Ele a beijou. Sua língua abriu espaço entre os dentes dela. Thiago dizia a si mesmo para ir devagar, mas finalmente notou que ela também o beijava. Era um beijo tímido, um beijo que calmo que mostrava que ela estava deixando o receio de lado. Se não soubesse que ela já tinha sido casada, a julgaria como uma mulher sem muita experiência vivida. 

Seria por isso que ela estava imunizada contra o amor? 

Sentiu raiva do marido que a havia deixado tão temerosa sobre voltar a amar, e decidiu que ela não sofreria em seus braços. Juntamente ao desejo, surgiu um novo sentimento em seu interior: A vontade de satisfazê-la, e de fazê-la feliz. 'De curar suas feridas', pensou com brutalidade, e deslizou seus lábios sobre o pescoço daquela mulher. 

Mar estava muito quieta em seus braços, mas ele se conformava com isso porque se tratava de uma quietude alerta, que antecipava uma emoção positiva, e não o terror de antes. Thiago puxou o decote de seu vestido e acariciou sua pele com prazer. Logo passou suas mãos aos seios de Mar, fazendo movimentos rítmicos que a fizeram ruborizar. 

Então depois de tanto silêncio, ela falou. 

— Thiago... Me ajuda a tirar o vestido? 

— Acho que vamos ter que fazer isso entre os dois. - Brincou ele. - Vamos ter que tirá-lo pela cabeça. 

Ela sorriu. 

— Não é como se estivéssemos em um filme. - Disse Mar. O vestido não era fácil de tirar, e na metade do caminho, ela não conseguiu conter a risada. - Devo ter engordado... Não o rasgue!

Finalmente conseguiu tirar as mangas, então puxou a roupa e deixou que ela caísse no chão, e algo na expressão de Thiago mudou. 

Ele não conseguia responder. Deixou que seu corpo falasse por ele. Com uma estranha sensualidade, rodeou a cintura da mulher e a levantou levemente, de maneira que seus seios ficassem na altura de sua cabeça. Os beijou carinhosamente, e sentiu as batidas do coração de Mar através de sua pele. Alçou a cabeça e tirou a calça, juntamente com sua roupa interior. Foi aí que ele viu a expressão de medo voltando aos olhos de Mar. 

 - Temos todo o tempo do mundo, e tudo que eu quero é que você seja feliz. Te prometo que não vou te machucar. 

Simplesmente tinha dito a verdade. O rosto de Mar mudou de expressão e ela o aproximou e o abraçou com todas as suas forças, e com toda sua valentia. Tinha armado valor para lutar contra seus medos, porque estava aterrorizada. 

Seu corpo magro, suas pernas, se entrelaçaram com as dele, o que o encheu de excitação. 'Esperei muito por esse momento', pensou ele com desesperação. 'Demais!' A desejava desde o momento em que a conheceu. 

Thiago tratou de manter um pouco do controle que lhe sobrava e a beijou novamente. Ela respondeu ao beijo, também com desejo. Então, com o joelho, Thiago abriu espaço entre suas pernas e buscou seu centro com a ponta dos dedos. Ela estava pronta, ela queria aquilo também. E voltou a beijá-la com paixão. 

Tamanho era seu desejo, que sabia que no momento em que se tornassem um, não conseguiria se controlar. A olhou e a acariciou suavemente como se estivesse dando as últimas pinceladas a um quadro quase terminado. Ela o recompensou com gemidos de prazer, com os primeiros movimentos de seus quadris, e a dificuldade de sua respiração pesada. Então Mar gemeu seu nome, e ele deixou levar-se por seu impulso e entrou em todo o calor e umidade de seu corpo. 

Mar cravou suas unhas nos ombros de Thiago. Em seu rosto se notava o estremecimento de um prazer tão turbulento como o dele.

Thiago entrava e saia de dentro dela, fazendo esforços para se controlar, e sentindo em sua profundidade o alívio de ter seu desejo feito. Mar pronunciava seu nome entre gemidos, uma e outra vez.

E em algum momento dessa noite, ele deixou-se libertar, enchendo-se de um espiral de sensações cada vez mais intensas. 

Se desmoronou sobre o corpo de Mar com a respiração falha, enterrando seu rosto no pescoço da mulher. As batidas de seu coração pareceram se tranquilizar. Uns segundos depois sentiu que Mar estava soltando lágrimas em silêncio. 

— Ei, o que aconteceu? Pensei que... - Mostrava preocupação, levantando sua cabeça e procurando olhar no fundo dos olhos da mulher. 

Ela colocou seus dedos sobre a boca de Thiago, fazendo com que ele parasse de falar, e negou com a cabeça. 

— Eu tinha tanto medo... - murmurou - E não tinha por que ter medo. Você foi tudo que eu desejava, Thiago. Não sei como te agradecer. 

Não era o momento para perguntar sobre o que ela temia, então ele se limitou a sorrir. 

— Foi um prazer, te dou essa certeza. 

Ela se acomodou entre os braços de Thiago, sorrindo entre suas lágrimas. Enquanto sua respiração passava a se tranquilizar, Mar dormiu.

Thiago se apoiou sobre um cotovelo e estudou as feições da mulher que estava ao seu lado. Abaixo de suas sobrancelhas escuras, suas pálpebras ovais terminavam com a espessura dos cílios. Seus lábios, que lhe proporcionaram tanto prazer, eram suaves, carnudos e um tanto sensuais, dando identidade à sua face, assim como sua mandíbula marcada. E de repente tinha se visto protegendo as vontades dela, dando espaço ao que ela precisava. E por acaso isso não era uma das caras do amor? 

Amor? Uma vez havia amado uma mulher, e isso tinha o levado a uma grande dor. Mas ele não ia se apaixonar por Mar. No entanto, o ato de ter feito amor com ela, havia feito com que, além de ter satisfeito seus desejos, querê-la mais ainda. 

Continua...