Inês começou a caminhar para subir para o quarto, não ia ficar ali frente a ele naquele silêncio que ela mais odiava e ele sabia que era assim que a "punia".

— Papai já vai, filha. - ele disse com a calma que não tinha e as viu subir as escadas.

Victoriano estava chateado e não queria brigar com ela, não queria brigar na frente de sua filha e achou melhor deixá-la ir e logo iria para que conversassem. Ele foi ao sofá e sentou e ali ficou por um longo tempo pensando mais uma vez em tudo que tinha acontecido e no que poderia vir depois daquela revelação, Inês ficou no quarto com a filha até que as duas adormeceram...

(...)

DEPOIS...

Já era noite quando ela despertou e não viu a filha a seu lado, a buscou com os olhos e deduziu que ela estivesse com Victoriano e se levantou indo para o banho, no corpo tinha uma dor estranha e achou que com a água pudesse melhorar. Ficou ali por longos minutos e quando saiu secando seus cabelos e enrolada em seu roupão deu de cara com seu marido.

Inês parou de imediato e o olhou nos olhos, os dois estavam tristes com aquela situação e o silêncio os destruía ainda mais, mas Inês não estava mais disposta a ficar no silêncio e caminhando até ele parou em sua frente deixando a toalha que secava os cabelos na cama. Victoriano a olhou e respirou profundo, ela era tão linda e era sua, sua para sempre e pensando assim a puxou para ele deixando sua cabeça em sua barriga enquanto a abraçava pela cintura, Inês o acariciou nos cabelos e os olhos se encheram de lágrimas.

— Meu amor... - ela falou sofrida.

— Você não deveria ter contado daquele modo!!! - a segurava com loucura em seus braços.

— Me perdoe, eu só queria que ele parasse de te maltratar e naquele momento não pensei e só fiz!! - deixou que as lágrimas rolassem. - Eu só fiz por você!!! - soluçou. - Cadê nossa filha?

Ele a olhou nos olhos também tinha vestígios de suas lágrimas e ela não aguentou e o beijou na boca, precisavam se curar e precisava ser com o amor deles, Victoriano a beijou com loucura e a trouxe para sentar em suas pernas e ela o fez apertando seu amor em seus braços pra que ele entendesse que ali era só amor e cuidado mesmo fazendo tudo errado. O beijo durou alguns minutos e quando o ar faltou e eles se soltaram e se olharam nos olhos com Inês tocando seu rosto.

— Não quero mais viver de mentira... Não quero correr o risco de te perder novamente... - o abraçou forte e ele a segurou com firmeza.

— Só não achei certo o modo como fez e na frente de nossa filha!!! - Inês voltou seus olhos para ele. - Ela é só um bebê ainda e não a quero sofrendo.

— Nem eu a quero sofrendo. - ficou de pé. - Mas meu pai ali te maltratando me subiu o sangue e eu não aguentei. - se justificou novamente. - Eu só agi...

Ele ficou de pé sem tirar os olhos dela.

— E por agir assim que muita coisa aconteceu...

— Vai mais uma vez me julgar? Vai mais uma vez jogar na minha cara que eu fui uma inconsequente por me deixar levar por minhas vontades? - o cortou. - Eu sei de tudo isso, você nunca me deixou esquecer nesses cinco anos o quando eu agi mal quando resolvi ficar com Benigno, mas eu queria e era uma jovem que queria descobrir o mundo e eu fui lá e fiz!!!

Era difícil ser julgada todas as vezes por um erro que cometeu simplesmente por querer sentir, viver e mesmo que fosse errado o modo como as coisas tinham se dado, eles tinham Victória o único bom de tudo aquilo e se tinha uma coisa que ela nunca se arrependeria era de ter sua menina. Ela poderia ter vindo sim de outra maneira e até mesmo ser de Victoriano, mas não era assim e ficar se julgando como ele e ela fazia era se perder no meio do caminho conquistado.

— Eu estou cansada de seu olhar acusador somente por não te corresponder naquele momento, você era meu melhor amigo e eu nunca na minha vida pensei nutrir sentimentos por meu melhor amigo!!! - era a hora de dizer o que estava engasgado entre eles. - Você também nunca deixou claro o que sentia até aquele beijo que me deixou confusa em relação ao que sentia por você e tudo aconteceu e você me condenou, julgou e durante cinco anos jogou na minha cara o meu erro, mas você também não facilitou a nossa vida, você não quis mais tentar e se não fosse eu pedir o divórcio nem sei se estaríamos aqui agora!!!

Victoriano a ouvia e sabia que de certo modo ela tinha razão e que ele ao invés de conquistar a afastou e a julgou, ela era o seu amor e por ela tinha feito tudo, mas o rancor de saber que ela tinha estado nos braços de outro o tinha cegado e a vida não tinha sido fácil pra nenhum deles naqueles cinco anos. Rancor e culpa tinha movido aquela relação e agora estavam ali com as marcas do passado que sangrava vem ou outra como naquele momento.

— E você queria que eu me rastejasse aos seus pés implorando amor?

— Não, nunca que eu quis isso, mas pelo amor que sempre disse sentir por mim. Você nunca se quer se mostrou interessado mesmo perdendo que eu já te queria, que eu já te amava!! - passou as mãos no cabelo.

— E o que você fez pra me trazer pra você? - era uma clara acusação.

— Jantares, almoços, passeios com nossa filha que o único intuído era te aproximar de mim, mas em nenhum deles você se quer me olhava ou me deixava falar. - o peito subia e descia. - Até o nosso aniversário de casamento você esqueceu e foi então que eu entendi que não era pra ser... Que não tinha mais nos dois e que era melhor eu ir. - deixou as lágrimas rolar.

Victoriano se aproximou dela e tocou seu rosto com amor, com loucura e desespero. Era tanto amor que ele não conseguia medir, tinha feito tudo por ela, tinha feito tudo pela filha, tinha feito tudo por ele também movido ao rancor que sentia por ela ter escolhido outro para se entregar.

— Mas agora estamos aqui e não quero que nosso casamento acabe!!! - beijou o rosto dela em todo canto e os lábios também. - Eu amo você e não quero que seu pai nos separe depois de tudo!!!

— Somente nós dois podemos destruí o que estamos construindo a partir desse momento!!! - respirou fundo. - Só nós dois!!!

Victoriano a beijou na boca com todo seu amor e a tirou do chão, nada e nem ninguém iria destruir aquele amor e aquela família.

— Eu amo você e não vamos destruir nada apenas construir um futuro lindo!!! - sorriu querendo deixar as mágoas pra trás.

— Eu te amo Victoriano!!! - o beijou novamente mais logo foram interrompidos por batidas na porta. - Quem?! - falou ofegante.

— Senhora, seu pai está lá embaixo querendo vê-la. - a empregada falou.

Inês olhou seu amor e automaticamente as pernas desceram e ele a colocou no chão.

— Diga que já vamos!!!

A empregada concordou e nada mais foi ouvido atrás da porta e ela se encaminhou para o guarda roupa e pegou a primeira roupa que viu e ele ficou admirando o corpo de seu amor por alguns minutos e ela teve que rir e ele sentou um tanto envergonhado pelo que pensava fazer com ela se não fosse a chegada do sogro pra mais confusão. Quando ficou pronta, ela pegou na mão dele e eles desceram e pararam frente ao pai dela que não tinha uma cara nada boa.

— Me diz que minha filha não é uma vagabunda?!