A Bastarda de Lily Potter - LIVRO 2 escrita por thaisdowattpad


Capítulo 5
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Capítulo Cinco
É cedo para amar.

Mesmo não tendo nada para vestir, Tori resolveu aceitar o convite para o almoço nos Diggory. Se tivessem que gostar dela, gostariam por seu jeito de ser, não pela roupa que veste.

Acordou cedo no sábado e vestiu suas melhores roupas. Uma saia rosa-claro que pertenceu a sua tia, mas que havia recebido algumas pinças para servir nela, uma camiseta branca de Duda enfiada por dentro da saia e que ela havia cortado as mangas por serem largas demais.

O cabelo estava semi-preso como de costume e tudo parecia apropriado, a menos os sapatos. Tudo o que podia contar era seu All Star, que já estava meio apertado, e seu chinelo.

Acabou escolhendo o tênis e se sentou na cama para calça-lo, quando Abigail adentrou o quarto sem bater carregando consigo um cabide com alguma roupa coberta, uma caixa dentro de uma sacola e uma necessaire de mãos.

— Nem morta que você vai sair assim! — fez uma careta para o visual da amiga e jogou as coisas em cima da cama.

— Abigail? O que está fazendo aqui? — estranhou a presença dela ali — Espera... Você fugiu do hospital? — arfou de susto.

— Não, sua boba, eu recebi alta ontem à noite. Na realidade eu fugi de casa com o Motorista! — Abigail soltou um risinho.

— Ficou doida? A Marie vai pirar de preocupação! — disse Tori, se levantando e cruzando os braços.

— Ela vai entender que é por um bem maior! — revirou os olhos e abriu a necessaire, por onde puxou um pente e uma tesoura — Sente-se aí! — mandou e apontou para o malão.

— O que você pensa que vai fazer com isso aí? — Tori deu uns passos assustados para trás.

— Tirar um pedaço desse cabelo de Assembléia de Deus! — abriu e fechou a tesoura.

— Até parece que vou te deixar tocar em meu cabelo! — se afastou mais rápido e se encurralou perto da janela.

— Anda, Tori, eu juro que não vou estragar. O meu cabelo eu que tirei as pontas e ficou bom! — Abigail mexeu em seus cabelos, que não pareciam em corte torto.

— Meu Deus, Abigail, você é louca! — foi para perto do malão e se sentou — E eu mais ainda por concordar com você! — suspirou e tirou o elástico do cabelo.

— Relaxa, você está em boas mãos! — passou o pente pelos fios até o cumprimento que pretendia cortar.

Quando percebeu que a amiga iria aproximar a tesoura do cabelo, Tori fechou os olhos com força e prendeu a respiração, temendo pelo o que sairia disso.

◾ ◾ ◾

Pouco antes de meio dia, Akin chegou para buscar Tori e levá-la até sua casa, por onde havia combinado com os Diggory que ela viajaria por Pó de Flu. Abigail desceu alguns segundos antes, trazendo sua necessaire e um sorriso animado nos lábios.

— Apreciem minha obra de arte! — apontou para o topo da escada.

Devagar, Tori surgiu no topo da escada e começou a descer os degraus sentindo o rosto corar por todos os rostos virados para ela.

Ela trajava um vestido aparentemente novo e que a deixava com a aparência mais jovial, detalhe que as roupas velhas da tia jamais poderiam deixar.

Era preto e de tecido leve, com algumas flores brancas, outras de um vermelho discreto ou rosas. O vestido era um pouco fechado na gola, levemente apertado na cintura e a parte da saia caía livremente até os joelhos.

Nos pés usava um tênis nude, brilhante de um jeito discreto e com os cadarços simples substituídos por fitas que faziam a mesma função.

— Eu juro que tentei fazê-la usar um saltinho, mas ela não quis. Então eu improvisei! — Abigail falou.

O cabelo não havia ficado tão curto, mas era o suficiente para ser reparado. A altura estava alguns poucos centímetros abaixo dos ombros, onde as pontas haviam sido enroladas por bob's de cabelo e algum produto para fixar.

— Meu cabelo está com um cheiro estranho... — resmungou Tori, enquanto pegava uma mecha e cheirava — E parem de me encarar tanto. Eu só cortei o cabelo! — revirou os olhos.

— Mas está tão bonita a minha princesinha! — Petúnia puxou a sobrinha e a apertou contra o corpo.

Tori sabia que todo o ótimo tratamento da tia com ela era por conta da presença de Abigail e da gorda conta bancária que ela provavelmente possuía.

— Cuidado, senhora Dursley, vai amassar meu trabalho! — alertou Abigail, enquanto puxava a amiga.

— Está bonita, Lene. Mas muito frufru para um almoço apenas! — Harry uniu as sobrancelhas em desagrado.

— É só um almoço, Tigrinho! — garantiu — E todo esse frufru é culpa toda da Abigail! — mexeu os ombros.

— Bom, vamos? Não quer chegar só para o jantar, quer? — Akin falou para a menina.

— Isso, vá logo. — disse Abigail, agora empurrando a amiga para a porta — Cuidado para não borrar o gloss... — cantarolou, brincalhona.

Tori apenas revirou os olhos para a brincadeira, acabando por sorrir um pouco. Ela seguiu junto com Akin para o carro, onde entraram e colocaram o cinto.

◾ ◾ ◾

O caminho da Rua dos Alfeneiros até a rua onde a casa trouxa de Akin ficava durou cerca de 5 minutos. O carro era um pretexto para que acreditassem que era ele quem levaria Tori até a casa dos Diggory.

Quando entrou, logo após Akin, eles seguiram até a sala, um lugar meio vazio e limpo, onde o dono da casa parou próximo a uma lareira apagada e pegou uma espécie de vaso de flor, que parecia cheio.

— Preste bem atenção, Tori, você tem que dizer exatamente o lugar que quer ir, sem gaguejar e com muita clareza. — Akin explicou pela milésima vez desde quando foi combinado que esse seria o meio de transporte dela.

— Tudo bem, Akin. Sabe que eu não sou gaga ou fanha! — Tori fez menção em pegar um punhado do pó, mas o adulto desviou.

— Por via das dúvidas, acho que deveria levar a Kiki para me escrever caso vá parar em outro lugar! — sugeriu.

— Não precisa. Eu consigo, Akin, pode confiar! — ela estendeu a mão outra vez.

— Tudo bem. — acabou se dando por vencido e aproximou o vaso da menina.

Ela pegou uma pitada do Pó de Flu e caminhou até a lareira, parando debaixo.

— Casa de Cedrico Diggory! — falou ao mesmo tempo que jogava o pó na lareira.

Com um rugido, as chamas ficaram verde-esmeralda e mais altas do que Tori. No segundo seguinte, ela sentiu a sensação de ser sugada por um ralo, girando rápido o suficiente para ficar enjoada.

Tão rápido quanto começou, logo parou e a menina surgiu em uma sala modesta, mas muito bonita. Ela não deu tanta atenção para seus detalhes, pois o fato de estar tão suja e descabelada a havia aborrecido. Por sorte Abigail não estava ali para ver todo seu trabalho desaparecer em questão de segundos.

— Tori? — ouviu uma voz conhecida.

Ao ergueu o olhar e sair para a sala, a menina viu Cedrico Diggory a analisando com curiosidade e um sorrisinho bobo brincando nos lábios.

— Bom, eu juro que tomei banho antes de vir e até deixei uma menina de 12 anos cortar meu cabelo e passar um treco que fede, mas que fixa um penteado. Não sei o que aconteceu, mas estou parecendo uma mendiga agora! — Tori explicou e tentou colocar algumas mechas no devido lugar.

— Não se preocupe, está bonita mesmo assim! — Cedrico se aproximou dela e tentou tirar o pó acumulado nos ombros.

— Ah, aí está você! — uma mulher muito sorridente surgiu na sala e encarou os dois.

Ela tinha a pele bem clara, mas o cabelo, sobrancelhas e cílios escuras, onde as cores tinham bom contraste. Os olhos eram entre verde e mel e ela não era muito alta.

— Mãe, essa é a Tori. — o menino apresentou.

— Imaginei. — sorriu para a visitante — Por Merlin, você é uma gracinha! — tocou um lado da bochecha dela.

— Acredite, senhora, eu estava em melhores estados segundos atrás, antes de ser devorada por uma chama verde! — Tori lamentou, mas sorriu simpática mesmo assim.

— Não seja por isso. — a mulher moveu sua varinha e em questão de segundos toda a bagunça sumiu — Bem melhor! — sorriu de novo.

— Nossa. — Tori encarou toda a limpeza e sorriu — Muito obrigada, senhora. E agora sim, eu sou a Tori! — pegou em um pedaço do vestido e fez um cumprimento de dama.

— Muito prazer, Tori. Eu sou Taís Diggory. Me chame apenas de Taís, por favor! — pediu.

— Tudo bem, Taís. — a menina assentiu.

Um homem surgiu na sala algum tempo depois. Ele era alto, tinha um rosto corado e a barba esfolada. Provavelmente aquele era o pai e Cedrico tinha muito mais dele do que da mãe.

— Olá, Tori. — ele sorriu — Como foi de viagem? — perguntou e segurou a mão da menina, pousando a outra logo em cima.

— Enjoativa e suja. Por sorte, a senhora Taís deu um jeito na bagunça que a viagem fez em mim! — a menina olhou para a anfitriã e depois para o homem à sua frente — Você é a cara do Cedrico. Aliás, ele é a sua cara! — soltou um risinho.

— Também quero ser um homem bom e trabalhador como ele! — Cedrico sorriu para o pai — Amoroso e educado como minha mãe, claro! — também encarou a mãe, que jogou um beijinho para ele.

— É uma família muito bonita... — Tori elogiou e sorriu, não conseguindo abrir o sorriso mais verdadeiro que gostaria.

De fato era uma bela família. Tão bonita que a fazia pensar em sua situação e isso a machucava. Sempre achou Harry o suficiente, mas não podia não imaginar como seria ter sua família completa outra vez.

— Vamos almoçar? Estou cheio de fome! — Cedrico mudou de assunto e apontou para uma porta, por onde os pais entraram logo após assentir.

— Gostei deles. — a menina tentou disfarçar com uma nova tentativa de sorriso.

— Me desculpe por toda essa demonstração de afeto, Tori. Nós somos assim, mas prometemos que não seríamos em sua frente e falhamos. Me desculpe, de verdade! — o menino lamentou e tocou o ombro da convidada.

— Está tudo bem, Cedrico. Eu não estou incomodada com nada, eu estou feliz com a hospitalidade de vocês! — a bochecha já estava doendo pelo excesso de sorriso.

— Você fica bonitinha usando "você" nas frases. — ele elogiou e ficou alguns segundos a encarando.

— Meu Deus, que cheiro maravilhoso é esse? — Tori disfarçou, se virou e seguiu para a mesma porta que os dois donos da casa entraram.

◾ ◾ ◾

O almoço se iniciou e seguiu com uma conversa agradável. Tori e Cedrico conversaram sobre o primeiro ano em Hogwarts, mais precisamente sobre tudo o que aprenderam e não sobre os detalhes desagradáveis. Depois, entraram em um assunto de profissão quando Amos explicou sobre seu trabalho no ministério.

Até que a atenção foi voltada para a convidada mais uma vez.

— E então, quais seus planos para o futuro? — Taís perguntou, enquanto dava uma última garfada em seu assado e focava agora na taça de vinho.

— Mãe, ela só tem doze anos, não deve ter pensado em grandes planos para o futuro... — Cedrico tentou livrar a namorada da situação.

— Não tenho um cronograma completo, mas tenho um plano inicial, só não sei se é muito bom. — Tori acabou respondendo, mesmo um pouco insegura — Eu ganhei uma máquina de costura de... hum, um admirador secreto seria o nome perfeito? Talvez. Ganhei isso de presente de Natal, sem remetente. Mas antes desse fato estranho, eu já fazia desenhos de algumas roupas que nunca pude construir. Mas eram roupas comuns. Agora que sei que sou bruxa, quero criar roupas nesse nível. Eu não sou comum e não quero um trabalho comum! Ahm, acho que já falei demais... — largou o garfo e tocou as bochechas.

— Não, Tori, pode continuar o quanto quiser. É legal ouvir alguém tão jovem e tão cheia de planos! — Amos a admirou.

— Bom, eu tive que crescer meio cedo, então penso em coisas de adultos desde cedo. Mas em Hogwarts eu passei a me divertir mais, a ser mais criança e quebrar regras. Até que foi divertido! — sorriu com a lembrança, mas logo percebeu que as palavras haviam surtido um efeito estranho — Não que quebrar regras seja bom... Não é isso que eu quis dizer. Vai que pensam que quero corromper o Cedrico! — soltou um risinho nervoso.

— Meu bem, relaxa! — o menino tocou as costas da mão mais próxima da namorada.

— Meu bem? — Tori estranhou e encarou sua mão junto a do menino.

Amos e Taís começam a rir alto e o suficiente para ficarem vermelhos. O homem deu alguns tapinhas na mesa e jogou a cabeça para trás.

— Pareceu um velho de 60 anos! — Taís gargalhou — Amos, parece tanto você na época da escola. Um velho no corpo de adolescente! — deu um tapa na mesa e chorou de rir.

Tori encarou o namorado e acabou começando a rir também. Não sabia o que era tão engraçado, mas riu junto. Riu como só havia feito uma vez desde quando voltou de Hogwarts. Riu até sentir calor.

— Acho que vou começar a tirar a mesa e colocar a sobremesa! — Cedrico balançou a cabeça negativamente e pegou seu prato e de Tori.

— Eu te ajudo, meu bem. — a menina repetiu o apelido e riu outra vez.

Os dois tiraram os pratos e talheres usados, deixando apenas os itens que ainda iriam usar. Seguiram apressados para a cozinha, onde colocaram toda a louça numa espécie de pia esquisita.

— Desculpe por isso. Eles não estão acostumados com vinho! — o menino se desculpou e foi para perto da convidada.

— Relaxa, Cedrico, eu gostei deles. — Tori avisou e ficou chateada de repente.

— O que foi? — uniu as sobrancelhas.

— Justamente por gostar, que eu me sinto péssima em saber que estou mentindo para pessoas tão legais! — suspirou e se virou para a pia, passando a organizar a louça de maneira que não corressem o risco em cair e se quebrar.

— Poderíamos corrigir isso. — Cedrico sugeriu.

— Já podemos? — abriu um enorme sorriso.

— Sim, podemos. Só que d... — foi interrompido.

— Vou agora mesmo contar tudo, já que é notável que tenho mais jeito com as palavras do que você. "Meu bem", não sei de onde você tirou isso! — Tori riu e deu alguns passos para ir até a porta para a sala de jantar, mas acabou sendo puxada de volta.

— Tori, eu não quero contar a verdade. Minha mãe ficaria chateada comigo... — Cedrico a soltou e suspirou, fazendo a menina erguer uma sobrancelha em dúvida — Eu quero fazer a mentira virar verdade, aí todos os problemas estariam resolvidos. Eu não mentiria para os meus pais e nem você para seus amigos. Não é simples? — sorriu como se aquela fosse a ideia mais genial do mundo.

— Claro que não. — a menina falou, mas a frase saiu meio sufocada — Cedrico, nós somos bons amigos, não quero te atrapalhar com uma mentira contínua. — suspirou.

— Tori, você não entendeu? Eu amo você! — Cedrico se declarou.

Tomada pelo susto, Tori arregalou os olhos e a boca, tendo certeza absoluta que não ficou com uma expressão muito bonita. Depois, conseguiu relaxar um pouco, mas ainda sem conseguir dizer nada.

— Olha, eu até comprei uma coisa para você. — enfiou a mão no bolso e tirou uma caixinha — É um anel de família e... — foi interrompido.

— Cedrico, o que pensa que está fazendo? — Tori perguntou, mesmo sendo óbvio — Vai devagar, apressadinho! — segurou o pulso.

— Desculpa... — deu de ombros.

— Podemos ir em algum outro lugar? Lá fora, talvez? — apontou para uma porta que parecia dar acesso a alguma área externa.

— Claro. Vem por aqui! — ele seguiu exatamente para lá.

Desconfortável como nunca se sentiu antes com o menino, Tori seguiu para a área externa, uma espécie de jardim pequeno, com uma balança diferente onde o acento era um banco com encosto preso a correntes. Cedrico seguiu até lá e se sentou, deixando espaço para a menina. Ela se sentou um pouco distante e apertou o pulso, enquanto pensava em suas palavras.

— Cedrico, eu não quero mentir... — Tori começou, sentindo as mãos transpirando.

— Eu sei, por isso acabei de sugerir que nós dois namoremos de verdade! — ele repetiu.

— Você não entendeu. Eu não quero mentir para você, porque se tornou muito especial para mim e não merece isso. — tentou mais uma vez ser sincera, mas falhou, o que a deixou arrasada — Ah, droga, por que fui ter essa ideia genial de namoro de mentira? Sou uma burra. Ou pior, uma egoísta com os sentimentos alheios! — bateu na cabeça algumas vezes.

— Calma, respira fundo e fala. — disse Cedrico, pegando as duas mãos dela e segurando para que ela parasse de se agredir — Você não tem noção do quanto foi difícil te falar aquelas coisas. Vai, você consegue. É uma Grifinória, se lembra? — a incentivou.

— Cedrico, eu não quero namorar de verdade com você. — foi tão direta que a frase não saiu conforme gostaria — Quer dizer... eu não quero namorar ninguém. Olhe só para mim, eu sou muito nova. E você também! — livrou suas mãos.

Finalmente entendendo a situação, o sorrisinho que estava nos lábios de Cedrico sumiu, dando lugar a uma expressão um pouco murcha. Ele tocou o abdômen e o segurou, como se algo fosse cair dali a qualquer momento.

— Mas... Por quê? — encarou a menina como se ainda tivesse uma mínima chance de ser brincadeira.

— É cedo para amar dessa forma, Cedrico. Nós só temos 12 anos, não temos idade para essas coisas. Temos tantas coisas para aprender ainda... Para quê nos preocupar com uma coisa tão chata de adultos? — ela tentou abrir um sorriso otimista para as próprias palavras, mas soube pela expressão do menino que havia falhado.

— Nossa, acho que tive uma má digestão, porque tem algo doendo aqui... — fez uma caretinha e apertou o abdômen.

— Não é má digestão. — Tori negou e sentiu um forte aperto no peito, o que resultou a muitas lágrimas nos olhos — Isso sou eu tendo que esmagar seu coração com as próprias mãos! — fez um gesto fechando as duas mãos em volta de algo invisível.

Depois disso, as muitas lágrimas acumuladas nos olhos caíram e ela soluçou, iniciando um choro triste. Acabou saindo correndo para dentro da casa outra vez, pois continuar olhando aquele que havia magoado só piorava suas lágrimas.

Ela voltou para a cozinha, secou as muitas lágrimas e respirou fundo, tendo apenas alguns poucos segundos antes de desabar outra vez. Então entrou na sala de jantar com um pequeno sorriso nos lábios.

— Senhora Taís, senhor Amos, obrigada pelo almoço, estava tudo maravilhoso e a conversa ótima. Mas agora tenho que ir, tchau! — dito isso, saiu correndo para a sala, onde ficava a lareira que havia chegado.

Para sua sorte, o vaso de flores com o Pó de Flu estava em um lugar visível, próximo a uma coleção de outros vasos. Ela pegou um punhado e entrou na lareira, onde novas lágrimas surgiram.

— Ho... g-smeade... — com a mão livre a passou no rosto úmido, enquanto com a outra jogou o Pó de Flu no chão.

Assim como da primeira vez, chamas verde-esmeralda surgiram e envolveram a menina. A sensação de ser sugada por um ralo aconteceu outra vez, agora vindo com dor acompanhada do enjoo. Sentiu o corpo bater em vários lugares, mas sempre girando. Teve a impressão de ter visto uma pessoa voando em sua direção e fechou os olhos com força, assustada com a possibilidade do impacto. Teve a sensação de alguém tentando puxar seu cabelo, veio a agonia em não saber o que havia feito de errado e o desejo que aquilo parasse.

Então Tori caiu, se arrastando por um chão sujo e áspero. Ela tossiu algumas vezes, principalmente pelo incômodo causado pelo odor de meleca de cabras, talvez. Não podia ter certeza, pois o fixador de penteado havia virado um emaranhado de fios semelhante a um ninho de pássaros, e caído em frente aos olhos da menina. Irritada e ainda chorosa, ela jogou tudo para trás e se levantou, batendo o pó da roupa. Ou parte dele, pois percebeu que era muito.

Desistindo de sua limpeza, Tori ergueu os olhos e reparou pela primeira vez onde estava. Parecia uma salinha mal mobiliada e muito suja, onde as janelas curvas eram tão repletas de fuligem que pouca luz solar conseguia chegar ali.

No momento, havia um homem — provavelmente o dono do lugar — atrás do balcão e de cabeça baixa, passando um pano surrado sobre o mesmo lugar repetidas vezes. Sentado à frente, um outro esquisito e de dentes amarelos e enormes intervalos entre eles, que parecia rir do estado da menina.

— Tudo bem, criança? — a encarou de forma assustadora.

Tudo o que Tori conseguiu fazer foi ofegar de susto e sair correndo o mais rápido o possível para o que pensou ser a porta, mas não sem antes olhar para trás e perceber que o dono do bar havia erguido a cabeça e parecia terrivelmente familiar.

— Padrinho? — refletiu enquanto parava de correr e olhava para a porta do lugar precário.

— Tori? Tori Evans? — uma voz desconhecida e próxima a fez pular de susto — O que está fazendo aqui e nesse estado? — perguntou.

Ao se virar, avistou uma mulher desconhecida, mas ao mesmo tempo com traços familiares. Ela carregava nos braços uma sacola de compras.

— Ah, que cabeça a minha! — a adulta riu do fato de ter se esquecido de se apresentar — Sou mãe de alguém que suponho que conheça bem, o Olívio Wood. — avisou e sorriu de leve.

— Ahm... Sim, é meu amigo. Amigo que envolvi em meus problemas e lamento muito! — Tori corou ao saber que estava diante de alguém que provavelmente fez parte do sermão que ele recebeu.

— Não se preocupe, o importante é que ele voltou inteiro e está obedecendo o castigo! — falou e trocou a sacola de braço — Vem, vamos até o chalé para que você se limpe e cuide desses arranhões antes de voltar para casa. — convidou a menina e recomeçou a caminhar.

— Obrigada, senhora Wood! — ela agradeceu enquanto a seguia.

Ainda confusa com o que havia visto, Tori olhou para a porta do pub precário mais uma vez, não conseguindo se livrar da sensação em ter visto seu Padrinho, Dumbledore.

Acabou conseguindo dispersar os pensamentos quando a senhora Wood começou a tagarelar sobre suas compras.

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Notas finais do capítulo

❝| As cenas do Pó de Flu eu descrevi com referência ao livro Harry Potter e a Câmara Secreta. Créditos a JK por isso.

Não sei ao certo o nome da mãe do Cedrico, mas várias wiki de fãs dizia que era Taís (minha quase xará/só que meu Thais tem TH), então eu usei esse nome. A aparência dela eu inventei baseada na Stephenie Meyer. Não sei o motivo de ter escolhido ela existindo tantas atrizes no mundo, mas foi ela e resolvi deixar assim mesmo.

No próximo capítulo eu vou explicar o motivo da Tori estar um pouco "intensa" demais pro nosso gosto. Ela não voltou a ser chorona por tudo, as lágrimas dela tem um motivo, eu juro. |❞