Aquilo que arde no peito escrita por Yllime Belo


Capítulo 1
10.01.2019 - 21h09min


Notas iniciais do capítulo

Não leia.
Foi algo que fiz porque não estava bem.
E por vergonha de mostrar pra quem eu conheço como eu estou quebrada, postei aqui pra mostrar a alguém que eu também posso quebrar.
É o típico caso "pra não dizer que eu não tinha avisado".
Mas se ainda quer ler, pode ler.
Não faço muitas coisas boas, mas sei fazer drama como ninguém.



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Tenho sentido um incomodo.

Tenho mentido também.

Pra minha mãe.

Pra Cris.

Pros meus amigos.

Pra mim.

Eu parei de ir na psicóloga.

Também não marquei com o psiquiatra.

E eu pensei que estava bem, que não poderia voltar pro estado que estava antes.

Ainda não voltei.

Mas sabe a escuridão de antes?

Aquele vazio que só aumenta?

A necessidade de se jogar de um abismo de olhos fechados?

A dor..?

É estanho.

Disse pra mim mesma quando melhorei a uns meses atrás, que era ficar bem que eu queria.

Que era tudo que bastava.

Mas é confuso.

Mesmo nos meus melhores estados de humor, eu ainda sou a pessoa que se auto sabota.

Não era o meu transtorno que me impedia de ser aquilo que eu almejava.

Sempre foi eu,

Sempre é eu.

Sempre será eu.

Eu não tenho me sentido confortável.

Meio que desisti de me senti bem. Isso é um privilégio que poucas pessoas tem.

Então resolvi escolher uma coisa mais real.

Conforto.

Mas nem isso dá mais pra mim.

É preocupante porque parece que nem as metas mais simples eu estou alcançando.

Isso dói.

Eu não sei se pra mudar isso eu tenho que mudar drasticamente minha vida.

Acho que sim.

Acho que não.

Porque eu não quero largar a faculdade, meu curso de coreano, meus amigos, até essa família.

Porque eu não sei se quero voltar sem nada pra minha cidade, pra casa das minhas mães e admitir derrota.

Porque eu não sei deixar de sonhar com todas as coias que eu queria que acontecessem comigo, mas que nunca vão acontecer.

Na verdade, é mais porque eu não sei tomar uma decisão por mim.

Eu tenho tantas escolhas e oportunidades e vidas que é complicado pra mim escolher só uma.

Não se irrite comigo por estar "reclamando de barriga cheia".

Minha comida preferida é arroz, feijão e ovo frito.

Eu queria ter uma vida grandiosa digna de filme, mas eu não me deixo ser alguém.

E não vou agir como vítima, até poderia, mas eu tive chances, oportunidades e incetivos o suficiente pra poder dizer que tudo foi mérito meu.

Eu poderia ter sido grandiosa.

Eu poderia ter tudo que eu sempre quis.

Eu poderia ter sido a pessoa mais admirável do mundo.

Mas tudo se complicou porque era eu.

E eu não sei me ajudar.

Eu só sei deixar tudo pra última hora e depois chorar como se já tivesse me esforçado muito e por erro do destino tivesse me lascado.

Eu só sei errar e fazer drama por isso. E repetir isso vez após vez.

Eu não sei mudar e começar a agir por mim ou por qualquer uma das pessoas que eu digo amar.

Quem sabe eu não ame.

Quem sabe eu só digo amá-los porque não seria natural alguém que não ama simplesmente ninguém.

Mas se eu amasse mesmo minhas mães, meu avô, meus irmãos, eu tentaria meu melhor.

Eu lutaria dia após dia, só dormiria depois de ter conquistado tudo que programei no meu dia.

Mas eu só empurro com a bariga e espero tudo cair do céu ou me ferrar, pra depois reclamar, independente do resultado.

Isso é tão cansativo.

Eu queria ser alguém livre disso.

Queria ter me livrado e me melhorado.

Mas como sou eu, não tem como ter outro resultado.


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Notas finais do capítulo

Só pra quem se dispôs a perder tempo aqui não ficar confuso:

??” Cris é uma mulher que moro na casa dela, desde que vim pra essa cidade. Ela tem quase a idade da minha mãe e é uma pessoa maravilhosa. Eu tenho ela quase na conta de uma mãe.