O Esquizofrênico e a Caneta Tinteiro escrita por Trigger Zero


Capítulo 1
Capítulo 0.5 - As vozes em minha cabeça


Notas iniciais do capítulo

Antes de mais nada, quero explicar uma coisa: Os capítulos "0.5" serão os capítulos focados no passado do personagem principal, Benjamin Grant. Eles serão mais curtos que os capítulos principais que irão mostrar o protagonista já adulto e interagindo com o objeto-chave da história.

Esse primeiro capítulo será bem simples, sem mostrar as principais características do protagonista, desde seus hobbies e manias até sua condição. Isso será trabalhado melhor no Capítulo 1 que será lançado em breve.

Caso você que está lendo não goste deixe formato, por favor, não deixe de comentar. Críticas construtivas são muito bem-vindas. Sem mais, aproveite a leitura.



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— Esquizofrenia?

Lembro-me muito bem da expressão de horror que minha mãe fez ao ouvir esta mísera palavra. Meu palavra não esboçou nenhuma reação exagerada, mas podia ver nos olhos dele a preocupação que ele sentiu ao receber aquela triste notícia vindo do doutor a nossa frente.

— Eu sinto muito dizer isso, senhora. De acordo com as próprias palavras de seu filho, ele afirma poder ouvir vozes desconhecidas em sua mente. - Ele voltou seu olhar para mim, por um instante. Pude sentir que ele me olhava, não com preocupação ou empatia, mas sim com pena. Isso me irritou bastante na hora. - Ainda que seja um sintoma relativamente simples em comparação com outros casos que já estudei, é algo que precisa de observação constante.

— Espere um segundo, doutor. - Meu pai nunca foi de ouvir algo até o fim sem interromper, uma das poucas coisas que eu odiava nele. - Está me dizendo que meu filho é louco?

— Não diria "louco", meu senhor. De fato, não sabemos ainda muita coisa à respeito do cérebro humano, mas o caso do seu filho é algo bem comum, mesmo que com essas circunstâncias. Ele ainda pode ter uma vida normal, desde que tenha um acompanhamento constante de pessoas responsáveis que possam explicar bem a situação de seu filho para outros indivíduos. Além do mais, eu posso indicar alguns medicamentos para amenizarem os sintomas e...

— Eu não tenho problema nenhum! - Não aguentava mais ouvir aquele monte de baboseira daquele doutor otário sem deixar de dar minha opinião. Realmente, sou igual ao meu pai. - Eu já falei, essas vozes que eu escuto são reais! Eu consigo ouvir elas perfeitamente. Não é alucinação, é a mais pura verdade!

— Benjamin, meu filho, por favor... - Minha mãe, claramente, estava segurando o choro. Eu me senti horrível naquele momento.

— Não, mãe. Esse homem não sabe o que está falando. Sei que é difícil de acreditar, mas eu realmente consigo ouvir vozes, elas estão sempre implorando pela minha ajuda.

— E o que essas vozes querem tanto de você, Benjamin? — A ironia na fala daquele doutor me deixava ainda mais irritado, estava prestes a chorar também. Realmente, sou igual à minha mãe.

— Eu não sei, eu juro. Eu tento conversar com elas, mas as vozes sempre dizem as mesmas coisas. Elas falam "me ajude" e eu não sei o que fazer. - Naquele ponto, não havia mais nada que eu pudesse fazer além de implorar. - Por favor, pai! Por favor, mãe! Acreditem em mim, eu imploro! Eu não sou louco, eu realmente posso...  Antes que eu pudesse terminar de falar, minha mãe caiu no choro e foi abraçada pelo meu pai que tentou acalmá-la sem sucesso.

Em nenhum momento da minha vida eu quis vê-la tão triste quanto naquele momento, isso estava bem longe de ser minha vontade. Eu só queria que minha mãe entendesse que eu não era doente, porém, parece que a palavra de um médico estranho valia mais que a de seu querido filho. Assim que entendi isso, resolvi não falar mais nada.

— Eu realmente sinto muito, senhora. — Sentia nada, cínico de uma figa. - Vou preparar uma lista de medicamentos que seu filho deve tomar periodicamente. Se algo mais acontecer, por favor, não tenham medo de vir falar comigo.

Aquele médico falava como se pudesse impedir a minha "esquizofrenia falsa" de piorar. Eu não aguentava mais aquilo, só queria ir embora.

Assim que ele passou a lista para meus pais, fomos direto à farmácia. Mesmo não olhando para as pessoas ao meu redor, eu podia sentir elas olhando para mim com a mesma expressão de pena que o doutor tinha quando olhou pra mim. Eu só queria poder me justificar e explicar à todos que aquilo era um engano. Eu gostaria muito de poder provar que aquelas vozes que eu ouvia eram reais, mas quem ia acreditar em mim?

 

Sinceramente, não sei porque eu ainda tento. Não é como seu eu quisesse aquilo, eu não queria. Quem iria querer ter vozes em sua cabeça falando as mesmas coisas, sem ir direto ao ponto? O que aquelas vozes queriam comigo, afinal? O que elas achavam que eu poderia fazer por elas? Se são almas de pessoas que já morreram, o que eu faria? Eu não queria sequer pensar naquilo, tudo que eu queria era que alguém acreditasse em mim.

 

Assim que saímos da farmácia e estávamos indo em direção ao nosso carro, eu pude ouvir mais uma maldita vez.

Por favor... me ajude... por favor...

— CALA A BOCA, VOZ MALDITA! VAI PRO INFERNO! NÃO ME ENCHE O SACO, DESGRAÇA!

Eu não consigo dizer o que era pior: Todo mundo que estava próximo olhando pra mim com um olhar de espanto ou a minha mãe ter ameaçado chorar mais uma vez na frente de todos. Por que aquilo estava acontecendo comigo?


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Notas finais do capítulo

Logo mais o Capítulo 1 será lançado. Até lá, por favor, não deixe de comentar o que achou desse "prólogo" curto. Mais uma vez, se não gostarem desse formato, não deixem de dizer, estarei feliz em receber boas dicas de pessoas interessadas em uma boa leitura. Muito obrigado por ler até aqui, até a próxima.