A Cada Dia Que Passa escrita por Ocarina


Capítulo 1
Dúvidas


Notas iniciais do capítulo

Capítulo escrito no contexto dos episódios 1 e 2 do anime.



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Deitada sobre a cama de seu quarto, Akane não conseguia dormir tranquilamente. Atormentada pelo que havia acabado de fazer, se martirizava, enquanto encarava as próprias mãos trêmulas. Ela sabia que o primeiro dia de trabalho na polícia não seria fácil, mas não imaginou que terminaria atirando em alguém, ainda mais sendo um membro de sua equipe. Poderia chamar aquilo de traição?

Aquelas imagens perturbadoras não saíam de sua mente. O criminoso explodindo de dentro para fora, o Psycho-Pass da vítima fora de controle e a desobediência de Kogami. Por que ele teve que desrespeita-la, afinal?

A culpa lhe atormentava, ainda que não estivesse arrependida. A inspetora sabia que se não tivesse tomado aquela atitude, a vítima estaria morta. Mas então por que se sentia tão mal? Por que não conseguia se satisfazer com a sua própria decisão? Kogami era um coator e, portanto, ela tinha direito de julgar as suas ações. Esse era o seu trabalho. Mesmo assim, por que aquilo parecia tão errado? Chateada, ela estremeceu ao se encolher sobre o colchão. Já podia prever os olhares irritados de seus colegas de trabalho no dia seguinte, no entanto, isso não era o que mais lhe preocupava.

Precisava pedir desculpas a Kogami, senão jamais perdoaria a si mesma.

No dia seguinte, evitando encará-lo diretamente nos olhos, se curvou ao pedir perdão e, ainda deitado sobre a cama do hospital, ele estranhou a atitude.

— É raro ver um inspetor se desculpando com um executor.

— Você está nervoso, não está? — ela o respondeu, sem se preocupar em esconder toda a sua angústia.

A culpa a estava consumindo por dentro, e desabafar foi inevitável. Para a sua surpresa, porém, Kogami não estava irritado, tampouco possuía rancor da inspetora por ter lhe dado um tiro.

— Faz muito tempo que sou um executor. O comportamento dos cães, de seguir ordens e abater presas sem duvidar ou hesitar, já está gravado nas minhas mãos. Obedecendo o que a arma diz, já atirei em muitos criminosos latentes. Tudo pelo bem dessa sociedade. Aceitei essa lógica conveniente sem nem questionar, e uma hora até parei de pensar no assunto. Cheguei a me esquecer de olhar pra trás e ver o que estava fazendo.

Emudecida, Akane permanecia vidrada em cada uma de suas palavras.

— Ser detetive não se trata de pegar alguém, mas sim de proteger alguém — ele continuou, deixando-a espantada — Você decidiu sozinha o que era certo. Você colocou a justiça à frente do dever. Com uma chefe assim talvez eu consiga trabalhar como detetive e não apenas como um cão.

Naquele instante, Akane não conseguiu segurar as lágrimas que marejavam os seus olhos. Extravasando todas as preocupações que vinha acumulando, deixou que elas escorressem pelo seu rosto, uma a uma.

— Muito obrigada! — ela se curvou mais uma vez ao agradecer.

— Também é raro ver um inspetor agradecer um executor — ele respondeu.

Aliviada, Akane enxugou as lágrimas, exibindo um sorriso no rosto. As dúvidas que estavam lhe atormentando desde a noite passada já não existiam mais.

Graças a Kogami, ela tinha certeza que havia tomado a decisão correta.


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