., vê se não fica enchendo os ouvidos dela, sua falastrona! - deteve-se por um minuto na porta apenas para jogar a picardia e retirou-se, rindo satisfeita de sua piada de gosto duvidoso. 

—  Pode deixar, madame Pince! - A senhora mais gentil respondeu de maneira monótona, mas Hermione podia jurar que havia uma certa acidez. - Bem, minha querida, vamos aproveitar que aquela rabugenta saiu e vamos começar a maquiar o seu rosto. Não se preocupe, quando eu acabar, ninguém vai notar essa manchinha na maçã do rosto. 

 

Aquilo era uma coisa que Hermione gostava! O mundo das maquiagens, pincéis e produtos de beleza a fascinavam desde quando, ainda pequena, encontrou o estojo de maquiagem da mamãe e decidiu que seria uma excelente ideia testar as cores. Cada uma delas. Ao mesmo tempo. Evidentemente, sua mãe discordou dessa decisão com veemência. Mas a pequena Mione estava tão empolgada com seu feito, que não houve espaço para brigas, e ali brotou o fascínio que a acompanharia por toda a vida. Com o tempo, foi aprendendo sozinha a se virar. Arriscava uma cor aqui, fazia um efeito que viu em alguma revista li, reproduzia a pintura que viu em algum vídeo acolá. 

Logo já se sentia confortável em experimentar cores mais ousadas. Se sentia quase uma alquimista, combinando diferentes tons em uma mesma maquiagem. E quando ganhou seu primeiro batom vermelho da mãe? Ela nunca havia se sentido tão linda e poderosa. E como harmonizava com seu tom de pele, aquela cor virou seu xodó. Das nuances mais claras às mais encorpadas, tinha vários deles, uma pra cada ocasião. 

Draco apreciava esse tipo de preocupação da namorada. Ele se sentia orgulhoso por ter ao seu lado uma mulher sempre tão bonita e com a aparência vistosa. E saber que seu namorado estava feliz, deixava Hermione nas nuvens e, ao mesmo tempo, lhe dava muito mais motivação para estar sempre impecável, sempre perfeita, sempre a altura dele. 

E todo o empenho de Hermione surtiu efeito. Mas Draco não foi o único a notar, as outras pessoas também percebiam e a admiravam. E, o que era motivo de orgulho para o rapaz, passou a ser sinônimo de incômodo. De súbito, a jovem viu seu doce namorado ceder lugar para uma versão mais possessiva dele. Eram pequenas coisas, que passavam despercebidas no dia a dia. Mas com o tempo foram tomando proporções maiores. Era uma reclamação sobre um batom aqui, uma queixa de excesso de produtos ali, até culminar em uma tola briga por demora para se arrumar.  

De repente, algo que era tão certo, que lhe fazia tão feliz, tornou-se tão errado e lhe jogava em um poço de incertezas e inseguranças. Tudo aquilo machucava profundamente o coração de Hermione, provocava nela uma insistente sensação de frustração e inadequação. “Será que Draco não percebia que isso a magoava? Não, ele nunca faria nada para machucá-la, não é?”, conjecturava a jovem.

Tudo isso fazia a garota sentir-se errada, imprópria e desajustada. Na cabeça de Hermione, se ela fosse mais compreensiva, se tivesse se dedicado mais, tentado mais compreender a visão do namorado, talvez tudo aquilo teria sido evitado. Um enorme sentimento de culpa a corroía. A garota se sentia física, mental e emocionalmente cansada. Frustrada. Chateada.

E o fato do namorado estar cada vez mais implicante com as pessoas que a cercavam não ajudava em nada. O rapaz se negava a sair ou mesmo permanecer nos mesmos ambientes que seus amigos. Colegas de trabalho era outro ponto crítico. As mulheres, eram más influências. Os homens, rivais em potencial. Mas, quando Draco resolveu comentários negativos e traçar uma série duras críticas aos pais dela, tudo sempre travestidas de conselhos bem intencionados, foi o ápice para Hermione. Era o passo que ainda faltava para sua completa exaustão mental.

Como em toda história de amor, inevitavelmente, uma hora os problemas alcançam o paraíso. E com a deles não foi diferente. Tudo começou com ínfimas gotas d’água que, gradualmente, foram enchendo o recipiente de paciência deles, promovendo que uma profusão de mágoa e sentimentos mal resolvidos (que ambos enterravam no mais profundo de si) transbordasse até a superfície.

E, subitamente, o relacionamento era como um canto de sereia. Estavam presos em uma espiral de insatisfação que parecia sufocar, mas nenhum dos dois parecia perceber, ou se percebiam não queriam mesmo libertar-se.

Draco a muito já não era aquele namorado encantador do início. Era sombrio, controlador, possessivo, algumas vezes chegava até a ser maldoso em seus comentários. Mas sempre dosava tudo com uma pequena porção de carinho, e afirmava que tudo não passava de preocupação. Estar ao lado dele já não era como antes. Hermione sentia que havia algo errado, mas não sabia ver o que era. Ela se sentia tão entorpecida pelo amor que acreditava receber, que qualquer sensação de estranheza ou desconfiança era abafada pela comoção provocada pela paixão. Muitos diriam que era o sexto sentido tentado lhe alertar. Mas pra ela não passava de bobagem. Ele era seu namorado, se ele estava passando por um momento difícil, ela ficaria ao seu lado e o ajudaria a superar. E assim Hermione o fez. Mesmo quando a recém descoberta faceta violenta do seu amado veio à tona.

Um dia, Hermione chegou em casa e encontrou o namorado à sua espera. Logo que passou pela porta, a jovem sentiu um arrepio estranho. Sabe aquela sensação de que algo não vai acabar bem? Mas, como vinha fazendo com tudo ultimamente, Hermione escolheu ignorar e foi ao encontro dele.

Era nítido de longe que Draco não estava em seus melhores dias. Pra qualquer um, exceto para uma mulher apaixonada. O loiro estrava visivelmente transtornado. Hermione ainda não sabia, mas naquele dia, seu namorado a havia visto cumprimentar um velho amigo na rua, amigo esse que ele não conhecia. Mas, para um cara possessivo, aquele simples e afetuoso abraço ganhou significados além dos que de fato existiam.

Para Draco aquilo era uma comprovação factual de uma traição. O ódio que sentia beirava a loucura. Ele não merecia isso. Não mesmo. Logo ele, que se dedicou tanto à esse relacionamento, com uma garota tão inadequada, que precisaria mudar muito para estar à altura de permanecer ao seu lado. Uma traição tão vil e merecia punição da mesma proporção.

Hermione não entendeu porque havia sido recebido de modo tão agressivo. Tentou conversar com ele, tentou compreender o que havia acontecido com ele, chegou até a perguntar o que ela tinha feito de errado. Draco, que já vertia sarcasmo por todos seus poros, fez questão de explicar para a namorada o que ela havia feito. A garota estarrecida disse que ele tinha entendido tudo errado, que não era nada daquilo. É claro que Draco não perdeu tempo em afirmar que sabia bem o que tinha visto, e qualquer tentativa dela de enganá-lo seria inútil. Já cansada de tantas brigas sem fim, Hermione deu-se por vencida, chamou-o de louco, de desequilibrado, e ao enfatizar que não continuaria ali para ter os delírios dele descontados em si, fez menção de sair.

Dizem que não deve-se fazer movimentos bruscos em uma situação de perigo. Talvez esse tenha sido o erro de Hermione. A jovem, em um momento de revolta ante a injusta acusada a qual lhe era feita, não percebeu que, de fato, seu querido namorado não era o melhor exemplo de equilíbrio. Foi tudo tão rápido, que quando se deu conta já era tarde demais.

Inesperadamente, foi como se o mundo todo tivesse parado, tudo ficou em câmera lenta. Ela só sentia algo queimar, arder. Era como se fogo líquido fluísse para dentro de seu corpo. Suas mãos automaticamente se dirigiram para o local da ardência, foi quando viu seus dedos manchados com aquilo, com aquele líquido carmesim. “De onde veio isso?”, Hermione se indagava, era tudo tão confuso.

Hermione viu Draco se desesperar, puxando os cabelos. Seu olhos perderam um pouco o foco, ela enxergava, mas não via verdadeiramente. Era como estar em um torpor estranho, dolorido, amargo, frio. Também viu quando ele correu até ela e a abraçou, pedindo perdão e dizendo que tudo ficaria bem.

Ela podia ouvi-lo jurar amor eterno, fazendo mil e umas promessas de amor. Ele disse que a ambulância estava chegando, pra ela ficar calma. Ele prometeu ainda que, quando toda essa situação passasse, eles iriam se casar. Em uma linda cerimônia no campo, na mesma capelinha que os pais dela se casaram e que ela foi batizada. Seus olhos ficaram brilhosas pela água acumulada, ela podia sentir as lágrimas escorrendo por seu rosto, aquilo lhe encheu de esperanças. A voz de Draco, mesmo chorosa, era como um chamado de um anjo. Eles se amavam, eles se casariam. Ela tinha certeza que tudo ficaria bem afinal. E, segundos antes da equipe de resgate adentrar o lugar, Hermione foi tragada por uma obscura inconsciência.

A garota despertou quando sentiu a tal Pince colocar-lhe algumas flores no cabelo, encaixar um buquê em suas mãos e se retirar novamente. Toda aquela arrumação estava lhe deixando cansada, pelo visto tinha caído no sono e tido aquele sonho esquisito. Mas, nada disso importa mais. Ela iria encontrar o seu amor, eles ficariam juntos pra sempre. Ele havia prometido, não era? Nada mais poderia dar errado. Ela seria feliz finalmente.

 

— Descanse, criança. Teu pai logo chegará pra te levar à capela.— a que se chamava Papoula sussurrou em seus ouvidos e fechou-lhe os olhos. Essa foi a última coisa que Hermione ouviu, antes de cair em um sono profundo.

 

Enquanto dava os últimos retoques na jovem moça deitada, Sra. Pomfrey percebeu que sua companheira de trabalho havia retornado e à observava do portal de entrada com uma feição estranha.

 

— Por que conversa com ela? Que coisa estranha...— a Sra. Pince diz a última parte em um tom sussurrado.

— Ah, sei lá, Irma. Talvez eu sinta pena, sabe? Tão jovem, tão linda, uma vida toda pela frente... – Pomfrey dar um suspiro triste, ao olhar a jovem a sua frente.

— São ossos do nosso ofício, Papoula. Você não deveria se impressionar mais...— enfatizou Pince.

— Eu sei, mas ainda assim é muito triste. Ela deveria estar se arrumando para o seu casamento, não para o seu funeral.— Pomfrey enxugou rapidamente uma teimosa lágrima que insistiu em molhar o canto de seu olho.

— Esse, minha velha amiga, é o inevitável destino daqueles que amam mais a ideia do amor do que a si mesmos.— Pince deu um pequeno aperto no ombro da outra mulher, em uma tentativa de lhe passar algum conforto.

 

Enquanto conversavam, as amigas ouviram as primeiras badaladas do sino da pequena igreja. Mas, dessa vez, ele não era prenúncio de alegria.


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Notas finais do capítulo

É isso!
Se você chegou até aqui: MUITO OBRIGADA por ter lido. Espero que tenha valido a pena. ;)

Meu tema é: Relacionamento abusivo.
Espero que tenha atingido meu objetivo e passado algo sem ser muito pesado. Até a próxima.



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