English Boy escrita por Kiki, Tyke


Capítulo 26
Capitulo 26




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Barulho!

O barulho de várias crianças e adolescentes conversando estava zunindo na minha cabeça e fazendo-a doer. Eu estava sentando com meus amigos durante o almoço e não conseguia prestar atenção na conversa deles por muito tempo. Felizmente, o fato de ser semana de provas era uma desculpa perfeita para eu estar tão desligado. Por isso, eles nem pareciam questionar demais o meu silêncio. No entanto, eu possuía outro motivo para estar assim.

Observei por baixo dos cílios, sem precisar erguer a cabeça, que Tião estava importunando Danilo. Ao que parece meu amigo havia finalmente atingido a forma animaga durante as aulas de transfiguração, porém ele não queria revelar qual o animal. Danilo dava olhares suplicantes para Lina, com quem ele fazia as aulas, e num acordo tácito ela não demonstrava intenção de contar.

 ꟷ É uma cutia!

Para minha surpresa a revelação veio de Iara. Me virei na direção da garota e ela apertava os dedos nas têmporas doloridas por ter aguentado tantas perguntas incansáveis. Pois é, Tião costumava vencer nem que fosse na base da chatice. 

ꟷ Iara!

Agora foi Danilo quem se exaltou. Quando me voltei para ele, o encontrei com a expressão indignada para a namorada. Iara, ao perceber o que fez no desespero de calar Tião, abriu a boca no que seria um pedido de desculpa. Mas ela foi interrompida.

ꟷ  Aquele rato? ꟷ é claro que Tião não iria se calar ainda.

ꟷ Cutia não é um rato. ꟷ Danilo negou com o rosto tão vermelho quanto sua pele branca podia ficar.

Não consegui prestar atenção no que veio a seguir. Provavelmente, eu acordei naquela manhã um idoso de 84 anos e não era capaz de dar a mínima àquela discussão infantil. Tudo me fazia suspirar cansado, desde as brincadeiras de Tião até o constrangimento exagerado de Danilo. Não fazia sentido para mim. Que vergonha havia nisso? Ser um animago era foda, entretanto, Tião parecia estar encontrando meios de deixar Danilo cada vez mais constrangido por causa da cutia.

Mas Danilo não é só uma cutia ele é um bruxo. Se a onça tentasse comê-lo ele poderia transfigurar a onça em um chapéu.  ꟷ James falou pela primeira vez.

Levantei a cabeça para observar o garoto ruivo ao lado de Danilo. Não por muito tempo, logo voltei encarar meu prato. James estava focado no assunto que eu estava de fora. Que aliás...Onças comendo Danilo? Como tinham chegado nesse ponto?

ꟷ O que James disse? ꟷ Iara perguntou e Tião traduziu para ambas as meninas.

ꟷ É o que eu tentei dizer, Sebastião. Não existe animal melhor que outro ꟷ Lina parecia estar repetindo um argumento que eu havia perdido.

ꟷ Até você me chamando assim, menina?! ꟷ Tião disse ofendido.

Os outros riram. Eu perdi muita coisa nos últimos dias por falta de atenção,  mas acho que eles estavam se dando bem. Ou era apenas uma fachada de convivência, pois tanto Lina quando Tião eram capazes disso. Lina conseguia tratar qualquer pessoa bem com seu jeito meigo. E, por sua vez, Tião podia vestir uma máscara amistosa e ser simpático até com Marco. Seja qual for a situação, depois da Festa Junina, eu estava alheio a quase tudo. Menos às provas do semestre, porque elas eram muito importantes.

ꟷ Mudando de assunto. Vocês vão se inscrever no curso de aparatação do semestre que vem? ꟷ perguntou Danilo.

ꟷ Não posso, faço dezessete só em outubro. Terei que fazer depois. ꟷ Tião respondeu com um bico chateado. Ele era o mais novo entre nós.

Merlin! Ás vezes eu esqueço que vocês são mais novos. ꟷ James resmungou dando um sorriso de divertimento.

Como assim, James? ꟷ Tião se inclinou sobre a mesa para ver o outro garoto melhor.

Vocês ainda têm dezesseis anos, é estranho.

Eu já tenho dezessete. ꟷ Danilo declarou de intrometido na conversa.

Não estou entendendo. Quantos anos você tem, James? ꟷ Tião, ignorando Danilo, mantinha uma expressão confusa.

Eu já sabia da nossa diferença de idade. Acontece que, no Castelinho, recebemos nossa carta com dez ou onze anos. A idade era quase indiferente, contanto que estivéssemos na escola em fevereiro, quando as aulas começam. Entretanto, para ser convocado em Hogwarts precisa ter no mínimo onze anos completos. 

James e eu havíamos percebido essa diferença durante aquele jogo de perguntas que inventei para ajudá-lo com o português. Talvez, vale dizer que os estudos à tarde na biblioteca não existiam mais. Isso porque, na sexta-feira seguinte a Festa Junina, James saiu da aula de Herbologia e foi direto para o alojamento. Não fui atrás dele buscá-lo, apenas o deixei fugir. Era melhor assim.

Eu faço dezoito em agosto. ꟷ escutei James responder a pergunta que lhe foi feita.

Evitei encarar os outros garotos na minha frente. A esperança era que, sem contato visual, eles não se lembrassem de mim e não tentassem me incluir na conversa. Parecia mais fácil simplesmente ficar quieto. Mas eu ainda podia prestar atenção, até porque a voz estridente de Tião em seguida foi difícil de ignorar:

QUÊ? Por que você é tão velho?

Eu não sou velho!

Então por que está fazendo dezoito no sétimo ano? Você já deveria estar formado.

Eu estaria me formando agora em junho, com o resto da minha turma, se não estivesse aqui. Não entendo porque o calendário de vocês começa em fevereiro.

Porque é o início do ano, Dã…

Minha meta a poucos instantes era não estar olhando para eles, mas então me dei conta que era exatamente isso que eu fazia. James estava focado em discutir com Tião e convencê-lo que seu sistema fazia mais sentido que o nosso. O problema era que quando James começa a falar deveria ter um ímã que atraía o meu olhar. Eu não conseguia evitar.

ꟷ Lucas. ꟷ Danilo me chamou. Droga, eu sabia que um deles tentaria conversar se percebesse que eu ainda estava ali ꟷ Sua mãe me mandou uma carta sobre o seu aniversário.

ꟷ Que? ꟷ despertei arregalando os olhos, pois minha mãe não deveria mandar cartas para os meus amigos. Eu devo ter acordado em uma realidade paralela.

ꟷ Aqui. ꟷ Danilo pegou a carta na mochila e me jogou por cima da mesa ꟷ Estamos todos convidados para sua festa de aniversário.

ꟷ Não pode ser.

Peguei o papel nas mãos sem conseguir acreditar. A folha era uma página de caderno arrancada, tinha as linhas azuis e a marca d’água da tilibra. Realmente aquilo era a letra da minha mãe em seu português perfeitamente escrito a caneta preta. Minha mãe já fantasiou passar em concursos públicos então ela é uma daquelas pessoas que acham inadmissível escrever “errado”, mas falar pode.

Poderia ser pior até… daí percebi que era. Junto com a carta havia um convite, daqueles que se compra em lojas de festas, colorido com balõezinhos de aniversário. 

ꟷ Eba! ꟷ escutei Iara comemorar contente pelo convite.

ꟷ Ai...Luquinha, você sabe que eu não posso ir, não é? ꟷ Tião falou encolhendo os ombros.

ꟷ Sem problemas. Por mim nenhum de vocês vai.

ꟷ Oh, mas é claro que vamos. ꟷ Danilo rebateu sorrindo.

Danilo frequentava minha casa nas férias, mas somente ele. Minha mãe tava louca de convidar todo mundo sem antes me consultar. Eu precisava argumentar como seria uma experiência ruim e convencê-los a não ir.

ꟷ As festas da minha família são estúpidas e...

ꟷ Exatamente por isso nós vamos. ꟷ Danilo zombou, se divertindo com meu incômodo. Eu já esperava que ele aparecesse no meu aniversário, então não era uma surpresa ele confirmar.

ꟷ Vou ver se meu pai deixa. ꟷ Lina concordou e isso sim me fez respirar fundo.

Iara, ao lado de Lina, acenava contente. Ok, ela também apareceria. Bem, pelo menos eu tinha Tião fora dessa. Parecia no mínimo conveniente que ele não fosse na casa de uma família trouxa.

ꟷ Você vai ficar por aqui, James? ꟷ Danilo perguntou ao outro garoto. 

Prendi a respiração ao escutar isso. Juro que não lembrava dele no momento em que a carta da minha mãe estava em minhas mãos. Tão pouco percebi que o convite estaria automaticamente estendido a ele também. “Por favor, não faz isso Danilo” eu pensei sem poder verbalizar meu sentimento.

Sim, acho que terei que passar as férias na escola.

Credo, que pesadelo! Quer ficar na minha casa? No final do mês vamos no aniversário do Luca.

Eu não sei se posso sair…

Você já é velho. Não pode fazer o que quiser? ꟷ Tião perguntou com o copo de suco na cara.

Talvez eu...hey! Eu não sou velho. ꟷ James protestou fazendo Danilo rir. Em seguida, ele concordou sem muita firmeza ꟷ Posso conversar com a diretora Paloma.

Ponderei que James estava tentando encontrar uma saída para recusar. Agradeci por isso. As festinhas de aniversário costumavam ser constrangedoras por si próprias, eu não precisava da presença dele me deixando mais envergonhado.

De repente senti um beijo estalado na minha bochecha, que me tirou dos devaneios.

ꟷ Precisamos ir, temos prova de Manejo agora. ꟷ Lina me falou antes que começasse a se levantar da mesa pegando sua mochila.

ꟷ Boa sorte! ꟷ dei um selinho rápido nela. 

As meninas saíram da mesa para levar suas bandejas até a saída. Me dei conta do horário e que em poucos minutos uma prova também me aguardava.

ꟷ Acho melhor irmos. ꟷ anunciei aos garotos antes de me virar para um específico ꟷ James?

ꟷ Ok ꟷ ele respondeu sem me olhar 

ꟷ Onde estão indo? ꟷ perguntou Tião com desinteresse.

ꟷ Temos prova de Artefatos Mágicos agora.

A palavra “prova” o fez estremecer inteiro.

ꟷ Não sei como conseguem fazer esse monte de matéria chata.

ꟷ Melhor que não fazer nada como você. ꟷ joguei na cara dele.

ꟷ Lei do mínimo esforço, migo.

 

***

James e eu saímos do refeitório e descemos a Grande Escadaria em direção a sala de aula. Durante o caminho não trocamos uma única palavra, a semana toda nos evitávamos mutuamente.

Nitidamente, ter que interagir com ele era um incômodo para mim. Mas o silêncio era tão ruim quanto, ou até pior. James se tornou próximo o bastante para me fazer sentir falta das nossas conversas. Agr! Eu sabia, que no final, o desconforto acabava sendo minha culpa. Pois na noite seguinte a festa James tentou conversar comigo, mas eu não o deixei falar. Isso porque, eu queria ignorar o que acont… Senti o pânico voltando conforme pensava e acelerei o passo para chegar logo na sala.

Após a prova de Artefatos, eu saí primeiro que James. Quase fui embora, pois era meu instinto imediato. Mas me forcei a ficar, algo dentro de mim gritava que eu precisava enfrentar aquele medo de uma vez por todas. Assim, decidi sentar no corredor para esperar James.

Quando ele saiu parecia surpreso em me ver, porém não comentou nada. Iniciamos outra caminhada silenciosa lado a lado.

ꟷ Então, como foi? ꟷ perguntei me referindo a prova e tentando quebrar o gelo.

ꟷ Fácil. Tenho sorte que os professores fazem a minha prova em inglês

Mais silêncio. Eu não tinha coragem de falar sobre o que precisava. As palavras e aquela pergunta informulável surgia na ponta da língua, mas eu não as deixava sair. 

Quando chegamos no gramado, respirei fundo achando que conseguiria falar e meu corpo tremeu em expectativa. Eu ia começar com "Então, sobre a festa…" algo assim. Mas James falou primeiro.

Ah, eu tenho treino agora.

ꟷ Tão tarde?

ꟷ Pois é.

Sorri discretamente por ele dizer algo que eu vivia dizendo.

ꟷ Vou até o campo com você. ꟷ falei. 

Logo após me arrependi e fechei os olhos com raiva de mim. Eu só estava prolongando a tortura para ambos.

ꟷ O quê? Não! ꟷ James se assustou ꟷ Você nem gosta de quadribol.

Era mentira, fácil de pegar vindo dele. Cerrei as sobrancelhas sem entender porque James tentou mentir para mim. Então, lembrei que na semana de provas atividades como quadribol eram suspensas e que Danilo havia marcado comigo de estudar depois da aula (obviamente ele não tinha treino). 

Se me perguntar o motivo, não saberei explicar, mas tudo que eu disse em seguida foi movido a uma irritação sem controle.

ꟷ Preciso falar com Danilo. ꟷ inventei na cara dura. Mentir não era um problema para mim ꟷ Ele não vai estar lá?

ꟷ Não. ꟷ James respondeu ꟷ Não sei. ꟷ e rapidamente corrigiu.

ꟷ Beleza. Vou ver se ele está.

Sorri sarcástico e fui andando em direção ao campo. Eu não estava pensando direito nas minhas ações, mas queria deixá-lo desconfortável provando que não existia treino. 

Alguns segundo depois, percebi que James estava vindo atrás. Até porque ele não tinha muita opção diante do que eu decidi fazer. Logo atravessamos todo o campo de quadribol e chegamos nos vestiários. Para a surpresa de ninguém, o lugar estava vazio.

ꟷ Não tem ninguém. ꟷ falei com aquele tom de “eu sabia”.

James cruzou a sala até os armários e tirou alguns equipamentos lá de dentro. Eu continuei no batente da porta esperando sua resposta que não veio.

ꟷ Vai treinar sozinho? ꟷ Insisti em falar novamente e ganhei um suspiro audível dele.

Nosso olhar se encontrou e senti um arrepio. Nunca vi James irritado daquele jeito o que me assustou enquanto tive que sustentar seu olhar. Até me questionei sobre o que fazia. Sei muito bem que meu tom estava sendo agressivo. Mas eu não estava tentando “testar limites”, não era minha intenção irritá-lo. Na verdade, perceber que de alguma forma fiz aquela pessoa calma chegar nesse ponto, me fez recuar. 

James tirou a capa e puxou a camisa por cima da cabeça. Olhei para longe não querendo ver suas costas brancas cheia de sardas e com aquela tatuagem idiota.

Danilo não está aqui. ꟷ James falou depois de um longo tempo que fiquei parado.

O encarei surpreso com a frase. James já tinha vestido praticamente todos seus equipamentos.

ꟷ Está tentando me dizer para ir embora?

James não respondeu e continuou amarrando sua bota de quadribol. Senti meu orgulho ser ferido. Sei que estava tudo muito estranho e que eu acabei sendo insuportável. Entretanto, nunca imaginei que ele me mandaria embora assim.

Não precisava de mais. Com isso, apenas saí do vestiário e fui indo na direção do alojamento. De novo, me senti irritado com ele e mais irritado ainda comigo mesmo. A onde tudo isso iria parar? Algumas horas atrás pensei em resolver o estranhamento entre nós e de repente estava tudo pior.

Eu cheguei ao final do campo de quadribol, quando um trem passou zunindo pela minha cabeça. Levei um susto e minha mochila caiu no chão espalhando meus pertences.

ꟷ Saco! ꟷ praguejei.

Agachei no chão para pegar meus rolos de pergaminhos e frascos de tintas, então novamente o trem passou zumbindo na minha cabeça. Parecia um mosquito gigante. Tentei abaná-lo, mas o treco não saia do meu redor.

Parece que você o atraiu. 

James estava montado na vassoura, diante de mim, pairava a uns dois metros do chão e de distância.

ꟷ O quê?

ꟷ Pomo de ouro.

Depois que ele me disse o que era, consegui ver de relance a forma arredondada da bolinha voando muito rápido.

ꟷ Ah...

O pomo parou na minha frente, estiquei a mão para tentar pegar e ele foi se afastando devagar até ficar longe do meu alcance. Dei um passo para frente e ele se afastou mais. Tentei pegá-lo com um movimento rápido, assim, ele fugiu veloz me fazendo desequilibrar. 

Escutei a risada de James e virei em sua direção. O garoto estava longe o bastante para eu não conseguir distinguir sua expressão, mas era perceptível que ele não estava mais nervoso.

ꟷ Você está fazendo isso?

ꟷ Não. ꟷ ele tirou as mãos do cabo da vassoura e mostrando que estavam vazias ꟷ Acho que ele está te provocando.

ꟷ Por quê?

ꟷ Não sei.

Então lembrei que estava irritado com ele e não ia ficar lá conversando. Peguei minha mochila e enfiei os trem do chão dentro dela. Continuei andando com o zumbido me perseguindo, tentei fingir que não estava incomodado. Talvez, assim, o pomo me deixava em paz.

Do nada James voou bruscamente cortando minha frente. O vento soprou ao meu redor bagunçando meu cabelo e fazendo minha capa esvoaçar, ela quase enrolou ao redor do meu corpo.

ꟷ Cuidado! ꟷ o adverti. Estava assustado e sem entender porque ele fez aquilo.

ꟷ Peguei ꟷ James me mostrou orgulhoso a bolinha em sua mão, veio até mim e desmontou a vassoura.

ꟷ Grande coisa.

Voltei a caminhar o ignorando. Pois é, ao que parece eu resolvi ser babaca de novo. Sem dúvida minhas atitudes naquele dia estavam para lá de questionáveis. Não olhei para trás. Não queria ver qual foi a reação de James. Apenas queria estar o mais longe possível, onde pudesse me sentir menos confuso sobre minhas ações. 

 

***

Mais tarde naquela noite. Eu estava revisando minhas anotações de Práticas Defensivas, no centrinho, com Danilo e Iara. Nós tínhamos pegado um lugar bem afastado dos outros alunos para estudarmos.

ꟷ Oi! ꟷ James disse aparecendo do nada.

Ele estava com roupas normais (nenhum sinal de equipamentos de quadribol), cabelo molhado e as mãos enfiadas nos bolsos da calça. Definitivamente, eu não estava mais irritado com ele, mas sentia vergonha do que houve mais cedo. Tipo...a gente brigou? Eu não sabia definir se foi tudo isso. Danilo e Iara responderam o cumprimento de James, na dúvida, eu só fiquei calado.

Eu estava sentado no chão com as costas apoiadas no sofá atrás de mim. Senti a movimentação ao meu lado de alguém sentando no sofá. Não precisei tirar os olhos do livro para saber que era James quem sentava perto de mim.

Me desculpa. Eu precisava ficar um pouco sozinho. ꟷ ele sussurrou baixo e curvando perto do meu ouvido, de forma que os outros sentados no sofá da frente não ouviram

Abaixei o livro no meu colo e ergui a cabeça para cima. James endireitou sua postura no sofá quando me voltei para ele.

ꟷ Tudo bem. ꟷ respondi simplesmente e ele me deu sorriso suave.

Aparentemente estávamos bem o que me trazia um certo alívio. Voltei a ler o livro de Prática de Defesas e discutir alguns tópicos da matéria com Iara e Danilo. 

Chegou uma hora que James deitou no sofá e eu tentei não pensar em como ficávamos próximos desse jeito. O que não deveria me incomodar, pois no passado já estivemos muito mais perto do que isso. 

As lembranças me levaram para momentos onde ficamos deitados juntos na cama e conversando. Já estivemos tão perto que pude sentir sua respiração em minha pele, como naquela noite da festa...Inferno! Eu deveria estar estudando. Chacoalhei os pensamentos para longe e voltei para a leitura do meu livro.

Depois de algumas horas, o Centrinho começou se esvaziar. Estava ficando tarde quando Danilo e Iara desistiram de estudar. Os dois se despediram da gente e subiram juntos para os quartos.

Vendo eles se afastarem, bocejei e cocei os olhos cansado. Recolhi meus livros e anotações, preparado para também subir pro quarto. Senti James se mexendo nas minhas costas, eu tinha a suspeita que ele estava dormindo no sofá, mas pelo jeito me enganei. Ele ficou em pé e  aguardando que eu terminasse de juntar minhas coisas. 

Assim que tudo foi recolhido e acomodado embaixo do meu braço, uma mão apareceu estendida no meu campo de visão. Era de James. Olhei para o seu rosto e ele me deu um sorriso tímido, a mão persistente ainda no ar. Por fim, aceitei a ajuda pegando na mão dele. James me puxou para cima e quase não precisei fazer esforço, apenas me apoiei nos dois pés enquanto era puxado. 

Nossas mãos se soltaram em seguida quando não tinha mais necessidade de ficarem unidas. Senti a falta de tocá-lo e com isso meu rosto esquentou tanto que o rubor desceu pelo meu pescoço até o peito. Eu estava ficando apavorado de novo. Sem pensar duas vezes, saí correndo o mais rápido possível e o deixei para trás pela segunda vez no dia.

 


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Notas finais do capítulo

Ooi!
Ufa consegui escrever mais esse. Nem acredito que estou conseguindo avançar com a fic, fico tão feliz. Claro que é graças a vcs que apoiam. Obrigada a todos os leitores! ♥

Espero que desculpem o Luca por estar fazendo drama. Ele precisa de um tempo para lidar e com isso ele pode acabar sendo meio otário. Vocês sabem disso, lembra como ele tratava James no começo? Pois é.

Comentem e muitos beijos.



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