Dor, uma dor tão insuportável que fez com que ela acordasse no meio da madrugada. Tinha algo muito errado com suas costas, era como se estivessem sendo rasgadas de dentro pra fora. Ela precisava descobrir o que tinha de errado, sem que seus pais descobrissem, ela não queria nem pensar no que aconteceria se seus pais vissem que tinha mais alguma coisa errada nela, alem de sua aparência de fantasma, como eles sempre diziam, e se decidissem que ela não servia mais pra trabalhar dessa forma? Estaria perdida, certamente a matariam.

Ela se levantou de seu monte de feno, se recusava a chamar aquilo de cama, e andou cambaleando até aporta  do seleiro, sim, ela dormia no seleiro, seus pais não a viam como filha, e sim uma escrava, então achavam que deixa-la dormir no seleiro ja era muita bondade de sua parte. De alguma forma, que nem ela sabia explicar, conseguiu chegar no lago onde, grassas a lua estar bem brilhante esta noite, poderia ver seu reflexo e finalmente entender o que estava acontecendo com suas costas.

Antes de conseguir se ver ela ouviu um barulho vindo da casa, ela jurava não ter feito nem um barulho, ela se lembraria, ja que a cada passo ela se segurava para não gemer de dor, mas não importava mais, ela não poderia deixar que a vissem assim, então ela correu, pelo menos o mais próximo de correr que seu corpo permitia no momento, foi em direção a densa floresta, nunca a procurariam ali, todos na vila, incluindo seu pais, morriam de medo da Floresta Amaldiçoada, como eles mesmo chamavam, acreditavam que la moravam criaturas místicas e perigosas de mais para qualquer ser humano sobreviver, por mais que fosse verdade que ninguém que tinha entrado ja havia retornado, Ania não acreditava em magia, não acreditava em criaturas místicas, acreditava que se fosse para algo a matar naquela floresta, seria um urso ou um lobo.

Então, ao ouvir o primeiro uivo na floresta, ela tinha certeza que era um lobo, e que ela corria perigo, então ela correu, correu mais rápido que seu corpo permitia naquele estado, e se perguntarem, ela com certeza diria que estava quase voando, quase, porque um ser humano não poderia voar, até que tudo ficou escuro, ela desmaiou, infelizmente perto de um penhasco, e ela caiu.

Não posso afirmar quanto tempo passou, mas quando ela acordou o sol ja tinha nascido faz tempo, confusa, sem entender onde estava, ela tentou levantar, mas algo estava errado, suas costas tinham um peso a mais, pelo menos a dor tinha passado. Ela virou o rosto pra ver o estava em suas costas, asas, ela tinha certeza que tinha batido a cabeça e estava vendo coisas, asas? Era impossível, um ser humano não podia ter asas, apesar de seus pais sempre terem dito que ela não era humana, ela nunca acreditou. Isso não era possível, nada do que estava acontecendo era possível.