Remos Lupin sempre teve medo do que poderia acontecer ao soar da decima segunda badalada de um relógio a meia noite, mas aquela noite em especial lhe trouxe mais medo do que ele já havia sentido em toda a sua vida.

O homem havia envelhecido o equivalente a 10 anos nos últimos seis meses, as rugas de preocupação marcavam o olhar de um rapaz que havia perdido tudo nos últimos tempos. Seus pais estavam mortos. O único amor que havia tido em sua vida agora não passava de um nome em uma lapide. E por fim, seus melhores amigos, as pessoas que o ajudaram a superar a condição que tanto o assombrava, haviam sido brutalmente assassinados. E o lobisomem agora se encontrava sozinho, mesmo sabendo que logo, a maior responsabilidade de sua vida chegaria a porta o homem se encontrava em roupas esfarrapadas e encardidas, olhando pela janela de sua casa. O olhar, o olhar vago e sem vida o caracterizavam naquele momento.

Lupin sabia, que naquela noite sua via teria que mudar. Seus amigos, Thiago e Lilian Potter haviam partido, mas deixaram para trás seus filhos. Um casal de gêmeos nomeados de Harry e Rose, as crianças haviam a pouco completado um ano, e Remos sabendo que era padrinho da pequena Rose tinha de assumir esta responsabilidade. Entretanto, nem tudo correu como os seus desejos , seus colegas da ordem da fênix haviam comunicado a ele que os gêmeos não poderiam ficar juntos de maneira alguma. Medo ? Segurança ? Indiferença ?... Lupin não sabia ao certo porque a decisão final havia sido mandar o menino para viver com os tios trouxas em Londres, para que, posteriormente frequentasse a escola de magia e bruxaria de Hogwarts enquanto sua irmã viveria com o padrinho, o próprio Lupin em qualquer lugar desde de que estivesse bem longe de seu irmão

O incessante devaneio do homem foi interrompido quando ouviu o barulho de alguém batendo a porta, o bruxo respirou fundo como quem tomava folego antes de mergulhar em uma piscina profunda, e abriu a. Então as duas figuras de seus antigos professores Alvo Dumbledore e Minerva Mcgonagal surgiram, ambos com olhares atentos mesmo que cansados.

— Entrem, por favor- disse o homem.

Remos não pode deixar de notar que nos braços da professora Minerva uma pequena figura havia sido cuidadosamente embrulhada em um cobertor cor -de rosa. Rose. A mulher carregava sua afilhada.

— Lupin meu filho – Dumbledore começara a falar – preciso reconhecer que somente as almas mais fortes passariam pelo o que você passou e sairiam bem, sempre te achei um bruxo muito forte

— Obrigada pelo elogio professor, mas creio que não estou bem...não como deveria estar – respondeu o homem de olhos tristes.

—Então talvez a vinda de Rose para você signifique um recomeço, uma chance de permanecer na mesma alegria de antes . – O professor deu um sorriso tímido por trás de sua barba – o irmão dela já foi entregue aos tios, e devo reforçar Lupin eles devem se manter separados, o contrario pode significar muito perigo.

Os dois homens trocaram um breve aceno de cabeças, e Remos voltou sua atenção para a professora MCgongal, que se levantou do sofá onde estava sentada e estendeu a criança para o homem.

—Ela dormiu desde do momento que hagrid os tirou da casa – a mulher abriu um sorriso doce, e Lupin jurou que viu seus olhos marejarem

O homem então estendeu seus braços e tomou a pequenininha. Naquele momento, onde o lobisomem olhava para a doçura e pequeneza daquela criança, Lupin não poderia imaginar que ela ia passar as próximas semanas chorando de saudades do irmão. Não poderia imaginar as grandes coisas que aquelas mãozinhas um dia iriam fazer. Não podia imaginar nem mesmo que a criança ia crescer, e de um bebe se tornaria uma menina, que traria orgulho para o coração do homem a cada segundo que se passasse. Lupin não imaginava que no momento em Rose havia sido entregue a ele, ele havia se tornado um pai. E muitos menos imaginava que um dia os irmãos iam se reencontrar, mesmo que longínquo, mesmo não sabendo que eles eram irmãos, os Potter se reencontrariam, e nada nem ninguém poderia impedir isso.