Tártaro escrita por Fluffe


Capítulo 1
Capítulo único - Como é o inferno?




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Pov: Nico

Nem eu mais sabia do que estava correndo. Porém, toda vez que minha perna parecia que pesava mais do que o normal, a adrenalina passava pelo meu corpo, me fazendo continuar no mesmo ritmo.

Sentia o meu coração batendo fortemente em meu tórax, como se ele estivesse tão rápido que poderia  explodir. Mas não podia me dar o luxo de parar de correr.

Entretanto, cada vez que olhava para frente, parecia que cada vez mais estava no mesmo lugar, já que não conseguia ver algum ponto de referência que fizesse o meu cérebro se estimular com uma meta para comprir.

E aquele desespero que eu não poderia sentir de jeito nenhum se eu quisesse continuar vivo possuiu todo o meu corpo. Pois eu sabia que por mais que tentasse, nunca sairia do lugar. Eu estava sempre preso lá.

Quando cai, as minhas mãos tocaram o chão. Não liguei para o fato que algumas farpas entraram entre meus dedos. A maior dor que estava sentindo era do meu próprio cérebro, falando para mim que não adiantava gritar e nem chorar. Tudo estava acabado.

Somente fiquei sentado lá com as lágrimas caindo e, pela primeira vez em anos, eu pude me sentir realmente quebrado. E o pior? Pior que um corpo quebrado era uma alma quebrada. Então fiz a única coisa que podia: Gritei a plenos pulmões.

— Nico? — Mesmo que soubesse que alguém estava ao meu lado, a voz parecia tão distante que eu não conseguia confiar em minha própria mente. Talvez fosse um gatilho para tentar me deixar sã, ou talvez fossem aqueles pensamentos aleatórios que temos antes de morrer, como se tivesse vendo toda a sua vida.

— Baby? Sou eu, o Will. Está tudo bem.. — Não sei direito como aconteceu, mas o meu corpo saiu do transe e senti as suas mãos tão delicadas passando por minhas costas. Nunca me senti tão protegido.

Então, eu simplesmente comecei a chorar como nunca tinha feito em minha vida. Na verdade, só quando a Bianca tinha morrido. E, como um namorado perfeito, o loiro somente me abraçou mais forte e ficou falando palavras suaves em meu ouvido. Era nessas ocasiões em que me sentia o pior namorado do mundo, pois nunca tinha sido o cara mais romântico do mundo ou o tipo que sabia o que fazer quando ele estava triste.

— Então…. Sobre o que era o seu pesadelo? — Sua voz estava extremamente calma, me passando ainda mais calmaria, como se eu pudesse simplesmente despejar tudo o que eu queria. Porque ele nunca iria me olhar com pena, iria me entender e eu nunca poderia agradecer por aquilo.

— Era sobre o tártaro, não era? Sabia que fala enquanto dorme? — Ouvi a sua risada e aquilo quase me fez sorrir, como se não tivesse problema em simplesmente achar algo engraçado durante um tempo de coisas ruins.

— Isso é algo que não consigo esquecer. Sempre que fecho os meus olhos aquela imagem está lá, eu correndo e aquela sensação de não conseguir estar vivo comigo. —  Talvez pelo fato de não saber direito o que falar, ele começou a passar suas mãos por meus cabelos. E, na verdade, acho que era como ele mostrava que se importava comigo, com as suas pequenas ações. E aquilo era melhor do que milhões de palavras.

— Como foi? Estar no tártaro sozinho? —  Will parou alguns segundos de falar, como se estivesse realmente pensando em não falar merda. —  Eu vi como o Percy e a Annabeth saíram de lá… — A sua voz pairou no ar. Sim, eu também tinha visto o quão fodidos eles estavam e o melhor era que um tinha o outro para querer sobreviver, enquanto naquele momento eu não tinha ninguém.

Solace tinha sido a primeira pessoa que queira saber o que eu tinha passado. Não a parte do “Você estava lá sozinho, deveria ser um herói”. Ele somente queria saber o quão difícil foi, o quão verdadeiro era. E, por mais que parecia que queria falar tudo o que eu sentia, ao mesmo tempo eu não conseguia colocar em palavras. Como se elas nunca fossem fazer jus aos meus sentimentos.

Como um prefiro namorado, Will nunca me pressionou. Somente deixou que eu tivesse o meu momento para estar pronto.

— Foi como se o inferno estivesse em mim. Cada segundo eu ficava achando que seria o meu final. Eu comecei a rezar e depois pensei que não valeria a pena. Teve um momento que fiquei muito puto, pois pareceu que nenhum Deus estava prestando atenção em minha dor. Eu não sei, só doeu como se eu nunca pudesse colocar em palavras. — Então veio aquele silêncio constrangedor, que não sabíamos como preencher.

Pensava que Will pegaria as coisas dele e iria para o chalé de Apolo, pois não era a primeira vez que tinha acordado gritando e talvez aquilo fosse muito para um adolescente lidar. Ter um namorado tão quebrado.

Mas para a minha felicidade, senti seu corpo praticamente me esmagar em um abraço de urso. Senti os seus lábios passando por meu pescoço e ficando alguns segundos a mais por lá. Eu sempre tinha amado a sua respiração calma fazendo cócegas naquele lugar.

As suas mãos passaram por meus quadris e ficaram alisando a minha pele por lá. Me dava tanta paz o quanto as suas mãos eram calmas em meu corpo, como se não se importassem com o sexo, somente que eu me sentisse bem.

—  Amor, eu já te disse isso, mas eu amo toda a sua força e não ligo que você acorde gritando, pois sei que enquanto eu estiver do seu lado, você vai estar bem. —  Mais uma vez as suas mãos passavam em meu corpo com uma suavidade dos deuses.

— E aliás eu te acho tão foda por sair do tártaro sozinho. Você poderia ter desistido antes, mas sempre lutou para que aquilo não acontecesse. É uma das coisas que amo em você. Sempre está lutando, todos os segundos do dia. —  Will fodia o meu emocional, ele simplesmente falava as palavras mais lindas que eu precisava ouvir quando eu menos esperava e meu coração somente ficava quentinho com o quanto ele me amava.

E sabia que ele sempre estaria lá para mim, sempre ministrando o seu amor por mim e não poderia o amar mais por isso. Will era o cara perfeito para mim.


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Notas finais do capítulo

Espero que gostem



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