Amor, em primeira pessoa escrita por Anaruaa


Capítulo 4
Namoro




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Eu estou divorciado há alguns anos. Fiquei casado por 2 anos e não me arrependo. De verdade. Mas me separar foi a melhor coisa que eu fiz na minha vida. Ser livre para fazer o que quero quando quero, sem ter que me explicar ou pedir autorização, ou mentir, é maravilhoso.

Não fui um bom marido. Eu trai minha esposa muitas vezes. E quando descobri que ela fazia o mesmo, percebi que a culpa era minha. O amor que nos fez ficar juntos era unilateral, e isto nunca é suficiente.

Mas eu sou capaz de amar sim.

Eu amei a Isabel.

Eu ainda a amo.

A época em que namoramos foi a melhor parte da minha vida. Tudo com ela era novo e maravilhoso. E mesmo depois que terminamos, por muito tempo eu fui feliz, porque ela estava comigo.

Nós começamos a namorar pouco depois de ela e Daniel terminarem. Isabel me mandou uma mensagem quando aconteceu e disse que estava muito triste. Eu fiquei muito confuso, não gostava de saber que ela estava triste, mas estava ansioso por uma chance de ser aquele que ia curar sua tristeza. Eu a chamei para sair, me ofereci para ser seu ombro amigo, mas ela recusou, disse que ia ficar bem e que ia viajar com a família e ficar o mês fora.

Não nós vimos por um tempo.

Um dia, eu estava almoçando no restaurante do campus quando eu a vi entrar. Acenei pra ela, que veio se sentar ao meu lado. Nós conversamos enquanto comíamos e eu percebi o quanto estava com saudades dela.

— Você não quis estudar com a gente esse semestre?

— Esse semestre está puxado. Matéria difíceis no meu curso e eu comecei um estágio.

—Que bom pra você. Tem aula hoje a tarde?

—Tenho, por quê?

— Eu ia te chamar pra fazer alguma coisa. Sinto sua falta!

Eu sorri, animado por ela querer passar tempo comigo. Mas eu realmente não podia perder a aula naquele dia.

— Eu tenho uma hora antes da aula. A gente pode sentar na sua graminha pra conversar mais um pouco.

Ela sorriu.

— Ótimo!

Nós dois nos sentamos na graminha. Isabel cruzou as pernas e colocou os braços para trás, esticando o corpo. Ela jogou a cabeça para trás e suspirou. A luz do sol que atravessava a árvore, tocava seu rosto fazendo-a brilhar. Lindíssima. Ela ficou ali, de olhos fechados, por um minuto, enquanto eu a contemplava em silêncio. Quando voltou o rosto em minha direção, ela sorria. Seu sorriso largo e luminoso fez meu coração se acelerar. Então ela parou de sorrir, parecia preocupada. Ela inclinou-se para a frente e segurou a minha mão, encarando-me. Ela estava muito perto e seu cheiro invadiu minhas narinas. Eu não conseguia pensar direito. Ela olhou nos meus olhos e aproximou seu rosto do meu, calmamente. Eu toquei seus lábios com os meus levemente, então nós nos beijamos.

A vida toda, sempre que eu beijei uma mulher, eu sentia meu corpo responder ao meu desejo. Era sempre intenso e sensual. Era assim quando jovem e ainda é assim. Exceto com Isabel.

A gente se beijou lentamente, docemente e por um longo tempo. Aquilo parecia perfeito, a boca dela parecia ter sido desenhada para a minha. O beijo dela era grande, apesar de sua boca pequena. Grande porque envolvia e dava vontade de não parar nunca. Meu corpo e minha alma, naquele momento eram completamente leves. Não havia sensualidade, eu nunca tinha me sentido daquele jeito, leve, suave, satisfeito por apenas beijá-la.

Quando nossos lábios se separaram, nós apenas nos olhamos, contemplando um ao outro. Eu estava feliz e ela também parecia estar. Eu toquei o rosto dela, sentindo sua pele macia. Ela sorriu para mim, depois me abraçou, encostando a cabeça no meu peito. Eu acariciei seus cabelos macios e ela suspirou, então falou baixinho:

— Eu gosto de você Carlos.

Eu sorri, feliz como nunca:

—Também gosto de você Isabel.

 


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