Treine-me escrita por SatonePink


Capítulo 1
Treine-me


Notas iniciais do capítulo

Rapaz, eu sou enrolada viu? Demorou mas saiu!

Nathy, sua fanfic foi um certo desafio, pois tentei englobar vários elementos que você queria sem tentar deixar muito lotado. Pensei até em fazer um UA de dança, mas só pensei em dramalhão, haha.

De qualquer maneira, eu espero que goste, pois inclusive penso em fazer uma continuação da one-shot (se viu em uma postagem, falei que tirei uma parte e reescrevi outra pois iria ficar muito fora de contexto).

Espero que tudo esteja ao seu agrado! Um grande beijo!

E quem veio aqui ler também, seja bem-vindo! Espero que vocês também gostem da história!

Sem mais delongas, vamos a fanfic.



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Não era surpresa para ninguém que Hiashi concordaria imediatamente quando Neji pediu a permissão para poder usar a casa de campo dos Hyuuga para poder treinar mais ainda o combate da futura herdeira do clã, Hinata Hyuuga. A guerra havia acabado fazia pouco tempo, mas em breve a primogênita do ramo principal completaria 18 anos, a idade da posse oficial do novo líder, então Hinata não poderia relaxar, pelo menos não naquela época.

     A viagem não foi tão longa: a casa de campo dos Hyuuga tinha uma bela estrutura feita com madeira de eucalipto, e mesmo possuindo apenas um andar e tendo um estilo bem diferente do normal no país do fogo, a moradia de um toque nobre, realmente emanando a energia do poder dos Hyuuga. A casa era cercada por árvores de estatura média, dando um verde vivo que, combinado com o azul calmo do céu, dava uma aura de natural. A casa fora construída para pequenas férias e distrações para a família principal do clã, todavia, isso não significava que eles esqueciam de suas responsabilidades tanto hierárquicas quanto biológicas: um pouco atrás do charmoso chalé, havia um campo com estacas de madeira para o treinamento do taijutsu Hyuuga, mas ainda sim mantinha a aparência rural do cenário; outra coisa notória era um lago razoavelmente grande que era vizinho da casa; lá era possível encontrar peixes saborosos e água fresca que alimentava os Hyuuga durante os períodos naquela casa. Neji e Hinata demoraram um pouco até acordarem só transe que aquele local causou; era uma vibração completamente diferente de Konoha, fazendo com que ambos questionassem se realmente valia a pena morar na vila e não largar tudo e viver como caipiras ricos do campo.

       Mesmo com o campo de treino e a ótima aura, Neji e Hinata não tinham intenção de treinar arduamente naquele local durante uma semana. Acontece que, meses depois da guerra, Hinata e Neji botaram muito tempo pensando em seus relacionamentos amorosos, e depois de notarem que, ao se encontrarem, seus corações batiam em um ritmo romântico e borboletas azuis saiam de sua boca, finalmente perceberam o que sentiam um pelo outro, e depois de um certo drama moral, os dois começaram a namorar. Eles já tinham aproximadamente dois meses namorando, e mesmo assim, a única coisa que conseguiam fazer era dar a mão um para o outro: essa semana não seria apenas uma fuga romântica, mas também um treinamento de como namorar.

        Neji estava extremamente feliz por estar tendo esse momento com sua namorando, tanto que era quase difícil disfarçar isso em sua cara. Por outro lado, o Hyuuga não sabia se Hinata estava feliz ou extremamente desconfortável com a situação, já que ele sentia sua mão suar sem parar enquanto a segurava.

        — Hinata-sama! Está tudo bem? — Neji perguntou, ao enfim perceber o rubor no rosto da prima que não dava as caras desde seus treze anos.

        — Neji, eu pedi para você tirar o sama. — Hinata fez bico, sua voz estava tão trêmula quanto ela.

        — Desculpe, Hinata. — Neji também corou; falar o nome de sua amada daquele jeito era difícil, já que sentia como se estivesse despindo sua alma e toda a essência que a mulher tinha.

        — Eu só estou meio nervosa, nada demais — defendeu-se, secando as mãos em seu casaco branco e lavanda - Bom, vamos entrar?

        — Claro.

       O chalé era completamente arrumado e rústico: lá havia uma cozinha acoplado com uma sala de jantar, um banheiro e dois quartos. O casal concordou previamente que se houvesse uma cama de casal, eles dormiriam juntos, e nada mais justo que uma enorme cama coberta por lençóis brancos como as nuvens que cobriam o céu naquele dia para acomodar o futuro casal líder do clã. Depois de acomodar as malas, Neji e Hinata sentaram na borda da cama, suspirando e agradecendo por finalmente estarem lá.

        — B-Bom, o que quer fazer agora? — Neji perguntou, sem ter certeza do que fazer a partir dali.

       — Acho que... — Hinata virou para o outro lado, seus longos cabelos azulados acompanharam seu movimento.

       Sem que Hinata percebesse, Neji acabou chegando um pouco mais perto com seu corpo, enfim a encarando com seus olhos perfurantes. Hinata virou-se e suas orbes se encontraram, estabelecendo assim um contato mais que visual. Neji corou ao perceber que seu corpo, por pura e espontânea vontade, chegava para frente, tanto que sua respiração acelerada acabou chocando-se com o rosto da namorada. Hinata desviou rapidamente o olhar, mas Neji delicadamente puxou seu rosto de volta para a conexão, fechando assim os olhos e preparando-se para o encontro com os lábios delicados de Hinata. A Hyuuga, no entanto, deixou seu nervosismo tomar conta, se afastando bruscamente do momento.

       — Hinata...?

       — Vamos treinar? — Hinata engasgou, mas tentou manter o sorriso doce no rosto - Digo, me sinto mal por mentir assim para meu pai.

       — Certo, acho que você tem razão. — Neji tentou sorrir, mas sentia no seu coração que havia tentado apressar um momento tão especial para os dois.

       Não demorou para que ambos estivessem em campo: Hinata retirou seu casaco, deixando apenas a camisa cinza com detalhes que se assimilavam a de uma cerca de metal para fora. Neji apreciou rapidamente a forma divina que Hinata tinha, assimilando-se mais a um anjo que a um mero mortal. Engoliu tudo. Neji estava pronto para treinar um pouco do estilo punho suave com Hinata, no entanto, sua sede por mostrar seu amor pela namorada apitou um pouco mais alto daquela vez, tramando então uma chance de transformar aquele momento cotidiano em uma chama para o romance dos dois.

      — Ei Hinata, por que não treinamos sua percepção? — perguntou, levando as duas mãos para a linha do quadril - Vamos lá, feche os olhos.

      — É estranho treinar isso, considerando que temos o Byakugan. — Hinata questionou a ordem de Neji, coisa que ela nunca consideraria fazer se aquilo fosse há alguns anos.

      — É, mas seu Byakugan pode, bem... — O gênio dos Hyuuga havia sido calado pelas breves palavras de uma mulher — Ah, só feche os olhos.

      — C-Certo. — Hinata percebeu que, por Neji ter insistido tanto naquilo, aquela ação seria algo útil, que poderia inclusive mudar o curso de seu poder

      Neji se afastou de Hinata aos poucos, dando uma enorme volta até finalmente chegar ao lado esquerdo da Hyuuga. Em um movimento rápido e descabido de uma avaliação breve, Neji correu e beijou o rosto da namorada suavemente, transformando os dois rostos brancos em um vermelho vivo. Hinata não esperava por isso, e como estava extremamente focada no treinamento, ela diferiu um certeiro punho gentil em Neji, que caiu longe com a potência do golpe. Hinata abriu os olhos para ver seu primo caído e babando no chão gramado.

      —N-Neji! — gritou seu nome, correndo e botando a cabeça do homem quase morto em seu colo quente. — Desculpa, eu não queria...

      — Hinata, você está forte... Forte demais. — falou suas últimas palavras, para enfim desmaiar, ou quase morrer, no colo de Hinata.

      — Neji! — Hinata lamentou a quase morte do namorado.

      Neji ficaria desacordado até o por do sol, mas por um beijo na bochecha e uma chance de deitar no colo de sua amada, ele ficaria desmaiado por dias.

 

X

 

      Neji abriu seus olhos perolados lentamente, acordava na cama que dormiria mais tarde, isso se conseguisse. O quarto era tão aconchegante que fazia ele querer ficar desmaiado por mais alguns instantes. Lembrou aos poucos de tudo que havia acontecido, e com isso sua mente chamou Hinata. A Hyuga não se encontrava no quarto, deixando Neji apreensivo por um momento. Neji era o rapaz durão que não se abalava facilmente, mas ele ficou sim nervoso, pensando que Hinata teria o abandonado por conta de sua fraqueza. O coração apaixonado de um homem mais era uma armadura quebrada.

     Seu coração acalmou ao ouvir uma porta de madeira abrir. Neji levantou mesmo com a forte dor de cabeça e correu para ver o que poderia encontrar. Seu coração acelerou cada vez mais ao ouvir um som de água aumentando conforme ele se aproximava. Não demorou muito até chegar ao local: o enorme banheiro expulsava vapor de sua banheira quase vazia, dando a entender que alguém havia usado aquele lugar não fazia nem dez minutos. Neji afastou-se, coçando a cabeça para tentar desvendar a incógnita em seu cérebro. Não precisou nem mais de cinco passos, com três, Neji já havia se esbarrado em algo mais vazio.

     Ao virar sua cabeça, lá estava sua amada quase do jeito que veio a terra: Uma toalha branca cobria o seu torso, deixando evidente todas as curvas artísticas da mulher. Seus cabelos negros estavam presos em um rabo de cavalo, deixando o rosto meio redondo completamente desnudo, evidenciando ainda mais o vermelho que tomava conta de toda sua cara. Depois de um fino grito vindo da garganta de Hinata, ela correu de novo para o banheiro que havia acabado de sair, trancando Neji do lado de fora. Ela se encostou contra a porta; Neji fez o mesmo.

      — Desculpa. — Neji respondeu, segurando todas as suas emoções em um canto de seu corpo. — Não sabia que estava no banho, vou deixar você se arrumar.

     Neji foi bem delicado com suas palavras; estavam lá para construir sua relação romântica, mas sabia muito bem que Hinata tinha suas limitações. É comum para um casal ver o cônjuge sem ou com pouca roupa, mas o pouco tempo que estavam juntos e a timidez de Hinata impediriam que aquilo acontecesse por um tempo. A respiração nervosa de Hinata era ouvida facilmente, graças ao silêncio que rondava a casa dos Hyuga.

      — Hi-nata. — falou em pausa, o nó em sua garganta se soltou. — Queria dizer que você está linda.

      O coração de Hinata recebeu um golpe certeiro, tanto que ela não segurou um pequeno gemido de susto.

      — Eu sei que está nervosa agora. — Neji passava a mão em uma de suas bochechas, tentando não a deixar corada. — Mas no futuro, por favor, me deixe vê-la assim mais vezes.

      Neji tinha dito muito por aquele dia, e como um covarde do amor, correu de volta para o local onde havia acordado. Por outro lado, Hinata não controlava os cantos de sua boca, que insistiam em fazer um arco miserável toda vez que as palavras de Neji ecoavam em sua mente.

     — Neji... — a garota levou três dedos aos lábios, como se quisesse impedir pensamentos um pouco mais impuros de entrar. Aquilo certamente a mataria.

 

X

 

     — Más notícias. — O dia havia começado bem. — Acho que hoje não teremos comida.

     Aquilo parecia uma tortura do inferno em meio a um enorme paraíso natural. Hinata e Neji haviam tomado um café da manhã reforçado no dia anterior, sobrevivendo ao dia com pequenos lanches que Hanabi havia feito e posto nas malas. Estavam sem comer uma refeição decente tinha mais de vinte e quatro horas, e os dois odiavam admitir: adoravam uma boa comida. O atraso era devido ao falecimento do avô do fornecedor, acontecimento que havia feito Neji e Hinata ficarem meio culpados de xingar mentalmente o rapaz antes de saber o motivo do atraso.

     — O que vamos fazer, Neji-nii... Neji? — Hinata segurou o “niisan”, mas a rainha glutona mais se incomodava com a comida no momento.

     — Bom, tem um rio aqui, então acho que deveríamos pescar. — Neji respirou. — Acho que tem uma espécie de cachoeira em miniatura que os peixes devem pular, sem falar que temos alguns temperos dos lanches de Hanabi.

     Depois de alguns minutos de planejamento, finalmente bolaram um plano para capturar os peixes. Os dois iriam para tal cachoeira e ali esperariam. Com seu Byakugan, saberiam exatamente o momento que o peixe iria passar, e com a velocidade do estilo de luta, um dos dois pegaria o peixe azarado.

     Correram para a bendita fonte que dariam alimento para os Hyuga. Neji e Hinata conheciam que mesmo em uma época não tão quente, era quase suicídio usar uma roupa preta embaixo de um sol de quase meio-dia. Dito isso, Hinata usava uma camisa de alça roxa, isso junto com um short jeans folgado branco. Era algo que ela nunca havia usado, mas Sakura foi seu guru da moda e comprou o conjunto assim que soube sobre sua viagem, e não era de todo ruim, mesmo sendo com certeza mais reveladora. Neji usava o básico, pois continuava com seu Gi branco com uma calça azul marinho que nada combinava. Os dois opostos se posicionaram finalmente, e assim esperaram o momento certo.

     A grama era verde e meio úmida, as águas cristalinas do riacho eram bem convidativas para pessoas com calor, mas Hinata nem Neji cederiam a tentação naquele momento, pois queriam os peixes em seus estômagos para ontem. O plano foi infalível, pois cada um conseguiu pegar um peixe de bom tamanho, mas parece que Hinata não se sentiu bem com a quantidade de peixes prateados que tinham, então a mesma continuou a procurar os peixes, mesmo sabendo que seu namorado já havia baixado a guarda tinha bastante tempo.

       — Vamos, Hinata. — Neji a chamou com o coração apertado - O sol está ficando mais quente, talvez você desidrate.

      —Mas eu ainda estou com fome. — Hinata virava a verdadeira leoa faminta em seus momentos de fome. - Quero mais peixes.

        — Mas você nem comeu ainda. Acho que não tem jeito. — Neji suspirou. — Mas tome cuidado para não forçar muito seu Byakugan.

        — Não se preocupe. - Hinata sorriu, mas a gota de suor que escorria de sua testa preocupava Neji. — Achei!

       Os olhos brancos viram o animal aquático se aproximar do desnível. Hinata concentrou uma boa quantidade de chackra em sua palma, e assim que o peixe saltou, ela o golpeou sem dó. O esforço e a falta de água, no entanto, fez com que Hinata cambaleasse em direção a água, Neji gritou o nome de sua amada, pulando para poder salvá-la.

       O peixe caiu em terra firme, enquanto Neji e Hinata foram engolidos parcialmente pelas águas cristalinas, e por sorte o chão de pedras não machucou nenhum dos dois. Hinata caiu por cima de Neji, e com o momento de fraqueza, segurou os braços de Neji como se a sua vida dependesse disso. Seu corpo cobria uma grande totalidade de Neji, que abraçava Hinata pela cintura e sentia um leve medo de soltá-la ali e agora. Do nada, a fome dos dois sumiu.

       Neji não aguentava; seu coração palpitava conta o peito de Hinata, e seu rosto corava conforme o de sua companheira ia ganhando cor. Suas mãos logo se mexeram por si só, soltando do nó que haviam feito na cintura de Hinata e indo até sua nuca, puxando-a para perto aos poucos. O barulho da água corrente estava em sincronia com os batimentos, mas de repente, uma força contrária quebrou o ritmo: Hinata havia jogado água no rosto de Neji no momento que percebeu que ele iria beija-la. Não queria que ele entendesse mal, ela queria sim beija-lo, mas seu coração desesperou-se ao imaginar o contato dos lábios e foi isso que ela fez para parar a cena. Neji a encarou, sentindo uma lateral de seu coração quebrar com a reação espontânea de Hinata. Neji tentou beijar a amada a viagem inteira, mas Hinata sempre fazia alguma coisa para parar o momento romântico. Neji entendia perfeitamente que esse era o jeito de Hinata, mas ele se sentia um pouco magoado ao imaginar as probabilidades mais drásticas daquilo. Aquilo foi demais para Hinata, que se sentia nervosa e culpada, ela levantou do riacho e ajudou Neji a sair também, mas mal conseguia encara-lo.

      — Desculpa. — o tom mais parecia a Hinata de dez anos atrás. A mistura de emoções proporcionou isso.

       Hinata não quis ficar para ouvir seu namorado, correu em difração a casa assim que completou a última sílaba. Hinata, no entanto, esquecerá do que havia feito ela e Neji se encontrarem naquela situação. Um leve sinal de desidratação começou a aparecer quando ela tropeçou em um pedaço de terra mexida e não levantou mais do chão. Neji largou todos seus pensamentos de lado e correu para salvar sua namorada.

       — Hinata! — gritou, correndo em direção ao corpo fraco da amada.

 

X

 

       A noite caiu sobre o dia. Hinata passou o resto do dia na cama bebendo litros e litros de água. Tudo parecia bem, exceto que os dois temiam sobre os pensamentos um do outro: Neji tinha medo de Hinata estar se forçado a criar uma relação com ele, e que ela não queria continuar a ficar com ele daquele jeito. Hinata, por outro lado, estava com medo de Neji ter perdido a vontade de estar com ela devido a todo tipo de situação que ela o fez passar. Os dois estavam calados, mas Neji não deixava de cuidar daquela que amava.

       — Está melhor? — Neji perguntou.

        — Sim, nem sinto mais dor de cabeça. — a voz seca de Hinata mostrava que ela não estava completamente bem: seu coração ainda precisava de um remédio que nem todo mundo sabia fazer.

        Neji não era tolo. Estava sempre notando que Hinata não estava completamente bem, o que fazia ele querer tomar cuidado com suas próximas palavras.

       — Hinata... — Neji segurou-se. Ele queria abrir o jogo com ela, mas tinha medo de que aquela conversa se tornasse a última, e que ele nunca mais ouviria aquela voz sendo cariosa e romântica com ele. - Quer mais água?

     — Acho que já estou bem. — um sorriso meio amarelo.

       Neji queria quebrar o gelo que se formava no quarto e com certeza mudar a situação. Respirou fundo e conseguiu mudar a atenção de Hinata. Neji andou pelo grande quarto, e perdido em seus pensamentos, acabou esbarrando em um móvel. Em cima do móvel, tinha um toca discos antigo, um que provavelmente fora do avô de Hinata.

      — Hinata, seu corpo realmente está melhor? — Neji perguntou, procurando os discos que por sorte estavam em uma gaveta abaixo.

      — Já disse que estou bem. — as palavras que soariam grosseiras vindas de outra pessoa soaram extremamente aconchegantes vindas da boca de Hinata. — Desculpa por fazer você ficar preocupado comigo.

        — Não peça desculpas. — Neji sorriu. Uma música romântica não tão brega começou a tocar ao fundo. - Queria saber se você tem condições para dançar comigo.

         — E-eu? Essa música romântica? — Hinata corou. - Não sei dançar, muito menos essas músicas lentas.

         Neji estendeu a mão, convidando-a formalmente para uma dança.

       - Eu te ensino, como eu sempre fiz. - o sorriso gentil de Neji derreteu o coração de Hinata

       Timidamente, Hinata estendeu a mão e segurou delicadamente na de Neji. Ele a puxou com vontade, mas sem perder a delicadeza e a suavidade de todo o movimento. Hinata usava um vestido pijama branco e com longas mangas; ela se perguntava se iria suar muito. O som de seus pés descalços tocando o chão de madeira foi o suficiente para arrepiar os fios de sua nuca.

       — Você bota sua mão aqui... E aqui. — Neji posicionou Hinata, levando uma das mãos da jovem para seus ombros largos e a outra entrelaçada com a sua própria. - E eu vou botar a mão na sua cintura, tudo bem? — Neji botou com cuidado a mão na curva de sua namorada.

       Hinata encarava-o, seus olhos brilhavam como a lua que iluminava a noite e dava ao céu uma cor mais puxada para o azul marinho calmo que para uma cor preta e relativamente tenebrosa.

      — Você vai dar um passo para o seu lado esquerdo e outro para o direito, sempre variando o ângulo. — Neji continuou com as instruções. — Eu vou te guiar.

       A dança começou. O som leve dava vida aos passos românticos e levemente desajeitados dos dois. A música se conectava ao coração dos dois, como se as mudanças de nota fossem na verdade o timbre dos corações pulsantes do quarto. Os dois olhos brancos, os quais faziam os donos tão poderosos no mundo ninja, se encaravam e se comunicavam profundamente, como se no brilho do olhar estivesse escrito os livros mais cobiçados em uma livraria, e os dois haviam sido os sorteados para levar a obra pra casa na semana. A música continuava, a ritmo aumentava é um fio conectava os dois ao ponto de transformar foda euforia da paixão em um sutil sentimento de querer proteger, de querer estar perto e de altruísmo: morreriam um pelo outro. Aquilo era amor.

      Para os dois hipnotizados, nada mais parecia importar. Era como se eles tivessem sido sugados por um misterioso buraco negro, deixando tudo e todos para trás. E no meio de toda hipnose, pareceu que todos os momentos passados foram descartados, e que todos os sentimentos estavam os guiando. Sem medo, os lábios se uniram em uma sinfonia de sons desajeitados por se tratar do primeiro para os dois. Hinata pisava no pé de Neji e Neji acabava apertando a cintura de Hinata um pouco forte demais, todas essas sensações mascaradas pelo amor envolvido naquela única investida. Um se afastar do outro era como separar dois imãs, pois eles saiam da dança mas não paravam o beijo cheio de sede por mais; não parariam lá, esperaram muito para aquilo não ser tão duradouro.

      Foi aos poucos que os olhos se encararam novamente, separando as bocas ardentes. Diferente de Neji, a bochecha de Hinata estava molhada com lágrimas, fazendo o coração de Neji palpitar ainda mais rápido, se aquilo era possível.

      — Por que está chorando? - aquela voz terna encheu o coração de Hinata.

      — Eu não queria ter tornado isso tão difícil. — Hinata respirou fundo. — Eu te fiz sofrer. Desculpa.

      — Eu que não segui seu tempo, Hinata. — Neji se segurava para não transbordar tudo, mas foi inútil. — Eu te fiz sofrer, te deixei nervosa e com certeza fiz seu coração doer durante muito tempo.

      — Mas... Está tudo bem agora. — Hinata sem sabia o que falar. Suas pernas estavam meio bambas.

     — Esse beijo foi a melhor coisa que me aconteceu em muito tempo. Você foi a melhor coisa que me aconteceu. - Neji abraçou Hinata com força. - Eu te amo, mais do que eu jamais poderei botar em palavras.

     — Neji... — Hinata não deixou de derramar mais lágrimas. - Eu te amo tanto.

      Os dois ficaram ali, aproveitando o calor proveniente do amor.

      — Mas Neji, eu não quero que tudo seja demorado assim. — Hinata desabafou. - Eu sou tímida, mas não quero te fazer sofrer mais por conta disso. Por favor, continue me treinado para ser uma namorada perfeita.

      — Hinata, o que está falando? — Neji sorriu. - Eu fico feliz que você esteja determinada, mas... Eu também não sei nada disso.

       - Mais que eu, com certeza sabe. — sua expressão determinada derretia Neji. — Porque você é um gênio.

       — Droga. — Neji perdeu um pouco o equilíbrio. — Tudo bem. Mas não vou pegar leve, te darei todo amor que tenho!

      — Não me subestime.

     Eles se beijaram mais e mais, tornando aquilo que era tão complicado em algo que eles não queriam deixar de fazer nunca.

     A lua iluminava o casal. Eles tinham toda a vida pela frente.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado ♥ Grande abraço e até a próxima!



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