O homem desceu de imediato do carro para ver se estava tudo bem já que ela tinha caído no chão pelo susto e ela respirou pesado o encarando e logo voltou a pegar seus cadernos do chão. Ele abaixou e a ajudou até que tudo foi juntado e ela ficou de pé.

— Você está mesmo bem? - estava admirado pela beleza dela.

— Sim, só foi o susto. - o olhou e depois olhou o relógio. - Obrigada e me desculpe entrar assim na frente de seu carro.

— Graças a Deus, eu vinha devagar!!! - sorriu. - Posso ao menos saber seu nome?

— Victória!!! - falou e deu um meio sorriso.

— Prazer Victória, eu me chamo Benigno!!! - estendeu a mão para ela com um sorriso lindo no rosto.

Victória segurou a mão dele e deu apenas um meio sorriso e seu corpo arrepiou a fazendo soltar de sua mão rapidamente, mal sabia o que eles tinham em comum, mal sabia a maldade que ele carregava em seu peito e muito menos ele sabia quem era ela e o que iria representar em sua vida. Victória olhou seu relógio e novamente saiu correndo para não perder a hora e ele ficou ali sorrindo, era uma jovem linda que encheu seus olhos de um sentimento que ele próprio não conseguiu distinguir.

Benigno olhou para os lados e passou as mãos no cabelo, estava novamente de volta a cidade e um sorriso se formou ainda mais brilhante em sua face, tinha voltado apenas por um curto tempo, mas seria o suficiente para resolver algumas pendências de seu passado. Ele voltou para seu carro e dali se foi direto para a casa de seus pais, mas antes parou quando o viu e ali sabia que era o seu elo e depois de mais um sorriso ele se foi de verdade, Victoriano fez o que tinha que fazer ali na cidade e por volta do meio dia ele foi encontrar com Frederico para que resolvessem algumas pendências da sociedade que tinham juntos.

Quando desceu do carro e o cumprimentou percebeu que ele não estava bem e eles foram caminhando pela grande plantação. Frederico passou as mãos no cabelo e Victoriano tocou seu ombro.

— O que aconteceu? Cristina de chutou da cama de novo? - brincou para ver se ele ficava menos tenso.

— Está tão na cara assim? - olhou seu amigo.

Victoriano soltou uma gargalhada pela cara de sofrido que ele fez, sabia que os dois viviam bem, mas que muitas vezes estava em pé de guerra por ele querer casar. Cristina pensava que uma aliança no dedo ou um papel não significava nada quando se ama e quer estar junto, mas Frederico estava empenhado em querer casar e ela sabia que ele estava no limite já que tinham se passado doze anos desde que juntaram as "escovas".

— O que aconteceu agora?

— O mesmo de sempre... - passou a mão no rosto novamente. - Mas dessa vez eu disse a ela que marquei a data do casamento pra um mês e ela disse que não vai.

Victoriano tentava entender aquela negação de Cristina e muitas vezes não tinha uma explicação. Eles se amavam, mas ela não dava o braço a torcer pelo casamento.

— As vezes ela é bem difícil de entender.

— Eu estou cansado e ela ainda me jogou para fora do quarto. - falou frustrado.

Victoriano pensou por alguns segundos enquanto caminhavam entre as plantações e quando chegou a uma conclusão disse:

— Está na hora de dar um susto nela!! - falou com certeza.

— Como assim? - ele o olhou sem entender.

— Cristina precisa sentir que está te perdendo e que se não casar como você quer, você vai embora de casa!!

— Ficou doido? - falou logo. - Eu nunca que vou embora e deixar ela!!! - negou com a cabeça.

Victoriano riu.

— É só um susto, você vai pra casa e vai dizer que está indo embora pra que ela pense em como está te tratando e ai sim você vai conseguir essa aliança no dedo!! - bateu no ombro dele.

— E se ela me chutar de vez? - tinha o coração acelerado.

— Ai é porque ela não te ama mesmo, mas eu acho isso improvável. - sorriu o confortando. - Eu quero vocês felizes e...

— Eu vou pra casa agora!!! - falou decidido. - Você segura as pontas um pouco aqui?

— Sim, e qualquer coisa você me liga!!

Frederico agradeceu pelo apoio e foi direto para sua casa, ele dirigiu rapidamente sem prestar atenção nos buracos, ele só queria colocar o plano de Victoriano em prática. Foram os dez minutos mais longos de sua vida e por fim ele parou frente a sua casa, desceu e entrou bufando, Cristina que estava no telefone o olhou e ele a ignorou subindo para o quarto.

Ela estranhou aquele jeito dele já que depois das brigas ele sempre vinha com uma cara de pidão e eles acabavam fazendo amor e ele esquecendo aquele assunto que tanto a perturbava. Cristina desligou o telefone depois de se despedir e Inês e rapidamente subiu atrás de seu homem.

— O que está fazendo? - falou com os olhos arregalados ao vê-lo fazer a mala.

Frederico a ignorou e continuou colocando algumas roupas necessárias na mala e ela não tendo resposta foi até ele e o fez parar. Ele não a olhou e bufou como se estivesse mesmo bravo com toda aquela situação.

— Não vai me responder? - falou mais alto.

— Eu estou indo embora!! - a olhou por fim.

— O que? - o segurou pela camisa.

— Isso mesmo que ouviu!! - se afastou dela. - Cansei de ser um pateta que quer se casar e você não!! - voltou a arrumar a mala.

— Frederico, não se toma uma decisão assim!!! - falou com o coração acelerado e cheio de medo.

— Não mesmo, mas eu te espero há doze anos!! - a encarou. - Espero que use esse tempo para pensar, porque eu só volto casando!!! - fechou a mala e a colocou no chão para ir.

Cristina se desesperou e avançou nele o segurando em seus braços e o olhou nos olhos para ver se não se tratava de uma brincadeira, por sinal uma brincadeira de muito mau gosto.

— Eu te amo e você não pode me deixar assim!!! - tocou seu rosto.

— Justamente por eu te amar é que estou fazendo isso!!! - beijou a testa dela. - Depois eu volto pra falar com nosso filho. - pegou a mala e caminhou para a porta.

— Se você sair por essa porta... - respirou pesado antes de terminar aquela frase. - Não precisa mais voltar!!!

Frederico sentiu seu corpo todo gelar, mas iria confiar no plano de Victoriano e sem voltar os olhos para ela, ele saiu do quarto batendo a porta e ela começou a chorar sentando na cama. Ele ainda foi a passos lentos a espera que ela viesse atrás dele, mas ela não veio e com uma ultima olhada para a casa ele entrou em seu carro e foi embora dali como se de fato fosse o fim daquela relação...