Carta para você escrita por Carol McGarrett


Capítulo 123
Xeque


Notas iniciais do capítulo

Temos tudo o que está acontecendo pelo ponto de vista de Sophie e, o princípio do fim de Svetlana começa agora!
Boa leitura.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/773385/chapter/123

Foi um dia estranho, Abby e Tim deixaram a minha casa cedo, dizendo que tinham que ir para o Estaleiro, Noemi fez o meu café da manhã, mas não conversou muito comigo, ela estava rezando um rosário. Quem ficou do meu lado foi o Tio Ducky. E, se não fosse ele, não seria mais ninguém para me contar o que realmente estava acontecendo.

— Tio Ducky... – Chamei. - O que realmente aconteceu com a minha mãe? Porque eu sei que não tem caso nenhum em Los Angeles. Lá tem uma equipe agora.

Meu tio abaixou o jornal e me encarou.

— Você é tão perspicaz quanto seus pais, não é minha criança?

Dei de ombros, perspicaz é uma palavra nova para mim.

— Sua mãe, Sophie, apesar de seu pai ter pedido que não te contasse, passou por uma cirurgia complicada ontem à tarde em Los Angeles.

Larguei meu café da manhã, um bolo se formou em meu estômago e eu não sabia se queria chorar, se queria vomitar ou se queria a minha mãe.

— Mas... o que aconteceu?

— Não tenho todos os detalhes, como você disse, o escritório de Los Angeles está tomando conta do caso, mas Jennifer, ela foi baleada.

— É... é... grave?

— Sim, minha pequena. É grave. Sua mãe, pelo que Kelly me contou, está em coma.

Eu nem sabia que estava segurando algo, tudo o que eu vi foi que a minha caneca favorita tinha caído no chão e sujado tudo de chocolate quente, inclusive meu uniforme.

— Igual ao papai?

— Não. O coma do seu pai não era induzido por remédios, era por conta da explosão, o próprio cérebro de Jethro precisou desligar para que ele pudesse se curar, já o de Jennifer é induzido por remédios para que o corpo dela se cure mais rápido da cirurgia. Kelly disse que ela precisava.

—  A Kells é a médica dela de verdade?

— Sim... as duas residências que a sua irmã tem, garantiram que ela pudesse estar ao lado da Diretora do NCIS.

Parei para pensar, e desci da cadeira, era melhor começar a limpar toda essa bagunça, ou Noemi poderia ficar brava comigo. Catei os cacos da minha caneca que tinha a Torre Eiffel estampada. Era estranho, há alguns meses eu chorei porque tinham destruído o meu ursão de pelúcia, hoje eu não liguei que a minha caneca tivesse quebrado. Tudo o que eu queria era a minha mãe e ela não estava aqui.

¡Pequeña!! ¡No! Puedes hacerte daño con esos fragmentos!

Todo esta bien, Noemi! No me lastimé. ¿Vé?— Mostrei minhas mãos.

No debe hacer esto. A su mamá no gustará saber que te has ponido em riesgo!

¡Mi disculpa! Pero, ¿puedo al menos limpiar toda esa suciedad?

¡No! ¡O llegarás tarde a la escuela!

Balancei a cabeça confirmando.

— Primeiro tem que trocar o uniforme. – Noemi me disse, voltando a falar o meu idioma. – Não quero que saia suja assim. Vá se trocar. – Disse gentilmente.

Antes de sair, parei perto de tio Ducky e disse:

— Tio... tem a chance da mamãe me esquecer igual ao papai me esqueceu?

— Nenhuma chance, Sophie. Nenhuma. E falando em escola, você tem algo muito importante hoje?

— Semana de provas finais.

— Faltam três?

— Na verdade, quatro das matérias regulares... tenho mais algumas das aulas extraclasse.

— E você está pronta para as provas de hoje, minha pequena?

— Eu vou fechar cada uma as provas, Tio Ducky. Pela mamãe. Ela estudou comigo durante todo o ano. É o mínimo que posso fazer.

— Muito bem, então vá se trocar. Vou te deixar na escola.

E foi o que o Tio Ducky fez. Cheguei na escola e cumprimentei o Sr. Dale, nosso porteiro, e depois fui para a minha sala. Minhas amigas, Emilly e Lilly ainda não tinham chegado, mas era até bom, não queria ninguém falando comigo hoje.

Quando o sinal tocou e a nossa professora, Tia Isa, entrou, ela nos cumprimentou e foi logo distribuindo as provas.

As de hoje eram das minhas matérias preferidas. História e Geografia. Eu não estava preocupada com a prova, estava preocupada com a minha mãe, e a minha professora notou isso, porque hoje eu fui a última a entregar a prova para ela.

— Está tudo bem, Sophie? - Ela me perguntou ao receber a prova.

Balancei a cabeça dizendo que sim.

— Não parece. Quer conversar sobre isso?

— Não, Tia Isa, obrigada.

Ela não falou mais nada, mas eu sabia que estava me observando na hora do intervalo e por todo o restante das aulas.

À tarde, eu tive provas de espanhol, alemão e francês. E de novo fui a última a sair da sala, não porque as provas estavam difíceis, mas porque eu não queria voltar para casa. Lá não era bem minha casa mais, meus pais não estavam lá.

Saí contando passos até o portão, Sr. Dale me encarou assustado.

— Hei, Ferrugem. – Ele sempre me chamou assim e eu nunca me importei, era carinhoso. – O que aconteceu com você hoje? Triste pelo fim das aulas?

— Estou com saudades da minha mãe. – Disse.

— Ah... então o seu pai vai vir te buscar? – Ele estava procurando o meu pai do lado de fora.

— Não... ele está com a minha mãe. Ela está na Califórnia. Em um hospital.

Nessa hora eu ouvi alguém me chamando.

— Hei, Peste Ruiva! Vamos!

Levantei a cabeça e vi Tony descendo do carro.

— Já vou indo, Sr. Dale. Tenha um ótimo finzinho de dia, e, por favor, não conta para ninguém sobre a minha mamãe... – Pedi e saí para encontrar com Tony, que estranhamente, só me abraçou e eu comecei a chorar.

— Calma, Sophie... você só tem que se lembrar de respirar. – Ele me disse enquanto nós dois nos sentávamos na calçada.

— Eu quero a minha mamãe... – Chorei. Notei que mais alguém se sentava do meu lado, era a Tia Ziva.

— A Jenny vai ficar bem, Pingo de Gente. Kelly está tomando conta dela.

— A Kells não deveria estar tomando conta dela...

— Por que não, Peste Ruiva?

— Porque ela perdeu a mamãe dela, a Tia Shannon, e se algo acontecer com a minha mãe... a Kells vai sofrer também... a minha mãe é como a segunda mãe dela.

Nenhum deles falou nada e me deixaram chorar pela minha mãe por muito tempo, até que ficou escuro e começou a ventar forte.

— Temos que ir, vai chover forte e eu não quero que você se molhe. – Tony me levantou e abriu a porta do carro pra mim.

— Tudo bem.

— Amanhã você ainda tem provas?

— Sim, Tia Ziva, até sexta-feira. Na sexta saio cedo, porque é só a prova de matemática.

— E como foram as provas de hoje?

— Fáceis.... mas eu demorei para terminar. Toda vez que começava a responder uma questão, eu me lembrava da mamãe e começava a querer chorar, mas eu não chorei na frente de ninguém da escola. Não mesmo.

— Prova de que, amanhã?

— De manhã, Gramática. À tarde de Italiano e Literatura. Na sexta-feira matemática e entro de férias. – Falei meus horários.

— Ótimo, e como estão as matérias, já estudadas? – Tony perguntou.

— Sim... mamãe revisou tudo comigo.

— Vai precisar de ajuda com alguma revisão hoje?

— Acho que não... na de matemática amanhã vou... – Falei.

 - Bem... essa pode ser uma tarefa para o Novato, ou como você adora chamá-lo...

— Meu Ursão Azul! – Respondi. – Ele só não pode saber que eu continuo a chamá-lo assim.

— Vamos só chamá-lo de Lorde Elfo mesmo. – Tony piscou pra mim.

Chegamos na minha casa, mesmo que eu não quisesse.

— Meu Deus!!! Corram, antes que isso caia! – Abby gritou da porta, apontando para a nuvem arroxeada no céu.

Antes que eu pudesse abrir a porta do carro, Jet deu um pulo do meu lado e começou a latir.

— O que ele tem? – Tia Ziva perguntou.

— Ele tá assim desde ontem... na verdade, o Jet sempre foi assim. – Expliquei, abri a porta do carro e antes que pudesse fazer um carinho nas orelhas do meu cachorro, ele puxou a minha mochila como se estivesse me rebocando para dentro de casa.

— Isso foi estranho. – Tony comentou.

— Nada, Tony, animais tem um senso de preservação melhor do que o nosso! Ele só quer que a humana dele saia de perto dessa tempestade. – Abby disse e foi puxando Jet pela coleira, só que ele parou na porta e começou a rosnar, olhando para o outro lado da rua, para um carro que estava parado lá.

Tony, Tim e Tia Ziva na mesma hora sacaram as armas e correram na direção do carro, Jet foi junto com eles. Tio Ducky e Abby me puxaram para dentro de casa, me levando para dentro do escritório da minha mãe e me mandaram me esconder atrás do sofá.

Eu não escutei nada, e quase morri de susto quanto Jet apareceu do meu lado, todo molhado, se sacudindo.

— Quem eram? – Tio Ducky perguntou.

— O Novato pegou a placa. Vai tentar descobrir quem poderia ser, mas com certeza... – Tony parou e olhou para mim. Foi quando a Abbs me tirou da sala me mandando ir tomar banho para que eu pudesse jantar. Ela subiu comigo e ficou penteando Jet, sentada na minha janela.

Não escutei mais nada, e quando voltei para perto deles, estavam todos ao telefone, com o meu pai.

— Bem... Chefe. Sophie está aqui. – Tim falou e tenho quase certeza que foi para que trocassem de assunto, pois logo Tia Ziva, Tony, Tio Ducky e o próprio Tim deixaram a sala e eu fiquei encarando o telefone celular que estava em cima da mesa.

— Você está aí, Ruiva?

— Tô sim, papai. O senhor está bem?

— Sim, filha.

— E a mamãe? Alguma notícia... ela já acordou? A Kells tá bem com tudo isso? Porque ela não deveria estar tomando conta da mamãe... sabe a regra #10...

— Estamos bem aqui, Sophie. Kelly esteve aqui há pouco tempo, sua mãe... ela está ficando melhor a cada hora.

— O Tio Ducky me disse que ela está em coma, mas é um coma diferente do que o senhor ficou...

— Sim, isso é verdade, e eu não vou saber te explicar tudo isso filha.

— Eu sei... só estou repetindo o que o Tio Ducky me disse... fiquei pensando nisso o dia todo...

— Não deveria... deixe que os adultos pensem nisso, você tem que focar nos seus estudos... como foram as provas?

— Bem... eu tenho certeza de que fui bem. Faltam só mais quatro agora.

Papai ficou em silêncio, pelo que pareceu um tempão.

— Papai... quem tava aqui em casa? As mesmas pessoas que machucaram a mamãe?

Ele levou mais um tempo para responder.

— Ah Ruiva... Acho que você sabe demais.

— Não sei não! Eu não sei o que aconteceu com a mamãe, eu nem sei o motivo dela ter ido parar na Califórnia... e depois... depois o senhor foi junto e nem se despediu, eu não me despedi do meus pais e agora vocês estão em um hospital do outro lado do país, ninguém me fala a verdade e tem alguém que ficou parado na porta daqui de casa... eu tô com medo papai... se não fosse o Jet, ninguém teria visto o carro. Papai, me deixa ir para onde vocês estão... eu sou a única da família que está do lado de cá do país! – Eu comecei a chorar de novo e Noemi apareceu para tentar me confortar.

— Você vai vir, Ruiva. No final de semana. Eu conversei isso com a equipe, mas antes você tem que terminar o seu ano letivo.

— Só vou ver o senhor e a mamãe na sexta-feira?

— Sim, filha. Sua mãe não iria gostar que você perdesse as provas.

— E mesmo assim eu vou ficar aqui?

— Não. Você não vai. A equipe vai te levar para um lugar seguro.

— Vou para Alexandria?

— Não. E eu não vou te dizer onde é. Tudo o que eu preciso é que você escute e obedeça a tudo o que eles te disserem. E logo vamos estar juntos. Você pode fazer isso por mim, Ruiva?

— Mas papai....

— Pela sua mãe?

Eu nem sabia se eu iria ver a minha mãe acordada de novo, mas por ela eu faria.

— Tudo bem.

— Ótimo. E filha...

— Oi...

— Eu te amo, Ruiva. Te prometo que esse pesadelo vai acabar.

— Eu já disse que não gosto de promessas, papai.

— Essa vai ser verdade, filha.

— Tá bom, papai. Eu te amo, tô com saudades.

— Eu também estou, Ruiva. Agora, vá jantar e durma bem.

— Não tô com fome.

— Sophie....

— Tudo bem... eu vou jantar.

— Tenho que desligar filha, mas não se esqueça... assim como a sua mãe...

— O senhor também estará sempre do meu lado.

— Sim, filha.

— Tchau papai.

E ele desligou... me sentei no chão da sala, chorando, Noemi não soltou o abraço e me afundei ali. Parecia que tudo o que fazia hoje era chorar. Foi quando a Tia Ziva apareceu.

— Pingo de Gente, preciso da sua ajuda.

— Para que?

— Arrumar o seu quarto. Seu pai pediu para que façamos uma pequena mudança.

— Mudança? Como mudar de casa?

— Sim. Para enganar quem quer que tenha parado aqui hoje.

E a minha tia me arrastou para o meu quarto, onde eu tive que guardar todas as minhas coisas mais queridas. Depois de jantar e dar uma estudada, não tinha como ver nenhum filme, já que a luz foi embora por conta da tempestade, Tia Ziva, Noemi e Abbs me arrastaram para o quarto da mamãe, onde fizeram a mesma coisa, guardaram quase todas as roupas dela em caixas, assim como as do papai e deixaram no corredor, Tim e Tony tinham saído e quando voltaram, estavam com a caminhonete do papai.

— Por que tudo isso se a mudança é de mentira?

— Precaução.

— Mas tia Ziva...

— Sophie... – Era a primeira vez que ela me chamava pelo meu nome. – Confie no seu pai e em nós.

Parei de fazer perguntas e era muito tarde quando fui dormir, no meu quarto hoje estavam, além de Jet e eu, Tia Ziva que ficou no assento de janela e Tony, que se deitou no chão ao lado da minha cama. Foi estranho, pois todas as minhas coisas não estavam mais ali, nem as dos meus pais, parecia uma casa fantasma. Mas como tinham me mandado, eu fiz tudo o que foi pedido.

—------------------------

Então o Chefe tinha nos mandado enganar quem estava atrás da Peste Ruiva de uma maneira não muito fácil. Se tudo o que Kelly havia pedido era que a Peste Ruiva tivesse um pouco de normalidade na vida dela durante essa semana, fazer essa encenação toda ia contra tudo o que a médica mais nova da família havia determinado.

— Vocês ouviram. – Ziva começou assim que ouvimos o Chefe começar a conversar com a filha. – Guardem e tirem daqui tudo o que é de valor e não pode ser substituído. O resto fica.

— Por onde começamos?

— Pelo quarto da Sophie, depois o escritório da Jenny e por fim o quarto de Gibbs e Jenny. – Ziva estava sendo prática e usando todo o seu treinamento com um escudo para se manter um pouco distante.

— Certo! – Abbs sumiu pela escada, eu e Tim fomos para o escritório da Diretora, pelas coordenadas do Chefe ali tinha um cofre que precisávamos esvaziar sem olhar o conteúdo.

Antes que Ziva pudesse subir para começar a organizar tudo na parte de cima, ouvimos Sophie começar a chorar de novo, um choro de pura dor e desespero. Noemi chegou para acalmá-la e eu só olhei para a minha namorada.

— Ela vai ficar bem, Tony, um dia.

— Sophie é muito nova para passar por tudo isso. – Murmurei e fui para o escritório da Diretora. McGee já estava lá e olhava meio perdido para todas as prateleiras.

— O que é e não é importante aqui?

— Documentos e tudo o que levar a sigla NCIS são importantes, o restante, a gente deixa. – Respondi e comecei a olhar os papéis e guardá-los em caixas, fiz tudo o possível para não ler nada.

Com pouco, Ziva levou a Peste Ruiva para o segundo andar, explicando para ela o que tinham que fazer, ouvi as perguntas que ela fazia e o desespero dela em saber que estava de mudança para um lugar que ela não sabia onde era.

 Uma hora se passou até que Noemi nos chamou para jantar, ninguém queria parar o que estava fazendo, cada segundo ali era importante, mas tentar manter Sophie mais calma também. A garota não comeu muito, nem com a promessa de que poderia comer chocolate como sobremesa.

Logo eu e Tim seguimos outra instrução do Chefe, ir a casa dele, pegar a caminhonete e trazê-la para que todas as coisas fossem guardadas na caçamba. Saímos com a certeza de que Ziva daria conta de proteger Sophie e ainda salvar a noite se fosse necessário.

Quando voltamos, a tempestade tinha vindo com força e a energia caiu, a elegante casa de Georgetown estava às escuras.

— Não atire, Ziva, somos nós! – Falei quando destranquei a porta.

— Já tem caixas aí em baixo, são do quarto de Sophie, terminamos o escritório e Noemi juntou outras coisas também, agora estamos no quarto do casal. – Ela me respondeu do alto da escada, mas ainda tinha em suas mãos, junto com a lanterna, sua arma.

— Vamos guardar isso aqui. Algo terá que ir no carro de Jenny. E ainda tem o Dodge.  – Falei.

— Sim, Abby vai levar o carro de Jenny amanhã. Temos que desabilitar o GPS. – Ela olhou para Tim.

— Faço isso em cinco minutos. – Ele garantiu.

— Ótimo. Vamos terminar aqui e depois vou colocar o Pingo de Gente na cama. Tim, você e Abby dormem no quarto de hóspedes. Tony, nós vamos ficar de olho em Sophie. – Ela tinha tudo planejado e não admitiria um erro.

A noite passou relativamente bem, apesar de Sophie ter medo de tempestades e ter acordado muito, ela não deu trabalho, em certo ponto da noite se conformou que não dormiria muito mesmo e ficou quietinha abraçada a um de seus bichinhos.

A manhã de quinta-feira foi um outro roteiro, saí com Ziva para levar Sophie para a escola, vimos que um carro, com dois ocupantes nos seguiu o tempo inteiro, reduzi a velocidade para que desse tempo de McGee e Abby tirarem as coisas que guardamos nos carros de dentro da casa. Quando estacionei na porta da Escola de Sophie, o carro passou por nós e virou a esquina.

— Agora sabemos quem eles realmente querem. – Ziva falou ao assumir o volante. – Tem certeza de que aguentará um dia de volta à escola, Tony?

— Vou ficar pelo tempo que ela precisar. – Respondi e guiei uma calada e cabisbaixa Sophie para dentro da escola.

E ela cooperou perfeitamente com tudo, fez todas as provas do dia na parte da manhã e, depois que Gibbs ligou para a Escola e explicou a situação que se desenrolava, adiantaram a prova de matemática para a tarde, Sophie, mesmo sem ter revisado a matéria, encarou a prova e ainda saiu falando que estava fácil.

Liguei para Ziva vir nos pegar, ela já estava com o próprio carro, e nem fez menção de me deixar dirigi-lo.

— Vamos para onde agora? – Sophie perguntou ao se espremer no banco de trás.

— Primeiro deixar Tony perto do Estaleiro e depois para um local seguro. – Ziva respondeu para Sophie.

— Tudo bem...

— Pingo de Gente, faça o favor de colocar essa blusa por cima do seu uniforme e esse boné também...

Vi a Peste Ruiva vestir um moletom, mesmo sendo quase verão, por cima do uniforme, depois juntou todo o cabelo e colocou o boné de um jeito que só um pedaço ficasse para fora.

— Muito bem! – Ziva a elogiou. – Depois vamos trocar a roupa de vez, mas por enquanto vai servir para te camuflar. – E minha namorada foi desviando dos carros em alta velocidade, sempre olhando o retrovisor, Sophie ficou caladinha, só arregalando os olhos cada vez que via que estávamos mais na contramão do que do lado certo da pista.

— Uhn... Tia Ziva. – Ela falou com uma voz estranha.

— Que foi, Pingo de Gente? – Ziva respondeu sem olhá-la, já estávamos quase no Estaleiro.

— Só para te informar que estamos nos EUA, não na Inglaterra. Aqui se dirige do lado esquerdo.

Ziva fez uma ultrapassagem usando a quarta faixa, e depois, cantando pneus, parou no Parque Anacóstia, do outro lado do prédio do NCIS.

— Gibbs é o único que sabe a localização de Sophie, Abby tem o número do celular descartável que está comigo, se tudo der certo, vejo você e Gibbs de madrugada. – Ela me falou, quando as duas desceram do carro. – Leve esse carro para dentro do Estaleiro e o deixe lá.

— E como vocês vão chegar até onde devem ir? – Perguntei ao assumir o volante.

E a Ninja só apontou para o meu carro, parado um pouco mais afastado.

— Vou tomar conta dele, Tony. – Piscou para mim e me deu um beijo. – Vamos Pingo de Gente, ainda temos uma bela viagem pela frente. – Chamou por Sophie que olhava para o outro lado do rio, para o prédio do NCIS e eu não duvidava, para as janelas do quarto andar.

— Tchau Tony! – Ela se virou e me abraçou. – Toma cuidado! – Me falou.

— Eu sempre tomo, Peste Ruiva! E você me faça um favor.

— Que favor? – E lá estava a cabeça tombada...

— Dê bastante trabalho para a Zee-vah!

— Nem pensar, ela é uma ninja, vai que me mata com um clipe de papel! – Respondeu um pouquinho mais feliz, depois acompanhou a passada apressada de Ziva até o meu carro.

E se eu visse as duas novamente, eu nem me importaria em ter o meu carro explodido, de novo.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Capítulo pequeno para os padrões da fic... mas se eu juntasse com próximo ficariam quase 10 mil palavras e ninguém leria tudo...
Deixei no ar porque o próximo tem um momento bem fofinho entre Ziva e Sophie, mesmo no meio do caos!
Obrigada a você que está lendo! Já agradeço aos comentários!
Até terça!!
xoxo



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Carta para você" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.