You cursed me escrita por Sereia de Água Doce


Capítulo 1
Capítulo Único




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Bunker

Havia sido recomendação de todo ser vivo que cruzasse o seu caminho e o de Samuel Winchester de que tirassem umas férias após o ocorrido da maldição do amor. Certo, ser caçador era um trabalho que envolvia se arriscar vinte quatro horas por dia e que era quase impossível se dar o luxo de tirar um tempo para si após algo muito perturbador - mas eles estavam facilitando para o lado de vocês.

Quer dizer, Dean tinha ido parar no inferno e já tinha começado a caçar mal tendo colocado os pés na Terra novamente! Ser amaldiçoado sexualmente não era nada comparado à situações anteriores, mas a família Winchester sabia o quanto Sam tinha sofrido durante aqueles dois dias, preferindo ceder um tempo para que vocês dois se acertassem.

Meio a contragosto, você aceitou - mais por insistência de Sam que não via a hora de ser uma pessoa normal, mesmo que por alguns dias. Decididos a se afastarem o máximo possível da origem do problema procuraram por destinos em que demorasse a voltar caso acontecesse alguma coisa - mas ainda culturais. Quer dizer, Sam tinha se apaixonado por seu cérebro que era possivelmente superior ao dele  e você não via a oportunidade de ver suas engrenagens funcionando. Deus sabe como tinha se excitado mais ao vê-lo se tocar sobre o que estaria acontecendo com os dois para não conseguirem se desgrudar um do outro - e daquela vez não tinha sido a maldição.

Apenas sossegaram de verdade ao desembarcarem em Massachusetts com uma distância segura de pelo menos sete Estados de Dean e Castiel. Tinham ido de avião, já que seria ilógico carregarem o Impala pela viagem. Não estavam em lua de mel para ser algo romântico as vinte e cinco horas de carro - além de quê Dean continuaria com o trabalho normal de caça.

—É sério isso, Sam? Salem? - Até você desconhecia o destino do passeio, ficando indignada ao notar a placa na entrada da cidade.

—Tente ver como um alívio cômico para a nossa situação.

—Aquilo foi tudo menos engraçado, Sam.

—Então veja mais como um agradecimento às suas ancestrais. Se não fosse por ela, não estaríamos juntos agora.

Se Samuel queria prestar algum tipo de homenagem ou agradecimento a causadora de tudo aquilo, ele tinha vindo ao lugar certo: Salem, a cidade das bruxas. Você pensava que ele queria ficar longe de tudo aquilo mas ele tinha te arrastado para o centro. Não da confusão, seria óbvio demais se alguma bruxa realmente vivesse na cidade - tendo em vista a sua fama. Certo, séculos antes ela havia sido um dos maiores pontos de Inquisição de mulheres pelos motivos errados, dada a histeria coletiva - mas nada impedia da magia estar de fato acontecendo na cidade. Quer dizer, não quando vocês como caçadores sabiam da existência das bruxas. A resposta mais provável deveria ser que alguém se descuidou o suficiente para que um mortal percebesse, dando início a todo o problema.

—Sabia que nenhuma daquelas acusações eram reais? - Sam perguntou como quem não queria nada enquanto passavam pela porta do hotel.

—Não sei se isso deixa menos pior a situação.- Você tirou os óculos escuros enquanto observava seu namorado fazer o check in. - Quer dizer, foi horrível como todas aquelas pessoas morreram injustamente, mas…. Esquece o que eu disse, minha linha de raciocínio se confundiu.

—Eu só não sei como os caçadores da época não perceberam a atrocidade que os humanos estavam cometendo. - Sam apertava o andar no elevador, recostando-se no espelho.

—Se eles abrissem a boca seriam mortos, Sam. Como poderiam explicar o real motivo de conseguirem diferenciar a bruxaria sem deixar transparecer com o que lutavam diariamente? Eles seriam enforcados como os bruxos. Se já é difícil aceitar isso hoje quem dirá no século dezessete.

—Nosso combinado era uma viagem sem preocupações, então eu prometo tentar esquecer isso.

—Acho bom mesmo. Nós não podemos mudar o que aconteceu a séculos atrás, Sam. Só trabalhar para que coisas assim não  aconteçam hoje. E a julgar pelo nosso excelente trabalho com a bruxa eu diria que fazemos isso bem.

—É, com uns pequenos obstáculos pelo caminho, mas conseguimos.

—Se não fosse por Castiel eu não sei o que seria de nós agora. - Você se aconchegou em seus braços, sentindo Sam depositar um leve beijo em sua cabeça antes da porta se abrir.

—Provavelmente estaríamos mortos. Por mais que eu quisesse, não ia conseguir me manter afastado do seu quarto. Acho que mais cedo ou mais tarde eu a arrombaria e não te deixaria escapar. - Sam imaginou na maior tranquilidade enquanto abria a porta e te deixava passar primeiro.

—Essa é uma ideia deveras estimulante, tenho que admitir, mas com certeza eu daria um jeito de fugir do bunker antes que você desistisse de ficar longe de mim. - Você foi direta, jogando-se na cama.

—Sabe que eu só fiz aquilo para te proteger, não é? - Sam engatinhou por cima do seu corpo na cama, tentando te fazer esquecer o assunto.

—Nem vem com isso, Samuel. Você queria proteger os seus sentimentos e eu não desaprovo isso. Com certeza nós daríamos um jeito de conseguir sobreviver um longe do outro. Nos acostumaríamos com a dor insuportável.

—É aí que você se engana. Já se esqueceu que uma das partes do feitiço era eu justamente te seguir por onde quer que fosse atrás de sexo e ter o coração partido?

—Nada disso teria acontecido se você já tivesse revelado os seus sentimentos.

—Ah! Incrível como você consegue reverter a situação para não aceitar que estava errada! - Sam riu, desacreditado, jogando-se para o lado.

—Mas eu estou certa, Sam. Se eu já soubesse disso a bruxa não teria com o que brincar. Talvez um feitiço do sono, mas você conseguiria revertê-lo. Eu acho.

—Porque diz isso?

—Precisaria da ajuda de Castiel para beijar a bela adormecida e me tirar no sono profundo?

—Acho que eu conseguiria isso sozinho no momento em que você caísse desmaiada. Seria o meu primeiro pensamento.

—Sabe o que eu acho, Sammy? Que nós estamos dando várias ideias de feitiços em uma cidade de bruxas. Porque não ficamos um pouco quietos e só aproveitamos a cama?

—Uma excelente ideia, S/n.

***

O problema em questão aconteceu no terceiro dia de vocês na cidade. Até então apenas tinham ido a passeios românticos ao entardecer, visitado algumas casas históricas, tirado um tempo de fato para colocarem a conversa em dia - já que não se viam a uns bons meses antes da caçada começar e como não tiveram muito tempo para se falarem com toda a maldição acontecendo, nada mais justo que o fizessem agora. Samuel tivera a brilhante ideia de visitar o memorial às vítimas da caça às bruxas: Uma sequência de pedras com seus nomes cravados junto de suas punições estavam eternizadas afim de lembrar os horrores que o ser humano pode fazer se der asas à sua imaginação.

—É tão esquisito uma cidade se manter por uma tragédia de séculos atrás. - Você pensou alto, entrando no ambiente, dando uma rápida olhada.

—Mas você precisa admitir que existe uma certa magia por trás disso. - Sam prendeu o riso um pouco mais afastado.

—Estou começando a achar que bruxas serão o seu assunto preferido a partir de hoje.

—Elas são bem menos destrutivas do que outros monstros, lembre-se disso.

Vocês estavam tão distraídos que sequer perceberam uma mulher próximas às pedras, muito menos que ela oferecia uma flor a uma das vítimas. Ela havia ouvido a conversa, surpreendendo-se ao notar que eram caçadores, mais ainda ao ver que era o famoso Winchester. Ele tinha cometido o erro de comparar o poder de destruição da magia com um par de garras e dentes e certamente se arrependeria por isso.

Não, ela não praticaria um ato de magia naquela cidade apenas por ele ter duvidado de sua capacidade, mas por ele ter matado sua irmã. Aquela mulher não apenas era irmã da bruxa que os havia enfeitiçado como também uma das fundadoras da cidade. Toda semana ela vinha até o memorial depositar uma flor para todos os que morreram injustamente em seu lugar. Não, ela não havia feito nada de errado, mas era boa o suficiente para sentir empatia por aqueles inocentes enforcados injustamente.

Empatia por eles já que para com Samuel Winchester era zerada. Ele tinha matado uma das suas e ainda tivera a audácia e capacidade de escapar de uma das maldições mais maléficas já criadas completamente ileso. Castiel tinha feito um pouco de barulho enquanto procurava uma solução para o caso deles, somente assim fazendo-a descobrir do ocorrido.

Como ele poderia estar tão feliz e falar aos quatro ventos que fazia um agradecimento a bruxa morta pelo seu recente relacionamento? Os seus sentimentos eram seletivos? Samuel Campbell Winchester nunca deveria ter posto os pés em Salem e ela garantiria que ele se arrependesse disso pelo resto de sua vida.

—Me dá nervoso ver como a humanidade era cruel séculos atrás. - Você falou alto atraindo a atenção de seu namorado para uma placa onde dizia que Giles Corey havia sido prensado por uma pedra até sua morte.

—A liberdade desperta o pior em nós, S/n.

***

A bruxa sabia que era uma questão de tempo até que Sam e a namorada passassem por sua loja - já que era proprietária de uma loja temática de bruxaria onde também aproveitava para expor seus pertences de época. Era uma parada obrigatória no circuito mágico de turistas, o que dava um certo tempo para que conseguisse preparar a sua maldição. Ela tinha que ser sutil, de uma forma que ninguém percebesse que estava lá. Sua irmã queria resultados práticos, rápidos - o que tinha entregado a mágica envolvida (sem contar as proporções drásticas que as coisas tinham tomado, atrapalhando todo o plano original). Mas isso não aconteceria com ela.

A ideia era de ser algo silencioso e tão normal que ninguém desconfiaria. Casais brigam, não? Ninguém colocaria a culpa em uma bruxa, ainda mais se Sam Winchester nunca mais conseguisse outra pessoa em sua vida. Parando para refletir por alguns segundos a mulher percebeu como as feiticeiras gostavam da dramaticidade envolvida no resto de sua vida. Talvez fosse por sua imortalidade que tornava tudo mais interessante e doloroso.

Anoitecia quando o casal maravilha passou pela porta, atraindo a atenção da bruxa que atendia alguns clientes. Seus olhos faiscaram ao perceber aqueles ombros largos rirem de alguma coisa que a namorada tinha dito.

—Sejam bem vindos à casa da bruxa! - Ela se adiantou a fim de cumprimentá-los, fazendo a boa anfitriã. - Em que posso ajudá-los?

—Um nome bem original. - Você comentou.

—É com o que podemos trabalhar por aqui. Mas então, posso ajudar em alguma coisa? Gostariam de um doce? Uma bebida? Apetrechos mágicos? Ou uma fantasia? Aproveitem o desconto de Halloween!

—Acho que deveríamos levar algo para Dean. - Você comentou risonha.

—Sabe que ele vai queimar, não é?

—Eu sei, mas ninguém mandou nos interromper de madrugada.

A bruxa viu em suas mãos uma chance de acabar também com o outro Winchester, mas deixou passar. Não era ambiciosa, apenas vingativa.

—O amigo de vocês gosta desse tema?

—Eu diria que…. Ele não gosta nenhum pouco do sobrenatural. - Sam arrumou uma desculpa que fosse justificável a pegadinha.

—Mas ele andou sendo um pouco inconveniente quando…. Ficamos juntos. Só queríamos dar algo para que ele se lembrasse de não perturbar mais. - Você respondia ao mesmo tempo que tentava pensar em algo da loja para dar de presente.

—Estão em lua de mel? Em Salem? Porque não foram para a Flórida?

—Não! Não somos casados, só…. Estamos de férias do trabalho.

—Se ao menos tivessem vindo no Halloween….. Teriam mais eventos turísticos do que agora.

—É, mas não podíamos esperar. Isso é muito especial para nós. A temática,  quis dizer. - Sam se atrapalhava um pouco.

—Até onde sei não existem Bruxas Madrinhas…. - A mulher brincava enquanto os conduzia pela loja, ganhando tempo e confiança.

—Vendo por esse lado….

—Mas eu não os julgo. Também conheci meu ex-marido através da Bruxaria.

Sam apenas levantou a sobrancelha desconfiado daquilo.

Uma bruxa nunca se entregaria tão fácil.

—Era uma reunião anual sobre a programação de Halloween da cidade. Sabe como é, né? Todos os proprietários das lojas e dos Museus se reúnem no final de agosto para discutirmos como serão as casas assombradas do ano, quais os eventos especiais e os tours.

—Que adorável…. - Você tentava prender o riso da história.

—Pena que não duramos muito. Ele me trocou pela vencedora da casa assombrada do ano passado. Mas pelos menos consegui comprar algumas coisas com o dinheiro do divórcio. Estão vendo aquelas peças ali? Originais da Histeria das bruxas. - A mulher sussurrou para vocês dois, exibindo a sua pequena coleção.

Vocês dois se aproximaram estupefatos, avaliando o ambiente. Haviam roupas, brinquedos e alguns objetos relacionados a bruxaria tal qual caldeirões e ervas, assim como alguns livros em latim.

—Isso deve ter sido bem caro. - Você avaliou.

—Se souber pechinchar, sabe que não é.

—Onde conseguiu tudo isso? - Sam tinha medo da mulher ter pego com alguma bruxa local, temendo que os objetos pudessem estar amaldiçoados.

A feiticeira não era nada burra. Sabia que devia transparecer uma imagem de vendedora inocente, que acreditava fielmente na veracidade dos produtos, sequer se importando de onde vieram.

—E-bay. - A bruxa deu de ombros, sorrindo internamente ao ver a diversão chegar ao rosto de ambos.

—Devem ser autênticos, com certeza.

A cada fala sua a bruxa ficava mais desconfiada. Não gostava do Winchester, mas você…. Tinha intenções de oferecer uma bebida e ia fazer isso quando olhou mais uma vez para você e finalmente viu o motivo de sua inquietação: você quem tinha matado sua irmã! A mulher teve de se controlar por alguns segundos para não te matar ali mesmo e, enquanto respirava fundo para enfim por seu plano em prática percebeu outra coisa que deixaria tudo mais interessante.

Traria o sofrimento que sua irmã não havia conseguido.

—Aceitam uma bebida enquanto se decidem? É por conta da casa. Uma pequena cortesia que ofereço aos meus clientes da bebida local. - Ela entregava algumas taças para vocês e outro grupo de pessoas presentes na loja.

Se não era exclusivo para vocês, estaria limpo. Ao menos este fora o pensamento em conjunto. Além do mais, era só mais alguém crente na cultura local devido ao seu comércio.

—Claro! Porque não? - Sam pegou a taça da mãos da mulher e deu uma a você ficando com a outra.

Os olhos da Feiticeira brilharam ao vê-lo tomar até a última gota da poção disfarçada de bebida. O gosto forte disfarçava qualquer resquício suspeito, sendo perfeito para a ocasião. Uma vez absorvido pelo seu corpo dificilmente sairia, apenas por mãos experientes.

—Vocês disseram que o amigo de voces tem medo do sobrenatural, não é mesmo? - A mulher andou em passos leves até a prateleira atrás de vocês, saindo de lá com uma pequena bruxa em pedra. - É meio óbvio demais, mas é o que posso oferecer para um bom susto. - Ela apertou um botão e a bruxinha soltou uma longa gargalhada que certamente irritaria Dean.

—Nós vamos levar. - Você disse decidida.

***

A poção só começou a fazer efeito cerca de três dias depois de tomada - o que batia com a data de volta de vocês dois para o Bunker. Tinha começado com uma simples irritação por conta do horário do vôo - mas não parou por aí. O nível de estresse tinha evoluído ao ponto de também te contaminar, mas você achava que estava tudo bem, era só uma primeira briga. Você tinha realmente demorado no banho naquela manhã, era algo explicável.

Mas vocês tinham chegado ao Bunker e ele não estava normal ainda. Mantendo o tratamento de silêncio pela briga anterior riu ao ver a reação do irmão com seu presente: um verdadeiro chilique, levando para a quarentena no depósito. Depois de mais dois dias a situação não tinha melhorado nenhum pouco, novamente te contaminando. Seus gritos reverberavam pelos corredores do Bunker sem nenhum motivo aparente, você só não conseguia ficar quieta perante as provocações de Sam. A briga fora tão violenta que Dean se assustou ao ouvir o irmão te expulsar de casa.

—NÃO DÁ, S/N! EU DEVERIA TER DESISTIDO DE VOCÊ AINDA NA MALDIÇÃO!

—SE VOCÊ AO MENOS ME DISSESSE O MOTIVO DE NÃO ME QUERER MAIS COM UMA SEMANA E MEIA DE NAMORO, TALVEZ EU ENTENDESSE! - Vocês gritavam no meio da cozinha.

—O seu humor, S/n! Eu pensei que fosse aguentar, que continuaria sendo divertido, mas não é! Você praticamente riu daquela mulher com o nome criativo da loja! Piadas fora de hora, sem contar que não parecia contente em estar lá comigo!

—E era porque eu não estava, Samuel! Tudo o que eu menos queria ver por agora eram bruxas e você me levou justamente para a cidade delas!

—EU SÓ QUERIA TE AGRADAR, FICAR EM UM AMBIENTE EM QUE NÃO FOSSEMOS AMALDIÇOADOS!

—EU SÓ QUERIA PASSAR A DROGA DE UM TEMPO COM VOCÊ, SAM! Você não precisa gritar desse jeito, não sei o motivo de estar tão irritado! Tudo isso ainda é porque me atrasei para pegar o vôo?! - Seu desespero inundava a sala sem conseguir entender ainda o que estava acontecendo.

—Você me tira do sério, S/n! Arrume suas coisas e vá embora daqui. Você não é mais bem vinda nessa casa.

—MAS QUE PORRA EU FIZ, WINCHESTER?!

—NASCEU!

Sem sequer se importar em segurar as lágrimas, você correu corredor adentro, pegando tudo o que era seu e saindo pela porta da frente. Nunca tinha visto Sam tão irritado antes e continuava não sabendo o que havia feito de errado, mas ele parecia irredutível quanto a sua decisão. Era melhor pular fora daquele relacionamento enquanto ainda não tinha se apaixonado, apenas nutria uma forte e insana atração pelo moreno.

Dean estava em choque com o que acabara de acontecer, testando todos os souvenirs e malas do irmão em busca de sacos de feitiço, mas não encontrara nada. Ao que tudo indicava Sam estava limpo de qualquer magia. Seu nome se tornou proibido no bunker, tendo qualquer menção a você sendo carregada de xingamentos e palavras duras.

Tudo havia terminado no mesmo lugar que tinha começado, afinal.

Na cozinha do Bunker.

***

Três anos depois

Aquilo não era muito comum de se fazer, mas pela primeira vez em suas vidas os Winchester decidiram agir racionalmente antes de partir para a destruição. Haviam recentemente descoberto uma ala no depósito do Bunker destinada a guarda de supostos objetos amaldiçoados e estavam decididos a se livrarem daquilo o quanto antes, porém tinham entrado em um consenso de que não poderiam sair queimando tudo existente na sala, era muita coisa. Deveriam fazer uma espécie de triagem para saber como lidar com a situação.

Rowena chegou dois dias depois de telefonarem e pedirem sua ajuda, com os olhos brilhando com a possibilidade de poder afanar algum objeto que fosse de seu interesse, já que eles não poderiam impedi-la visto que ele estaria amaldiçoado.

—É sempre um prazer ajudar vocês, rapazes. - A ruiva sorriu enquanto os cumprimentava, colocando sua bolsa em cima da mesa da sala.

—É a única bruxa que conhecemos que está disposta a trabalhar conosco. - Dean rolou os olhos, escondendo seu agradecimento por trás das palavras acusatórias.

—Não temos muita certeza se todos os objetos estão amaldiçoados. Caixas de papelão escritas com canetinha talvez não fossem o melhor receptáculo para eles, por isso decidimos tirar a dúvida. - Sam explicou calmo, conduzindo Rowena até o depósito, mostrando a área repleta de caixas.

—Pensei que o sistema de arquivo dos Homens de Letras fosse bem mais organizado do que isso. Parece uma venda de garagem mal organizada!

—Justamente por isso te chamamos.

—A minha bolsa, Dean. Isso pode demorar um pouco. Eu posso lançar um feitiço localizador, mas nós teremos que sujar nossas mãos procurando por eles.

Assim que o mais velho entregou a bolsa a Rowena ela imediatamente começou a trabalhar. Menos de dez minutos depois a bruxa lançava o feitiço que se espalhou pelo ar. Poeira verde brilhava onde os objetos mágicos estariam - o que era quase o ambiente inteiro. Às vezes mais forte, as vezes mais fraco, tudo dependia do quanto estava soterrado por entulho ele estava.

—Teremos uma longa tarde pela frente, rapazes.

Rowena conseguia manipular a magia para ter contato direto com as peças, mas os rapazes não. Vestindo luvas grossas, vasculharam com o maior cuidado possível as áreas iluminadas, aos poucos empilhando em uma mesa para que Rowena pudesse avaliar o grau de perigo ali presente. Três horas tinham se passado e finalmente tinham acabado com o trabalho cansativo. Livrando-se das luvas, olharam para a mesa, recebendo o resultado final

—Ficariam surpresos se eu dissesse que pelo menos metade dessa pilha era mortal e outra inofensiva. Os Homens de Letras tinham estagiários? Porque isso foi muito imprudente da parte deles, não apenas não destruí-los como deixar largados em caixas de papelão!

—Só posso afirmar que depois disso vamos precisar tirar um tempo para arrumar o depósito. Se isto estava aí, vai saber o que mais pode estar no lugar errado. - Dean estava de fato preocupado. Embora detestasse o trabalho de documentação, aquilo era um mal necessário.

Rowena ouvia Dean reclamar em silêncio, mais preocupada com a atmosfera do ambiente. Ela fechou os olhos por uns segundos, erguendo seu indicador sinalizando que era para calarem a boca. Não entendendo nada, os irmãos ficaram quietos, se entreolhando observando a bruxa inspirar profundamente, arregalando os olhos e encarando Sam.

—Parece que não terminamos nosso trabalho ainda, rapazes. - Ela o olhava de cima abaixo, como se tentasse encontrar um chifre em cabeça de cavalo.

—O que aconteceu, Rowena? - Sam não entendia nada.

—Rowena? - Dean estava nervoso com toda aquela fixação em seu irmão.

—Dean, olhe. É bem fraco, mas está ali. - Ela apontava  para o peito de Sam, levemente coberto por uma luz verde.

—Mas o que…. - Dean se apavorava por não ter ideia de onde o irmão teria recebido outra maldição.

—Vocês se envolveram com alguma bruxa recentemente? Alguma chance de terem mexido nestas caixas antes de me chamarem?

—Não mesmo!

—Sam tem apresentado alguma mudança de comportamento? Alguma doença? Irritação? Azar? Alguma coisa com uma mulher?

—Não, a última vez que ele se envolveu com alguém foi a três anos atrás. Ele e S/n tinham….

—Já disse que o nome dela é proibido aqui, Dean! - Ele imediatamente se alterou. - Ela nunca mais será bem vinda nesta casa ou na família!

—Eles tiveram um término não muito agradável, pelo visto…..

—Ele a expulsou de casa assim que voltavam da lua de mel.

—Eles se casaram….? - Rowena se espantou.

—Não! Só dizemos isso porque eles tinham sofrido uma maldição juntos que deu tudo errado. Era para ele perseguir ela em busca de sexo e ela sempre recusar, fazer a vida dele miserável, mas acabou que os dois não conseguiam se desgrudar um do outro e acabariam morrendo em poucos dias. Quando Castiel livrou eles disso, saíram em uma viagem para tentar se conhecerem melhor do que toda aquela selvageria. Eles não namoravam mas eram afim um do outro.

—O namoro durou muito tempo?

—Uma semana e meia. Terminaram dois dias depois de voltar. Sam estava completamente fora de si, gritando coisas horrorosas sobre ela. Eu testei todos os souvenirs da viagem, mas não tinha nada. Pensei que não tivesse nada mesmo, por isso deixei passar.

—Certamente há alguma coisa no coração dele. Para onde eles foram?

—Salem. - Dean revelou revirando os olhos.

—Seu irmão pode ser tão burro as vezes. Mexeu com alguma das fundadoras da cidade, isso é certo. Mas nada que não possa ser resolvido. Parece que vão ter a minha companhia por mais tempo, meninos.

Por volta das onze da noite a poção tinha ficado pronta, chegando finalmente o momento de Sam beber. Ele tinha aceitado que estava amaldiçoado, porém continuava a te xingar. A dor na voz dele era perceptível, como se você o tivesse quebrado em milhares de pedaços, assim como sua repulsa por isso.

—Beba, Sam e prometo que vai esquecer tudo isso. - Rowena o persuadia a beber. Como se fosse um shot, o moreno engoliu tudo de uma vez, desesperado por um pouco de sanidade.

Imediatamente após tomar, Sam começou a sentir falta de ar, tendo dificuldades em se manter de pé. Dean correu para amparar o irmão, o ajudando a se sentar. Ainda bem que ele ainda o segurava, já que poucos segundos Sam apagou, caindo nos braços do irmão. Dean começou a gritar, chacoalhar seu corpo em busca de sinais até que finalmente Sam voltou a realidade, respirando tão profundamente como se saísse de um lago onde quase se afogara. Piscando fortemente os olhos e segurando com toda força os braços de Dean, ele finalmente percebeu aonde estava.

—Dean, o que foi eu fiz? - Sua voz estava carregada de dor, assim como seus olhos cheios de água demonstravam toda a culpa que ele sentia por três anos antes.

—Mexeu com outra bruxa, Sammy. - Dean respondeu antes de abraçar o irmão, Sentia seus braços fortes o apertarem. Sam descarregava toda a sua tristeza por meio da força e não por lágrimas naquele momento.

***

—Você precisa me ajudar a encontrá-la, Dean!

Sam já estava mais recuperado do feitiço, tendo clareza nos pensamentos e percebendo o quanto estava enganado. Durante todo aqueles anos a imagem projetada da viagem em sua mente era de que você o traíra na primeira oportunidade presente, além de detestar o destino. No final você teria deixado entrelinhas que nunca havia gostado dele, apenas tinha ido para manter a amizade com Dean.

Não era a toa que ele estivesse destroçado, se sentia usado! Mas agora via que nada daquilo era real e precisava se redimir por ter te expulsado de casa. Não era justo saber disso e você não.

—Sam, eu não tenho notícias dela desde que ela saiu por aquela por aquela porta!

—Não me importa, eu preciso vê-la!

—Sammy, já se passaram três anos. S/n com certeza deve ter conhecido outro cara nesse tempo. Me desculpe falar assim, mas….

—É, eu sei, Dean. Mas eu preciso ao menos tentar. Ela precisa saber que não sou um monstro, só tive o desprazer de querer ir a Salem.

Dean passou um tempo em silêncio até fazer a pergunta fatídica, que já sabia a resposta.

—Você não vai voltar a Salem, não é?

***

Dois anos haviam se passado e até então nenhum sinal seu. Dean tentava ajudar o máximo que podia mas ainda tinha suas obrigações com a caça. Samuel tinha tomado como objetivo de vida te encontrar, mas aquilo se tornava cada vez mais difícil. Era como se tivesse desaparecido do mapa, falando a realidade. Sabia que não estava morta, Castiel e Crowley tinham informado, mas onde então você teria se enfiado? Sam não conseguia acreditar que tinha te devastado ao ponto de sumir, mas ele queria reparar aquele erro.

Ele ainda caçada com Dean, mas passava noites até acordado procurando pistas, possíveis nomes falsos, analisando imagens de câmeras de segurança, mas nada. A verdade era que ele se sentia perdido em uma praia, em que nadava, nadava e nada. Dean se preocupava com a saúde do irmão, chegando ao ponto de colocar a mão em suas costas em uma noite em que Sam estava desesperado surtando por uma pista falsa. Aquele ato era cheio de significado, não precisando de palavras para o mais novo entender que chegava a hora de parar de procurar. Com lágrimas nos olhos, Samuel apagou a pasta em seu computador com todas as pistas falsas que já tinha seguido, pronto para partir para outra.

Agora tinham algo para distrair a cabeça dos pensamentos ruins: Jack Kline precisava ser criado, um excelente passatempo que caiu como uma luva no momento. Sam queimava seus neurônios ajudando o garoto a controlar sua graça, mas sempre deixava dois ou três para pensar em um e se…. Mas aquilo não daria mais certo por muito tempo. Decidido a virar a página definitivamente, os Winchester’s e Kline fizeram aquela longa viagem de vinte cinco horas até Salem. Não tinha intenções de matar a bruxa, apenas entender o que ele havia feito.

Samuel estava determinado a refazer todos os seus passos daquela semana. A mágica tinha acontecido em algum lugar, só restava saber onde. Acompanhado de Jack, o moreno tinha um pouco de dificuldades de se lembrar de uma semana de cinco anos antes, por isso demoravam mais do que o necessário para encontrar os lugares certos e procurarem por evidências de bruxaria. Den preferia não ir junto, iria acabar atrapalhando com o seu pessimismo, sendo deixado de lado.

Mas talvez tivessem feito o certo ao expulsarem do Impala naqueles dias, já que o loiro tinha encontrado uma pista que estava bem a vista mas que os outros ignoraram. Tinha passado por uma casa que atraíra sua atenção por justamente se parecer com a que ele vira em seu sonho quando te resgatou de um Djinn. Não tinha como tirar nem pôr, era idêntica. Resolvendo apostar em sua sorte já que não tinha nada a perder, ele foi em frente, batendo a porta.

Com seu melhor sorriso aguardou pacientemente que atendessem a porta, não contendo a surpresa ao se ver te encarando.

—S/n?!

—Dean?! O que raios você está fazendo aqui?! - A expressão no seu rosto denuncia a mudança de surpresa para apreensão, seguida de medo.

—Procurando você! - Ele disse como se fosse óbvio.

—Você não pode estar me procurando, eu não tenho nada para falar com você e não tem nenhum caso aqui em Salem. - Você praticamente fechava a porta em seu rosto, já demonstrando o seu desespero.

—S/n! - Dean colocou o pé entre a porta e o batente, impedindo que você conseguisse o que queria. - O que aconteceu com você, mulher? Eu não vou te matar! Só quero conversar.

Dean entrou em sua casa sem que você conseguisse impedir. Só tinha que demonstrar que estava tudo certo e ele iria embora, era um plano excelente.

—Não me lembro de você saber se disfarçar tão bem. - Dean brincou com um sorriso, colocando seu braço em seus ombros, te puxando para um abraço.

—Porque diz isso? - Você estava agarrada ao seu abraço, grata por poder matar as saudades de seu amigo que fora obrigada a cortar relações.

—Sam passou os dois últimos anos te procurando desesperadamente, mas não tínhamos nenhuma pista.

—Porque ele faria isso, Dean? Ele me odeia….

—Ao contrário, S/n. Está arrependido de ter te expulsado daquele jeito, mas você não vai acreditar, ele….

—Estava amaldiçoado? - Sua voz tinha um tom de tédio. - Já imaginava.

—E porque não me avisou?

—Pensei que você também soubesse.

—E porque não foi atrás para revertermos?

—Dean, foram duas maldições em menos de duas semanas! Não podia tornar aquilo um hábito, só ia machucar nós dois. Só fui coerente.

—Então pode ao menos me explicar o motivo de ter se escondido justamente aqui?

—Seria o último lugar que ele me procuraria caso um dia retomasse a consciência, o que de fato aconteceu, não?

—Na verdade…

—Mamãe…? - uma fina voz se fez ouvida no cômodo ao lado, deixando vocês dois em alerta.

—Abandonei a caça, arrumei um emprego normal. Ficar livre de maldições, sabe? Sou só a babá dela. - Você desmereceu a situação tentando fazer o loiro focar em outra coisa.

—E ela te chama de mamãe? - Ele olhava desacreditado.

—Sabe como é, passa muito tempo comigo e acaba confundindo as coisas. Mas o que dizia?

—Eu convenci Sammy a parar de tentar te achar, só viemos aqui porque ele queria se autodepreciar com a bruxa causadora de tudo is… - Ele finalmente olhou para o pequeno porta retrato no ármario mais adentro da casa em que tinha uma fotografia sua grávida. - Babá, S/n?

—Dean, eu posso explicar! - Você bem que correu atrás dele, mas ele já entrava pela sua casa com passos largos e pesados, virando na sala e encontrando a pequena garotinha sentada no chão brincando com seus bichinhos de pelúcia.

—Um alce? Você deu a ela um alce de pelúcia e fugiu mesmo assim?!

—Mamãe? Quem é ele?

—Moira, querida…

—Ele é o meu papai? Eu te disse que ele vinha! - A garotinha se levantou com agilidade e pulou nas pernas de Dean, deixando-o sem palavras.

—S/n… - Ele te olhava exigindo explicações.

—Eu precisei me esconder, Dean. Era um preço alto demais continuar  avista com tudo isso acontecendo. Ele nunca me aceitaria grávida e nós não teríamos paz…. - Seu tom expressava o quanto assustada estava.

—Preço alto demais? - Dean se rendeu e pegou a pequena Moira nos braços, tendo sua garganta abraçada com força.

—Moira é uma bruxa, Dean. Acha que se isso vazasse não seríamos alvos em potencial para os monstros e caçadores? Qual seria a credibilidade de vocês para matarem bruxas quando sua sobrinha é uma?

—Sabe que eu vou precisar contar, não é?

—Não faça isso, Dean…. Nós duas só queremos paz e ter vocês aqui… Só atrapalha o ciclo natural das coisas.

—Você parece querer isso, mas a minha sobrinha não. Eu não sou seu pai, garotinha. Sou seu tio, tudo bem para você? - Ele tentava não partir o coração da criança, surpreendendo-se ao receber um sorriso cheio de dentes.

—Ele vai aparecer. - Ela só confirmou se aconchegando mais em seus braços.

—Já tem algumas semanas que ela sonha com a chegada de vocês, mas nós….

—Nós?

—Não achamos que era para tanto. Talvez ela tenha o dom da premonição. - Você ignorou a pergunta do mais velho, apenas sabendo que talvez seu ex aparecesse mais tarde na sua casa.

Você viu quando Dean colocou Moira no chão, te olhou e sacou o celular do bolso, discando para o irmão e falando para ele ir naquele endereço. Não especificou o que encontraria, apenas para que se apressasse. Vinte minutos mais tarde você escutou baterem na sua porta, sorrindo ao escutar o som da arma sendo destravada do outro lado. O que Sam estava pensando, afinal? Apesar de ter respirando fundo antes de abrí-la, de nada valeu ao ver  Sam ficar sem ação ao processar que era você bem ali.

—S-s/n?! Você…. Você….

—Estava muito bem até Dean bater em minha porta. Eu não te conheço. - Você sorriu para Jack que te olhava maravilhado por conta das histórias que tinha ouvido sobre tudo aquilo.

—Sou Jack Kline. - Ele estendeu a mão te cumprimentando.

—É meu filho - Sam soltou, atraindo sua atenção e descrença.

—Tinha um filho a vinte anos e não me contou? - Um leve ressentimento atingiu sua voz.

—Não! Ele é nosso filho… - Sam se enrolava cada vez mais e isso te divertia, se aproveitar daqueles momentos para deixá-lo mais embaraçado. Bem como nos velhos tempos.

—Até onde eu sei nós não temos um filho dessa idade. - Você ouviu Dean rir no cômodo ao lado. Aquele cretino ouvia tudo e não fazia nada para ajudar o pobre coitado do irmão.

—Quis dizer que Dean, Castiel e eu estamos tomando conta dele por incapacidade do pai.

—Seu pai é um caçador?

—Não, é Lúcifer. - Ele disse em um tom tranquilo - Mas gosto da ideia de ter outros três.

Você piscou seus olhos loucamente, sem palavras para tudo aquilo.

—Podemos entrar, S/n? Eu preciso muito falar com você.

—Isso vai ser muito esquisito, mas sintam-se á vontade. -

Em um primeiro momento Sam pensou que sua fala seria por conta de um marido, já que ouvia risadinhas infantis na casa. Seu coração se apertou por aquilo, mas ele ao menos precisava se explicar. Mas ao ser levado para a sala e ver Dean brincando com uma garotinha em seus braços, arrancando gargalhadas dos dois, outro pensamento veio.

—S/n…. - Sam se virou em sua direção rápido, com um olhar duro e incerteza na voz.

—Eu disse que não tínhamos um filho com a idade de Jack, mas não desmenti isso…

—Por isso fugiu de mim?

—Você me odiava de corpo e alma, acha que eu seria maluca o suficiente para bater na porta do bunker mostrando o teste de gravidez?

—Quando descobriu?

—Uma semana depois de terminarmos. Escute, Sam, não era seguro me expor com ela, acredite em mim. Colocariam a cabeça dela a prêmio quando soubessem…

—Que era minha filha?! - Sam tentava mas não conseguia controlar o tom acusatório, esquecendo-se completamente do irmão e de Jack no mesmo ambiente..

Moira respondeu por si só ao causar uma pequena variação de luz seguida de uma forte corrente de ar no ambiente ao ir para o colo de Jack. Ela gostou de ter alguém parecido com ela na casa, querendo mostrar suas habilidades como toda criança orgulhosa. A corrente levantou o cabelo de todos na sala, em uma forte ventania.

—Moira é fruto da primeira maldição, Sam. Dois seres movidos a magia a conceberam. Ela é uma bruxa, por isso seria tão perigoso nos deixar a mostra.

—E você escolheu Salem….

—Por ser o último lugar que você me procuraria quando despertasse da maldição - que sim, eu sei que estava - mas também por ser o único lugar que talvez eu encontrasse ajuda para esse nosso problema. Pensei que talvez uma das fundadoras se compadessese e me ajudasse a cuidar de uma bebê bruxa.

—E isso funcionou? - Todos estavam chocados com a possível boa ação de uma bruxa.

—Apenas digamos que a sua feiticeira tenha se arrependido ao me ver com ela nos braços completamente perdida. El é uma boa pessoa, acredite. Só estava com raiva por termos matado sua irmã. Eu, matei. Mas nada que já não tenha me redimido.

—O que você fez? - Sam se preocupou, erguendo os braços para passar pelos seus, buscando conforto.

—Desisti da caça e tentei aprender alguma coisa sobre a bruxaria. Uma bruxa por outra, foi o que ela me pediu. Não tem dado muito certo, mas ela tem me ajudado bastante nesses cinco anos.

De fato a mulher tinha empatia o suficiente para deixar de lado a sua não aprendizagem com a bruxaria para servir quase como uma avó para a pequena Moira. Quando descobriu da sua gravidez sentiu remorso por deixá-las desamparadas, principalmente por aquele probleminha mágico. Mas ajudava mais por saber que seria melhor do que um Winchester lidando com tal situação.

Mal sabia ela que eles lidavam perfeitamente bem com Jack, que era bem pior do que Moira.

Samuel te puxou para o corredor, querendo um pouco de privacidade.

—Eu passei tanto tempo te procurando… - Ele estava inquieto.

—E eu passei tanto tempo me escondendo…. Mas isso nunca que ia funcionar, não mesmo?

—Se sabia da maldição, porque não retirou?

—Eu fiquei com medo, Sam…. Foram duas em duas semanas, o que mais poderia acontecer depois? Se tivesse uma terceira eu não suportaria.

—Mas você passou por tanta coisa sozinha, teve um bebê sozinha, S/n!

—Já ouviu falar em independência feminina?

—Quis dizer que me sinto péssimo por não ter estado do seu lado, acompanhado todos esses anos. S/n, minha filha está agarrada ao pescoço do meu irmão e até agora sequer olhou para mim!

—Ela está te dando tempo, acredite. Estava falando à semanas sobre sua chegada, só não queria te assustar.

—Quero que você saiba que eu vou participar da vida dela, S/n.

—Não te pediria o contrário.

—Mesmo nós não tendo mais nada…

—Sei aonde você quer chegar - Você suspirou de olhos fechados - Quer saber se ainda podemos ficar juntos.

—Continua me lendo como ninguém. Eu acordei desse pesadelo a dois anos, mas eu continuo te amando com a mesma intensidade da noite que quebramos a primeira maldição. - Sam foi franco, se segurando para não se aproximar demais e te assustar.

—Eu já previa isso, aprendi o básico de defesa e quebra de feitiços como um plano B, caso você me encontrasse.

—Isso quer dizer…? - Ele estava ansioso.

—Que sou um pouco pretensiosa? talvez, mas caso você seja amaldiçoado de novo vou conseguir reverter antes que faça alguma besteira. Nosso lance ainda não acabou, grandão.

Sam sorriu contagiado pelo seu sorriso, arriscando se aproximar para roubar um beijo. Vocês até que tentaram mas quando seu lábios quase se tocavam alguém os interrompeu.

—Papai? - Moira estava parada na soleira da porta, encarando Sam com seus olhos violeta brilhantes - uma característica herdada do feitiço.

Jack e Dean apenas encaravam a cena no fundo, percebendo Sam exitar antes de te soltar e se abaixar, ficando na altura da filha.

—Oi, meu amor.. - Ele não sabia muito bem o que falar, arrancando risadinhas suas.

—Sabia que você ia vir atrás da gente.- Moira declarou antes de se jogar no pescoço de Sam, quase o sufocando em um abraço surpresa.

—E pretendo nunca mais ir embora. - Sam retribuía assustado com a avalanche de sentimentos.

Parecia que no final das contas ele realmente teria que agradecer às bruxas por terem permitido que formasse uma família. Tinha perdido cinco anos, é verdade, mas só fora gerada graças a uma.


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