— Eu só quero ficar aqui e segura com você!!! - foi tudo que disse para não começar a chorar. - Só preciso sentir a sua paz!!

Victoriano a abraçou mais ainda beijando seus cabelos e disse:

— Saiba que quando quiser falar eu estou aqui amor!!!

Victória o olhou e lhe deu um selinho.

— Obrigada!!! - o beijou novamente e disse: - Eu quero me mudar para a fazenda com você!!! - e ele a encarou surpreso...

Victoriano ficou por longos segundos a encarando sem acreditar que ela queria mesmo viver em sua fazenda, uma mulher da cidade no campo até seria engraçado e bem difícil a adaptação, mas ela não queria pensar nos obstáculos apenas queria sorrir feliz e ao mesmo tempo surpreso por suas palavras. Ele tocou o rosto dela e sorriu lindamente.

— Tem certeza disso?

— Eu preciso de ferias e acho que estar com você nesse momento vai me fazer bem!!! - o beijou na boca.

— Meu amor, mas você está com um desfile para acontecer...

— Isso não me importa mais e também já está tudo encaminhado e eu sou a dona posso me dar ferias!!!

Ele sorriu do jeito dela e a beijou na boca mais uma vez sendo totalmente correspondido por aqueles lábios que o enlouqueceram desde o primeiro contato.

— Será um prazer te ter em minha casa!!! - falou todo cheio de intenção.

Ela sorriu e o abraçou forte queria viver tudo que tinha viver ao lado dele e das filhas e depois de mais um beijo se levantou o puxando para o banheiro e ali fizeram amor mais uma vez naquela parede. Victoriano era maravilhoso e conseguia sempre a levar ao céu com seus movimentos e caricias, Victória queria tudo com ele e iria fazer valer a pena aqueles momentos que teria em família, terminaram o banho e depois de prontos desceram e sorriram para as meninas que estavam na sala junto a Alejandro.

— Pelo menos conseguiu tirar o olhar triste dela!!! - Fernanda comentou indiscreta.

Victória deu meio riso e negou com a cabeça aquele comportamento da filha.

— Como você está na escola Fernanda? - perguntou indo para o sofá e sentou ao lado de Victoriano.

— Por quê? - perguntou sem entender a pergunta.

— Não me responda com outra pergunta que sabe que não gosto!!! - passou a mão no cabelo.

— Eu estou bem, mãe!!! - respirou fundo.

— E você Maria? - olhou para a filha. - Como está na faculdade?

— Estou bem mãe!!! - falou com calma. - Por quê?

— Será que consigo uma licença pra vocês? Férias antecipadas? - cogitou.

— Vamos viajar? - Fernanda falou animada.

— Separem suas botas!!! - Victoriano falou rindo.

— Vamos passar uns dias na fazenda de Victoriano!!! - segurou na perna dele. - A menos que não queiram ir!! - se ajustou mais ao corpo dele que a segurou pela cintura todo carinhoso.

— Eu vou fazer as malas!!! - Fernanda levantou e saiu correndo para o quarto.

Maria olhou a mãe achando aquilo tudo muito estranho e sem se mover do sofá falou.

— O que está acontecendo? Primeiro o hospital e agora quer tirar a gente da aula para "ferias" repentina? Você tem um desfile ai batendo na porta e vai simplesmente largar tudo para ir para a fazenda? - sentia que tudo estava errado.

— Eu não posso querer fazer as coisas diferente? - a olhava nos olhos.

— Até poderia se não fosse a Sandoval!!! - tinha o mesmo gênio da mãe. - Você está escondendo alguma coisa e não é bom!!

— Você está cheia de questionamentos desde o hospital, começo a pensar que quem está escondendo alguma coisa é você!! - foi mais rude não entregaria o que estava sentindo.

Maria sorriu para o modo como ela queria virar o jogo e colocar a culpa nela de algo que nem se quer existia.

— Eu te conheço mamãe e não vou cair no seu jogo de palavras!!! - ficou de pé. - Se quer ir para a fazenda vá com Fernanda, eu não vou até saber da verdade!! - caminhou para ir para o quarto.

— É errado querer um tempo com as minhas filhas e com o homem que eu amo? - levantou de uma vez e na mesma hora se sentiu tonta e foi amparada por Victoriano.

— Victória...

— Mamãe!!! - Maria voltou de imediato a ela a segurando também. - O que você tem?

— É errado querer passar um tempo com quem eu amo?! - deixou as lágrimas rolarem por seu rosto enquanto era sentada no sofá.

Alejandro pegou um pouco de água para ela e se aproximou entregando para o pai que deu na mão dela, Victória olhava a filha e Maria tinha os olhos cheios de lágrimas, seu coração dizia que tinha algo de errado com a mãe, mas também sabia que ela não iria contar do que se tratava. Victória bebeu a água sentindo a garganta seca e Maria se aproximou mais dela e segurou sua mão.

— O que você tem mãe? - perguntou novamente segurando sua mão.

Victória pensou por um momento, queria contar, queria dividir aquela dor, mas não conseguia, ela não conseguia fazer quem ela amava sofrer e por isso em mais um momento ela guardou. Maria sofreu porque sabia que ela sofria e disse:

— Eu não concordo como quer lidar com o que quer que seja, mas eu vou te respeitar!! - e beijando a testa de sua mãe ela saiu correndo para as escadas.

Alejandro que estava em silêncio olhando toda aquela movimentação os olhou e disse com certeza.

— Nem quando minha mãe se separou de você foi tão difícil. - mexeu na ferida. - Achei que esse casamento no mínimo ia ser mais fácil!!

Os dois o olharam sem entender muito bem o que ele falava.

— Não vamos nos casar meu filho!!! - Victoriano falou rápido.

Alejandro sorriu para eles.

— Vão sim!!! - caminhou para subir as escadas e ver Maria. - Eu e Emiliano queremos que isso aconteça, as meninas também. - parou e os olhou mais uma vez. - E vocês também querem só falta assumir. - começou a rir e subir as escadas sumindo pelo corredor.

Victória olhou para ele com os olhos rasos pelo choro, ele tocou seu rosto e sorriu.

— Você disse que me ama... - não teve como não comentar.

— É a verdade!!! - tocou o rosto dele. - Eu amo você, amo o jeito como me trata, como me ama entre quatro paredes. Eu nunca pensei que pudesse amar novamente, mas você chegou e me mostrou que eu podia sim ser feliz novamente e amar. - se declarou.

— Meu amor, eu também amo muito você e é por isso que você vai me dizer o que está acontecendo com você!! - acariciava o rosto dela como ela acariciava o dele.

Victória respirou fundo sentindo seu corpo todo tremer, sabia que se contasse ele iria sofrer e não era assim que ela queria vê-lo, não queria a pena dele, queria seu sorriso lindo que a preenchia sempre. Mas ao mesmo tempo ela queria dividir aquele fardo para que fossem mais fáceis os três dias que viriam dali em diante sem saber de fato o que tinha em seu cérebro.

—Victoriano, eu... - engoliu a saliva que rasgou sua garganta. - O médico encontrou uma massa em meu cérebro, eu estou doente...