Atlântida escrita por Petty Yume Chan


Capítulo 5
Capítulo IV


Notas iniciais do capítulo

SURPRESA!!!!!!
Como eu postei a fanfic primeiramente no spirit, então lá ela está com um capítulo adiantado. Por isso hoje vocês tiveram um bônus de dois capítulos ^^
Boa leitura !!



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O mês que se seguiu foi, em sua totalidade, recheado por todas as definições de ansiedade, tanto por parte da mulher quanto por seus subordinados.

O Corsário de Eros tinha o seu convés muito menos movimentado do que o usual, afinal, era preciso ser muito fiel ao seu capitão para aceitar participar de tal viagem. Por sorte, Mirela ainda tinha aqueles que a seguiriam até o fim do mundo, mesmo que os olhares estivessem mergulhados em uma apreensão durante a maior parte do tempo.

A Ilha do Homem Coxo se estendia a frente, a formação rochosa e pontiaguda que a cercava de forma ameaçadora, combinada com os ventos de pressagio das tempestades, fazia com que toda a atmosfera se tornasse sufocante ao seu redor.

Descer com um bote naquelas águas seria, no mínimo, imprudência, sendo necessário então fazer com que a grande embarcação chegasse o mais próximo possível da costa. Era como se o tempo houvesse parado no momento em que a capitã começou a mover o barco por entre as pedras, que vez ou outra deixavam um arranhão no casco apenas para brincar com o coração dos mais frágeis. Os corpos estavam paralisados, as respirações presas nas gargantas, ninguém queria fazer movimentos desnecessários, as ondas já faziam todo o trabalho balançando para lá e para cá junto das escuras nuvens no céu.

A madeira chorava e resmungava conforme cada novo movimento, era quase como se o próprio barco deixasse transparecer o seu incomodo por estar cercado pela possibilidade de afundar a qualquer momento. Cada rangido trazia consigo a expectativa e a ansiedade de que aquele seria o ultimo, seja por terem chegado ao destino ou, na pior das hipóteses, por terem sido atingidos e agora precisariam de todos os esforços possíveis para manter o barco sobre a água e não acabarem em um mar tempestuoso. Para a sorte de todos, destino os entregou a primeira situação.

— Soltem a ancora!

O ar já se sentia mais leve após a capitã conseguir, com maestria, passar por entre as lanças naturais ali dispostas. Até a própria sentiu um enorme peso sair de seus ombros, por mais que estivesse confiante em relação a suas habilidades, não podia negar que o pequeno nervosismo ainda se fazia presente. Era o peso de ter que carregar mais do que a sua própria vida.

Todavia, nem todo o problema havia passado. Agora precisavam ser rápidos, a garoa de inicio de tempestade se tornava cada vez mais presente e, se eles fossem pegos por ela, seria praticamente impossível sair daquele lugar ileso. Poderiam simplesmente voltar atrás, se afastar enquanto a tempestade acontecia e voltar quando a situação estivesse mais calma, mas a garota não estava disposta a voltar atrás depois de tudo o que passou.

Não foram precisos muitos passos pela praia até ela se deparar com a imagem que fez o seu corpo congelar. O homem de cabelos pretos e olhos azuis estava preguiçosamente sentado na areia, as costas recostadas em um enorme baú e acompanhado por seus dois imediatos. Mirela já havia ouvido falar sobre suas capacidades, geralmente os nomes corriam junto com os de Castiel e Lysandre, onde suas habilidades eram comumente comparadas, coisa que ela considerava um equivoco, afinal de contas, tinha plena certeza de que seus homens eram incomparavelmente superiores.

De olhos verdes e cabelos castanhos, Kentin havia sido um dos maiores assuntos entre os piratas nos últimos tempos. Por ser um recém-chegado e já ascender ao posto de segundo imediato ele acabou por receber diversos olhares tanto de admiração como de revolta. Ainda assim, não existia aquele que estivesse disposto a ficar na mira de seu mosquete. Um tiro era tudo o que ele precisava, uma vez que localizasse seu alvo ele não erraria. Dificilmente você o veria nas linhas de frente de uma batalha, não que ele não tivesse habilidade para isso, apenas não fazia o seu estilo.

Do outro lado, olhos e cabelos dourados como a areia sob os seus pés. Nathaniel era um homem com o passado desconhecido, sua presença só sendo notada no dia em que ele acabou por se envolver em uma briga com outros três piratas, e também os derrubou por conta própria. Assim muitos homens passaram a querer tê-lo como seu aliado, principalmente quando as suas habilidades estratégicas também vieram à tona. Mas ele ainda era o tipo de homem que só jurava a sua lealdade a quem ele considerasse digno.

O primeiro pensamento de Mirela ao ver tal cena é de que ele estava procurando uma briga e, depois de tudo o que passaram, ela estava mais do que disposta a comprar. Marchou pesadamente em direção ao trio, de forma que suas pegadas ficaram firmemente gravadas na areia. Já começava a sentir o interior arder, fazendo com que a fria garoa que grudava suas roupas ao corpo passar totalmente despercebida.

— Hey! Mirela, por que demorou tanto?

— O que você esta fazendo aqui?

— Se esse baú não estivesse aqui quando você chegasse, eu provavelmente seria perseguido pelo resto da minha vida. Então fiz questão de vir pessoalmente guarda-lo para você. De nada.

Mirela sentia o estomago se contorcer. Talvez de raiva, talvez de desgosto, talvez de outra coisa. Ela não sabia dizer, aquele turbilhão de sentimentos sempre a atingia quando as coisas estavam relacionadas a aqueles malditos olhos azuis. E ela odiava aquilo.

— Por um momento eu quase acreditei. Mas então lembrei que estamos falando de você, e você não presta. Agora chega de enrolar, o que você esta fazendo aqui?

— Um homem não pode ser um cavalheiro de vez em quando?

— Não você.

— Me sinto ofendido.

— E minha paciência esta acabando.

O rapaz se levantou de forma despreocupada, sacudindo a areia das roupas. A sua frente à pequena figura emburrada permanecia sem pretensão de se mover. Era engraçado como ela era muito menor em relação a ele, mas era fácil dizer qual das presenças era mais imponente, o constante olhar de fúria e determinação em seu rosto quase lhe dava um ar de fofura. Armin não conseguiu contar o ímpeto de lhe afagar o topo da cabeça, entretanto, foi recebido por um tapa antes mesmo de alcançar o seu objetivo.

— Não importa o que eu vim fazer aqui. Você tem o seu baú, nossos negócios acabaram.

Ver as costas do homem se virarem e se afastarem dela foi motivo mais do que suficiente para despertar por completo a besta fera que rugia dentro de si. Dizer que ela se sentiu desprezada era um eufemismo, e a ideia de ele estar fazendo pouco caso dela queimou em seu interior. A essa altura, Armin já deveria estar mais do que ciente de que uma mulher orgulhosa e ferida não pensa duas vezes para atacar, principalmente quando essa tem uma espada na cintura.

— Não tão rápido.

Assim que a ponta de seu sabre voltou-se em direção ao homem a sua frente, Mirela se viu sendo ameaçada pela espada e a baioneta daqueles que o acompanhavam. Todavia, ela não recuou, sabia que seus homens já estavam com suas armas prontas, defendendo-a de forma tão determinada quanto os dois a sua frente defendiam a fonte de sua fúria.

O tempo pareceu parar enquanto todos se encontravam presos naquele emaranhado de armas e espadas. Ninguém se mexia, todos esperando um primeiro movimento de ambas as partes, movimento esse que veio de Armin ao se virar lentamente, olhos azuis se cruzando com os avermelhados.

— Você realmente gosta de balançar essa coisa por ai, não é?

— Só quando se trata de você. Sinta-se honrado.

— Com certeza estou.

No momento em que ele puxou suas espadas foi anunciado o inicio da batalha. Os quatro imediatos repeliram-se entre si, afastando os oponentes de seus capitães na tentativa de defendê-los. Mirela ouvia o som do metal colidindo ao seu redor, mas não tinha tempo para se preocupar com isso, seus homens sabiam se cuidar. Precisava agora se concentrar no moreno a sua frente.

— Vou perguntar mais uma vez. O que você estava fazendo aqui?

— Eu já te respondi.

— Como se eu acreditasse que você se deu ao trabalho de vir aqui apenas para se fazer de bom moço. Eu nem sequer vi o seu navio por perto, como você chegou aqui?

— Você realmente achou que eu iria revelar todos os meus segredos?

Água se espirrava entre os dois conforme as laminas se batiam e a chuva aumentava, agora já forte o bastante para deixa-los completamente encharcados. A água pesava nas roupas, os cabelos grudados ao rosto e as gotas nos olhos atrapalhavam a visão, tornando a luta mais cansativa. Em um momento de descuido Mirela se viu cercada pelas duas espadas, tendo de usar tanto a lamina quanto o cabo de seu sabre para se defender.

— Eu estou ciente que sou odiado pela maioria das pessoas, mas você é a mais intensa de todas. Algum motivo em especial?

— Você infernizar a minha vida não é motivo o bastante?

As espadas tremiam sob a força de seus usuários. Nenhum estava disposto a recuar e ambos estavam encurralados demais para avançar, obrigados a se forçarem um contra o outro na tentativa de quebrarem suas defesas.

— Não faço com você nada alem do que eu faço com os outros. Ainda assim, sinto que você me persegue muito mais que o restante. Tem certeza que não me ama secretamente?

Não se sabia dizer o que era mais surpreendente, o enorme raio que cortou os céus ou o fato de que Mirela hesitou sobre seus pés por um instante, fazendo com que a espada de Armin lhe abrisse um pequeno corte em seu braço dominante. Ambos paralisaram em choque, todos sabiam que Mirela não cometia erros, principalmente um erro banal como aquele.

O som da chuva fazia com que a luta ao redor parecesse estar muito mais distante do que realmente estava, fazendo parecer com que os dois estivessem isolados em sua própria realidade. A água corria por seus corpos, lavando o calor da batalha – e do clima – completamente. Armin recuou baixando suas espadas, os olhos buscando qualquer novo movimento da garota, mas ela não se moveu, apenas mantendo a mesma expressão seria de sempre, embora a mandíbula parecesse muito mais tensa do que o usual.

— Você deveria ser mais sincera com os seus sentimentos, Mirela.

Ela não se alterou, não respondeu, embora fosse possível ver como o seu corpo se tornava cada vez mais tenso. Armin daria tudo para saber o que estava se passando pela cabeça dela naquele momento, mas ele apenas se contentou em sorrir. Não o sorriso travesso que ele geralmente tinha, um sorriso calmo, um sorriso sincero.

— Recuar!

Quando Mirela viu as costas de Armin se afastarem seguido de seus homens, ela não podia sentir outra coisa se não alivio. Deixou o braço ferido cair ao lado do corpo, ela não sentia dor, o corpo estava completamente dormente, apenas sabia que estava ferida porque via o vermelho do sangue ser lavado pela água da chuva. Castiel e Lysandre chegaram ao seu lado, dizendo coisas que ela não conseguia processar, os olhos vazios encaravam o lugar onde as três pessoas uma vez estiveram.

— Se corrermos, ainda podemos alcança-los.

Foi a única coisa que ela registrou da fala de Castiel. Encarou os olhos cinzentos que mostravam clara preocupação, ainda que tentasse disfarçar com a sua feição seria. Não poderia culpa-lo, afinal de contas, ela estava parada na chuva, completamente inerte enquanto o braço sangrava.

— Deixe-os ir.

— Mas, capitã...

— A tempestade vai nos alcançar em breve. Nossos homens já tiveram muito estresse para um dia só. Lysandre, qual a cidade mais próxima?

— Acredito que seja na Baia das Princesas. Se os ventos estiverem ao nosso favor, podemos chegar em três dias.

— Perfeito. Vamos nos reestabelecer lá e depois voltaremos a Jack Ketch. Peguem o baú.

— Sim, senhora.

— Sim, senhora.

Eles responderam em uníssono, já recolhendo o pesado baú e seguindo o caminho de volta. Tentavam não transparecer, mas não puderam se impedir de trocar olhares preocupados ao ver sua capitã segui-los de forma tão robótica. Ela parecia fora do ar, de um modo que eles quase nunca haviam visto. Ambos estiveram muito distraídos com seus próprios oponentes para ver o que havia acontecido e, conhecendo sua capitã, sabiam que ela nunca contaria. Tudo que poderiam fazer agora era ficar ao seu lado até que ela voltasse ao normal, assim como sempre fizeram.


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Notas finais do capítulo

Agora voltamos a programação normal de um capítulo por dia ;)
Obrigada pelo seu comentário.
Até amanhã!!
Kissus da yume.



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