sobre balançar em cipós e deveres escrita por Ana Banana


Capítulo 1
único


Notas iniciais do capítulo

Meu amor por filmes da Disney não conhece limites e o ter tirado Tarzan no sorteio pra reescrever um 'conto de fadas' me deixou muito feliz

Por enquanto, eu só ofereço esse conto, se é que ele pode ser chamado disso

Aproveitem!!!



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Jane Porter tinha 5 anos quando sua mãe deixou ela e seu pai para fugir com um rico coronel. É um escândalo e rumores se alastram pela alta sociedade londrina como palha e fogo. As amigas de Jane são proibidas de falar com ela, por medo que a garota fosse um mau exemplo. Quatro meses depois, Jane e seu pai se mudam para uma cidadezinha ao norte onde o sobrenome Porter não significa nada e quando é questionada sobre a matriarca, Jane mentia e dizia que ela tinha falecido em decorrência de uma terrível febre que tinha contraído em uma viagem para a França. A ideia parecia mais romântica do que ter que admitir que ela fora abandonada; deixada para trás sem explicações ou um pedido de desculpas.

Jane Porter tinha 11 anos quando se apaixonou por literatura, ciência e artes. As vantagens de crescer com um professor como pai, ela imagina, mas talvez a gigante biblioteca em sua escola também tivesse contribuído.  A principio, Jane começa a ler apenas como um modo de se aproximar de seu pai; o professor Porter raramente falava sobre algo que não fosse suas pesquisas  - muitas pessoas se perguntavam se ele sequer conseguiria ou se já estava louco demais para isso – e Jane era jovem e desesperada por atenção e carinho. Mas logo ela se encontra querendo descobrir mais e mais, devorando qualquer livro que consegue encontrar. Suas amigas a chamavam de excêntrica e soltavam risinhos envergonhados, dizendo que não precisariam saber fatos científicos ou terem lido livros de antropologia quando estiverem casadas.  Jane ri e concorda, mas continua  ler seus livros quando todas estavam dormindo sob a luz das lamparinas.

Aos 17 anos, ela consegue argumentar com o melhor dos professores e discutir sobre a nova moda dos vestidos sem vacilar. Jane Porter era linda e tinha uma mente rápida e uma língua feroz que fascinava todos os meninos com quem ela se encontrava. Em seu último ano de faculdade,  Jane recebe seis propostas de casamento, as quais elas delicadamente recusa. Ela não tinha tempo para romances quando havia um mundo inteiro a ser explorado e infinitas coisas para serem descobertas.

Jane Porter tem 21 anos, recém-saída da faculdade, quando seu pai a leva para a África em uma de suas expedições para estudar gorilas. Ela praticamente vibra de excitação a viagem de navio inteiro e teria gritado de animação e dado pulinhos se não considerasse a ação muito indecorosa para uma jovem dama. Quando ela pisa na areia da praia, é com os olhos brilhando  e o coração batendo forte que Jane observa as altas árvores e escuta os pássaros cantarem. Ela nunca tinha visto tanto verde, nem mesmo nas fazendas de Londres.

“Oh, papai” ela sussurra, maravilhada “É tão lindo”

“São apenas árvores” diz Clayton, o caçador que o Professor tinha insistido em contratar. Jane, particularmente, o odiava, mas havia pouco que ela pudesse fazer quanto a isso. Seu pai é muitas coisas, mas corajoso não é uma delas. Eles ficam no acampamento por uma semana, arrumando os equipamentos e analisando as informações, e no oitavo dia Jane está prestes a pegar a maldita arma de Clayton e bater na cabeça dele até que o homem calasse a boca. Ela sai para andar ao invés disso, porque seria de mau tom Jane ter uma síncope e ela sentia que estava bem perto disso. E então, é claro, quando ela já tinha tirado a tensão dos ombros, um pequeno macaco aparece.  Jane, naturalmente, fica encantada e senta-se para desenha-lo. Ela  mostra o rascunho para o macaquinho e ele parece satisfeito com o seu retrato, o que deixa Jane extasiada. Sim, é estúpido que ela ficasse animada com a aprovação de um primata, mas Jane não era particularmente orgulhosa e se agarraria a qualquer aceitação que pudesse encontrar. Mas o macaco, aquele pequeno e maldito macaco, pega seu caderno – aquele que tinha anos de anotações e desenhos – e começa a correr, arrancando as páginas alegremente. Jane empalidece de raiva e vai atrás dele. O que acontece em seguida é um borrão, e mesmo se Jane se lembrasse dos detalhes, ninguém acreditaria nela: de algum jeito, Jane Porter se encontra em uma árvore com um homem pelado que fala com macacos. É inacreditável, ridículo e ... e fascinante. O homem obviamente não sabe nada sobre costumes humanos e age como um verdadeiro gorila. Os dedos de Jane formigam para desenha-lo, mas seu caderno estava destruído e seu lápis, perdido entre as folhas. Ela se contenta em fazer as mais variadas perguntas.

“Você...não entende uma palavra do que eu digo” Jane percebe, quando tudo o que ele faz é encara-la “Fascinante” ela repete, extasiada. Um homem-gorila. Quais eram as chances que sua primeira pesquisa fosse sobre algo tão incrível?

“Tarzan” ele diz e aponta para ele mesmo

“Eu sou Jane” diz, apontando para o próprio peito, porque Jane não é nada se não educada e se apresentar parece a coisa certa a se fazer

“Jane” o homem repete

“Sim, sim, eu sou Jane”  ela grita, sendo tomada pela familiar animação de uma nova descoberta. Ela limpa a garganta, subitamente bastante consciente de que ela está sozinha em uma floresta deserta com um homem, e cora dos pés a cabeça “Eu, ahm... meu pai... eu deveria ir”

“Ir” diz o homem.

Jane corre de volta para o acampamento sem um sapato e faltando uma luva, corada de animação, e conta uma história incrível sobre macacos e cipós e homens-gorilas que fazem todos acreditar que talvez o calor finalmente tivesse a deixado histérica. Seu pai escuta a história com interesse e quase desmaia de emoção

“Isso é inédito” ele diz a Jane, pulando como uma criança, e alcança um caderno e seu ridículo chapéu para sair em procura do homem-gorila. Os homens com eles zombam dos Porters quando acham que eles não estão prestando atenção, chamam-nos de loucos, mas Jane levanta o queixo e continua sua procura. Ela já havia ouvido sussurros parecidos antes e nenhum deles havia feito ela parar; brutos como esses estavam bem abaixo de sua consideração. Mesmo assim, é com grande satisfação que Jane vê seus queixos caírem quando eles finalmente encontram Tarzan e é com uma satisfação maior ainda que ela lhes lança um sorriso convencido. Tarzan se torna uma figura comum no acampamento a partir de então, acompanhando Jane enquanto ela desenhava e tocando em todos os equipamentos que eles tinham trazido de Londres com uma curiosidade infantil. O Professor Porter podia ser um cientista, mas Jane é uma antropóloga antes de tudo e Tarzan a fascinava de um jeito que poucas outras coisas conseguiam. Ele a leva para conhecer gorilas, e fala com eles como se esse fosse seu dialeto natural. Ele a leva em tours pela floresta, balançando em cipós como se estivesse voando. Ele a leva para a ponta de um penhasco e mostra um mundo que Jane nunca pensou que poderia conhecer. Ela se encontra se apaixonando toda vez que ele sorri e diz para si mesma que o seu coração acelerado é apenas por conta do estudo e não porque Tarzan olha para ela como se ela fosse a coisa mais fascinante do mundo. Ela está mentindo para si mesma e sabe disso, mas não faz nenhum esforço para se reprimir.  Jane Porter estava a milhões de léguas de distancia e no meio de uma selva na África, cercada de árvores, um calor sufocante e um homem que a ama, ela pode fingir que ser só Jane é o suficiente.  Ela quer ficar, construir uma vida aqui e jogar todas as suas responsabilidades pelo ar.
Mas mesmo só Jane entende de escândalos, e ela sabe que deve voltar para casa, se apaixonar por um homem rico, casar e ter filhos. Ela entende de deveres, e sabe quais são os seus.
Jane Porter tem 22 anos quando entra em um navio destinado a Londres e deixa de lado sonhos estúpidos e o homem por quem ela se apaixonou perdidamente e não olha para trás.


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Notas finais do capítulo

será que algum dia eu vou parar de agradecer a Lucia pelas ideias?

provavelmente não


se você não nada específico pra dizer uma estrelinha ou um emoji aleatório me faria muito muito feliz

se você chegou até aqui para começo de conversa, eu só tenho que dizer obrigada



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