O garoto que mentia escrita por DocPoring


Capítulo 1
O garoto que mentia


Notas iniciais do capítulo

Bem, é minha primeira história que eu posto aqui, espero que vocês gostem kkk



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Era a terceira vez que Caio contava a mesma história naquele dia, mas ninguém acreditava nele.

—Caio, conta para a galera aquele sonho que você teve ontem – debochou um de seus amigos.

—Eu tô falando galera, não foi um sonho! – rispidamente respondeu Caio.

—Até parece que gnomos invadiram sua casa ontem.

—Não eram gnomos, eram xargous! E é verdade! – suplicou Caio.

A conversa se desenrolou mais alguns minutos com seu amigo fazendo piadas sobre a história de Caio e os outros rindo do garoto. Ninguém acreditava nele, sem mesmo seus pais, mas Caio sabia que o que acontecera foi real, pelo menos era o que ele achava.

. . .

Era de madrugada quando Caio escutou barulhos estranhos em seu quarto. Eram sons de pessoas reclamando, sussurrando como se não quisessem ser percebidos pelo garoto. Ainda bêbado de sono, Caio se revirou na cama fingindo dormir para poder ouvir a conversa que o acordara.

—... a criatura pode acordar em qualquer momento, a gente precisa sair daqui. – disse uma voz grave.

—Mas não temos a menor noção do caminho para casa xargou-chefe. –respondeu uma voz mais jovem.

Caio não sabia se havia entendido direito quando escutou a última voz.

—Mas se sairmos desse lugar, o xargou-cão gigante vai devorar a gente! – uma voz feminina doce gritou desesperada.

—Silêncio xargou-Vanessa! – repreendeu a voz grave.

Completamente confuso com toda a conversa, Caio resolveu se levantar para ver o que estava acontecendo. Diversos gritos apavorados ecoaram pelo seu quarto enquanto a criança se levantava.

Andando ao seu lado na cama, Caio viu umas três sombras pequenas correndo como se estivessem fugindo dele. O garoto esfregou seus olhos, aquilo não era possível, eram três pessoas do tamanho de sua mão gritando e fugindo de medo.

Um deles vestia malhas de couro e tinha um cinto cheio de ferramentas em sua cintura, seu rosto pequeno era preenchido por uma barba grisalha e vestia um chapéu com uma lanterna no topo da cabeça. Sua pele morena, queimada pelo sol estava cheia de cicatrizes e calos, e seus olhinhos eram castanhos como terra. Caio deduziu que ele fosse o chefe.

A garota vestia uma cota de malha e carregava uma espada grande demais para o corpinho dela. Tinha um cabelo castanho ondulado curto e olhos negros como a sombra. Sua pele também queimada de sol tinha ainda mais cicatrizes que o pequeno velho. Caio deduziu que ela deveria ser xargou-Vanessa.

Por fim, o menor do grupo, o que mais aparentava estar desesperado, um garoto pequenino. Ele vestia uma túnica bege amarrada por uma corda na cintura. Carregava também um livro de baixo dos braços, um pacote amarrado na corda e um pequeno espeto na mão esquerda. Sua pele era branca sem queimadura, e lisa sem cicatrizes. Tinha um cabelo preto bagunçado, e óculos redondos cobriam seus olhos verdes.

Caio olhou para as três criaturinhas correndo em círculos, ele não entendia o que estava acontecendo. De repente, a pequena moça parou e começou a correr em direção a Caio, ela sacou a enorme espada como se estivesse preparando para atacar e pulou em cima do garoto. Com raiva nos olhos a menina cravou a gigante espada na barriga de Caio, enquanto aquele que acabara de acordar apenas olhava a cena sem saber o que fazer. Apenas uma coceirinha foi o que o garoto sentiu. Uma coceirinha que nem chegou a incomoda-lo. Na verdade, Caio nem sabe se ele realmente sentiu o golpe de espada.  

Sem saber o que fazer, o menino pegou a pequena guerreira como se ela fosse um brinquedo. A mulher se debatia desesperada entre os dedos de Caio enquanto batia inutilmente a espada naquele que a sequestrara. Diante de tudo o que havia acontecido, o velho correu para frente do gigante e diferentemente de sua companheira, o velho se ajoelhou.

—Por favor, ó golias que acordamos de seu eterno sono, nós somos apenas xargou-exploradores, não desejamos fazer mal algum a você. Perdoe o comportamento agressivo de nossa xargou-espadachim, ela estava apenas tentando nos proteger. – gritou em desespero o velho, sem ter coragem de olhar nos olhos do garoto. O pequeno medroso se escondia atrás do velho achando que Caio não o veria.

—Xar o que? – perguntou Caio.

—Xargou-exploradores, estamos procurando por recursos para levarmos para nossa xargou-cidade.

—O que é um xargou? – disse Caio curioso. Afinal ele achava que estava apenas delirando de sono quando ouvia os homenzinhos falando “xargou”, mas parece que aquilo era realmente alguma coisa.

—Perdão golias, vossa criatura mal dever saber da existência de seres tão insignificantes para algo como você. Somos xargous, homens da caverna, nossa raça não é tão distante dos gendous, os gloriosos homens da floresta. Nós três formamos um dos diversos xargou-grupos de exploração. Afinal nem tudo pode se encontrar nas cavernas. – explicou o velho ainda ajoelhado na cama do garoto.

Aquilo tudo parecia ser tudo um sonho para Caio. Ele não entendia nada que o velho lhe dizia. Era xargou isso, gendous aquilo, Caio estava perdido. Ele só conseguiu dizer ao velho:

—Desculpa, mas não sei quem são os gendous também.

Quando as palavras saíram de sua boca, o homenzinho que usava óculos deu alguns passos para trás até cair no chão. Ele tremia como se Caio tivesse dito algo extremamente ameaçador. Sua boca abria e fechava tremendo como se estivesse tentando falar algo, mas a única coisa que Caio conseguiu entender foi: “...ele não conhece os gendous, como isso é possível!...”. Desesperado, não querendo que os homenzinhos sentissem medo dele, Caio disse:

 -Calma, eu não vou machucar vocês.

—NÃO É O QUE PARECE!  - gritou uma voz feminina.

Foi só então que o garoto percebeu que ainda segurava a espadachim em suas mãos. Rapidamente Caio a colocou ao lado do velho enquanto só conseguia soltar palavras pedindo desculpas.

As pequenas pessoas se reuniram e se afastaram um pouco de Caio. Eles estavam extremamente horrorizados com tudo o que estava acontecendo, enquanto Caio se desesperava cada vez mais. Caio não era mal, ele não queria machucar as pessoinhas. Mas por algum motivo elas estavam com medo dele, e isso estava deixando Caio nervoso. Ele queria chorar.

Seus olhos se encheram de lágrimas. Os homenzinhos começaram a se entreolhar com olhares que eram um amalgama de terror e confusão. Para eles não fazia sentido o gigante chorar, o que faria sentido é ele gritar e esmagar eles com as mãos gigantes e devora-los. Mas por algum motivo o gigante ia chorar.

—O-o que está acontecendo com o golias? – sussurrou o homem que usava óculos.

—E-eu não sei. – respondeu o velho.

Caio esfregou os olhos secando as lágrimas formadas. Os olhares assustados dos três estavam assustando o garoto.

—Ó golias, ficamos extremamente gratos pela sua piedade em não nos devorar. – disse o velho se dirigindo ao gigante.

—Devorar? Eu jamais faria isso! Eu só gosto de comer pizza, apesar de às vezes comer as verduras que a mamãe manda. Mas comer gente, isso é errado demais!

—Então a vossa criatura não devora xargous? – perguntou o homenzinho de óculos, parecendo mais aliviado.

—Não! – insistiu Caio.

Os pequeninos se entreolharam novamente. Dessa vez aliviados e confusos. Eles cresceram aprendendo que gigantes devoravam os xargous sem piedade. Então se deparar com um golias enorme e sair vivo, aquilo para eles soava como um milagre.

—Vocês estão em buscas de recursos? Se vocês quiserem posso dar uns pedaços de bolo que a mamãe fez para vocês. – perguntou Caio, agora mais calmo.

—O que é esse negócio que a criatura chama de "bolo"? – perguntou a espadachim se direcionando para a criatura de óculos.

O pequeno homem pegou o livro e começou a folhar procurando em suas anotações buscando em vão o significado de “bolo”. Depois de tanto procurar ele finalmente disse cabisbaixo:

—Eu não encontrei nada parecido nas minhas anotações.

—É uma massa feita de trigo, ovo e chocolate. É muito gostoso. - disse Caio olhando para o homenzinho triste. Ele rapidamente tirou um lápis da bolsa e anotou o que o gigante havia dito.

—Então é uma espécie de alimento? – perguntou o velho.

—Não. Bolo é doce, e não alimento. – respondeu Caio.

—Doce... – repetiu baixinho o pequeno homem de óculos.

O velho se aproximou do gigante, para que pudessem conversar melhor e disse:

—Bem, estamos na verdade em busca de matéria-prima para os xargou-criadores construírem xargou-ferramentas. Nossa equipe de exploração é responsável por procurar xargou-pano, mas é algo extremamente raro. Faz xargou-anos que não encontramos um pouco de xargou-pano, e sempre voltamos de xargou-mãos vazias para nossa xargou-cidade.

—Vocês só querem pano? – perguntou Caio.

—Creio que não ó golias, não estamos em busca do vosso “pano”. Queremos na verdade xargou-pano.

—Eu tenho umas roupas velhas, isso ajuda?

Os três se encararam novamente. Caio percebendo que eles não entenderam resolveu tomar a iniciativa. Ele se levantou da cama, os homenzinhos o olharam assustados. Ele caminhou até seu armário e começou a procurar por roupas velhas.

As pessoinhas formaram um circulo para conversar enquanto o gigante estava de costas para eles.

—O que é “roupa velha”? – perguntou a mulher.

—E-e-eu não sei, eu não sei quase nada sobre o gigante fala... – choramingou o homem de óculos.

A espadachim cerrou os punhos e mordeu os lábios.

—É uma armadilha, ele está pegando alguma arma para nos atacar e nos devorar!

—Xargou-Vanessa, se ele quisesse nos devorar ele já teria feito. Você viu como ele facilmente te derrotou. – ela abaixou a cabeça irritada. -Só nos resta depender da bondade dessa criatura. – concluiu o velho.

Os três voltaram a observar o gigante.

Caio encontrou algumas camisas sem graças que ele usava quando era mais novo, como ele gostava daquilo, ele se perguntava. Achou também um pijama e uma calça rasgada.

Ele voltou para a cama e colocou o punhado de roupas velhas em frente aos homenzinhos e disse:

—Eu só achei isso, serve?

Os três viram assustados a montanha de roupas. O velho precisou tomar coragem para soltar alguma palavra.

—Como você conseguiu tanto xargou-pano ó golias? Isso é o suficiente para sustentar xargou-décadas de xargous na nossa xargou-cidade.

—Mamãe adora me levar para comprar roupa no shopping, então eu acumulo muita roupa velha. Mas tudo isso é de vocês agora. – sorriu Caio.

O velho caiu de joelhos. Ele não estava acreditando no que ouvira. Aquela pilha enorme de xargou-pano era deles. Era tanto recurso que ele nem sabia como ia conseguir levar tudo.

—Ó gigante piedoso, é muita coisa para você dar para insignificantes xargous.

—Que nada, considerem isso como um presente do anfitrião. Mamãe sempre fala que temos que tratar os convidados bem. E vocês estão no meu quarto, então vocês são meus convidados.

O velho ainda não acreditava na noite que estava tendo. Eles haviam encontrado um gigante pacifico, e o gigante ainda estava lhe dando uma quantidade imensa do raríssimo xargou-pano. Aquilo só podia ser um sonho.

—Mas não temos como levar tudo isso ó golias. – suspirou o velho.

A expressão de Caio mudou. O velho estava certo, eles eram pequenos demais para levar todas aquelas roupas velhas. Caio esfregou o queixo pensativo como via nos filmes. Tinha que haver um jeito dos pequeninos levarem as roupas.

Uma sacola não seria útil. Amarrar nas costas deles também era inútil. Deve haver um jeito, mas qual?

Caio se lembrou de quando eles se mudaram para essa casa. Os móveis eram grandes demais para eles levarem. Então eles colocaram num caminhão para trazer para cá. E se os homenzinhos colocassem as roupas num caminhão? Poderia funcionar. E Caio sabia exatamente qual seria o caminhão deles.

O garoto se levantou de novo, os homenzinhos o olharam curioso. Ele andou até outro armário.

Quando o novo armário foi aberto, os homenzinhos conseguiram ver diversos construtos gigantescos. Aquilo parecia uma fonte incrível de tecnologia, num nível onde os xargou-engenheiros jamais teriam chegado até então.

Caio revirou os diversos brinquedos que estavam em seu armário, até que achou finalmente um carrinho. Ele pegou duas cordas que estavam ali e voltou para a cama.

—Eu posso amarrar a roupa nesse carrinho e vocês puxam ele. O que acham?

O pequeno que usava óculos olhou maravilhado para o brinquedo. Ele jamais havia visto tal maquina nos vários livros que lera como aquela geringonça que o gigante trouxe.

—Mas teríamos que ir até nossa xargou-cidade e voltar usando esse tal “carrinho”. Iriamos demorar para traze-lo de volta a vossa criatura.

Caio riu e disse:

—Fiquem tranquilos, podem ficar com o carrinho. Nem brinco mais com ele.

Os olhos do estudioso brilharam. Ele poderia ficar com o “carrinho” e estudar todo o mecanismo de montagem.

—Parece uma ótima ideia. – disse o homenzinho de óculos.

Caio pegou as roupas e amarrou em cima do carrinho. Em seguida ele amarrou uma corda no carrinho para que as criaturinhas pudessem puxar.

—Venham, tente puxar o carrinho para ver se vocês conseguem.

A mulher deu um passo à frente. Ela era visivelmente a mais forte dos três. A espadachim pulou da cama e caiu no chão como se toda aquela altura não fosse nada. Ela agarrou a corda, e começou a fazer força para puxar o carrinho. Seu rosto começou a ficar vermelho e veias saltaram no pescoço, mas o carrinho conseguiu se mover.

—Xargou-Vanessa, você consegue carregar isso a viagem toda? – perguntou o velho.

—Claro que sim, não sou uma xargou-fracote como vocês, xargou-velhote.

Caio riu com toda aquela cena.

O velho se dirigiu a ele.

—Ó golias, somos gratos do fundo de nossos xargou-corações pelas suas atitudes. Iremos construir uma xargou-estátua sua em nossa xargou-cidade. Você sempre será lembrado pelos xargous como o bondoso gigante.

—Mas eu nem fiz nada. – disse Caio sem jeito.

—Você nos salvou e nos deu matéria-prima praticamente infinita. Queríamos poder fazer algo para te recompensar. Mas temo que precisamos ir embora antes que o xargou-clarão venha e nos petrifique. – anunciou o velho.

—Vamos, eu levo vocês até lá fora.

Caio ajudou os dois a descerem da cama, eles não eram tão atléticos como a espadachim.

—A saída é por ali. – disse Caio apontando para o porta do quarto.

Os três congelaram de medo. Como aquilo era possível? Naquela direção tinha o xargou-cão gigante. Será que aquilo tudo era encenação do gigante e ele queria dar os três de comida para a besta que queria devora-los?

—SEU XARGOU-MENTIROSO, VOCÊ QUE NOS MATAR! – gritou a mulher olhando para o garoto.

Caio não entendeu. Ele estava apenas mostrando a saída, por que eles ficaram tão irritados. O que ele fez de errado?

O velho olhou assustado para ele:

—Desculpe-me ó golias, mas naquela direção não há nada além de destruição e morte. Se formos para lá o xargou-cão gigante vai nos matar!

—“Xargou-cão gigante”? – repetiu Caio – Vocês estão falando do Tobi?

—Se é assim que você chama aquela besta horrível, sim. – exclamou a guerreira.

—Esperem aqui que eu vou prender ele então. Assim o “xargou-cão gigante” não vai machucar vocês. – sorriu Caio.

O gigante se dirigiu a porta, a abriu e saiu.

—Como isso é possível? Ele controla aquela criatura também? – perguntou assustado o homem de óculos olhando para seus colegas.

—O quão forte é esse ser? – caiu de joelhos a espadachim.

—Tão bondoso... Tão forte... E tão piedoso... Será possível? Será que encontramos o xargou-Deus? – exclamou o velho.

Caio desceu as escadas rindo. Aquelas criaturinhas eram engraçadas. Principalmente pelo jeito que elas falavam. Será que eram criaturinhas mágicas? Ou será que aquilo não passava de um sonho maluco. Assim que amanhecesse ele contaria para seus pais o que acontecesse, e quando chegasse à escola contaria para seus amigos.  Ele poderia até ficar popular na escola, conhecido como o garoto que viu criaturinhas mágicas.

Caio amarrou animado seu cachorro e subiu as escadas silenciosamente para não acordar seus pais. Ele entrou em seu quarto e disse:

—Pronto, podem vir agora, mas não façam barulhos muito alto. Podem acordar o papai e a mamãe.

As criaturinhas estavam admirando encantados o gigante. Assim que ele ordenou eles começaram a caminhar para fora do quarto. Seguiram o garoto pelo corredor e lentamente desceram as escadas.

Quando chegaram à sala, viram o terrível xargou-cão gigante amarrado num canto. Uma sensação gelada percorreu a espinhas dos três. Xargou-Vanessa que ia na frente engoliu em seco e continuou o percurso.

A caminhada pela sala foi a parte mais difícil. A todo momento eles podiam sentir o olhar sanguinário da criatura, como se ela quisesse os devorar vivos. Mas de alguma forma, a presença daquele golias gigantesco os acalmava, ele emitia uma aura de seu corpo enorme que tranquilizava as criaturas.

Quando finalmente chegaram à muralha que o gigante chamara de “porta”, os pequeninos perceberam que haviam chegado ao xargou-portão da fortaleza. O gigante abriu a passagem para que eles pudessem sair.

—Ó golias, mais uma vez agradecemos pelo sua piedade. Você jamais será esquecido pelo nosso povo.

Caio ficou sem jeito de novo diante das palavras do velho.

—Espero que vocês voltem algum dia para me visitar. – sorriu o garoto.

—Espero que encontremos o caminho para sua fortaleza algum dia novamente também ó golias. Agora nos resta nos despedir de vossa criatura. Até mais gigante, e novamente obrigado.

Assim que o velho terminou de falar, a mulher e o homem de óculos agradeceram e se despediram em coro. Por fim Caio disse:

—Até mais, tenham uma ótima viagem. E não olhem para trás viu. – Caio ouvira essa última frase em um filme e achou que soaria legal se falasse aquilo naquela situação.

Os homenzinhos acenaram e se viraram. A xargou-espadachim começou a puxar o carrinho. Os três pareciam maravilhados com a experiência que tiveram.

O velhote estava empolgado, ele mal esperava para contar à todos da xargou-cidade que ele conseguira dialogar e entrar em um acordo com um gigante. Ele ficaria conhecido em toda a xargou-cidade como o melhor xargou-explorador de todo o xargou-tempo. E quem sabe ele poderia até virar um profeta se aquele era mesmo o xargou-Deus.

Já a xargou-espadachim pensava em contar aos outros xargou-espadachins a experiência que tivera. Contar sobre o árduo embate que ela travara com o gigante, sobre como ela escapara das garras enormes do golias. E toda essa experiência poderia deixar a xargou-frota ainda mais forte, para futuras expedições.

E o homenzinho que usava óculos ainda estava radiante de poder levar aquela invenção incrível que carregava as roupas. Ele estava pensando em batizar aquela máquina de xargou-carrinho. E depois de tanto estudar o xargou-carrinho, as novidades tecnológicas dariam um pulo gigantesco para a xargou-sociedade. Eles poderiam até se tornar mais importante que os gendous.

E naquela despedida emocionante, Caio ficou observando as criaturinhas irem embora, quando finalmente eles desapareceram após entrar no bueiro.

Aquilo foi muito emocionante. Caio ainda não conseguia acreditar no que aconteceu. Ele fechou a porta, soltou Tobi e subiu para seu quarto.

Ficou um tempo encarando o teto deitado em sua cama refletindo sobre o que acabara de acontecer. Antes de adormecer tudo o que ele desejava era que as criaturinhas viessem visita-lo de novo.

Mas elas nunca vieram.

...

No dia seguinte, Caio contou para seus pais o que havia acontecido. Eles riram e falaram que foi um sonho incrível. O que deixou o garoto irritado. Ele sabia que aquilo não foi um sonho, tudo aquilo foi real.

Na escola o mesmo aconteceu. Todos seus amigos diziam que era apenas um sonho. E Caio acabou virando a piada da classe, conhecido como o garoto que confundia sonhos com realidades.

Dias passaram e ninguém acreditava em Caio. Para os outros, ele era apenas uma criança mentirosa que inventava histórias.

E assim foi a vida de Caio, com pessoas o chamando de mentiroso por contar uma história que ele podia jurar que acontecera de verdade.

E até hoje Caio espera a volta das criaturinhas, para mostrar a todos que ele não mentia. Mas novamente, elas nunca vieram.


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