Cliché escrita por Emma Shew


Capítulo 1
Love Really Hurts Without you ♥


Notas iniciais do capítulo

Oi todo mundo, aqui estou com uma zorobin gostosinha, de valentine's day, pra aquecer o core de vocês. E meu deus, eu me empolguei horrores escrevendo isso e quando vi, já tava imensa. Perdão, pela minha doença menines. Ah, a música que aparece no fim é Love Really Hurts Without You de Billy Ocean, recomendo que vocês escutem, quando chegar a hora hahah. Apesar de ter esse nome, ela é bem animadinha e dá realmente vontade de dançar. Sem mais delongas, aqui vai o capítulo.

p.s. antes que me corrijam, o título tá em francês, pra ficar mais chique hsuahsuahsuahs



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Era 14 de fevereiro, dia de São Valentim e a Academia Secundária Mary Geoise fervilhava de adolescentes trocando presentes e chocolates entre aqueles que mais gostavam, era uma ótima oportunidade também, para se declarar àquela paixão platônica que muitos deles nutriam, ao longo de dias, meses ou anos.

Roronoa Zoro, não gostava de nada disso, achava tudo uma grande perda de tempo e como era mesmo a palavra? Sim, clichê. Ele revirava os olhos, para cada casal que avistava numa tosca cena romântica. Ao subir a escadaria principal, do portão já percebia-se que não só os alunos estavam em clima de São Valentim, mas todo o colégio também. Corações de todos os tamanhos e cores, estampavam as paredes e do teto se estendiam cupidos que seguravam flechas de coração. Era uma desgraça completa ao seu ver, parecia ter saído direto de um pesadelo seu.

O jovem de cabelos verdes desgostava da data por mais um motivo: desde que o mesmo entrara para o time de natação do colégio, recebia diversas cartinhas, as quais ele preferia ignorar. Todas de garotas inconvenientes que persistiam em assistir aos seus treinos sempre que podiam. Para ele, todo aquele assédio atrapalhava seu caminho, era extremamente desnecessário e seu real interesse mesmo, era ser o melhor naquilo que fazia.

Houve apenas uma vez em que Zoro realmente gostara de ter recebido uma. Quando criança, numa das excursões lideradas por Luffy, em que todos acreditavam serem piratas, conheceram Nico Robin, a irritante que sorria demais. A garota foi conquistando um por um, menos ele, ele jamais confiaria nela, mas por respeito a Luffy ele a deixava em paz. Até que um dia, outras crianças na escola, cercaram-na e a insultaram com palavras imperdoáveis, ela que sempre parecia feliz, chorou, profundamente magoada. E Zoro que não confiava nela e nem mesmo sabia o que tudo aquilo significava, achou um absurdo. Naquele dia, ele jurou que nunca mais alguém a faria chorar em sua frente. Juntamente com o resto do bando, partiram para cima dos infelizes e do seu jeito torto, ele finalmente a aceitara como sua verdadeira amiga. Dias depois, escrito numa letra bonita e acompanhado de um chocolate, ele recebera um bilhete que apenas dizia, “Obrigada. N. Robin.”  

Ainda que jamais admitisse, ao ler o bilhete ele se encheu de uma felicidade inexplicável e quando se deu conta estava completamente caído pela garota. No entanto, atualmente ele tinha concorrentes demais, Robin era alguém por quem todos os caras e algumas garotas também, se apaixonavam. Misteriosa, inteligente e extremamente encantadora, um espírito livre que em contrapartida, não se apaixonava por ninguém e por mais gentil que fosse, colecionava corações. E então, ele preferia guardar esse sentimento dentro de si a sete chaves, não deixando transparecer a ninguém ou pelo menos, assim achava.

♥ ♥ ♥

Ele enfrentou mais outro aglomerado de gente e enfim alcançou seu armário. Ao abrir, algumas cartas inconvenientes caíram dali, mas ele as colocou de volta. Tirou os livros que precisava e já estava quase fechando-o, quando avistou do outro lado do corredor, a razão de todas as borboletas em seu estômago. Decidiu que ficaria mais um tempo só para contemplá-la. Os cabelos negros hoje estavam presos num rabo de cavalo e ele pode observar enquanto ela afastava a franja de seus olhos colocando-a atrás da orelha. O movimento quase o fez suspirar. Era irritante e ao mesmo tempo intrigante, o modo como ela o afetava, Robin era alguém que o teria por completo, se assim ela quisesse. Há dias vinha sonhando em como seria se ele tivesse a chance, há dias vinha se recriminando pelo mesmo motivo. Devia ter se perdido demais em suas divagações, porque os olhos azuis se fixaram aos dele e ela sorriu.

Pego de surpresa, seu coração vacilou uma batida e sua boca se moveu de um jeito estranho. Algo que parecia um sorriso se estampou em seus lábios e Zoro se sentiu o cara mais pateta do mundo. Não houve muito mais tempo para que ele se repreendesse por ser um completo idiota, outra pessoa chamou a atenção dela e sua breve troca de olhares teve fim. Trafalgar Law se aproximou, entregando-lhe uma caixinha de bombons. Ele não seria o primeiro a fazer isso no dia de hoje, contudo ela gentilmente recebeu de suas mãos, conversavam sobre algo que Zoro não conseguia ouvir. O fato é que Law era agora o motivo que a fazia rir realmente divertida. Desde quando ele era tão engraçado?! Sua indignação parecia ter chegado ao limite, até que o outro teve a audácia de beijá-la no rosto! Zoro não suportou ver a cena por muito mais, fechou a porta de seu armário com força e já ia se preparando para sair, quando sentiu alguém abraçá-lo pelos ombros. A voz de Sanji, soou logo em seguida.

ㅡ Cacete! Isso foi difícil de ver... Tá ligado que se continuar dormindo assim, ela nunca vai saber né?

ㅡ Saber de que? Não tem nada pra saber aqui, palhaço. E vê se desgruda, você não é exatamente alguém que me atrai.

ㅡ Eu te atrairia se fosse Nico Robin... ㅡ Sanji lhe soltou, zombando outra vez.

Embora ele quisesse discordar e tentasse disfarçar o constrangimento, falhara miseravelmente.

ㅡ Ué... Espera aí… ㅡ ele franziu o cenho e estreitou os olhos sobre Zoro. Merda. ㅡ, mas, o que é isso vermelho em sua cara? Caralho, é verdade mesmo!

O loiro caiu imediatamente na gargalhada e por deus, Zoro queria tanto bater a cabeça dele contra a parede! Só lhe faltava essa. Um anúncio bem grande gravado na testa, de maior trouxa apaixonado pela rainha do gelo de Mary Geoise. Sanji se contorcia enquanto caminhavam pelo corredor e seu sangue já fervilhava nas veias, mas antes que ele pudesse levar as mãos até o pescoço alheio, Nami veio sei lá de onde e os interrompeu. Aquele pervertido estava a salvo, por ora.

ㅡ Ei, vocês dois, parem aí!

Ambos viraram-se enquanto a ruiva se aproximava. Usopp vinha logo ao seu lado e parecia fazer um esforço enorme ao carregar uma montanha de livros, que provavelmente eram de Nami. Sanji não perdeu tempo, tomou a mão dela nas suas e cumprimentou-a. Zoro já conhecia todo aquele teatro de cor, mas não pode deixar de revirar os olhos outra vez. Saudou Usopp com um olá e este lhe respondeu com um pedido de ajuda silencioso, o qual ele preferiu ignorar.

ㅡ Algum de vocês sabe se Luffy virá hoje? Ele não me responde desde ontem a noite. ㅡ a garota continuou.

ㅡ Ah… Ele não vem ㅡ Zoro começou e a expressão dela foi se agravando ㅡ, as férias do avô dele acabaram ontem, ele e Ace foram levar o velho ao porto.

ㅡ E por que ele não me avisou?! ㅡ sua voz subiu uma oitava e ela cruzou os braços. Era dia dos namorados afinal e Luffy sendo o dela, não estava ali para comemorar.

ㅡ Pff... Sei lá, o namorado é seu, não meu.

ㅡ Me responda direito, idiota! ㅡ Nami redarguiu.

Sanji a essa altura insultava o outro, dizendo que aquilo não era jeito de se tratar uma dama e o esverdeado respondia de volta que aquilo não era de sua conta. Usopp observava a confusão em desespero, os livros em seus braços pareciam pesar ainda mais e a qualquer momento alguém poderia atingí-lo por engano. Sua expressão se abrandou ao ver Robin chegar e então ele exclamou aliviado:

ㅡ Ah, Robin! Meu deus que bom te ver! ㅡ todos automaticamente pararam o que estavam fazendo e se voltaram para a morena.

ㅡ Oi pessoal, o que tá acontecendo? ㅡ perguntou ela com um sorriso nos lábios.

ㅡ Robin! ㅡ Nami se atirou no pescoço da outra abraçando-a, gesto que a mais alta retribuiu com entusiasmo. Sanji cumprimentou-a da mesma forma galanteadora de sempre, ao passo que a morena lhe agradecia feliz.  

ㅡ Ah, nada demais. Só o Zoro sendo idiota como sempre ㅡ a ruiva respondeu.

O jovem já estava a ponto de começar a discussão de novo, mas os olhos azuis encontraram os dele mais uma vez naquela manhã, deixando-o sem palavras. Para sua sorte, o sinal finalmente soou, indicando o início da primeira aula. Irritado, ele desviou os olhos e saiu apressado dizendo algo como não poder se atrasar.

♥ ♥ ♥  

 Zoro jogou sua mochila de qualquer jeito ao lado da carteira e sentou-se perturbado. Era impressionante como a morena tinha o poder de desconcertá-lo com apenas um olhar. Amarrou a cara aborrecido, censurando-se pela incapacidade de se portar melhor perto dela. Sanji chegou um pouco depois, tomando o lugar a frente do seu.

ㅡ Quando quiser fugir desembestado, tente se lembrar que você está na mesma sala que ela, burro. ㅡ o outro lhe lançou, virando-se outra vez. O esverdeado se limitou a estalar a língua contrariado.

Os outros alunos foram chegando gradualmente e para sua felicidade, nem Nami nem Usopp eram dessa turma, poderia então desfrutar de um pouco de paz. Viu quando Robin passou pela porta e ocupou seu lugar na fileira da esquerda, poucos lugares depois de onde ele se sentava, mas preferiu ignorá-la. O professor por fim adentrou o recinto, cumprimentando-os com um bom-dia e a aula começou.

A primeira matéria era História, algo que Zoro não tinha muita afinidade e muito menos paciência. Enquanto o professor falava, sua cabeça dava voltas e nenhuma daquelas palavras lhe fazia muito sentido. O garoto cochilou inúmeras vezes durante o processo e quando parecia que ele não aguentaria mais nenhum minuto, o docente disse algo que lhe chamara a atenção.

        ㅡ … e para isso, eu peço que vocês formem duplas. O trabalho deverá ser entregue e apresentado na próxima semana ㅡ o professor dizia. Ele não ouvira coisa alguma sobre o assunto do trabalho, mas só por saber que seria em dupla, resmungou contrariado ㅡ, vocês podem se organizar, depois da aula, sim?

O sinal tocaria dali a alguns minutos e então haveria uma pequeno alvoroço para que os alunos se juntassem. Um bilhete de Sanji chegou em sua carteira num piscar de olhos. Ele desdobrou o papel, confuso e leu o que estava escrito.

 “Chame Robin para ser seu par.”

O sobrancelhas enroladas só podia estar ficando louco. Por quê motivo ele chamaria Robin para ser sua parceira de atividade? Mas que merda aquele débil estava pensando? Ele rabiscou:

“Hã? Claro que não!”

E enviou o papel de volta. O outro quase imediatamente lhe devolveu o bilhete, sendo mais firme dessa vez.

 “Anda logo, seu marimo de merda. Ou você prefere que Law faça isso por você?”

O outro tinha razão, Zoro olhou em direção a Law e pode notar que ele já lançara olhares para a morena, claramente tinha intenções de chamá-la após a aula. O trouxa de chapéu felpudo, se sentava poucas carteiras atrás dela, na mesma fileira. Embora Zoro sentisse sua pele queimar e a agitação tomasse conta dele, seu orgulho falava mais alto e ele não daria o braço a torcer. Declinou outra vez, amassou o papel e jogou-o contra a cabeça do amigo. Sanji voltou-se para ele e revirou os olhos.

ㅡ Deixa que eu faço isso por você, otário. ㅡ disse o estudante.

No mesmo instante, o sinal tocou, encerrando a aula. O garoto viu o amigo levantar-se num pulo e antes que pudesse fazer qualquer coisa, o loiro galanteador já alcançara a carteira da jovem. Roronoa Zoro arregalou os olhos, boquiaberto, enquanto observava ambos conversarem. Ele não conseguia ouvir, mas era nítido que falavam sobre ele, apenas não tinha certeza do que. Seu coração batia absurdamente rápido e ele achou que teria um troço mas, por fora, bem que tentava manter sua habitual cara de paisagem. Os dois olharam para ele ao mesmo tempo, Robin sorriu acenando um sim com a cabeça e Sanji ria debochado. Merda. Mil vezes, merda. O que aquele idiota tinha feito? Ele jurou que mataria o amigo assim que saísse da sala.  

Robin levantou-se de sua carteira, apanhou o material e veio na direção dele. Zoro entrou em parafuso, sua cabeça não conseguia processar direito o que estava acontecendo, só ouviu o que ela falara, quando a mesma o chamou pela segunda vez.

ㅡ Zoro-san? Tá tudo bem?

ㅡ Hã? Ah… Sim. O que você quer?

ㅡ Estou perguntando se você quer fazer dupla comigo pro trabalho.

ㅡ Eh… Sim?!

Robin riu baixinho, achando muito divertido ver o garoto carrancudo tropeçar nas próprias palavras, deixando-o irritado no andamento da conversa. Ela achou adorável vê-lo corar por causa disso.

ㅡ Então tudo bem se nos reunirmos em sua casa hoje, depois da escola? Imagino que você não tem aulas de kendo hoje, certo?

ㅡ Ahm, não… Quer dizer, sim. Tudo bem nos reunirmos hoje.

Como diabos ela guardava essa informação sobre sua rotina? O jovem se surpreendeu outra vez, como se toda a situação não fosse inusitada o suficiente. A morena riu de novo e ele desviou os olhos, aborrecido.

ㅡ Certo. Estarei lá pelas quatro, pode ser?

ㅡ Aham, beleza.

A garota afirmou com a cabeça e deu meia-volta, deixando-o ali, totalmente atordoado. Que porra tinha acabado de acontecer? Olhou ao seu redor, mas todos já haviam saído, não tinha nem mesmo sinal de Sanji, teria que apertar o pescoço dele outra hora. Por fim, acabou se levantando e seguiu para suas próximas classes. A manhã seria longa, disso ele não tinha dúvida, mas agora ela se tornara mais agoniante, seu corpo formigou ansioso.

As aulas que se sucederam foram tão ou mais desinteressantes que a primeira, tirando a parte que mais nenhum outro professor havia passado trabalhos, deixando-o mais aliviado. Também não havia mais disciplinas com Robin pelo resto do dia e sobre isso ele ainda não decidira se era bom ou ruim.

♥ ♥ ♥ 

A manhã finalmente teve fim e Zoro chegara em casa cansado, jogou-se sobre a cama, afundando-se em seus travesseiros e cochilou por um tempo. O sol já mudara de posição quando ele despertou desesperado, lembrando-se do compromisso que teria com Robin. Olhou o relógio e faltava somente vinte minutos para a chegada dela. Seguiu às pressas ao banheiro, era impossível recebê-la daquele jeito, teria que tomar uma ducha rápida, já que não havia mais ninguém em casa para atendê-la. Voltou ao quarto correndo, vestiu uma camisa branca, jeans azuis e passou a arrumar a bagunça que podia. Enquanto carregava uma trouxa de roupas em direção a lavanderia, a campainha tocou, jogou tudo no cesto de qualquer jeito e foi abrir a porta.

ㅡ Olá. ㅡ Robin disse sorrindo.

Não era a primeira vez que se viam num contexto fora da escola, mas ele sempre se surpreendia nesses momentos. Ela parecia ainda mais incrível em roupas casuais ao invés do habitual uniforme. Vestia um short preto de cintura alta, camiseta rosa claro e all stars brancos.

ㅡ Eh, oi… Entra. ㅡ ele coçou a cabeça encabulado, afastando-se para que ela entrasse.

Ela passou por Zoro e o cheiro do sabonete dele lhe invadiu as narinas, permitiu-se sentir um pouco mais da fragrância enquanto ele fechava a porta. Os cabelos ainda úmidos e bagunçados faziam do conjunto ainda melhor, ela pode notar. Robin carregava alguns livros, que ele gentilmente tirou das suas mãos, apontou para as escadas e ambos seguiram até o quarto dele.

Ele não fazia a mínima ideia sobre o que iriam trabalhar, mas estava completamente seguro de que a morena, sim. Ao contrário dele, Robin nunca dormia durante as aulas e era particularmente interessada em História. Zoro cedeu seu lugar a frente da escrivaninha e puxou um pufe para ficar ao lado dela.

Abriram os cadernos e a garota iniciou a atividade falando sobre o tema, explicando brevemente o que teriam que fazer. Volta e meia ela observava o que ele escrevia, ajudando-o e esclarecendo suas dúvidas. Inesperadamente, História se tornou um assunto que ele gostaria de ouvir e aprender. O modo apaixonado como ela falava, lembrava a ele mesmo ensinando aos mais novos, a maneira certa de segurar a espada no kendo. Zoro se dividia entre a incredulidade de estar a sós com a rainha do gelo do colégio e a boa sensação de estar completamente envolvido pelo que ela lhe dizia. Por algum motivo, ele não estava agitado, seu corpo não suava frio e sua cabeça não girava a mil. Pelo contrário, ele se sentia calmo e inteiramente concentrado.

Umas duas horas mais tarde, sua produtividade havia diminuído, Robin era incrível mas não era uma milagreira. Ele parou, apoiou-se sobre a mão e se deixou assistir a jovem trabalhar, totalmente fascinado pelo jeito que ela se entregava ao que gostava. Instantes depois, ela finalmente percebera que o outro havia parado e agora estava paralisado vendo-a escrever. Voltou-se para ele e sorriu, o garoto retribuiu e então, pela primeira vez, alguém a deixara desarmada. Robin corou desviando o olhar e ele viu graça naquilo.

ㅡ Que foi? ㅡ ela perguntou delicada.

ㅡ Nada…

ㅡ Você se cansou?

ㅡ Aham, to entediado.

A morena levantou-se e por um momento ele ficou confuso, ele fizera algo de errado? Mas sua incerteza foi rapidamente resolvida, quando ela continuou:

ㅡ Vamos ver o que você tem de divertido por aqui…

Nico Robin caminhou pelo quarto, esquadrinhando cada traço de personalidade dele encravada ali. Zoro tinha um espaço grande e bem iluminado, alguns halteres descansavam em suportes no canto do quarto, ao lado havia uma prateleira adornada de troféus e fotos dele com seus mestres e treinadores. Uma janela dividia o espaço e no lado oposto se localizava uma estante cheia de LPs, o toca-discos ficava próximo, acoplado a duas caixas de som. A frente disso um tapete felpudo cinza se estendia no chão, em seguida sua cama e por último contra a parede, seu armário de madeira clara. A escrivaninha que ambos estavam, ficava a frente da cama e as katanas dele, sustentadas acima dela. Zoro sentou-se na lateral da cama enquanto ela examinava a estante de discos.

ㅡ Você já ouviu tudo isso? ㅡ ela questionou.

ㅡ Hm, sei não. Talvez, sim. ㅡ respondeu dando de ombros.

ㅡ Não fazia ideia de que você gostasse tanto assim de música…

ㅡ Bem, eu ouço pra me concentrar durante os treinos, ou só pra curtir mesmo... Mas, sim, gosto bastante.

ㅡ Incrível!

A garota puxou um disco antigo, uma coletânea de Billy Ocean e surpreendeu-se com o achado. Imediatamente, ela retirou o vinil da capa e encaixou na vitrola, abaixou a agulha e esperou o disco rodar. As batidas animadas de Love Really Hurts Without You invadiram o ambiente e ela virou-se para ele.

ㅡ Caramba, eu amo essa música! ㅡ falou enérgica, aumentando o volume do som.

E no momento seguinte, ela estava dançando, totalmente à vontade a sua frente, rodopiando feliz enquanto Billy Ocean cantava os primeiros versos da música. Num primeiro momento, Zoro achou aquilo muito estranho e pensou que ela estava ficando louca, mas depois ele só teve tempo para refletir em como ela era incrivelmente bonita. Um sorriso brotou em seus lábios quando a garota passou a dublar o refrão, encarnando todos os trejeitos daquele cara apaixonado que a letra descrevia. Robin aproximou-se dele, estendendo a mão convidando-o para a dança. Ele arqueou a sobrancelha e olhou para ela incrédulo.

ㅡ Vem! ㅡ ela insistiu.

ㅡ Hã? Não, tá doida?! ㅡ recusou outra vez, balançando a cabeça.

ㅡ Anda, Zoro! Eu não mordo, prometo.

A morena lhe lançou uma piscadela e ele cedeu, finalmente rendido. Robin tomou suas mãos e o trouxe consigo para o tapete. Ele permanecia travado, mas a garota não se incomodou, buscando de toda forma fazer com que ele se sentisse mais leve e confiante, orientando-o como mover os pés e o corpo.

Robin soltou-se dele, deslizando sobre os próprios pés enquanto balançava-se de um lado para o outro, encorajando Zoro a fazer o mesmo. Por algum motivo esquisito, ele estava curtindo aquilo, sentindo-se cada vez mais livre e bobo, como todos aqueles casais que ele julgara nessa mesma manhã. A morena movimentou os braços de uma maneira engraçada, repetindo os típicos passos da era disco e ambos gargalharam divertidos.

Ela aproximou-se outra vez, segurando as mãos do rapaz e agora ambos arriscavam passos mais elaborados, mas nenhum dos dois realmente faziam ideia do que estavam fazendo. Riam abertamente, despreocupados e totalmente envolvidos na música, enquanto Zoro girava Robin em seu próprio eixo.

Quando o refrão tocou outra vez, ele finalmente se deu conta, de que a música falava dele. Descrevia alguém exatamente como ele, apaixonado por uma garota exatamente como Robin, uma pessoa livre, desamarrada de qualquer obrigação e tão intensamente interessante, que tinha quem ela quisesse, sem realmente ser de ninguém. E puta merda, sim, o amor realmente doía sem ela, mas o que mais ele poderia fazer se toda aquela sensação por mais torturante que fosse, era estranhamente deliciosa?!

Numa dessas voltas malucas que davam, a menina se chocou de frente contra seu corpo. Assustados pelo impacto, ambos se entreolharam e isso foi o que precisavam para então se perceberem. Roronoa Zoro estava completamente perdido, no mar azul dos olhos de Nico Robin, seus rostos estavam próximos agora e nada, realmente nada tiraria sua atenção dali. Segundos depois, apenas se fitarem não era mais suficiente e a atitude partiu dela. A morena se inclinou, selando seus lábios aos dele. Por um instante Zoro ficou aturdido, não podendo crer que aquilo realmente estava acontecendo, mas enfim, o garoto tomou a boca dela num beijo lento. Desses que o tempo parece parar e que tudo mais deixa de existir.

Zoro encaixou sua mão na nuca dela e com o braço abraçou-a pela cintura trazendo-a para mais perto, em contrapartida, Robin descansou seus dedos no maxilar dele, enquanto sua outra mão invadia os cabelos verdes. O jovem sentia seu corpo esquentar ansioso, um arrepio gostoso descia por sua espinha quando os dedos dela acariciavam-lhe os fios. Era indescritível a sensação de finalmente ficar com alguém que ele gostava tanto. A música parecia deixá-los ainda mais envolvidos no momento e vez ou outra, Robin mordia seus lábios, elevando os ânimos do jovem de cabelos verdes.

O momento que parecia infinito, terminou quando o celular dela vibrou em seu bolso. A garota separou-se dele, pegando o aparelho. Olhou espantada a hora no visor, que já marcava 18h25. Zoro abaixou o volume do som e ela disse:

ㅡ É a minha mãe... Tenho que ir.

ㅡ Eh… Tem?!

ㅡ Uhum, tenho sim.

ㅡ Mas, tem que ir mesmo?     

Zoro perguntou hesitante, coçando a cabeça, como quem pede indiretamente um tempo a mais na lan house. Robin riu baixinho, achando graça dele.

ㅡ Ela já tá me esperando lá embaixo. ㅡ uma buzina de carro soou, comprovando o que ela dizia.

ㅡ Eu te acompanho então…

Os dois desceram as escadas em direção a porta da frente e por um momento, ele desejou que sua casa fosse maior, só para ter o prazer de tê-la por mais um pouquinho que fosse. Zoro abriu a porta e se afastou para que Robin passasse e antes que ela saísse, ele segurou sua mão e perguntou:

ㅡ Nos vemos amanhã?

ㅡ Uhum... Ah, feliz dia de São Valentim.

E dizendo isso, a morena aproximou-se dele, beijando-o no rosto. Por fim ela se foi, deixando um Zoro muito atordoado. Ao sair, Robin acenou um tchau para a sra. Roronoa que vinha chegando e seguiu até o carro. A senhora de cabelos igualmente verdes, parou na soleira da porta ao lado do filho, observando o veículo se afastar.

ㅡ Uau. Aquela era a Robin? ㅡ Zoro ouviu sua mãe perguntar.

ㅡ Aham.

ㅡ E vocês tão namorando?

ㅡ Quê?! Mãe, não viaja! ㅡ exclamou surpreso, enquanto passava porta adentro.

ㅡ Sei… ㅡ a mulher riu, enquanto o jovem subia as escadas desembalado ㅡ E boa noite pra você também!

Zoro jogou-se na cama e olhando para o teto ele repassava os momentos daquele dia, ainda gostaria de matar Sanji, mas dessa vez, o imbecil tinha dado uma dentro, não se esqueceria disso. Por fim, se prendeu nos momentos que ela passara ali, nem parecia que tinha acontecido há minutos atrás, revivendo e revivendo, com um sorriso bobo estampado na cara. E ele, que sempre odiou o dia de São Valentim e todas aquelas tolices que os casais faziam, jamais imaginou que viver um clichê, por pelo menos um dia, lhe faria tão bem.


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Notas finais do capítulo

muito textão dá sede né menines? perdão por isso shaushua

espero que tenham curtido e feliz dia de São Valentim pras senhoras ♥



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