P.o.v Cortez...

Mais cedo ou mais tarde o momento de sentar e pensar em todas as merda que nós mesmos fizemos, vai chegar.
Não interessa o quanto isso possa demorar, uma hora chega.
E o meu momento chegou.
Esse é o momento onde vou permitir que meu subconsciente relembre tudo de ruim que eu já fiz, agora, e o momento de repensar todas a decisões que tomei, para que eu consiga encontrar a ponta do iceberg, que me fez chegar na atual situação.

Para ser sincero todos os dias eu penso a mesma coisa, não tem um só dia, em que eu não pense em tudo que já fiz, nos motivos que me fizeram chegar até aqui.
Há um mês, e o que venho fazendo todos os dias.
Vocês devem estar se perguntando:
Porque pensar nisso como se estivesse prestes a morrer?.

Muitos deixam esse momento inadiável para a hora da morte, eu não, eu preferi adiantar o meu momento quando fui preso.
De certa forma isso é bom, se todos fizessem o que faço todos os dias, talvez saíssem daqui como pessoas melhores, infelizmente não é dessa forma.
Repassar toda a sua vida mentalmente, e tudo que já fez de errado e a melhor forma de não enlouquecer dentro dessa cela de cinco metros quadrados, não que isso esteja resolvendo meu problema.
Porém eu tenho um motivo para não enlouquecer aqui dentro, mas os outros não.
Eu me agarro à esperança do resgate que meu irmão está providenciando.
Sei que deveria cumprir minha pena e tentar mudar, tenho total consciência disso, mas não é assim que a banda toca.
Eu faço parte do cartel Cortez, o maior cartel de drogas e armas da América latina.
Meu chamo Ruan Pablo Cortez, filho do maior chefe de cartel que já existiu em toda a América Latina, tenho trinta e dois anos agora, porém quando o chefe do cartel é meu pai morreu, como primogênito por direito, era o próximo na linhagem de sucessão, coube a mim assumir o comando do cartel.

Na época eu tinha vinte seis anos, curtia a vida pilotando carros de rali, sabia de onde vinha o dinheiro que comprava meus carros, e para ser sincero, nunca me incomodei.
Estava prestes a ser um profissional no ramo da corrida, mas o desgraçado do velho inventou de morrer, foi uma morte tão patética quanto ele, infarto fulminante, porém ilusão minha ao pensar que minha vida não seria afetada diretamente.

No começo, foi uma merda, o cartel estava dividido, de um lado aqueles que insistiam que eu assumisse o comando já que era o próximo na linhagem de sucessão, do outro apoiadores de um dos sócios do cartel, sócio esse que pertencia ao cartel chileno, meu pai havia feito um tratado entre os cartéis, um colaborava com o outro. No fim tive que desistir do sonho de ser piloto profissional para dar continuidade no legado da família, me responsabilizando pelo cartel.

Tive que lidar com o bando de urubus, que estavam loucos para assumir o que era meu por direito,  alegavam que eu não estava preparado para uma responsabilidade tão grande e insistiam para que eu passasse o comando para González, o chileno.
Mas eu mostrei pra cada um deles o quanto estava preparado, para a direção do cartel.
E agora, todos os urubus que
tentaram me passar a perna, estão fazendo companhia para aquele velho desgraçado que era meu pai, estão todos queimando no fogo do inferno.

Juntos!

Devem estar se perguntando da onde vem tanto ódio pelo ser que se dizia meu "pai".
Eu não gostava do meu pai, para ser sincero eu o odiava.
O infeliz batia em minha mãe, quando as coisas não saiam como ele queria ele a espancava, e como tudo tem limite, minha mãe também teve o dela.

Mas algo de útil ele fez, me deixou um belo patrimônio. É eu o aproveito da melhor forma possível.

Quando assumi a liderança coloquei Ravier como meu braço direito, eu não confiava em nenhum daqueles porcos que serviram meu pai.

Ravier é meu irmão é eu tenho total confiança nele.
Ravier tinha 20 anos, é se adaptou logo com a vida que levaria.
Rápido demais para falar a verdade.
Em todos os seis anos que comandei o cartel nunca havia sido preso.
Mas por uma infelicidade, fui preso, em Porto Rico, México, durante uma operação o FBI, invadiu a casa em que estava.
Eles não pensaram duas vezes antes de me prender. Jamais perderiam a oportunidade de prender o maior traficante de armas e drogas da América Latina. Eles esperavam por isso a anos, não tiveram a chance de prender meu pai, mas prenderam o filho e atual chefe.

Ravier não estava na casa e isso era ótimo, senão quem me resgataria da cadeia!

Fui levado pelo FBI, em questão de dias fui transferido para um presídio de segurança "máxima" em Milwaukee.
Segundo o informações de fontes seguras, eu ficaria no presídio de Milwaukee por um mês, até o FBI me transferir para um outro presídio de segurança máxima, que fosse mais bem monitorado, em St. Louis.
De acordo com o calendário montado rusticamente na parede já havia se passado 30 dias desde da minha prisão, é provável que amanhã eu seja transferido para o presídio de St.Louis.
A fuga havia sido planejada para o dia da minha transferência.
Afinal, não está  e nunca estará, nos meus planos passar o resto dos meus dias enfurnado em uma cela abafada que fede a vômito, tendo direito a uma hora de banho de sol é vendo o tempo passar, enquanto posso estar lá fora aproveitando meu dinheiro.

Como irei sair daqui?
Em grande estilo.
Afinal eu sou Ruan Pablo ou mais conhecido como o temido El Barón do maior cartel de drogas e armas da América latina.