Decision {Ming+Kit} escrita por prism love


Capítulo 1
I was afraid to loose you


Notas iniciais do capítulo

YAEW!

entonces chicos e chicas... cá estou eu mais uma vez com outra mingkit - pq não me canso hehehehe.

Escolhi um dos 9 plots guardados no fundo do meu baú pra expôr esta onezinha lindinha, fresquinha cheio de fluffly e cara, deu trabalho pra betar e conseguir confiança suficiente novamente pra postá-la então leiam com carinho ♥

eh isto, boa leitura ☆



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Segunda-Feira: um dos dias da semana mais entediante e estressante para milhões de pessoas ao redor do mundo. Para uns significa o recomeço de uma rotina, para outros novos desafios, para Kit significava mais um plantão no hospital da cidade e para Ming um dia a menos em sua carga horária semanal sem seu namorado

Desde que se formara na faculdade como o bom menino exemplo da família, Ming lutou com afinco pelo sonho de seus pais para se tornar um ótimo engenheiro. Mas não se tornou. Ao ser eleito há seis anos atrás – sim, seis anos atrás – a lua da universidade teve muitíssimos olheiros à sua procura que o chamavam com insistência para fazer parte de suas agências de modelos, o que acabou dando certo porque assim que terminou o curso de engenharia e nada sólido em que pudesse atuar na área o foi oferecido, Ming não pensou duas vezes em aceitar a uma dessas propostas.

Como Kit se sentiu em relação a isso? 

— Você 'tá sempre querendo atenção para si. Isso não te cansa? Não se cansa de ser a lua 'pra quem todos os olhos miram? – Kit perguntou com seu evidente sarcasmo ácido e respirou fundo ao olhar para fora de sua janela – Olha, eu respeito sua decisão de querer ser mais que uma simples estrela, mas eu também quero que respeite minha decisão em não participar disso.

— Você 'tá querendo terminar comigo, é isto? – Ming quis muito rir, porém guardou toda a comédia da situação para si pois sabia que o namorado estava levando aquela ideia muito à sério naquele momento.

— Tudo bem. Amanhã eu passo aqui e recolho minhas coisas. – Ming disse, apenas, quando não obteve resposta alguma do rapaz a sua frente, sustentando uma pose cotidiana, sem remorso ou alguma tristeza aparente.

Não falou nada mais pelo simples fato de que não passaria. Na verdade, não precisaria passar. Sabia que o ruivo estava apreensivo, com ciúmes e chateado por sua escolha repentina de se tornar modelo, mas se arrependeria. E como prova da certeza que Ming teve, na noite seguinte os dois tiveram o maior sexo de reconciliação do namoro inteiro e agora, um ano e meio depois, encontravam-se na cama de Kit, abraçados, com preguiça de levantarem, porém os receios de um relacionamento estável ainda o perturbavam, juntamente ao sol canalha que adentrava o quarto pela fresta da janela alta do apartamento. 

— Ming eu preciso ir trabalhar, hoje tem plantão.

Derrotado e sem escolhas, Ming apenas desfrouxou o aperto forte ao redor da cintura de Kit e sentou-se na cama.

— Amanhã pela manhã já é a minha viagem 'pra a Malásia. P'Jennie quer que eu faça umas fotos antecipadamente 'pra um comercial... Será que você não poderia trocar com ninguém, o seu plantão? Eu sei que também há pacientes fixos que apenas você cuida, mas... – Ming parecia se sentir culpado ao contar aquilo. Suas profissões não os permitiam ser os namorados grudentos que eram quando sua história começou.

Desde que Kit começara a atuar efetivamente como um médico recém-formado e dedicado, e Ming a modelar para algumas marcas mais famosas, seu relacionamento também começara a regredir. Mesmo havendo muitas propagandas de carga horária ridiculamente extensa e pacientes exigentes demais para uma simples dor de barriga aqui e ali, conseguiam manter sua privacidade segura e sentimentos sólidos. Agora, nada mais era assim.

O mais novo morria de medo de perder o único homem que amou com todas as forças na vida e nem conseguia mais segurar a pré-frustação ao ouvir a resposta seguinte:

— Beam já me fez muitos favores, não quero abusar da boa vontade daquele safado.

Na verdade, se prometesse mais uns encontros com Forth (o ex-colega de turma gostosão de Ming) para ele, aceitaria na hora a chantagem, mas a realidade era que Kit estava fatigado de sempre dar o braço a torcer. Como foi mencionado anteriormente, ele voltou atrás em sua decisão de terminar o relacionamento tão longo que tiveram enquanto estavam na universidade, só que esse era o problema: não conseguia dizer não para seu menino. 

Porém, desta vez estava decidido a lutar pelo seu esquecido (quase morto) orgulho no fundo do seu coração.

— Entendo. – Triste, Ming aproximou suas mãos de Kit e num toque singelo afagou sua nuca e dirigiu-se ao banheiro, para tomar um bom banho, trocar de roupa e começar mais um dia enquanto deixava o parceiro, triste, para trás.

Ming não era mais o rapaz alegre e estonteante de sempre e Kit não sabia se isso se devia à maturidade adquirida com o tempo ou com o iceberg que havia caído sobre suas cabeças. 

Queria poder voltar no tempo e beijar com mais vontade (e vezes) o homem com a alma vívida e irritante de antes.

— P', onde 'tá a minha máscara coreana? Procurei pelo banheiro todo, mas não achei.

— Joguei fora.

Silêncio.

Kit já esperava os gritos e esperneio para depois, rindo, dizer que somente havia guardado na gaveta do armário do banheiro embaixo das toalhas, porém de novo: silêncio.

Ming saiu do quarto voltando ao banheiro de cabeça baixa e aquela foi a cena mais triste de todas.

Kit acreditava, ali, que estava tudo fadado ao fracasso e não via mais outra alternativa senão terminar com Ming.

☆ 

— O.K., você sabe que eu não seria tão insensível assim. Eu teria aceitado numa boa se você ao menos tivesse me comunicado com antecedência.

Kit olhou para o companheiro de ala, emburrado.

— 'Tá, eu preferiria mesmo se me oferecesse um encontro com o good hands, porém ainda sim eu teria aceitado – disse Beam, quase com pena. – A gente é amigo antes de ser médico, Kit. Você não precisa ter medo de me pedir as coisas. Ainda mais uma como essa. Sexo de despedida é muito importante, sabia?

Kit ficou completamente vermelho com a declaração do amigo por dois motivos: 1) good hands foi um apelido MUITO (sim, em letras maiúsculas, por favor) tosco que Beam deu para Forth quando os quatro foram à Bambu Island (uma das praias mais bonitas de Koh Phi Phi), em uma excursão e Forth fez uma massagem um tanto... excitante em Beam. Depois de contá-lo sobre o episódio o apelido nunca mais parou de ser usado; e 2) Beam não conseguia ficar uma horinha que fosse sem mencionar a palavra sexo perto de si e isso era constrangedor demais para alguém que só o aceitou fazer depois de alguns meses de namoro.

Mesmo com vontade de enfiar a cara no buraco mais próximo e sumir, ignorou as extremidades do amigo e prosseguiu com o desabafo:

— Eu não tive medo de te pedir para cobrir meu plantão. É que meus planos são outros agora, entende? Não é uma despedida só por causa da viagem. Mas não quero parecer um desesperado então não jogarei a bomba antes de ele viajar.

— Não. Não. Não. Não. – Beam negava incessantemente após entender do que os "outros planos" do amigo significavam. – Eu não vou cobrir o plantão do bonito pra ele ousar terminar com meu neném. Nem a pau.

Kit semicerrou os olhos em confusão, desgosto e impaciência.

— Quando foi que o meu namorado virou o seu neném? Que porra de intimidade é essa?

Beam riu com vontade, até jogou a cabeça para trás e teve de segurar na mesa para não cair.

— Você nem o chama pelo nome quando o menciona para outras pessoas, só diz "meu namorado" como esse fosse o verdadeiro nome dele. Sinto muito te dizer, mas terminar com Ming 'tá fora de cogitação no seu mundo. Se ele espirrar você já 'tá prescrevendo uma receita e recomendando repouso, o que fará se souber o quão triste ficará após o rompimento?

— Ele vai se virar bem com a carreira que quis seguir, não acha? Vive posando para revistas famosas e dando autógrafos 'pra minha vizinha chata. De falta de atenção ele não morre.

O moreno de dentinhos alinhados e sorriso de bebê segurou a postura firme e atenciosa.

— Eu não acho isso. Eu acho que você 'tá se precipitando demais. Já parou 'pra pensar que ele pode estar morrendo de saudades de você? O Ming é sensível, Kit. Ama seu jeito bruto e meio frio, porém talvez esteja retraído demais 'pra contar isso porque tem medo da sua reação. 

Kit pensou. Pensou mesmo.

Após deixar o papo conselheiro de lado e soltar um suspiro cansado, Beam prosseguiu: – E respondendo a sua pergunta, ele nunca foi meu neném. Isso foi só 'pra você ver como é louco por aquele menino. Pensa bem Kit. Vou te quebrar esse galho e estar aqui se precisar chorar.

E dito isto, saiu para a ala de emergência cuidar do plantão alheio deixando um ruivo muito confuso sentado na mesa do refeitório, pensando nas alternativas possíveis: 

 

1- Seria direto e terminaria com ele e o faria sofrer, sim. Mas também sofreria com a perda e com a ausência, não levando mais do que três dias para se arrepender e voltar com ele.

2- O chamaria para uma conversa séria, tentaria ser o mais carinhoso possível ao dizer que tudo acabou, mas se sentiria culpado e desistiria da ideia.

3- Seria adulto o suficiente para encarar os fatos.

Todas as ideias eram possivelmente relevantes e tinham uma chance enorme de acontecer e nem precisariam ser necessariamente na ordem descrita. Tanto que naquele momento a terceira opção gritou mais alto e foi o que fez quando ligou 'pra Ming e selou o compromisso às sete. A voz baixa – nenhum pouco característica a seu jeito – transbordou tanta tristeza através da ligação que Kit começou a sentir a segunda opção começar a se fazer presente (e não estava gostando nada disso). Precisava recuperar, um pouco que fosse, o seu orgulho. Precisava ser insistente, mas não em tentar fazer seu namoro dar certo, e sim, em fazer o que sua autoestima e autopreservação tão negligenciados, pediam.

Desceu às pressas em direção ao estacionamento e procurou pelas chaves no fundo da bolsa gasta enquanto caminhava até seu carro. Assim que a encontrou, entrou mais apressado ainda e sentou-se sobre o banco macio de couro.

— Mas que merda eu vou fazer? – Questionou a si próprio sentindo as mãos suarem e tremerem em um ritmo frenético.

O nervosismo que o abateu quando girou a chave no carro, fez seu intestino se revirar por completo. Com todos os malabarismos que tinha direito, sem dó. Sentiu uma vontade imensa de vomitar, por isso abriu a porta do carro e pôs os pés pra fora apoiando os cotovelos nos joelhos e inclinando a cabeça para frente, sentindo o bolo alimentar próximo a sua garganta queimar.

— P' Kit?

Assustado com a chamada repentina Kit subiu o rosto até alcançar a do mais novo.

— N' Kongpob? O que 'tá fazendo aqui?

— P' Arthit passou mal de novo, tive de trazê-lo arrastado porque é muito cabeça dura. – Apontando para trás, indicou o namorado encostado na porta dianteira do carro que fora estacionado próximo ao ruivo e sequer foi percebido.

Kit sorriu, mas logo o café da manhã quis voltar e ele fez uma careta empurrando o conteúdo de volta para dentro. Não queria traumatizar o Nong.

— Você não 'tá bem. Vamos entrar, eu te ajudo – disse estendendo as mãos para frente.

Arthit olhava de longe, com o ciúme um pouco estampado na cara quando Kongpob passou um dos braços do médico ao redor de seus ombros e o levantou, porém tornando-se preocupado ao notar o homem sendo carregado.

— P', você pode ajudar chamando o elevador?

Arthit se compadeceu vendo que o ruivo estava de fato debilitado. E era muito estranho ver um médico em sua pior forma em frente a seus pacientes.

— Vimos o P' Ming em um outdoor enquanto passávamos hoje pela ponte. – disse para disfarçar o clima silencioso instaurado dentro do elevador.

— Meu namorado é lindo. Nenhuma lente resiste – tentando soar descontraído como sempre, quando os recebia em seu escritório, Kit sentiu mais uma vez o estômago revirar. A palavra "namorado" já estava o consumindo antes mesmo de não fazer mais parte de sua rotina.

Estava fraquejando e em todos os sentidos.

Tanto que acabou escorregando o corpo grande pela parede da caixa metálica e os dois visitantes se assustaram, aproximando-se.

— P' Kit!

— Kit! – A terceira voz ao redor chamou pelo amigo quando as portas automáticas se abriram e pôde reconhecê-lo.

Beam adentrou o elevador, apoiou as mãos ao redor da cintura do mais novo e saiu com ele para a sala de emergência alarmando os pacientes que aguardavam por suas consultas.

Após reparar que as duas figuras que o seguiam eram N' Kongpob e N'Arthit sorriu aliviado e carismático, pedindo que abrissem a porta do consultório.

— Meu Deus, Kit. Você é um teimoso. Sabia que não ia ficar nada bem. Já terminou tudo? – Perguntou num jato, checando novamente a pressão do amigo

— Eu nem saí do hospital ainda Beam.

— Ugh, aposto que nem comeu nada! Olha só, nove por sete. Sua pulsação também 'tá fraquíssima. – Constatou Beam após aproximar o polegar do pulso do mais novo.

— O encontramos no carro. Acho que ele 'tá com dor ou algo assim – disse Kongpob.

Beam levou sua atenção até a expressão pálida do amigo, mais uma vez.

— 'Tá sim. 'Tá com dor de cotovelo. E nem é de uma pessoa. Isso é ciúmes da vida social do namorado, não 'tá aguentando a pressão de ser um médico renomado e ter um sucesso menor que o dele.

— Dá 'pra calar a porra da boca se não for dizer algo que preste? Não é nada disso.

— Você 'tá sendo egoísta demais. Por acaso já tentou conversar com ele? Aposto que não. Ele deve estar sentindo sua falta, seu bundão.

— Olha, sem querer me intrometer, mas já me intrometendo... Eu fiquei louco quando o P' Arthit começou a trabalhar longe da Universidade. Cogitei a possibilidade de ser trocado umas mil vezes em um intervalo de um mês.

— À toa. Você sabe que não existiu nem existe essa possibilidade – disse Arthit quase sussurrado, tirando um sorriso de todos da sala.

Kit se atentou às palavras do mais novo dentre todos.

— É, eu sei disso agora, mas eu fiquei muito inseguro por estar longe, fora do nosso círculo de amizades. P' Arthit foi trabalhar em um lugar afastado e eu me senti muito feliz por sua nova vida, porém essa insegurança me calou e eu não conseguia expô-la porque queria uma iniciativa dele. Queria saber se era coisa da minha cabeça ou se ele ainda queria estar num relacionamento comigo tanto quanto eu queria estar com ele. A minha vontade era de me jogar pela janela toda vez que estava na varanda olhando para o pôr do sol, pensando no meu sol.

Arthit arregalou os olhos e sentiu as bochechas esquentaram muito. Virou-se para o namorado e estapeou seu ombro.

— Kongpob!

Beam achou a coisinha mais fofa do mundo e quis tanto que pudesse dizer essas coisas a Forth. Mesmo que seus encontros não tenham passado de casuais e limitados a um romance de momento.

Tão triste.

— Tentei imaginar minha vida sem ele e não consegui. Então suportei muita coisa: minha insegurança, meu ciúme, a frustração e a saudade. Tudo porque eu sabia que ficar sem ele – disse pausando apenas para entrelaçar seus dedos – não era uma opção.

Houve sorrisos (sinceros e constrangidos), admiração e até um pouquinho de inveja. 

Kit sorriu para o casal que ainda estava de pé constrangedoramente e respirou fundo, passando as mãos pelos cabelos, como se colocasse as ideias que haviam se espalhado pelo consultório ao ouvir a declaração de Kong, pra dentro da cabeça novamente e se levantou, decidido. 

Ainda possuía um sentimento ferrado de decisão dentro de si. O iria cumprir.

— Obrigado. Isso me ajudou muito. Muito mesmo.

— Onde você está indo? – Foi a vez de Beam perguntar, confuso.

— Encontrar o amor da minha vida.

☆ 

— Beam, você 'tá tremendo mais do que eu. Não 'tá ajudando, ô caralho.

— 'Tá bom, 'tá bom, desculpa. É que você mudou de ideia rápido demais e eu 'tô assustado. E atrasado também, não deveria ter saído no meu horário de almoço. Se alguém no hospital morrer a culpa é sua.

Kit fez uma careta confusa.

Beam podia ser um ótimo ator, mas nunca conseguiu disfarçar nada perto do amigo e isto era um pouco irritante. 

Festas surpresas? Beam entregou todas. Não interesse no good hands? O que mais demonstrou foi o contrário. Esconder algum segredo alheio? Nunca conseguiu. E isto estava quase se concretizando, só que Kit estava eufórico demais com a surpresa que faria ao namorado e não o percebeu tão nervoso quanto o normal.

O mais novo abriu a boca para dizer algo, porém foi interrompido pelo baque surdo da porta do carro abrindo e fechando tão rápido quanto seu cérebro pôde processar. Atarantado, saiu atrás do ruivo prédio acima e tentou diversas vezes o alertar sobre algo, mas Kit estava pensativo demais e seus pensamentos transbordavam por seus lábios em palavras desconexas. Algo como "será que ainda tem lubrificante no banheiro? Não, vou ser eficiente em usar a língua" saiu de sua boca e Beam deixou de ficar tão nervoso. Percebeu que as palavras de Kongpob vieram para o bem, mas não deixava de se sentir culpado pelo que fez.

— Kit, eu preciso que você me ouça um pouco agora.

— Depois. Eu preciso pegar umas coisas em casa antes de ir 'pra... Por que caralhos a minha porta 'tá aberta?

E então, o que Kit viu o fez gelar.

Ming estava de pé em frente a seu guarda-roupa retirando peças que pareciam muito ser suas. Pareciam não, eram. Uma mochila grande estava na cama, aberta. Seus dois tênis (os que usava para passeio com o namorado) estavam em cima de uma caixa de papelão e cada passo que o ruivo dava, quanto mais próximo ficava daquela cena, mais angustiante era.

Um filme incômodo com lembranças nítidas que não deveria em hipótese alguma estar passando por sua cabeça – só se levasse a fundo a ideia de terminar o relacionamento – preencheu seu cérebro. O coração começou a bater muito forte e as mãos a suarem como se toda a água de seu corpo estivesse jorrando por ali. Repreendeu o instinto de querer gritar alto e respirou fundo, mandando o choque de vê-lo retirando suas coisas do seu apartamento pela janela.

— Ming Kwan o que é isso? O que você 'tá fazendo?

— Eu 'tô me adiantando. Já sei que você quer terminar tudo. Não precisa fazer seu discurso egoísta 'pra cima de mim.

— Ming, 'tá tudo bem aqui? – Uma terceira voz soou pelo ambiente.

— O que esse tarado 'tá fazendo na minha casa? – Perguntou irritado olhando para Forth.

Nessa exata hora Beam sentiu um arrepio correr por sua espinha. Quis fugir, mas fugir muito. Quis se desmaterializar, na verdade. Estava fodido e sabia disso. Duplamente fodido porque assim que Kit soubesse o porquê de Ming estar ali retirando suas coisas, iria matá-lo e porque Forth estava extremamente sedutor com a camiseta de mangas longas dobradas até os cotovelos e os primeiros botões abertos.

Maldito gostoso!

— P' Beam me ligou e me contou sobre sua decisão. Decisão que você tomou sozinho aliás, não é? Ele pediu que conversássemos então chamei P' Forth para me ajudar com minhas coisas pois eu já entendi que você não me quer mais, não tem nada pra conversar. – Ming sentou-se sobre a cama e passou a mão direita pelos cabelos, puxando os fios do topete bem construído para trás, desmanchando-o num gesto frustrado. – Quando pretendia me contar? Quando eu fosse 'pra viagem ou, melhor, deixaria essa semana passar 'pra poder ficar com outras pessoas e ter certeza que esses seis anos não significaram nada 'pra você? Quantos pretendia comer pra me esquecer Kit? Quantos? Responda!

A esta altura Ming estava muito bravo. Sentia sua cabeça latejar por causa da raiva e as palavras saíam de sua boca sem conseguir controlá-las.

— Eu não preciso foder ninguém 'pra saber que o único cara com quem eu quero fazer amor é você.

As respirações se tornaram tensas, até mesmo a de Forth que apenas assistia a tudo sem se intrometer.

O coração é um órgão muito aproveitador. O dê autonomia sobre como se portar diante das pessoas que ama e veja o estrago que ele faz. Foi pensando assim que Ming chorou. Chorou porque aquelas palavras foram suficientes para o fazer correr para os braços de Kit e abraçá-lo com força.

— Mas que merda Ming! – o ruivo abraçou o namorado com força e tentou sustentar o peso de seu corpo grande por um tempo que julgou ser suficiente para sentir que estava tudo bem e que ele não renunciaria o afago. – Vocês dois – disse apontando simultaneamente para Beam e Forth – fora. Quero conversar com meu namorado em paz.

— Deixa eu só expl-

— Se você não sair do meu quarto agora eu te mando 'pra casa do caralho com um chute tão forte na bunda que nenhuma massagem do gostosão aí vai te fazer esquecer a dor. Quer pagar 'pra ver?

— Eu não achei que você...

— Beam, deixa que eles conversem aqui dentro e a gente lá fora, pode ser? – Forth sugeriu, já segurando um de seus cotovelos.

E pela primeira vez em anos ouvir seu nome sendo proferido de forma tão atenciosa junto à um pedido tão convidativo, nunca o deixou tão feliz. Quase o fez esquecer da culpa.

Depois de ver os dois saindo (com Forth apoiando sua mão esquerda na lombar de Beam), Kit  suspirou e aproximou seu corpo do de Ming, que estava sentado na cama, com uma expressão triste estampada no rosto.

— Me desculpe por não conversar com você sobre isso antes, Kat.

Ming sorriu ao ouvir o apelido que ele mesmo inventou para si e que o parceiro raramente usava. Então entendeu que naquele momento um pedido de desculpas realmente sincero estava sendo feito.

— Eu posso tentar fazer isso agora? – Ming balançou a cabeça em positivo e Kit continuou. – Eu sei que nada justifica a minha besteira, mas é que eu me sinto um fraco. Você tem crescido tanto no seu trabalho... Até N'Arthit e N'Kongpob te viram em um outdoor hoje, na saída da ponte. – Disse pegando nas mãos do namorado. – Eu não sei lidar com sua fama e por causa disso tenho tanto medo de te perder. Não é por causa do seu salário, por favor não me entenda mal. Jamais te trataria diferente por isso. A verdade é que eu tenho medo de você descobrir o mundo gigantesco que há fora daqui ou conhecer um cara mais paciente e menos ciumento que eu e me esquecer.

— Eu... Kit. – Negando, o mais velho balançou a cabeça, porém teve seu olhar erguido com a ajuda das mãos de Kit, que seguraram ambos os lados de seu rosto.

— Kat, fala. Eu preciso te ouvir.

Encorajado pelo carinho e cuidado daquele instante (que lhe foi negado por meses, diga-se de passagem) aceitou falar.

— Sei que você sabe essa história de cor e salteado, mas só me tornei a lua da Universidade por sua causa. No começo foi um desejo meu, porém quando me vi de quatro por você eu senti que não deveria só me ver, eu deveria estar literalmente.

Kit explodiu em uma gargalhada sincera. As bochechas ficaram vermelhas, contudo a graça da frase sem pudor foi maior e não o impediu de plantar um selinho generoso, com um sorriso quase aberto nos lábios do outro, que também sorria.

— Sempre fui muito apaixonado por você e nunca liguei 'pros seus chiliques até porque você sempre foi muito ciumento, mas senti isso se evidenciar muito quando fiz meu primeiro trabalho junto com outro modelo. – Só a menção fez Kit revirar os olhos – Eu sei, teve seus motivos porque P' New realmente deu em cima de mim, só que o problema não era mais o ciúme. Você ficou muito agressivo com a intensa rotina nova e com o estresse de ter que lidar com o meu e o seu trabalho. Então tive medo de te contar todas as vezes que ia fazer uma viagem ou uma propaganda pois sua reação era muito instável. Não queria causar nenhuma briga. E também – disse remexendo-se desconfortavelmente  – você nem percebeu como me afastei...

— Oh céus! Ming, não faz essa carinha triste, eu não resisto.

A vontade de Kit de se resolver no diálogo foi posta no lixo quando Ming fez um bico inconsciente.

O ruivo podia suportar muita coisa, muita coisa mesmo, menos ver o namorado sendo fofo. Isso era o ápice. O golpe de misericórdia. E foi pensando nisso que selou seus lábios nos dele. Um beijo saudoso, com vontade, porém suave. Contudo as mãos de Ming posicionaram-se com pressa nos ombros de Kit e seguraram com força o local ao se mover com agilidade para o colo do outro. As pernas uma de cada lado sustentavam o peso de seu corpo enquanto se projetava para frente num beijo voraz.

Kit não reclamou de maneira alguma pela forma como o beijo mudara de intenção. Estava com tanta saudade daquela sensação de preenchimento que pressionou ambos os braços ao redor da cintura do namorado e o trouxe mais pra baixo, causando um atrito caloroso e apertado entre suas pélvis.

— Me desculpe. Me desculpe não ter sido compreensivo. N' Kongpob me falou sobre uma coisa que me fez refletir muito: a ausência. E quando parei 'pra pensar, quase morri só de tentar imaginar porque não quero nunca mais ficar sem te ter no meu dia. Está há tanto tempo do meu lado que só agora que quase te perdi me dei conta de que você é meu ponto de equilíbrio. Kat, quero tentar ser o seu também a partir de agora, me ajuda nisso?

Ming sorriu, abertamente mais uma vez ao achar graça da situação.

— Você é meu caos, P'. Sem você me bagunçando ou ficando irritado por algo que eu faça que não seja do seu agrado, acho que eu morro de tédio.

Agora ambos sorriam com vontade.

E teriam voltado a se beijar se um estrondo (aka a porta principal batendo na parede e Beam e Forth caindo com tudo no chão) não os tivesse atrapalhado.

— P' Forth o botão da sua calça 'tá fora da casinha. – Avisou Ming, ainda grudado no pescoço do namorado, quando Forth desajeitadamente levantou-se.

Beam queria chorar de vergonha.

Se sentiu culpado por agarrar o homem a sua frente e causar uma queda desnecessária, mas toda a negatividade foi trocada por alegria quando contemplou a cena seguinte.

— Eu não acredito que o Ming 'tá no colo do Kit e eles estão se abraçando, meu Deus, vocês estão se abraçando! Ah! – E esquecendo-se tão rapidamente da vergonha de sua própria queda, pulou em cima dos dois amigos com empolgação, trazendo aos lábios de Forth um sorriso de admiração.

— O senhor tem muito a me explicar senhor Beam, não pense que vou te deixar fugir assim. – Disse Kit com os olhos semicerrados.

— Ai, dane-se. Agora vocês estão juntos, já posso morrer em paz.

E ninguém mais naquele quarto precisou dizer uma palavra sequer sobre o assunto para decretar que o amor estava novamente no ar. Bem clichê como deveria ser. Como o amor é.

Como MingKit é.


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Notas finais do capítulo

NÃO SURTA QUE MINGKIT NÃO MORRE!

ai eh isto galero. não tenho muito o que dizer, só peço que entendam o Kit e o Ming e sua insegurança sobre um relacionamento de SEIS ANOS. não é pouco tempo né?

ah! eu disse que faria um hot, mas cara shdsadhsa é muito difícil, mingkit é fofo demais não dá. :(

eu adoraria fazer esse forthbeam como um side, porém acho que pelo menos aqui no nyah! não há interesse então fica pra próxima!

até mais 2mooners!



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