Não consigo aceitar isso! -levantou a voz  -Estive aqui, esperando esse tempo todo para tê-lo e você simplesmente me diz que não pode ser tocado por ninguém por causa de um juramento? Como assim?

—Saga, se acalme. -dizia em tom ameno- É um juramento sagrado, não posso simplesmente quebrá-lo. O jeito é aceitar.

—Aceitar? - Saga realmente estava nervoso, muito nervoso  -Você está me dizendo para ignorar tudo que sinto porquê um Deus fez você fazer um juramento idiota de não poder ser tocado? -seu cosmo ardia em raiva.

Shaka observou e analisou cada palavra de Saga, estava um tanto receoso quanto essa nova personalidade que se mostrava. Jamais imaginou que Saga pudesse ser desrespeitoso com um Deus, sequer imaginou que levantaria a voz para consigo. 

—Saga, -suavizou ainda mais a voz -Desculpe, mas não... -disse aproximando-se aos poucos.

—Saia de perto de mim! -gritou Saga fazendo Shaka recuar -Não chegue perto de mim novamente! Todos esses anos esperando você, pensando em você.

Eu também estive esperando você, Saga. 

—Todos esses anos... -o cosmo que ardia em fúria agora se tornava ameaçador e perigoso -Quer saber, esqueça! Não quero mais saber de ti. Saia da minha frente. Não quero vê-lo mais. -virou as costas e entrou em seu aposento.

Shaka se sentia estranho, triste, receoso. Nunca havia visto essa personalidade do Saga. Isso é perigoso para o Santuário, isso é perigoso para todos os cavaleiros.

Decidindo não intervir na decisão de Saga, Shaka segue subindo as escadarias rumo a Sala do Mestre. 

Passa por sua atual casa mas sua mente e coração, que agora doíam, não lhe permite aproveitar nada daquilo.

—::-

Ao chegar ao grande salão do mestre, Shaka ajoelha-se  -Grande Mestre, eu, Shaka serei o Cavaleiro de Virgem dessa geração e lutaremos juntos, de corpo e alma, por Athena contra as forças do mal que ameaçarem este mundo.

—Suas palavras e intenções são aceitas, Shaka de Virgem -disse o Grande Mestre em tom ameno -Seja muito bem-vindo e vamos lutar juntos contra as forças do mal.

—::-

Saga não estava bem, algo dentro dele queria Rugir e destruir tudo. Não acreditava que todo seu esforço e amor não seriam correspondidos por Shaka. -Ele não te quer -dizia a voz em sua cabeça -Se ele o quisesse, não teria feito tal juramento. Se ele o amasse, não deixaria nada entre vocês dois. -Saga enlouquecia a cada palavra, surtando, agarrando seus fios azulados e puxando-os com força para tentar se livrar de toda essa dor e agonia. As lágrimas ardiam ao correr seu rosto, sua garganta gritava em silêncio. E, logo após todo este sofrimento, sua dor passou. Nada mais sentia,  nenhuma agonia, nenhuma tristeza. Saga agora adormecia, na escuridão da prisão que se tornou sua própria mente.

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Agora em sua nova casa, Shaka arrumava seus pertences e seu novo santuário. Suas mãos tremiam, não conseguia controlar seu corpo e mente ao pensar em Saga. Não conseguia acreditar em todas as palavras ditas por àquele que amou desde a infância. Seus devaneios foram quebrados quando ouviu um de seus apoios de vela tincar-se em sua mão, causando-lhe um pequeno corte nos dedos. Seu peito ardeu, e um medo cresceu em si. Sentiu de imediato o prelúdio do Caos.

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O Grande Mestre agora resolvia os assuntos do Santuário ao lado de outros que, assim como ele administravam o Santuário. Já havia passado das 23:00, todos encontravam-se exaustos e decidiram encerrar seus assuntos por hora, continuariam amanhã logo cedo. 

Andava á passos largos em direção a seu aposento, queria descansar um pouco. Havia resolvido tantos problemas que estava exausto. Assim que adentrou em seu quarto, estava tão atordoado de cansaço que nem percebeu a aura assassina que o arrodeou e a silhueta assustadora que estava atrás de si.

—: :-

O Sol brilhava impiedoso. Passos apressados subiam as escadas depois da casa de Peixes. O som da armadura dourada quebrava o silêncio do espaço aberto. O Bebê em seu colo dormia sem se importar com os barulhos e agitação.

—Grande Mestre! –abriu as enormes portas da Sala do Mestre com uma das mãos –Athena despertou!  -sorriu.

O Grande Mestre,  sentado em seu trono emanava uma aura assustadora. –Ah! Grande Notícia, Aioros. Obrigada por avisar-me.  –levantou-se e foi em direção ao cavaleiro de Sagitário.

Com certo receio de toda essa mudança brusca do cosmo do Grande Mestre, Aioros hesitou ao entregar-lhe a pequena reencarnação da Deusa Athena. 

—O que foi, Aioros? Dê-me a menina. –Disse em tom solene.

Aioros sentiu um calafrio percorrer-lhe a espinha. Algo havia acontecido com o Grande Mestre, ele só não sabia o quê. Entregando a pequena entidade nos braços do homem em sua frente, visto que a mesma começara a chorar, Aioros jurou a si mesmo ficar de olho neste estranho homem disfarçado de Grande Mestre.

Ajoelhou-se à frente do trono enquanto o seu dono sentava com a pequena e chorosa Athena nos braços. 

—Mais alguma notícia, Aioros?

—Sim, Grande Mestre, há boatos que Saga de Gêmeos sumiu do Santuário, porém, ninguém o viu saindo dos arredores. Procurei na terceira casa, mas não o encontrei.  Como grande amigo de Saga eu lhe peço autorização para procurá-lo.  

—Não será necessário, Aioros. Eu mesmo pedi para que Saga fosse a uma missão. Isto é sigiloso, Sagitário. 

As palavras do Grande Mestre sempre foram autoritárias, respeitosas, mas nunca soaram como ameaça. Minha intuição não me engana. Há algo errado.  –Sim, Grande Mestre.

—Está dispensado, Aioros. Pode voltar para a nona casa.

—Obrigada Mestre.

Ao fechar as portas do Grande Salão, Aioros vê-se em um dilema: Confiar em sua intuição e desobedecer as ordens da maior autoridade presente, ou ignorar tudo isso e continuar a ser um leal cavaleiro.

Ao passar pela casa de Aquário: –Shura, meu amigo, como foi sua missão? 

Suado e com armadura e vestes ensanguentadas, o dono das curtas madeixas esverdeadas o encara.  –Um sucesso, meu amigo, mas confesso que fora uma luta cansativa. -dizia exausto.

—Fico feliz que tenhas voltado bem, Shura. –sorri  –Irá para a Sala do Grande Mestre?

—Sim, irei entregar-lhe o relatório da missão. 

Aioros cogitou contar a seu amigo suas suspeitas em relação ao Grande Mestre, mas ainda não tinha prova alguma para poder fazer-lhe acreditar em si. –Pois vá, meu amigo. Ele está agora com o corpo e alma de Athena.

Shura o encara estupefato. –Athena despertou? 

Sorrindo, o cavaleiro de Sagitário acena positivamente com a cabeça. –Sim, Shura. A nossa Deusa despertou.

Os dois encararam-se com a satisfação estampada em seus rostos.  

Após seu encontro com Shura de Capricórnio, o cavaleiro de Sagitário decide ir à sua casa, esperar anoitecer e vestir-se de maneira furtiva para espionar àquele que se diz Grande mestre. Optando por um caminho que poucas pessoas atravessa, Aioros consegue chegar à janela do quarto da pequena Saori. O que vê neste momento causa-lhe pânico. Era Saga ali, seu amigo, tirando o elmo do Grande mestre, mas, algo estava errado. Seus cabelos tomaram uma coloração acinzentada. Seus olhos, vermelhos de raiva.

—Hihihihehahaha! Agora com a pequena Athena em minhas mãos eu poderei governar o mundo.-dizia o Cavaleiro de Gêmeos ao abrir uma pequena caixa e tirar uma adaga dourada da mesma. -Preciso apenas matá-la e todo o Santuário e cavaleiros pertencerão a mim.

Aioros não sabia o que pensar. Por que Saga estava vestido de Grande Mestre? O que significa toda essa mudança? Não! preciso pará-lo! Agora! 

—Saga Não!