Atlântida escrita por Petty Yume Chan


Capítulo 11
Epílogo


Notas iniciais do capítulo

E assim chegamos ao último capítulo ^^
Eu não vou me prolongar muito aqui, meu discurso fica pras notas finais
Boa leitura !!



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Um ano depois.

Era estranho caminhar pelo cais da Angra do Jack Ketch depois dele ter se acalmado dos eventos anteriores. O lugar nunca foi realmente calmo, mas os últimos meses haviam sido um completo caos.

O súbito desaparecimento de Armin não havia passado despercebido pelas pessoas, principalmente depois que Mirela atracou Ulisses ali, completamente sozinha e machucada. Isso, obviamente, trouxe todos os tipos de boatos entre os cidadãos, mas ela não se importava com o que pensariam dela, mesmo se ela tentasse explicar, apenas seria taxada como louca. Se eles queriam acreditar que ela o havia matado, então que assim fizessem.

O único a qual ela se deu o trabalho de explicar foi Alexy, isso claro, depois que o garoto parou de evitá-la. Não pode negar que a principio se sentiu preocupada, ela via a dor nos olhos do rapaz toda vez que ele olhava para ela e depois virava as costas, sentiu que ele a odiaria a partir de então. Mas ela não poderia culpa-lo, ele tinha que lidar com o luto dele, e ela não iria se forçar enquanto ele não estivesse pronto, confiava no amigo e sabia que o próprio viria até ela no momento apropriado.

E assim aconteceu. Algumas semanas depois Alexy chegou até ela, a aparência ainda estava tremendamente abatida e era possível ver o quanto ele estava se esforçando, mas ainda assim ele lhe deu um voto de confiança e pediu por respostas. Ela explicou cada detalhe, não se importava se ele a achava louca, era seu irmão e ele merecia saber. Para sua surpresa, ele não apenas acreditou nela, como a abraçou forte e disse como “aquilo deveria ter sido difícil para ela.” Por algum motivo, aquela noite ela chorou como nunca havia chorado na vida.

Enquanto isso, as brigas para saber quem reivindicaria o barco de Armin continuavam. Nathaniel e Kentin eram quem conseguiam manter as coisas sob controle durante um tempo, mas conforme os meses iam passando e diversos motins iam surgindo, os dois começaram a ter milhões de problemas. Todavia, isso durou somente até o dia em que Alexy surgiu no meio da multidão e gritou em alto e bom tom que “aquele navio era o orgulho de seu irmão, e que ele honraria sua memória.” Ninguém questionou, principalmente depois que os dois imediatos mostraram apoio ao irmão de seu mestre como se esse fosse o mesmo. Assim Alexy se tornou o novo capitão de Ulisses.

Mirela não esperava viver o bastante para ver Ulisses navegar novamente. Diferente de Armin, Alexy nunca foi muito um homem do mar, acreditou que o barco ficaria ali ancorado como um memorial. Entretanto, em uma manhã qualquer, ela percebeu uma maior movimentação acontecendo nas docas, aproximando-se bem a tempo de ver as enormes velas serem içadas e a embarcação seguir em direção ao horizonte. Não acreditava que Alexy tinha algum lugar especifico em mente para ir, no ponto de vista dela, apenas estar sobre as ondas o faziam sentir mais próximo do irmão. Ou talvez aqueles fossem os seus próprios sentimentos. Afinal de contas, agora, depois de um ano, ela havia decidido voltar ao local que assombrava sua mente.

— Indo a algum lugar, capitã?

A única bolsa de couro havia sido carregada na pequena embarcação quando ela foi encontrada. Sabia que eles viriam até ela, afinal de contas, mesmo que ela não tenha dito com todas as palavras, todos sabiam que aquele dia chegaria mais cedo ou mais tarde. Esperavam estar cometendo um engano, mas era difícil de se manter positivo sobre essa questão quando a garota desatou o broche do pescoço e arremessou em direção a eles.

— Estou partindo em uma missão solo. Vocês estão no comando durante a minha ausência.

Os primeiros sinais vieram alguns meses depois que Alexy assumiu o comando de Ulisses. O Corsário de Eros seguia em meio de uma viagem quando a conversa surgiu de modo despretensioso.

“— Se um dia eu desaparecer misteriosamente, meu navio é de vocês.”

Na época ninguém fez grande caso, embora um pequeno incomodo se acendeu no fundo da mente, preferiram acreditar que era uma informação normal, dado os acontecimentos dos últimos tempos. Mesmo que após atracarem Mirela tenha se dado ao trabalho de fazer um testamento oficial deixando o barco para os seus dois imediatos.

— Não façam nenhuma loucura enquanto eu não estou por perto.

— Acho que podemos dizer a mesma coisa para você, capitã.

Trocaram um sorriso cúmplice, não houve qualquer despedida oficial, tal feito faria com que a realidade a qual tentavam ignorar viesse à tona. Apenas deixaram o pequeno barco flutuar sobre a água escura, deixando para trás aquela suave sensação de que um dia ele voltaria, mas todos sabiam que ele não tinha qualquer pretensão de voltar.

{✠}ݯݮݯݮݯݮݯݮ◣ ◥ݯݮݯݮݯݮݯݮ{✠}

A ilha se encontrava do mesmo jeito em que Mirela a havia deixado um ano atrás. Tal situação era quase irritante, como se o universo não desse a mínima para o que havia acontecido com Armin naquele lugar. Talvez realmente não se importasse, aparentemente o mundo dela era o único que havia mudado depois de sua partida. Seus baús estavam cheios, seu coração vazio.

Sentada sobre a areia ela tentava inutilmente se livrar do calor e dos mosquitos que a rodeavam, mas no fim das contas não faria diferença se ela fosse bem sucedida, em breve tudo estaria acabado. A garrafa de rum vazia se juntou a outra na areia, todo o seu corpo já se encontrava dormente a essa altura, mas ironicamente, ela sentia todas as suas emoções ao mesmo tempo.

Quando o sol desapareceu no horizonte e a maré começou a recuar ela sentiu um alivio no peito. Não sabia o que esperar a partir dali, mas também não era como se estivesse se entregando, não cairia sem lutar, seu orgulho não permitiria. Então ela deixaria pelo menos uma marca naqueles que um dia arrancaram um pedaço dela.

Ergueu-se de seu lugar na areia, abandonando garrafas e botas, não se deu ao trabalho de tirar os grãos que se grudavam nas roupas e no corpo, já não tinha significado em tal coisa. Os pés descalços tocaram a areia molhada e sentiu a água das ondas lhe massagearem a pele. Os olhos mogno viajaram pela distancia do céu escuro, parando na imagem da floresta atrás de si. Um sorriso escapou de seus lábios, não sabia dizer se estava orgulhosa das escolhas que fizera, não sabia explicar nem um terço do que sentia no momento, mas ainda assim, se sentia bem.

— Indo a algum lugar?

Mesmo com todo o calor do verão, o seu corpo gelou quando ela ouviu a voz que vinha do mar atrás de si. Reconheceria aquela voz em qualquer lugar, afinal de contas, era a mesma voz que vinha lhe visitar em seus sonhos no decorrer do ano. Ela hesitou por um momento, estava assustada demais para encarar o que podia encontrar, talvez fosse apenas sua mente lhe pregando peças e, uma vez que olhasse para trás, a dura realidade a atingiria. Mas ela precisaria se virar mais cedo ou mais tarde, e assim o fez.

As emoções todas viraram um amontoado que lhe fechou a garganta. Parado ali sobre as ondas, ainda que tivesse mudado e agora a pele se encontrasse muito mais pálida, membranas surgiam por entre os dedos como nadadeiras e as marcas das guelras se abriam no pescoço, ainda assim, eram os mesmos olhos azuis a qual Mirela precisava admitir ter sentido falta.

— Eu estava com medo que você fizesse alguma loucura, então preferi ter cert–.

 Ele não teve tempo de terminar sua frase, sendo pego de surpresa quando se viu ser embalado pelos pequenos braços. A água que pingava de seu corpo impregnou-se nas roupas da mulher, fazendo com que ambos se sentissem muito mais próximos, quase como se estivessem a se fundir um no outro.

— Sempre com as melhores recepções. — Ele envolveu o corpo tremulo em seus braços, puxando-a para mais perto. — Também estou feliz em te ver, Mirela.

Armin pensou ter ouvido um pequeno soluço vindo da garota que escondia o rosto em seu peito, mas achou que o momento não era dos melhores para comentar. Quando os olhares se encontraram ele também percebeu a vermelhidão inusual presente no branco perolado de seus olhos, mas conhecendo-a como conhecia, sabia que ela inventaria alguma desculpa qualquer para a situação, como por exemplo, o sal da água ter irritado os seus olhos.

— Mas, como?! Eu vi você… Eu vi… Você esta vivo!

— Meio que. A cidade me mantém vivo, eu tenho de voltar ao amanhecer.

— Eu vou com você!

— O que? Não, você não pode fazer isso, Mirela.

A determinação queimava em toda a expressão da mulher. Não aceitaria um “não” como resposta, principalmente depois de tudo o que havia passado. Já havia tomado sua decisão e não estava disposta a permitir que ninguém se colocasse entre ela, nem mesmo Armin. Às vezes sua teimosia poderia ser insuportável, mesmo para ela.

— Por que não? Eu vim aqui com esse propósito, e depois de saber que você esta vivo lá, só me dá mais motivos.

— Mirela, não existiria sentido em chamar de “maldição” se as pessoas quisessem sofrer isso. Não é tão simples, nem tão fácil. Eu não posso deixar a mulher que eu amo passar por isso.

Como sempre, Armin era o único que conseguia destruir a compostura de Mirela sem grandes dificuldades, era uma das coisas que ela odiava nele. Seu coração estava totalmente divido no momento, ela sabia o porquê de estar ali, não existia mais significado em negar, mas no fim das contas velhos hábitos eram difíceis de matar e ela nunca admitiria seus motivos, ao menos não com as mesmas palavras do moreno a sua frente. Todavia, tal confissão fez com que ela entendesse o sentimento que existia dentro dele, e que muito provavelmente não era diferente do dela, ambos se sacrificariam em demasiado um pelo outro. No final das contas, a única coisa que os impedia de estarem juntos eram seus próprios sentimentos.

— Então... O que nós vamos fazer?

— Bem, você sempre sabe quando e onde me encontrar. E eu ainda tenho a noite toda, o que você quer fazer?

A pergunta era retórica, ninguém esperava uma reposta concreta em palavras uma vez que tal resposta já ardia dentro de cada um deles, apenas se tornando mais forte no momento em que os olhares se cruzaram. Mirela não tinha mais o que esconder, o fato dela estar ali já respondia todas as perguntas e quebrava todos os possíveis falsos argumentos que ela pensaria em trazer. Logo, ela não pensou, apenas agiu por instinto no momento em que os dedos se enrolaram em torno na camisa molhada do rapaz, puxando-o para baixo, mais perto de si, e assim permitindo que seus lábios se encontrassem mais uma vez.

Ela sentiu o gosto do sal do mar no singelo toque, mas não se importava, já estava acostumada com o mar, e o amava. Naquele momento a única coisa passando pela sua cabeça era a presença dos dois, e como tudo era incrivelmente real. Seus dedos esguios se perderam por entre as mechas negras, o seu corpo, quente como o verão, a mantinha presa à realidade, sua simples presença era o bastante para sacudir seus sentimentos como um barco sobre as ondas, mas seus braços eram o porto para onde ela queria voltar. Ele era todos os pequenos detalhes, e ela o ansiava em cada célula de seu corpo.

Assim, uma vez que ele havia se tornado parte do mar, então ali, em suas ultimas noites de verão, ela se afogaria nele.


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Notas finais do capítulo

E assim chegamos ao fim da nossa aventura.
Honestamente, eu realmente espero que vocês tenham gostado. Como eu disse no primeiro capítulo, essa fic foi feita para um concurso, então eu acabei fazendo as pressas e também foi a primeira vez em que eu escrevi algo com o tema de piratas e tudo mais.
Ainda assim, eu fiquei bastante orgulhosa do resultado, ainda que ela tenha todos os defeitos dela (que eu estou mais do que ciente kk') eu a considero um bom projeto que me rendeu muito aprendizado.
Enfim, acho que é isso, obrigada a todos que acompanharam até aqui, e obrigada pelo seu comentário ^^
Até de repente !!
Kissus da yume ♡



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