Shaka meditava nas colinas na companhia de Mú. Em sua mente, passava se conseguiria mesmo se tornar cavaleiro de Virgem. O Mestre do Santuário disse que seu cosmo era muito poderoso para um aspirante a cavaleiro, logo, provaria ser merecedor da Armadura de Virgem e, daria a vida para proteger a Deusa Athena. 

Procurava em si as respostas para essas sensações mundanas como o nervosismo e a ansiedade. Buda o ajudara com isso, como sempre, e Shaka conseguira manter as rédeas de seus sentimentos.

Pensando nisso, o futuro Cavaleiro de Virgem lembra-se das emoções incontroláveis que sentira quando mais jovem. Talvez por ser ainda imaturo, lembrava de como ficava nervoso na presença de um certo aspirante a cavaleiro. 

Sua forma espiritual sorriu ao se lembrar do sentimento que ainda guardava para com Saga.

Agora com 18 anos, não era tão eufórico e conseguia manter uma conversa tranquilamente com o atual Cavaleiro de Gêmeos. Sim, Saga conseguira se tornar dono da Armadura de Gêmeos e, agora morava na 3º casa do Santuário.

Viam-se pouco, mas matavam a saudade.

Shaka conversara com Buda para saber se amor era proibido, já que o indiano era um monge. Buda dissera que iria da mente do monge fazer isso ou não. Não que fosse errado, um pecado, mas apenas o lembrou que monges fazem um juramento.

"Eu fiz o juramento a ti, Buda, e este não será quebrado."

—::-

Saga repousava em sua nova casa. Era bonita, arrumada. Toda feita de pedra. Listava mentalmente as proibições e permissões agora que se tornara um Cavaleiro. 

—Ah... -suspirou- Não sei dizer se isso é um saco ou se é muito bom. 

Claro, dizia na parte de não poder conversar muito com seus amigos. A parte de se tornar o Cavaleiro de Gêmeos o deixara muito feliz. Seu próximo objetivo era  tornar-se o Mestre do Santuário. Lugar disputado também, por seu amigo Aiolos, que havia se tornado o Guardião da 9º casa, a casa de Sagitário.

Kanon poderia estar aqui... -jogou as palavras ao vento.

Faz um tempo que Saga não vê seu irmão. O Mestre Shion disse que Kanon havia sumido. 

Maldito Kanon! Poderia ter deixado um bilhete, pelo menos. Mas enfim, agora já eram adultos e cavaleiros. Não precisavam mais um do outro e podiam viver suas próprias vidas.

Sua mente voltou para sua situação atual. Algumas casas já estavam ocupadas por seus cavaleiros. 

Shion, o Grande Mestre e atual cavaleiro de Áries protege a 1º casa; Aldebarã havia conseguido a Armadura de Touro; Um louco havia conseguido a Armadura de Câncer. Pouco falava com ele, mas o chamavam de Máscara da Morte; Diziam que a casa de Libra já estava ocupada, mas eu nunca vi nenhum cavaleiro de Libra no Santuário; Um tal de Milo era o Cavaleiro de Escorpião, pensa numa pessoa que gosta de conversar; Meu amigo Aiolos guardava a 9º casa e a Armadura de Sagitário; Shura era o Cavaleiro de Capricórnio; e o último era Camus de Aquário, tentei conversar com ele algumas vezes mas ele não é muito receptivo. O vejo conversando bastante apenas com Milo. 
Estes estavam ao meu lado como Cavaleiros de Athena. Logo os de Leão, Virgem e Peixes tomariam seus lugares como Guardiões de Athena.

Falando na própria Deusa, Mestre Shion dissera que a mesma ainda não despertara nesta Terra, mas que o corpo na qual ficaria já havia nascido. 

Por isso tantos cavaleiros já estavam em suas respectivas casas e com suas armaduras. 

Acho que Mú ficará na casa de Áries, pois o mesmo é pupilo do Grande Mestre. 

Espero que o Pequeno Shaka consiga a Armadura de Virgem. Seria legal tê-lo como companheiro neste Santuário.

Lembro-me de quando o loirinho era apenas um garoto.

"-Shaka, você pretende ser cavaleiro de quê?

Com o rosto ruborizado, o loiro abaixa a cabeça e responde baixinho  -Virgem.

—Virgem? Legal! Não há muitos cavaleiros disputando essa armadura. -Saga para por um momento- Nã... Não que ela não seja boa, quer dizer, não que não seja uma armadura disputada... não, espe...  -Saga estapeia levemente a testa  -de... deixa eu arrumar a frase... Não que...  -O mais velho para de falar ao escutar o riso do menor. -O que foi?

Tentando controlar a gargalhada que subia por sua garganta, Shaka respira fundo  -Desculpe, foi engraçado você se confundindo. Eu entendi o que quis dizer. -Seus olhos azuis pararam nos de Saga.

Um pouco envergonhado com a confusão, Saga tenta mudar o assunto  -Eu quero me tornar Cavaleiro de Gêmeos. -profere as palavras com segurança. -Meu treinamento acaba daqui a 2 anos e a armadura vai me reconhecer como seu dono.

Shaka observava a segurança do maior, seus olhos brilhavam ao escutá-lo falar.

—Logo, você também se juntará a mim como Cavaleiro de Athena, Shaka. Não é?

—Es... Espero que sim, Saga."

Saga adorava lembrar-se das bochechas rosadas de Shaka quando conversava com ele. O que Saga não entendia era por que gostava tanto da companhia do loirinho. Talvez sua timidez o encantasse. Lembra-se com ternura de quando o pequeno corria só de ver Saga. Só meses depois descobriu que o indiano gostava dele. O amor juvenil era recíproco, Saga gostava de Shaka.

"-Shaka, eu gosto muito de você, mas irei esperar tornarmo-nos cavaleiros para poder tê-lo em minhas mãos.

Ver Shaka fingir a meditação depois de suas palavras só o fez querê-lo mais.”

Ainda nutria este mesmo sentimento inocente pelo futuro cavaleiro de Virgem. Pensou em visitá-lo em seu treinamento, mas sabe muito bem que este tipo de treinamento não pode ser atrapalhado.

—Aguente mais alguns meses, Saga. -disse a si mesmo.

—::-

Em sua consciência, Shaka encontrava algumas respostas para  sua existência e a existência humana. "Amor, pequeno Shaka. Não há razão mais nobre e pura que esta." Amor... Pensou Shaka, um sentimento puro, poderoso e tão belo. Capaz de mover o mundo, como o amor que Athena sente pelos humanos. Como Buda sente pelos que propagam o amor. Tive a imensa sorte de encontrar alguns dos variados tipo de amor. Aquele amor que não se escolhe, apenas se sente, decidindo nutri-lo ou não dependendo da reciprocidade do alvo de seu amor. Mas apenas graças á Buda, pode compreender tal sentimento e sua decisão para com ele, foi nutri-lo em si. Como se cuidasse para que uma pequena vela não perdesse sua luz bruxuleante e mantê-la sempre acesa.

Com o cessar de sua meditação, Shaka respira fundo, satisfeito por poder ter a oportunidade de compreender um pouco mais de si mesmo para poder passar conhecimento. 

Em alguns meses, conquistaria seu lugar como cavaleiro de Virgem e ajudaria a levar a paz ao mundo ao lado de Athena e Buda. E, também, logo reencontraria com seu destinado amor. Logo, logo.

—-- 

O Sol brilhava arduamente no centro do céu limpo azulado passos pesados sutis subiam a escadaria rumo á primeira casa zodiacal. Com seus olhos fechados, acena para a presença que sentira ao lado da pilastra na entrada da Casa de Áries. 
—O mestre lhe espera. -escutou. Não sentiu nenhum cosmo, nada ali. Deduziu que seria apenas um guarda a cuidar da casa de Áries enquanto seu morador está na sala do Mestre. Não proferiu nenhuma palavra em resposta, porém, sua cabeça movimentou em agradecimento. Logo esta seria a casa de Mu.

Subindo os degraus indo em direção a segunda casa, o cosmo agressivo, ao mesmo tempo tranquilo emanava. Lembrei-me instantaneamente desse mesmo cosmo, anos atrás, poderoso como um touro saudável, agora evoluído. 

Nostalgia era a palavra que poderia descrever o que sentiu neste momento. 

—Não acredito! Você conseguiu! Ah Fiquei feliz demais agora! -Realmente, a voz estava mais grave, madura. Não perdendo um sotaque despojado. Uma felicidade percorreu meu corpo.

—Quanto tempo, meu amigo. Saiba que esta felicidade é recíproca. 

—Ahh Seja muito bem-vindo. -mesmo sem abrir meus olhos, sabia que um enorme sorriso branco enfeitava sua face.

—Lhe agradeço meu amigo. -Estava agora ao lado deste cosmo poderoso. Sentia sua aura, seu cheiro, e sua essência. Mesmo na escuridão, podia ver claramente a chama dourada que ardia em seu coração. -Seu cosmo arde, Aldebarã.

—Anos de treinamento. -respondeu- Se não o conhecesse bem não chegaria perto de ti.

—Por quê? -perguntou já sabendo a resposta.

—Seu cosmo é ameaçador. Sorte a nossa que estás do nosso lado.

Pela primeira vez desde que chegou ali, deixou um curto sorriso escapar por seus lábios. Sua satisfação para com o resultado de seus anos de treinamento e meditação era visível, porém, sua modéstia e humildade se faziam presente. -Sinto que posso dizer exatamente o mesmo de ti, Touro.

A risada estridente do brasileiro tomou conta do lugar. 

—Preciso ir agora à sala do Mestre, meu amigo.

—Pois vá. Eu permito sua passagem. 

Passando pela segunda casa zodiacal, Shaka sente outro cosmo. Esmagador, lascivo, vivo. Diferente do cosmo de Aldebarã, este cosmo deixava sua agressividade totalmente a  vista, intimidando todo e qualquer ser que ali estivesse.

Sabia bem que parte disso era por conta do nervosismo do reencontro. Mas, apesar da compreensão, esse cosmo era poderoso demais para estar em um cavaleiro. Qualquer instabilidade poderia fazer com que se tornasse um inimigo do santuário.

—Shaka! Finalmente! 

Ainda de olhos fechados, sorri. -Saga. -sentiu o cosmo arrebatador do cavaleiro de gêmeos chegar perto de si e um calafrio correu-lhe pela espinha. Ouvir a voz que lhe fazia sentir bem, o calor do cosmo que lhe confortava, o sentimento que nutria. Todas essas sensações trouxeram á tona o sentimento que o loiro sentia pelo maior. 

Shaka se surpreendeu ao seu tomado por um abraço. Sentia como se pétalas de cerejeira dançassem ao vento dentro de seu estômago. Mesmo com toda sua cautela para com seu juramento, Shaka retribuiu o abraço. Matar a saudade e a distância era o melhor a se fazer agora.

—Senti sua falta, pequeno Shaka. 

—Acredite Saga, também senti.

—::-

Ver Shaka subindo as escadarias do Santuário com a armadura dourada foi demais para o seu controle. Não aguentou, teve de abraçá-lo fortemente. Viu como o cosmo do loiro agora ardia como o seu, forte e constantemente. Uma força esmagadora tinha agora seu Shaka. Agora poderia tê-lo de corpo e alma.