A escuridão daquele quarto era reconfortante para Uchiha Sasuke. Em meio ao breu da noite, o silêncio era apreciado. Já que naquela quietude, o rapaz era capaz de ouvir a respiração de sua amada, adormecida ao seu lado, tranquilamente. Era gracioso, único. Não era a primeira noite que permitia-se passar admirando a jovem Uzumaki Naruko. Havia se tornado um hábito, uma necessidade incontrolável. O motivo, certamente, era o trabalho do homem. Afinal, membros da ANBU estavam sempre atados aos trabalhos mais complexos e demorados. Contudo, Sasuke amava seu serviço. Seu único ressentimento era o pouco tempo que tinha com sua noiva. Dessa forma, as noites quase em claro era sua forma de recompensar o tempo perdido e admirar aquela que tanto amava. 

Porém, era apenas naqueles momentos unilaterais que o homem conseguia ser sincero. Nunca demonstrava tanto carinho e afeto quando a jovem estava desperta. Talvez fosse seu orgulho? Ou mesmo vergonha de ter um lado mais amoroso? Não era proposital a maioria das vezes, mas ele sempre se limitava quando se tratava de interação mútua. Apesar disso, Naruko havia lhe aceitado. Consentido com seu afeto mais reservado e em pequenos detalhes. Ela parecia lhe conhecer, às vezes, melhor do que ele mesmo. Era um pensamento divertido e interessante. Talvez a personalidade empática da noiva fosse familiar, afinal, ela mal se diferenciava do irmão gêmeo e melhor amigo de Sasuke. 

E lá estava o Uchiha novamente. Encarando o rosto adormecido de sua amada com um gentil sorriso no rosto. Sorriso este que apenas a jovem conseguia retirar do rapaz, revelando seu lado mais oculto. Carinhosamente, o rapaz levou sua mão ao rosto da mulher, acariciando toda a região com seus dedos até que pousassem sobre a bochecha da moça. 

— Francamente... Quando vou ser capaz de dormir em paz sem ter que te admirar antes. 

Pensou o homem ao dar um pequeno suspiro e voltasse a sorrir carinhosamente. 

— Se você soubesse o quanto é difícil ficar longe de você por causa das missões, com certeza você iria me achar patético. 

Os olhos do rapaz logo caminharam, vendo o contorno de sua noiva, pousando o olhar sobre o ombro nu. Mesmo na escuridão, o Uchiha era capaz de vê-la nos mínimos detalhes. 

— Você dorme como um anjo mesmo. 

A mão de Sasuke logo abandonou o rosto da jovem e deslizou pelo por ele até chegar ao pescoço e, depois, o ombro desprotegido de qualquer tecido. 

— Bem que você podia ser mais calma. Igual como está agora. 

Devido ao carinho na região, involuntariamente, um sorriso tomou os lábios adormecidos da mulher, demonstrando o quanto aquele contato era prazeroso, mesmo que esta estivesse inconsciente. Assim que o rapaz notou aquela expressão, por alguns instantes deixou de tocá-la, com medo de ter acordado sua amada. Contudo, não houve sinais que a mesma havia despertado e, gentilmente, o rapaz voltou ao carinho que realizava. 

— O que será que você está sonhando? 

Os olhos negros continuaram a encarar aquele sorriso por um tempo, até que o mesmo abaixasse o olhar, sentindo-se um idiota. 

— Eu não devia achar que todo sorriso seu é por minha causa. No que estou pensando? Certo. Eu realmente gostaria que você estivesse sonhando comigo e que esse fosse o motivo desse sorriso bobo na sua cara... 

O rapaz deu mais um curto suspiro. 

— Eu queria espiar seu sonho só pra ter certeza. 

Era um pensamento infantil por parte do homem. Porém, ela não negava que relamente gostaria de ser capaz de desvendar os sonhos de sua noiva. Saber o motivo de cada reação dada e, principalmente, o motivo de todos eles. 

Cada vez mais, Sasuke se via preso naquela necessidade. Incapaz de deixar de admirar a jovem e continuar sendo impotente contra aquele amor. E para o Uchiha, pouco lhe importava. Por ele, o mesmo passaria o resto de sua vida daquela forma. Continuaria perdido no tempo e naquele precioso momento. De fato, cada segundo gasto com a jovem era seu maior tesouro. A joia da sua vida. O rapaz não trocaria esses sentimentos e momentos por nada. 

Um bocejo escapou de sua boca, delatando seu cansaço. Já havia passado das duas da manhã e, mesmo já tão tarde, o homem não se entregava ao sono. Era imprudente de sua parte. Inocente e tolo. Ele não queria dormir. Não queria deixar de estar ao lado dela. O rapaz chegava a evitar de até mesmo piscar para não adormecer. Porque ele não queria se sentir só. Não queria viver uma ilusão como um sonho. Afinal, havia comprovado diariamente que mesmo nos sonhos mais felizes com Naruko, não era o suficiente para preencher o vazio que formava em seu peito. O crescente sentimento de saudade. Era mais um motivo que o homem tinha para manter aquele ritual. Ele fazia de tudo para permanecer o máximo de tempo ao lado da mulher. Seja esta acordado ou dormindo. 

Ela havia se tornado tudo para si. 

Logo, não apenas a respiração da jovem lhe era convidativo. O bater do coração de Naruko o ajuda a se acalmar, proporcionando ainda mais tranquilidade. O rapaz conseguia sentir. Seu próprio coração se ajustava para acompanhar o ritmo do de sua noiva. Mantendo uma doce melodia, em um compasso apenas deles. 

— Só você mesmo... – em um sussurro frágil e carinhoso, o rapaz levou-se para mais perto da mulher, beijando cada olho sutilmente. 

Era impressionante o poder que a jovem tinha sobre Sasuke. O mesmo era grato por ser ela o amor de sua vida. Agradecia aos deuses por ter os unidos e que deixado que permanecessem juntos. O homem não era muito religioso, mas ainda assim, era grato pela benção que tinha. 

E se havia algo a pedir, ele só pediria para ficar com ela para todo o sempre. 

Tão próximo, sua própria respiração acabava por acariciar a pele da mulher, desencadeando um arrepio prazeroso. Contudo, a reação acabou por trazer a jovem de seus sonhos. De com o sono tão leve, a mesma despertara. 

— Sas... Sasuke? – com o chamado repentino, o rapaz afastou o resto brevemente, com leve expressões de surpresa. A mulher levou sua mão aos olhos, massageando-os para permanecer acordada. 

— Desculpa. – com o tom sério característico de sua personalidade, o homem pediu perdão. – Não era a minha intenção te acordar. 

— Aconteceu algo? – a jovem Uzumaki sentou-se e focou seus olhos sobre o noivo. Estava curiosa e um pouco preocupada. – Teve um pesadelo ou algo do tipo? 

— Não se preocupe. – o rapaz também se endireitou, sentando-se. – Por que não volta a dormir? 

— Eu te conheço muito bem, Uchiha Sasuke. – autoritária, a jovem o olhou severamente, projetando os lábios para frente em forma de desconforto. – Tem algo te incomodando que eu sei. 

— Não é nada, nanica. – o rapaz suspirou cansado e rapidamente ouviu o bufar da garota, inconformada com o modo que fora referida. 

— Está bem. Já vi que você está muito bem, babaca. 

A mulher já se arrumava para se levantar, pensando em pegar um copo de água, agora que desperta, mas as mãos de seu noivo foram mais ágeis que si. Assim que esta tentou se levantar, Sasuke impediu-a, fazendo com que o corpo da jovem fosse de encontrou ao colchão. O rapaz manteve-se acima da jovem, apoiando-se sobre seus braços, que se encontrava um de cada lado da cabeça de sua noiva. A mesma tinha se espantado com tal atitude do homem, porém um pequeno sorriso estampou sua face, divertindo-se com a situação. Sasuke fez o mesmo e isso agradou Naruko. Afinal, era difícil o próprio permitir-se expressar-se mais do que o habitual. 

— E então? – incentivou a mulher. 

— Só estava te observando e acabei perdendo o sono. – o homem acariciou a cabeça de sua amada, sentindo a maciez dos longos cabelos loiros de que a mesma era dona. Em contrapartida, a jovem riu com a informação recebida e levou suas mãos para a cabeça de seu noivo, apertando levemente suas bochechas. 

— É tão fofo de sua parte. Se eu não te conhecesse, talvez eu diria que você é um stalker. 

— Talvez... – o mesmo não contrariou tal adjetivo, provocando um novo espanto. Devido a expressão da mulher, o mesmo riu descontraidamente e abraçou a jovem muito mais sentimental do que a mesma estava acostumada. Era um lado novo para a própria. – Eu também queria um beijo de boa noite. 

—  Babaca... – a jovem o afastou o suficiente para capturar os lábios do amado e dar-lhe o que, supostamente, ele almejava. Não era um beijo como haviam trocado horas atrás, antes de entregarem-se um para o outro mais uma vez. Desta vez, era um beijo mais carinhoso, cheio de emoções dóceis e gentis. – Satisfeito? 

— Por hora. 

Ambos trocaram risos, compartilhando aquele momento único. E internamente, o casal desejava o mesmo. Desejavam permanecer naquele momento pelo resto dos tempos. Demonstrando o amor que nutriam um pelo outro e criando memórias eternas. 

Carinhosamente, a mulher trouxe o noivo ao seu encontrou, deitando-o ao seu lado e aconchegando-se bem próxima a ele. Sua cabeça repousava delicadamente sobre o ombro do rapaz, enquanto que seus dedos iam de encontro ao peitoral nu trabalhado do mesmo, acariciando o local no intuito de agradar seu amado. Seus olhos voltavam a brincar contra o cansaço, desejando desfrutar daquele momento um pouco mais. O calor gerado pela aproximação de seus corpos expostos contribuía com a sonolência inevitável. O homem rapidamente notou a quietude vinda de sua noiva e exibiu um pequeno sorriso, acariciando a pequena cabeça. 

— Vamos dormir? 

— Eu já vou. 

— Sem essa... – a mulher se ajeitou mais uma vez, em forma de protesto. – Você tem uma missão importante amanhã, lembra? Você precisa dormir ou vai te causar problemas. 

— Não se preocupe comigo. – o homem depositou um gentil beijo na cabeça da amada. 

— Por favor, Sasuke. Eu não quero ter que brigar com você ou ir até o meu irmão pra te cortar dessa missão. Estou tentando ser racional uma vez na minha vida. – o jovem quis rir de tal desabafo e tudo o que pode fazer fora fechar os próprios olhos e sorrir mais uma vez. 

— Está bem, está bem... Boa noite, professora Naruko. 

A jovem riu sem graça com aquele novo apelido que adquirira desde que iniciara a licenciar uma turma de novatos na academia ninja. Rapidamente, o rapaz percebeu que a garota já se encontrava desacordada, dormindo tranquilamente sobre si. E naquela calmaria, o jovem novamente queria permanecer acordado. Não querendo perder mais nenhum instante. 

Contudo, seus olhos rapidamente o traíram, fechando-se pesadamente. Ele estava em seu limite. 

— Eu te amo. 

Em um doce sussurro, Sasuke permitiu-se se entregar ao cansaço, adormecendo conforme sentia as batidas do coração de ambos em um harmonioso ritmo.