She Wolf escrita por Pandora Queen
Um lobo marrom corria entre os arbustos e árvores escapando dos tiros que insistiam em segui-lo.
“Besta maldita vou te pegar e por sua pele na parede!”
O lobo quase deu risada. "Fazendeiro tonto". Correndo graciosamente o animal saiu da área das fazendas e se dirigiu ao bairro do subúrbio que ficava nas vizinhanças, o sol ia se erguendo no horizonte e a atração da lua estava enfraquecendo. Passando por morros, e casas, o lobo procurava por um lugar em particular, um antigo igarapé que ficava no meio de um vale, apesar de asfaltado e urbanizado com prédios de condomínios ainda possuía a sua forma original.
“Quase lá” a outra voz na sua cabeça disse. O lobo apressou a corrida. Precisava chegar ao destino antes do sol.
Passando por mais algumas árvores o animal chegou a um terreno descampado de solo arenoso. Os cheiros familiares o cumprimentaram, o cheiro dos cães locais, das crianças que empinavam pipa durante o dia, dos usuários de drogas que usualmente se escondiam lá, da gasolina dos carros que circulam pela avenida mais abaixo no final da rua e os diversos cheiros que vinham das pessoas que transitavam e moravam por lá. Mas um em particular o animou. "Mãe" a voz na sua cabeça falou, pondo as orelhas de pé e abanando a cauda o bicho seguiu o rastro e chegou à beirada do morro que levava ao condomínio em que a duas pernas morava. Porém no meio o caminho encontrou um par de coelhos branquinhos brincando no mato que crescia na encosta do morro. O lobo não estava com fome, tinha abatido um carneiro e uma vaca em uma fazenda na divisa do bairro e deixado um fazendeiro muito puto de raiva. Mas o instinto de persegui os coelhos foi maior, ele começou a correr atrás das criaturinhas, encurralado e prendendo eles entre suas patas e dentes, não queria machuca-los de qualquer maneira, apenas brincar e assim o fez.
O barulho de uma chave abrindo uma porta o tirou da brincadeira. “É hora de voltar pra casa" disse a voz de novo, o lobo concordou. Correndo em direção a um prédio em particular e pulando o muro cor de creme o bicho subiu no telhado da casa de máquina do prédio. O esquema era simples, a janela do apartamento do terceiro andar mais especificamente a janela da lavanderia ficava aberta, tudo que tinha que fazer era pular pra o parapeito desta e pegar direção e impulso pra chegar à janela do último apartamento, sua casa.
A porta de madeira pertencente ao último apartamento se abriu. Agora. O lobo pulou pra janela da lavanderia, se agarrando com as patas dianteiras, quando as patas de trás tocaram o parapeito quase que com a graça de um gato o bicho virou o corpo e pulou pra janela aberta do último andar. Era um quarto. De paredes rosa claro, com uma cama de madeira branca, um guarda roupas da mesma cor, uma cômoda preta e uma televisão na parede.
O sol finalmente nascia.
Com ele mudança.
Som de ossos quebrando e sendo refeitos, o pelo castanho sumia dando lugar a pele rosada leitosa. Patas, focinho, e presas sumiram. O lobo voltou a sua forma original. Uma garota jovem de cabelos escuros, pele clara, olhos castanhos escuros e brilhantes, ainda usando um vestido de algodão branco com alças finas e simples.
— Bem a tempo! – Suspirou a garota.
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!Notas finais do capítulo
A todos que leram até aqui, muito obrigada.