Depois daquela carta escrita por ChattBug


Capítulo 1
Os poemas


Notas iniciais do capítulo

Olá! Aqui está a parte dois de "Depois daquela dança". Recomendo ler a primeira parte para melhor entendimento dessa fanfic.
Assim como a primeira, essa história terá dez capítulos. Espero que gostem.



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Adrien olhava, curioso, para os cartões que segurava. Pelo formato do papel, já imaginava que seriam cartas de fãs. Por ter diversas fotos suas espalhadas pelos outdoors e anúncios na cidade, o modelo já estava acostumado a receber presentes e mensagens de admiradoras. Lembrou-se do dia dos namorados, data na qual recebia inúmeras declarações de amor em sua caixa de correio e nas redes sociais, mas não tinha vontade de ler nenhuma, visto que uma garota já tinha roubado seu coração. Porém, fitando aquelas duas cartas que estavam em suas mãos, ele realmente sentiu curiosidade de lê-las. Não lembrava de ter recebido cartões na escola, mas já deveria ter imaginado que teria alguma fã ali. De repente, lembrou de Marinette, que tinha se revelado uma admiradora dele há pouco tempo. O loiro iria procurar alguma assinatura no cartão quando ouviu uma buzina de carro que conhecia bem. Era seu motorista particular, que tinha apelidado de Gorila. Sabendo que o homem não gostava de esperar, Adrien guardou os cartões rapidamente na bolsa e correu até a porta da escola.

Tikki encarou a azulada, imaginando que ela estaria triste por conta das cartas, mas não foi tristeza o que encontrou em seu semblante. A menina parecia feliz enquanto olhava o poema que a kwami tinha resgatado no armário do modelo, mas, ao mesmo tempo, parecia apreensiva. Sem dizer uma palavra, Marinette abriu a bolsa para que a amiga pudesse se esconder. Logo em seguida, começou a caminhar até sua casa, saindo da escola a tempo de ver o carro que levava seu amado virar a rua.

***

O loiro encarava a enorme construção que chamava de lar, embora não sentisse que ela era exatamente isso. Às vezes, ele imaginava aquele local como uma prisão disfarçada, ainda mais por conta do sistema de segurança que a casa tinha. Adrien detestava sentir que estava em uma jaula quando entrava na mansão. Gostaria tanto de chegar ao local e se sentir bem, como sabia que diversos amigos seus se sentiam. Mas aquelas paredes frias pareciam querer dizer-lhe que sua liberdade estava mais distante do que imaginava. Os únicos momentos em que sentia-se livre era quando ia ao colégio ou se transformava em Chat Noir, já que até uma simples confraternização entre amigos era difícil de conseguir por conta da superproteção do pai. Quando aqueles minutos libertadores terminavam e ele entrava na mansão, o vazio voltava a atormentá-lo durante o longo tempo que deveria permanecer ali.

Assim que terminou o banho, o que o loiro mais queria era descansar, mas isso não seria possível, já que tinha um compromisso com a marca de perfume que fazia propaganda. Queriam lançar um novo produto, mais um em que teriam o rosto do famoso adolescente que estampava as capas de revistas em seu anúncio. Ele encarou a cama, que parecia implorar para que se deitasse ali. Resistindo ao desejo, começou a se arrumar para a longa reunião que o esperava. Certamente ficaria em silêncio enquanto seu pai discutia os detalhes com os responsáveis pelo anúncio e só de pensar em ficar ouvindo diversas coisas que não entendia e nem queria entender, sentiu um cansaço ainda maior invadi-lo. Não estava com paciência para aquilo, mas não poderia e nem conseguiria fugir.

Poucos minutos depois, Nathalie bateu à porta e entrou no quarto, anunciando que o motorista e Gabriel já o esperavam. Adrien assentiu e desceu as escadas, seguindo a secretária da família. Quando abriu a porta do carro e se deparou com a expressão séria do pai, imaginou que receberia um aviso sobre compromisso com o horário, visto que estava alguns minutos atrasado, mas o homem não disse nada. O modelo sentou-se no banco e permaneceu, durante todo o trajeto, encarando a paisagem através da janela. Aquele silêncio o estava incomodando e sentiu uma súbita vontade de falar alguma coisa, nem que fosse sobre o clima, para quebrar aquela atmosfera pesada e silenciosa que insistia em envolver a família Agreste após o desaparecimento de sua mãe. Quando estava prestes a comentar algo sobre a chuva, o sol, o vento ou seja lá o que fosse, o carro estacionou e o loiro percebeu que, daqui a alguns minutos, teria que aguentar a reunião entediante que o esperava em alguma sala daquele prédio que estava encarando.

***

Quando finalmente deitou em sua cama, ele imaginou que dormiria em tempo recorde, mas não foi o que aconteceu. Diversos pensamentos começaram a invadir sua mente e ele sentiu que aquela noite seria longa. Começou a lembrar as horas que passou sentado em uma cadeira ouvindo inúmeras opiniões sobre sua próxima propaganda. O loiro se perguntou diversas vezes se deveria interferir, afinal ele era um dos principais assuntos da reunião. Mas, contrariando seu desejo, permaneceu em silêncio durante todo o tempo que ficou naquela sala. Começou a pensar também nos minutos dentro do carro. Ele poderia ter dito alguma coisa, poderia ter acabado com aquele silêncio, mas preferiu não fazer isso. De alguma forma, se sentiu responsável por seu relacionamento com pai não estar muito bom. É claro que Gabriel também tinha uma parcela de culpa, já que poderia conversar um pouco mais com o filho e deixá-lo sair de vez em quando, mas Adrien agora pensava no pai como vítima daquilo tudo. Sabia que, de um dia para o outro, o mundo tinha desabado sobre o designer de moda e que ele tinha sido muito afetado pelo desaparecimento da esposa. O modelo tentou afastar aquele sentimento de culpa que o invadia e levantou-se da cama, disposto a jogar videogame ou mexer no celular até que o sono o atingisse, mas, no escuro, acabou tropeçando na bolsa que levava para o colégio. Com a pressa, tinha esquecido de guardá-la. Adrien acendeu a luz e resolveu arrumar a bolsa para o dia seguinte, retirando algumas coisas que estava levando sem precisar. Foi quando encontrou os dois cartões que tinha visto antes de sair da escola. Lembrou que quando os achou em seu armário teve que deixar para lê-los depois e, com o compromisso, acabou esquecendo. O loiro já imaginava que seria de uma admiradora secreta, mas resolveu procurar alguma assinatura. Se fosse de alguém que conhecia, poderia contar a verdade e dizer logo que seu coração pertencia a outra pessoa. Mas, quando viu o nome de Marinette no cartão, ele se surpreendeu. Sabia que a amiga era fã dele por conta do programa gravado na casa dela, que mostrou diversas fotos suas no quarto. E ele pôde certificar isso quando foi enfrentar uma akumatizada no local mais tarde, mas o loiro não imaginava que a amiga poderia escrever uma carta para ele, colocar em seu armário e, sobretudo, assiná-la. Eles já se conheciam, por que ela não mandou uma mensagem ou falou diretamente com ele? Curioso, resolveu abrir um dos cartões deparando-se com um poema, cujo título era "depois daquela dança".

 

Antes daquela dança

Eu de longe te observava

E senti meu coração acelerar

Quando vi que você se aproximava

Eu nunca imaginaria

O que você ia perguntar

E muito menos pensei

Que o meu desejo iria se realizar

Durante aquela dança

O mundo parou de repente

Pois só você que ocupava

O meu coração e a minha mente

Tudo o que eu queria

Era congelar aquele momento

Para que não durasse apenas

Em meu pensamento

Depois daquela dança

Meu coração estava disparado

E eu quis, mais do que nunca,

Que você ficasse sempre ao meu lado

Quando nossos olhos se encontraram

Senti meu amor ser correspondido

E percebi que, sem você,

Nada mais no mundo faria sentido

 

Os olhos verdes do modelo fitavam o cartão, surpresos. Não imaginava que a amiga nutria todos esses sentimentos por ele. Sempre pensou que fosse apenas uma admiração, o que de fato foi confirmado com a transmissão ao vivo do quarto da azulada com inúmeras fotos dele. Mas não sabia que essa admiração era muito mais que isso. Porém, pensando agora com mais clareza, ele conseguiu perceber que isso sempre esteve à sua vista. As atitudes estranhas da menina perto dele e as palavras gaguejadas faziam muito mais sentido agora. Ainda atônito com aquela revelação, o loiro resolveu ler a outra carta. Queria saber o que mais ela tinha escrito, embora imaginasse que seria mais uma declaração de amor, talvez em forma de prosa, que explicasse tudo aquilo. Mas se surpreendeu quando abriu o papel em formato de coração, notando que era mais um poema, dessa vez com o título "segredos".

 

Tenho uma coisa para contar

Peço, por favor, que não tenha medo

E que não fique com raiva de mim

Sem querer, descobri o seu segredo

Não precisa se preocupar,

Pois não contarei a ninguém

Afinal, assim como todo mundo,

Eu tenho segredos também

Muitas coisas tem explicação,

Porque agora eu sei a verdade

E não irei esconder de você:

Meu desejo se tornou realidade

Sinto que agora é o momento

Já não há mais razões para esperar

Você precisa saber meu segredo:

Eu te amo e para sempre irei amar 

 

Não foi a revelação da azulada sobre seu amor na última estrofe que o assustou, mas o fato de que ela tinha descoberto um segredo dele. O loiro começou a imaginar as coisas que escondia das pessoas, algo que sua amiga não sabia, mas não conseguiu lembrar de nada. Foi então que um frio inexplicável o percorreu por dentro ao recordar o maior segredo que tinha.

— Ela descobriu. — Sussurrou para si — Ela… descobriu que sou Chat Noir!


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Notas finais do capítulo

Então, o que acharam? Assim como a parte um, essa fanfic será postada às segundas, quartas e sextas entre 19h e 20h. Portanto, o próximo capítulo sairá nessa sexta-feira. Obrigada por ler!



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