Thank You for Coming escrita por Kirimi


Capítulo 1
Querida Narcissa...


Notas iniciais do capítulo

Essa história foi criada para o primeiro Amigo Secreto do CoulorSquad.

Portanto eu a dedico para a ISABELA, minha amiga secreta querida!

Espero que goste!



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Os dias passavam numa similaridade enfadonha. As manhãs eram as mesmas, as tardes seguiam conforme a música e a noite, nada se diferia. Havia tempo que Narcissa estava sozinha naquela casa enorme, desde que sua casa fora revirada, investigada e ela própria fora submetida a interrogatórios regados a Veritaserum. Depois disso tudo, fora deixada em paz. Uma paz silenciosa e sufocante. A impressão que tinha é que estava presa em algum tipo de feitiço temporal, onde estava vivendo sempre o mesmo dia. Mas não estava. Todos os dias recebia uma nova edição do Profeta Diário mantendo-a atualizada do que acontecia fora das suas paredes cinzentas. As notícias eram as únicas novidades de seus dias massantes: novas nomeações no Ministério, a resolução do novo Ministro de não se usar mais dementadores em Azkaban e cada vez mais comensais da morte capturados, julgados e presos…

Logo na primeira semana, Narcissa percebeu que teria que se adaptar à essa vida solitária. Pegou os velhos livros de feitiços domésticos da época de seu casamento e se pôs a praticá-los. Não tinha mais elfo doméstico ou capachos do Lord das Trevas para manter sua casa limpa: ela mesma teria que fazê-lo. Aprendeu novamente a limpar e manter limpo cada cômodo da casa, refez seu jardim de narcisos e passou a tratar dos pavões. Por fim aventurou-se na cozinha, afinal, ninguém estava ali para alimentá-la. Começou com pratos simples do dia-a-dia e se arriscou com pratos mais complexos e, para sua própria surpresa, descobriu ser boa nisso.

O ano foi se arrastando dias, semanas, meses. Fazia quase sete meses desde da então chamada “Batalha de Hogwarts” e Narcissa ainda tinha pesadelos periódicos com o Lord  das Trevas andando por sua casa sempre acompanhado por sua cobra e muitos de seus seguidores, bem como seu próprio marido e seu único filho. Apesar de saber que tudo acabou, sua mente não a deixava em paz: lembrava-se de sua casa sendo usada como base dos Comensais da Morte e de seu porão ser usado como masmorra. Lembrava-se de Fenrir Greyback, repulsivo, transitando por toda a sua propriedade como se fosse ele próprio dono de alguma coisa, levando vítimas para seus festins asquerosos com seus iguais. Lembrava-se das reuniões feitas em sua sala de jantar, que uma vez incluiu o assassinato de uma professora qualquer de Hogwarts, que ensinava Estudo dos Trouxas. Lembrava-se de Harry Potter e seus amigos fugindo de sua casa e também da menina nascida trouxa ser torturada em sua sala por Bellatrix, gravando em seu braço os dizeres “sangue-ruim”. Dentro da Escola, lembrava-se das batalhas, de emprestar a própria varinha ao filho e da morte de Bella. Tentou lamentar e chorar por ela, mas não conseguiu. Os acontecimentos na Floresta Proibida, também lhe provocavam instabilidade no sono: o Lord das Trevas a mandando verificar se Potter estava vivo. Ela mentiu, O-Menino-Que-Sobreviveu repetiu sua façanha e venceu a guerra. Porém em seus sonhos o Lord descobria sua armação e matava Draco diante de seus olhos das formas mais cruéis possíveis. Ela acordava suada e tremendo. A Poção Calmante passara a fazer parte de sua primeira refeição do dia.

Dezembro chegou e com ele uma melancolia que atingira Narcissa como um golpe no estômago. Logo seria natal e ela o passaria só. Seriam suas primeiras festas sem Lucius e Draco. Ela chorava até dormir, todas as noites pensando nos seus maiores amores jogados na prisão a qual ela nem tinha direito de visitar.

Lá pela segunda quinzena do último mês do ano, enquanto jantava uma pequena torta de frango, Narcissa recebeu uma carta. Curiosa com a hora em que fora enviada, limpou os lábios delicadamente com o guardanapo e apanhou a correspondência. O selo, era vermelho, escorrido, sem nenhum tipo brasão ou marca, porém quando virou o envelope, antes mesmo de ler seu próprio nome ali escrito, reconheceu a caligrafia. Narcissa prendeu a respiração: a carta era de sua irmã, Andromeda. Andromeda... Tonks. Ela travou uma luta silenciosa enquanto terminava seu jantar e enfeitiçava a louça para que se lavasse. Olhava para o papel dobrado e selado como se fosse uma espécie de ameaça, mas ao mesmo tempo sua curiosidade a atiçava a romper a cera e ler de uma vez o que ali estava escrito. Por fim, deitou em sua cama, já arrumada para dormir, pegou a carta e a abriu:

Querida Narcissa,

A guerra acabou. Perdi meu marido, minha única filha e meu genro no cerco de Hogwarts e estou criando meu neto, o pequeno Teddy. Vi nos jornais que seu marido e filho ainda estão a cumprir pena, então ponderei por um tempo e decidi te escrever: o que acha de nos reunirmos para o natal? Assim fazemos companhia uma para a outra e Teddy não terá seu primeiro natal triste e solitário.

Creio que já está mais que na hora de reatarmos nossos laços, já que somos as últimas Black que restaram. Espero que considere minha proposta.

Sua irmã,

Andromeda Tonks

Narcissa leu a carta muitas vezes, como se esperasse que a carta lhe dissesse mais alguma coisa. Chegou a tocar com a varinha no papel para ver se não havia nada escondido nela. Como já esperava, nada mais havia. Deixou a correspondência de lado e foi dormir. Sonhou com Andrômeda e Bellatrix: cada uma delas gritando de um lado para que Narcissa fosse até elas. Por fim, estendeu a mão à Andromeda e viu Bellatrix emanar um raio vermelho do próprio peito e se desfazer em cinzas. Acordou assustada, com gotas de suor molhando a testa.

Naquela manhã, Marcos da quebrou o jejum com torradas e um pouco de café fraco e doce. Onde quer que ia, levava a carta consigo. Na hora do chá da tarde, respondeu à Andromeda confirmando sua ida. Estava feliz com a decisão e por não passar o natal sozinha, mas estava preocupada com o reencontro. A noite se dedicou a procurar  a receita de natal perfeita. Por fim, encontrou num livro de capa marrom, um belo assado de carne com vegetais. Feito e decorado da maneira correta, ficaria bonito, colorido e suculento.

Na data combinada, Narcissa acordou cedo, comeu rapidamente e foi comprar os ingredientes para o assado e um presente para o neto de sua irmã. Era um desafio sair de casa depois de tanto tempo, mas traçou um objetivo e foi com ele até o fim, sem se importar com olhares e comentários quando ela passava. Chegou em casa e foi trabalhando enquanto beliscava aqui e ali um bocado de tudo. Próximo à hora do almoço, estava sem fome e com tudo adiantado. O pequeno assado estava no forno, os legumes prontos. Decidiu subir para seu quarto e pensar no que vestir. Graças a esses problemas todos, perdera muito peso e a maioria de suas roupas estavam largas. Procurou e optou por um vestido preto de corte clássico, adequado para uma ocasião descontraída. Deixou-o sobre a cama, junto com os sapatos e acessórios que usaria. Sentiu-se estranhamente jovem com essa atitude e riu internamente da situação.

Já próximo ao anoitecer, tirou a carne do forno para o tempo de descanso e posicionou os legumes. Estava com uma bela cor e cheiro. Cobriu sua preciosidade e foi se arrumar. Tomou um banho rápido, vestiu o vestido, claçou os sapatos e colocou acessórios delicados. No fim, estava cansada de espalhafatos. Olhou no espelho e ergueu os cabelos loiros raiados de branco num rabo de cavalo alto e casual. Desceu, embalou o assado numa bandeja de prata com uma tampa própria e esperou o horário.

Narcissa torcia as mãos enquanto olhava nervosamente o relógio na parede. Havia anos que não via sua irmã e não sabia direito o que dizer. Não foram apenas os anos que a separaram: seu casamento, ideais, duas guerras. Duas malditas guerras. A primeira lhe custara a inocência. A segunda, lhe custara a família. Faltando um minuto para o horário combinado, saiu de casa, acionou as proteções mágicas e aparatou.

Parou em frente a uma casa pequena, amarela de porta branca. Na porta da frente, uma portinhola para gatos estava aberta. Próximo a calçada, se via um muro baixinho e um portãozinho charmoso no centro. Depois do muro, belo jardim com um pequeno lago enfeitado de pedras coloridas e conchas, podia ser visto. Narcissa ouviu a porta abrir e quando ergueu os olhos, viu sua irmã em pé no umbral, com uma criança no colo. Andromeda sorriu ao vê-la e agitou a varinha para que o portão se abrisse. Os anos tinham passado também para Andromeda, seus cabelos castanhos estavam quase todo grisalhos e seus olhos pareciam cansados. Mas o sorriso que tinha no rosto fazia tudo desaparecer e sua irmã rever a jovem Andie Black. Narcissa caminhou até a irmã e parou em frente a ela, sem saber muito bem o que dizer e por fim, foi Andromeda quem falou primeiro:

— Seja bem-vinda, Cissy. Este é o pequeno Teddy Lupin. – Ela disse, fazendo festa na barriga do bebê de cabelos azuis claro, que riu com gosto.

— Obrigada por me receber, Andie. – Narcissa para o bebê e estendeu uma das minhas mãos para que o pequeno agarrasse seus dedos. – Muito prazer, pequeno Teddy. Que cabelos bonitos você tem.

O bebê riu com gosto e seu cabelo oscilou entre o roxo, verde fluorescente até voltar no tom ciano de antes. Não pôde evitar de sorrir com ele, porém no mesmo instante, sentiu dores nas bochechas, afinal esse pequeno gesto não fazia mais parte de seu dia-a-dia.

— Entre! – Chamou Andromeda – Deixe a bandeja na sala de jantar. Antes de comermos, temos muito o que conversar.

Narcissa assentiu e deixou a bandeja numa mesa pequena, mas com uma bonita ceia de natal para três pessoas. Quando chegueou na sala de estar, o pequeno Teddy estava a brincar no chão, com um chocalho que emitia um som mais baixo que o comum. Antes que pudesse se sentar, Andromeda se levantou e abraçou Narcissa como nos velhos tempos. Nenhuma das duas mulheres sequer lutou contra as lágrimas, apenas deixaram que elas rolassem e que fizessem o trabalho de lavar todo o mal que podia ter havido entre as duas irmãs até aquele momento.

Depois do abraço, Andromeda serviu gemada à irmã e os diálogos começaram. O assunto era interminável, afinal são quase duas décadas sem sequer uma carta. Ouviram uma o que a outra tinha a dizer. Riram, choraram, esbravejaram juntas, como quando eram jovens. Falaram de suas situações de lados opostos, de seus maridos e filhos. Quando sentaram para jantar, Andromeda posicionou o cadeirão de Teddy próximo a ela, para também alimentar o pequeno. Enquanto comiam, foi Narcissa quem quebrou o silêncio desta vez:

— Andie, me perdoe.

A irmã mais velha olhou para a outra e respondeu prontamente:

— Perdoar? Perdoar pelo que, Cissy?

— Por ter me afastado e por permitir que esse abismo entre nós fosse criado.

— Cissy querida, as circunstâncias nos afastaram. Mas eu sei que você nunca deixou de me amar, como eu nunca deixei de te amar.

— Como pode ser tão boa, Andie? – Narcissa questionou, mais uma vez sentindo lágrimas escorrerem pelo rosto.

— Ah, eu tive ajuda. – Ela sorriu, enquanto limpava a boca do bebê – Ted era um homem muito bom. Ele me ajudou e enxergar o melhor de mim. Quando fugimos, eu ainda carregava o estigma da nossa antiga família, mas ele me ajudou no processo de libertação e de descobrir quem eu realmente sou. E no fim, eu gostei muito do resultado e estou orgulhosa de carregar o presente da mudança que Ted me deu para sempre. – Andromeda também estava com os olhos marejados e então, esfregou os olhos com força para afastar as lágrimas.

— Sinto muito por ele, Andie… Honestamente sinto.

— Eu sei que sim, Cissy. – Ela sorriu, bondosa – Você sempre foi a melhor dentre nós três. Eu demorei muito para te enxergar como uma mulher adulta. Para mim, sempre será minha irmãzinha. – Ela acariciou o rosto de Narcissa – E a verdade é que Bella morria de inveja de nós. De você, pela doçura e de mim pela ousadia, talvez. Nunca saberemos não é?

Narcissa fez que não e respirou fundo antes de perguntar:

— Você sente por ela? Pela sua morte?

Andromeda parou um momento para dar uma uva ao pequeno Teddy, que aceitou de bom grado:

— Você vai me odiar se eu disser que não?

— De maneira nenhuma…

— Pois então, não. – Andromeda deu ênfase na resposta – Na verdade eu tinha a esperança que ela morresse em Azkaban. O que ela fez com os Longbottom…

Narcissa precisou de segundo para se lembrar do nome:

— Os aurores, não é? – Andromeda concordou enquanto Narcissa obervava Teddy rir com a pequena fruta que estourara por causa de sua mordida – O filho deles tem a idade de Draco. Cursou Hogwarts junto com ele, porém na Grifinória.

— Remus dizia que ele era talentoso como o pai e bondoso como a mãe. – Andromeda sorria, enquanto limpava suco de uva do rosto e cabelos do bebê. – Mas que ainda não havia descoberto todo esse poder.

Narcissa perdeu-se na memória do dia em que sua irmã foi presa e disse por fim:

— Eu deixei de nutrir qualquer sentimento bom por Bella depois do que ela fez àquela família… Porém, o Lord das Trevas usou minha casa, como já lhe contei, e o convívio com ela foi inevitável. Cada vez que ela aparatava com um grupo de comensais, eu torcia para que ela não voltasse. Mas ela sempre voltava… Sempre.

— Ela era teimosa, a Bella. – Concordou Andromeda.

Depois de comer todo um cacho de uvas, o bebê estendeu os bracinhos para a avó, que prontamente o pegou no colo:

— Teddy está cansado do cadeirão. Quer segurá-lo?

— Eu posso? – Narcissa perguntou, incerta. – Trouxe a ele um presente também.

— Claro que sim. – Andrômeda sorriu – Uma oportunidade perfeita de entregá-lo.

Na sala, Narcissa sentou com o bebê apoiado em seu colo e colocou em sua frente um pacote de papel verde escuro. Sem cerimônia, o bebê rasgou o papel todo, revelando ali um pequeno dragão de pelúcia cor de cobre, macio e fofinho.

— Espero que você goste, pequeno. – Disse Narcissa, feliz ao ver Teddy abraçado com o novo amigo.

Não tardou para que o bebê dormisse e Andromeda precisar levá-lo para o berço.

— Vem comigo, irmãzinha.

As duas seguiram o corredor até o fim, onde ficava o quarto do casal e um berço.

— Sei que ele já deveria ter o próprio quarto, mas ainda não me sinto segura de deixá-lo só durante a noite.

— Não se preocupe, Andie. – Narcissa respondeu, sentando na cama de casal – Leve o tempo que precisar.

Andromeda ajeitou Teddy no berço e fechou o mosquiteiro. Sentou-se ao lado de Narcissa e as duas deitaram na cama, cabelos castanhos e loiros para fora, como faziam quando precisavam conversar assuntos sérios da adolescência:

— Andie?

— Sim?

— Nunca mais vou me afastar de você.

— Cissy?

— Sim?

— Obrigada por ter vindo...


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado!

Reviews são muito bem-vindas!

Beeeejo! ^v^



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