Carta para você escrita por Carol McGarrett


Capítulo 104
Eu Aceito!


Notas iniciais do capítulo

E chegamos ao dia do SIM!!
Nas notas finais eu vou deixar o link de uma pasta no Pinterest com as roupas, sapatos, maquiagem e o buque e o pente de cabelo da Kelly!
Espero que gostem!
Boa leitura!



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Tinha visto Kelly parcialmente pronta, mas não ainda com o vestido e os sapatos.

Para falar bem a verdade, eu achava impossível que um penteado, uma maquiagem, um vestido e um sapato pudessem deixar a minha filha ainda mais bonita. Mas tinham deixado.

Kelly estava linda.

Eu passei a tarde inteira querendo que esse momento não chegasse, querendo que o tempo parasse em algum ponto onde ela ainda não estaria presa dentro do quarto, mas sim sentada na sala, batendo os pés nervosa e evitando roer a unha.

Mas, cedo demais, a trupe composta por cabelereiro, maquiador e manicures chegou e ela foi dragada para o segundo andar. A certa altura, até Sophie pediu para ter uma das mordomias que Kelly estava tendo, o que resultou em uma brincadeira que ela teria quando fosse a vez dela se casar. E esse foi o meu limite, Sophie foi posta para fora do quarto e eu, para manter a sanidade, arrastei minha caçula para fora de casa.

Ficamos mais da metade da tarde longe, e toda vez que Sophie falava algo sobre o casamento, eu a cortava, então ela entendeu que não era para tocar no assunto e começou a fazer planos, planos para uma viagem que ela não sabia quando, ou se aconteceria, mas que ela queria ir.

Ela quer voltar para Londres e me levar para conhecer os lugares favoritos dela. Quer ir a Paris e tirar uma foto comigo no alto da Torre Eiffel e depois esquiar na Suíça e ir a Itália.

— Sabe papai, nós bem que podíamos alugar uma Ferrari e passear com ela no autódromo de Monza...  – Disse do nada, enquanto tomava um sorvete e tentava se equilibrar no meio-fio.

— Eu vou ter que falar com o DiNozzo para parar de ver Magnum P.I. perto de você!

Ela gargalhou.

— Quão rápida é uma Ferrari?

— Não sei, nunca dirigi uma.

Sophie parou e me encarou.

— Não tem vontade?

— Não.

— Eu tenho! – Voltou a andar e a tomar o sorvete.

— Mais uma vez eu vou mandar o Tony cortar o Magnum P.I..

— Tem umas que são bonitas.... Mas eu quero dirigir uma vermelha!

— Não me diga, vermelha. – Olhei para ela e puxei a ponta de seu rabo de cavalo.

— Tudo bem, nada de Ferrari. Qual carro? O vovô me disse que o senhor queria remontar um... comprou até o motor.

— Isso foi há muito tempo, Sophie.

— Que carro era? Até a mamãe ficou curiosa, Kells nunca soube disso também.

E ela era esperta, com uma conversa completamente aleatória ela tinha me distraído.

— Um Dodge Hemi 1971.

— Nunca vi... será que tem na internet?

— É você quem sabe mexer nisso.

— Eu vou procurar. Mas por que o senhor nunca voltou em Stillwater para terminar o carro?

— Era só o motor, Sophie. E nem funcionava.

— Não foi o que o vovô falou! – Ela tinha um sorriso no rosto que me deu arrepios.

— Onde você quer chegar com essa conversa, Sophie?

E aí estava claro que tinha algo, pois ela começou a pular sem sair do lugar de tão animada que ficou.

— E se eu falasse para o senhor que tem um Dodge Hemi 1971, amarelo canário, na garagem lá de casa?

Encarei Sophie e ela começou a sorrir ainda mais.

— Vovô o trouxe quando chegou na semana passada, guardou na garagem, já que o senhor nunca guarda o carro mesmo. Ele pensou que o senhor poderia levar a Kelly para a igreja nele.

— Por que você sempre fica sabendo de tudo?

Ela deu de ombros...

— O senhor não quer dar uma voltinha antes não? Acho que ainda temos tempo... a Kelly vai demorar para ficar pronta.

— Onde a sua mãe escondeu a chave?

Ela deu uma gargalhada e tirou a chave do bolso da jardineira que usava.

— Não foi a mamãe, foi o vovô! Ele me entregou a chave depois do almoço! – Disse com um sorriso sapeca.

Voltamos para a casa de Jen e nem entramos, eu não queria saber o que estava acontecendo lá dentro. Abri a garagem e lá estava o carro, do jeito que um dia eu pensei em montar.

— Era desse jeito que o senhor queria que ficasse?

— Exatamente assim.

— Não vai testar? – E lá estava o sorriso sapeca de novo. Sophie vai ser terrível quando entrar na adolescência!

— Você está doida para entrar nesse carro, não está?

— Como diária o Luigi de Carros: Non é una Ferrari, ma...— Ela imitou o personagem do desenho com um sotaque italiano perfeito.

Tirei o carro da garagem e Sophie nem pensou duas vezes ao pular no banco do carona.

— Não conte para a sua mãe! – Avisei antes de acelerar o carro.

A pequena só pôs o cinto e abriu a janela, dando um sorriso imenso e sinalizando que era nosso segredo. Pelo menos nisso ela tinha me puxado.

Nossa volta não durou muito, até porque Jen me ligou pedindo que levasse Sophie de volta, pois ela tinha que começar a arrumá-la.

— Dá para ir ainda mais rápido? – Ela perguntou quando desliguei o telefone.

Só pisei mais no acelerador e ela gargalhou alto, fiz a curva depressa e parei cantando pneus na frente da casa.

Sophie estava mais do que feliz quando desceu do carro, e nem a carranca de Jen, que tinha ouvido o cantar dos pneus quando parei em frente à casa, diminuiu a nossa felicidade.

— Pelo visto isso ela puxou de você, não? – Me perguntou quando nós dois passamos por ela sem demonstrar nenhuma culpa pelo passeio em alta velocidade.

— Já está na hora de começar a me arrumar? – A Ruiva perguntou, tentando distrair a mãe.

— Seu banho já está pronto, suba e comece, eu vou te ajudar logo em seguida. – Jen avisou, sem desviar os olhos de mim. Vimos Sophie subir correndo as escadas e quando estava longe, sem poder nos ouvir, Jen continuou: - Quer me matar do coração?! A quantos quilômetros por hora você estava quando fez a curva para entrar na rua? Eu ouvi o guinchar dos pneus de dentro do quarto!

— Alguns...

— Jethro... A Sophie só tem sete anos.

— Pelo menos isso ela herdou de mim, Jen. Além do mais, eu estava dirigindo, não ela, e ela estava de cinto.

Jenny pareceu se conformar.

— Só me prometa que ela não vai dirigir aquele foguete antes dos vinte e um anos. E que você não vai ensiná-la a dirigir antes da hora.

— Se isso te faz feliz, Jen. Tudo bem.

Era uma promessa que eu sabia que quebraria no exato momento em que Sophie me pedisse para aprender a dirigir.

— E você, pode começar...

Foi quando ouvimos o grito de Kelly.

— O que foi agora? – Perguntei.

Subimos correndo achando que qualquer coisa tivesse acontecido, e quando escancaramos a porta, Kelly estava quase pronta e completamente desesperada.

Ela tinha esquecido de comprar os sapatos. E isso não me surpreendia. Era algo que ela, com certeza, esqueceria. Kelly sim. Jen e Sophie não e foi o que aconteceu. A pequena, que já deveria estar no banho, apareceu com uma bolsa e entregou para a mãe. Vi Kelly abrir a caixa e tirar os sapatos dali, e ia começar a chorar quando o Paolo chamou a atenção dela mandando-a ficar quieta, que ainda não era hora para abraços. Depois continuou sobre como ela iria querer o cabelo. E nesse momento Jen pediu licença e eu fiquei ali, ao lado da noiva neurótica.

Kelly percebeu o meu olhar e ficou vermelha, pareceu que queria me falar algo, mas foi distraída com a volta de Jenny e com o embrulho que ela lhe entregou.

Era a tal da coisa emprestada e azul.

Sophie, curiosa como sempre, perguntou qual seria a coisa velha. Kelly estendeu o bracelete que eu dera a Shannon e que pertencera a minha mãe. A Ruivinha ficou tentada em pegá-lo, porém desistiu, acho que ficou com medo de quebrá-lo.

— Quando você se casar, vira a sua coisa velha e emprestada... – Kelly disse.

Foi o que bastou e eu puxei a ruiva do quarto.

— A senhorita não acha que já está mais do que na hora de começar a se arrumar, não?

Sophie fez um bico, claramente achando mais interessante ver a irmã virar a noiva do que ela virar a Dama de Honra.

Jenny nos seguiu e saiu empurrando Sophie até o banheiro, pois ela queria fazer algo com o cabelo dela.

— E você, Jethro, hora de virar o Pai da Noiva!

Foi o que fiz e depois mais nada, a não ser esperar.

Jenny terminou de arrumar Sophie um pouco antes de Tony, Abby, Ziva e Tim chegarem, e a Ruivinha veio descendo as escadas devagar, com cuidado para não tropeçar e se desarrumar.

E a frase que Kelly me disse ao descrever o vestido de Sophie fez sentido só quando eu a vi parada no pé da escada, muito vermelha diante da enxurrada de elogios que ela recebia.

— É simples, mas é a carinha dela... fofo e sapeca, foram as palavras que Abby usou e achei muito conveniente.

 Realmente era verdade. O que só evidenciou que Sophie poderia aprontar a qualquer momento naquele casamento.

Os quatro chegaram e eu me surpreendi ao ver a meninas.

— Não nos olhe assim, Gibbs! Hoje quem brilha é Kelly! – Ziva disse.

— Apesar de que Tony não está acreditando em nós! – Abby fez coro e vi que ela tinha uma sacolinha na mão.

Depois de paparicarem Sophie, Ziva e Abby subiram para ver Kelly, que a essa altura já estava pronta, pois toda a trupe que chegara mais cedo já tinha ido.

Levei Sophie para a sala e ela começou a falar as mesmas coisas sem sentido que estava falando enquanto nós dois andamos à toa. Creio que ela estava nervosa também.

E então, veio o grito:

— MEU DEUS!!! VOCÊ ESTÁ PERFEITA!!!!

 Sophie, ao meu lado, deu um pulo e eu subi correndo para escutar outro grito:

— Mais um grito desses, Abigail, e eu vou te por para fora da minha casa!! Me fez estragar a minha maquiagem!! – Era Jenny quem reclamava do susto.

— Me desculpe, Jenny. Precisa de ajuda? – Abby perguntou da porta do quarto onde estava Kelly.

— Ela vai ficar bem, Abbs. – Falei já quase do lado dela.

Abby me deu um sorriso e quando eu ia perguntar se já podia descer com Kelly, Ziva simplesmente fechou a porta na minha cara dizendo:

— Agora não, Gibbs!! Daqui a pouco você entra!!

Fiquei parado encarando a porta fechada, sem entender o que elas tinham para conversar com Kells que eu não poderia ouvir.

— Você não vai querer saber o que elas estão fazendo, vai por mim. – Jenny falou às minhas costas.

Me virei para vê-la, a roupa que ela usaria ainda era um mistério para mim. E Jen estava deslumbrante.

— Vou presumir que você gostou do vestido.  – Ela disse com um sorriso.

— Ainda não me decidi. – Respondi.

— Eu sei que já estamos em cima da hora, mas me dê um minutinho com Kelly! E não deixe Sophie entrar. – Ela pediu e entrou no quarto.

Alguns minutos se passaram e Sophie apareceu do meu lado carregando o buquê de Kelly.

— O que você está fazendo com isso? – Perguntei desconfiado.

— Tenho que entregar para Kelly.

— Sua mãe disse que você não pode entrar.

— Tudo bem... o senhor entrega, então?

Olhei para as flores.

Não. Eu não entregaria aquilo para Kelly.

Bati na porta e não fui atendido. Sophie me olhava querendo que eu me decidisse.

Mais uns segundos e bati de novo.

Ouvi os saltos das três e a porta foi aberta.

Jen saiu primeiro e pegou o buquê das mãos de Sophie, mandando que ela descesse, a pequena fez isso, e já foi chamando por Tony, perguntando que doce ele e Tim comeriam primeiro. Logo em seguida, vieram Abby e Ziva, Abbs estava chorando.

— Ela tá linda!! – Murmurou e desceu as escadas.

— Ela é todo sua, Jethro. – Jen me disse e me deu um tapinha no ombro.

Foi quando eu me virei e vi Kelly pronta para subir ao altar. Ela não me encarou de primeira e ficou vermelha.

— Kells. – Chamei-a.

Vi que ela respirou fundo, mordeu o lábio e só então me encarou.

— Oi papai. – Sua voz falhava.

— Não é hora de chorar agora. – Falei chegando perto dela e, com cuidado, secando a teimosa lágrima que rolou na sua bochecha.

— Eu sei... eu só estou... – Olhou para as mãos que tremiam. – Muito nervosa.

— Você está linda, filha.

Ela deu de ombros e ficou ainda mais vermelha.

— Obrigada, eu acho. – Tornou a respirar fundo para não chorar. – Pai... – me encarou.

— Diga filha.

Ela tirou uma ruga inexistente da saia do vestido e depois me olhou.

— Obrigada! Por tudo. Por tudo o que o senhor fez por mim até hoje. Eu sei que é pouco diante de tanta coisa, mas é tudo o que eu consigo expressar. Meu sentimento de gratidão e amor pelo senhor é grande demais e eu não sou tão boa assim com palavras... o senhor sabe...

Eu sabia que talvez eu estragasse alguma coisa em sua produção, mas eu tive que abraçá-la.

— Não tem nada que me agradecer, filha. – Dei um beijo na sua têmpora.

— Eu tenho sim. O senhor fez demais por mim, e eu sinto que não fui uma filha tão boa no final das contas, ou que eu não disse obrigada ou eu te amo o tanto que eu deveria, pai. Mas eu deveria ter dito. – Ela abanou o próprio rosto para tentar não chorar ainda mais.

— Kelly. – Chamei a atenção dela. – Respira, filha.

Ela sorriu.

— O senhor sempre me fala para fazer isso, e quer saber de uma coisa?

— O que?

— Sempre funciona. Eu sempre me acalmo. – Ainda sorria, mas começou a respirar fundo, e a contar baixinho.

— Está pronta? – Dei meu braço para ela.

— Posso pedir só mais um favor para o senhor?

Tive que rir.

— Qual, filha?

— Não me deixe cair. Esses saltos são enormes!! – Ela riu ao me mostrar o sapato em seu pé. Acompanhei a risada dela.

— Culpe sua irmã e Jen. – Dei o braço direito a ela que o enlaçou.

— Eu ouvi isso! – Jen nos disse quando saímos do quarto e ao entregar o buquê para Kelly.

— Se eu cair, vou culpar vocês duas. – Kelly disse.

— A ideia foi de Sophie. Culpe-a! – Jen respondeu, arrumando o vestido de Kelly. – Agora, vão, antes que Abby dê um ataque de ansiedade no andar de baixo.

Começamos a descer as escadas e perto da porta estavam Abby, Tim e meu pai.

— Eu não disse, Jack? Ela não é a noiva mais linda que você já viu? – Abby sorriu ao falar isso.

Kelly se segurou com mais força no meu braço e praguejou contra a irmã mais nova.

— Onde está Sophie? – Perguntei quando me dei conta de que ela não estava pulando ao pé da escada junto com Abby.

— Tony e Ziva já a levaram para a igreja, Noemi foi junto com eles.

— Você realmente vai esconder de mim a minha Dama de Honra, Jen?

— Não, estou salvando o seu vestido de ser pisado por uma garotinha elétrica e nervosa, nada nem ninguém conseguiu pará-la.

Chegamos na porta e meu pai pediu um tempo para conversar com Kelly.

— Hei, Chefe, ouvi dizer que aquele Dodge lá fora é seu... – McGee me chamou.

— Sério que vamos nele?! – Kelly se animou.

— E desde quando você gosta tanto assim de carros, Kelly?

— Ah, pai. Aquele lá tem história...

Abby e Jen ajudaram Kelly a entrar no carro e depois foram para a Igreja.

Kelly se remexia nervosa ao meu lado.

— Não vai dirigir como um louco? – Ela perguntou.

— Só quando a Sophie estiver no banco do carona.

Ela gargalhou.

— É... ela bem que gosta de um carro rápido e de que corram também, Jen já sabe dessa paixão dela?

— Sabe e me fez prometer que ela não vai dirigir esse carro nunca.

— Ah... já estou até vendo a Moranguinho chegando na escola dirigindo esse carro...

Ri com a cena, era bem provável que isso acontecesse de verdade.

Kelly ficou calada, vi que ela estava controlando a respiração de novo, mas todo o exercício foi para água abaixo quando ela viu a Igreja.

— Bem... – Ela disse. – Agora não tem como fugir mais.

— Se quiser, é só falar, até que percebam, já estaremos longe. – Brinquei.

— Não... não quero. Mas tenho medo do que me espera depois do sim, depois de hoje... alguma dica?

— Não, Kelly. Nenhuma dica.

— Imaginei isso.

— Vai dar tudo certo, filha. Eu sei que vai.

— Esse é um discurso ensaiado de pai ou é a sua intuição falando?

— Minha intuição.

— Então eu acredito no senhor! – Ela sorriu e se inclinou para me dar um beijo na bochecha. - Sei que é um movimento da Sophie, mas... – E deu de ombros.

— Hoje a Ruiva não vai ligar.

— E falando nela... – Kelly apontou para a espoleta Ruiva que se escondia atrás das pernas de Tony para fugir de Caroline Sanders.

Parei o carro onde me indicaram, longe dos demais para que ninguém visse a noiva e encarei Kelly.

— Quando você estiver pronta, filha.

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Então era agora. De longe vi minhas madrinhas, Mer, Maddie e Claire. Tive um vislumbre da Sra. Sanders e do Senador. Ao fundo, pude distinguir o cabelo vermelho de minha irmã perto de Jenny, Tony e de Henry.

A organizadora começou a colocá-los em fila.

Primeiro os casais de padrinhos e madrinhas.

Logo atrás o Senador Sanders e Jenny, que faria às vezes de minha mãe. Vi que ela deu algum aviso para Sophie e soprou um beijo na direção da filha. A única coisa que pude ver da pequena foi o brilho de seus sapatos...

E, fechando a fila, a Senhora Sanders e Henry. Ao vê-lo com aquele smoking meu coração bateu mais rápido e eu me esqueci como se respira. Algo dentro de mim me compeliu a sair correndo na direção dele. Eu queria ver de perto se ele estava tão lindo quanto eu achava que estava, minha mão voou para a maçaneta da porta e, a mão de papai me impediu.

— Até onde eu me lembro, o noivo não pode ver a noiva antes que ela entre na igreja.

— Desculpe. Eu só... – Foquei no meu buquê, só para notar que minhas mãos tremiam e suavam.

Com um indicar da organizadora, a fila começou a andar. Vi Maddie levantar os ombros e abrir um sorriso. Mer não ficou para trás. Claire olhou para o próprio noivo e era a próxima. Então Jenny e o Senador. E papai não gostou muito disso, vi que o ciúme dele era grande ao vê-la entrar de braços dados com outra pessoa.

A espera era angustiante, eu comecei a bater o salto do meu sapato de tão nervosa que estava. E, foi eu piscar e Henry começava a entrar na igreja.

Assim que ele passou pelas portas, estas foram fechadas e foi permitido a papai parar o carro na porta da igreja. Ele desceu, deu a volta e abriu a porta para mim.

Comecei a me preocupar que eu não teria ninguém para me ajudar a arrumar meu vestido quando Ziva e Abby apareceram para me acudir. As duas esticaram a pequena cauda e meu véu. Acertaram os últimos detalhes do meu buquê e, me desejando todas as felicidades do mundo, despareceram para dentro da igreja tão rapidamente quanto tinham aparecido.

— Eu tenho as melhores irmãs do mundo, não tenho? – Comentei.

Papai riu do meu lado.

— Tem uma que está nervosa ali do lado... escute.

Apurei meus ouvidos e escutei Sophie choramingar que queria me ver antes que eu me casasse. Tony respondeu que ela só me veria quando fosse a vez dela de entrar na igreja.

— Pelo visto Tony ficou de babá...

— Ele se prontificou a ficar ao lado da Ruiva até que fosse a hora dela entrar, Ziva vai voltar para controlá-la também, mas ela disse que não perdia o momento de nós dois entrando na igreja de jeito nenhum.

— Imaginei. – Eu disse. Foi quando eu escutei a música que começava a tocar.

— Nada da Marcha Nupcial? – Papai me perguntou.

— Não. Eu escolhi outra música.

E o quarteto de cordas começou a tocar Love Of My Life, do Queen.

— Papai.

— Diga, filha.

— Agora, mais do que nunca, não me deixe cair. – Falei e apertei o braço direito dele com mais força.

— Jamais, Kells. Agora respire e levante o rosto.

Abriram as portas e a claridade da igreja, bem como o perfume dos arranjos de flores que a adornavam, me atingiu. Levantei meus olhos e escaneie os presentes, vi meus amigos, os parentes de Henry. Ziva, Abby, Tim, vovô, Noemi, Ducky, Palmer com uma moça loira que, presumi ser a namorada dele, Breena, depois passei para o altar. Minhas madrinhas, os padrinhos. O Senador Sanders e a Sra. Sanders, elegante em um vestido rosa claro. Jenny se destacando no vestido azul escuro.

E ele.

Nunca pensei que um smoking cinza escuro pudesse deixar Henry ainda mais bonito. E ele me olhava como se nunca tivesse me visto, como quando eu aceitei namorar com ele, como quando eu disse sim ao seu pedido de casamento.

Eu quis correr pelo corredor central até encontrá-lo, para abraçá-lo com força e nunca mais soltá-lo.

Contudo, graças a Deus, papai estava ali para me guiar mais uma vez e ele me segurou no lugar e deu o primeiro passo. Minhas pernas, que eu nem tinha percebido que estavam bambas, acompanharam a passada dele e, a última coisa que escutei antes de entrar na igreja foi:

— Kells, você tá tão linda!! – Era Sophie quem, de algum canto, falara.

Quis sussurrar “obrigada”, porém, não consegui encontrar a minha voz.

Pisquei para segurar o choro e, nesse breve momento de olhos fechados, eu vi a minha mãe, ela me sorria e dizia a mesma coisa que Sophie tinha acabado de falar.

É claro que ela estaria ali comigo! E eu não duvidava de que, em algum canto, Kate também estava vendo este momento.

Não contive as lágrimas, nem queria, era o momento mais feliz da minha vida!

Avancei pela nave, já estava no meio da igreja, algumas pessoas me sorriam, outras apenas me olhavam, tive um vislumbre de Alicia e até ela estava com cara de abobada. É, eu tinha que agradecer à minha irmã por ter me ajudado com o vestido.

Mais alguns passos e eu vi Henry. Novamente quis apressar os passos. Mas me contive, a essa altura eu tenho certeza de que era a noiva mais chorona da história.

E chegamos ao altar. Henry desceu os cinco degraus para me buscar. Me virei para papai, não sei o que eu esperava ver em seu rosto, mas tenho certeza de que não era o que eu vi.

Papai sorria ao me fitar, um sorriso que chegava em seus olhos e eu vi ali também, um resquício de choro.

Ele chegou um pouco perto de mim, me deu um beijo na testa e sussurrou:

— Seja feliz, minha filha. Eu te amo.

— Eu também te amo, papai. – Dei um beijo na bochecha dele e o olhei nos olhos.

Depois me virei para Henry, ele me esperava com um imenso sorriso no rosto, papai soltou meu braço e apertou a mão que Henry estendia, claro que ele tinha que soltar uma pérola, porém foi baixo demais para que alguém escutasse, mas eu tinha me esquecido que Abbs sabe ler lábios. E a risada de alguns foi o som do momento.

— Faça a minha filha feliz, Henry. Ou você já sabe.

— Eu vou fazer sim, Senhor Gibbs.

Papai entregou a minha mão para Henry e foi para perto de Jen. Vi que ela, depois de enlaçar o braço no dele, deu um sorriso em sua direção, como que garantindo que eu ficaria bem.

Henry apertou a minha mão, me trazendo para o nosso momento e eu me concentrei em não tropeçar ao subir os degraus. Antes que chegássemos na frente do padre, ele sussurrou:

— Você está ainda mais linda, Kelly.

Eu, claro, me senti corando ainda mais.

Paramos na frente do padre e eu me vi sem saber o que fazer com o buquê. Olhei para o lado, só para ter certeza e Jen estava com o braço estendido, pronta para segurá-lo para mim durante a cerimônia.

Eu ainda tremia, morrendo de medo de fazer algo errado ou falar no momento impróprio, para quem tinha esquecido de comprar os próprios sapatos e de reservar a Lua de Mel, qualquer coisa era possível.

Leram o evangelho, juro que não escutei nenhuma palavra, estava nervosa demais para escutar as palavras do padre.

Logo que a prática terminou, o padre perguntou:

— Quem está aqui para entregar esta mulher?

Papai deu um passo à frente, e eu comecei a chorar de novo.

Era hora de as alianças serem entregues. E no meio do turbilhão de emoções que eu sentia, a curiosidade me venceu.

Finalmente eu veria Sophie.

A música trocou, tinham me falado que ter uma música da qual Sophie gostasse quando ela entrasse na igreja, a deixaria mais calma, assim, escolhi o tema de seu desenho preferido, tendo a certeza de que ela amaria a escolha.

E Once Upon A Time in December, o tema de Anastácia, em uma versão só de violino e cello começou a tocar, a porta foi aberta e todos se viraram para ver minha irmãzinha parada, esperando que a liberassem para andar. Escutei, com um orgulho imenso as pessoas dizendo seus “own, como ela é linda!” e me senti a irmã mais babona do mundo.

Pelo canto do olho vi DiNozzo andar apressado até o seu lugar e se sentar ao lado de Ziva.

Sophie começou a andar e eu reparei na sua roupa.

O vestido, que eu ainda não tinha visto, era lindo, branco off White, para não mesclar com o meu, ia até a altura dos joelhos, com uma fita rosa clara marcando a cintura e três fitas da mesma cor na barra que, com o movimento elegante da minha irmã, pareciam brilhar. Falando em brilhar, no pé uma sapatilha da cor da pele, de bico fino e cristais na ponta, creio que mais alguém da família gastou uma pequena nota no par de sapatos, e eu deixei por último o que chamou a atenção de todos os demais, seu rostinho. Sophie, claro, tinha um enorme sorriso no rosto, apesar de não ser um sorriso tão genuíno assim, pois ela estava concentrada em não estragar nada, seu cabelo vermelho estava cacheado nas pontas e Jen tinha prendido somente o necessário para deixar o rosto dela livre e, por fim, tinha seus olhos coloridos, infelizmente hoje, estavam quase pareados, olhando de longe pareciam verdes ou azuis, mas eu conhecia bem a minha irmã para saber que um era azul-esverdeado e o outro verde-azulado, abri um sorriso maior ainda ao vê-la avançando pelo corredor e quando ela me viu olhando-a, sorriu de verdade.

Henry comentou baixinho que ela estava linda.

— Claro que ela está linda, é minha irmã! – Respondi de volta.

Antes que ela chegasse ao altar e entregasse as alianças à Henry, me permiti ver a reação de algumas pessoas. Todos sorriam, mas os sorrisos mais bonitos eram da minha família.

Tony me viu olhando na direção dele e me disse que eu estava muito bonita.

Agradeci e o agradeci mais ainda por ficar lá fora com Sophie.

A resposta que ele me deu:

— É minha irmã caçula!

Nossa irmã caçula!

Nessa parte até Abbs riu.

Sophie chegou ao pé do altar e olhou para nós dois, seu sorriso traduzia a felicidade que ela estava por nos ver juntos, depois subiu na direção de Henry e entregou as alianças que estavam em uma almofada.

Acho que isso não era para ter acontecido, mas Henry acabou por abraçá-la. Não o culpo, pois acabei fazendo o mesmo. E ela, depois que eu a soltei, claro que chorando, foi para perto de papai e Jen, ficando no meio dos dois.

Henry entregou as alianças ao padre que as benzeu. E, ficou de frente para mim.

O padre disse:

— Henry Sanders, você aceita Kelly Gibbs como sua legítima esposa?

— Eu aceito.

— Kelly Gibbs, você aceita Henry Sanders como seu legítimo esposo?

— Eu aceito.

Nossa ideia era a de fazer votos únicos, mas desistimos, ou ficou piegas demais ou longo demais, optamos por aqueles que já foram ditos por tantos casais antes de nós.

E ele começou:

— Eu, Henry Sanders, aceito você, Kelly Gibbs, como minha legítima esposa e prometo amar-te e respeitar-te na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, na riqueza e na pobreza, e por toda a eternidade. – Terminou, colocou a aliança em meu dedo anelar esquerdo, onde eu sabia, ficaria pelo resto da minha vida. E antes de soltar a minha mão, a levou em seus lábios e a beijou.

Era a minha vez, e eu achei que deixaria cair a aliança de tanto que eu tremia. Respirei fundo e recitei as mesmas palavras:

— Eu, Kelly Gibbs, aceito você, Henry Sanders, como meu legítimo esposo e prometo amar-te e respeitar-te na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, na riqueza e na pobreza, e por toda a eternidade. – Deslizei a aliança no dedo dele, nunca deixando de fitar seus olhos, e vi, com uma alegria incontida que ele também chorava. – Eu te amo. – Sussurrei antes de beijar o anel.

Nos viramos para o padre, escutei algumas pessoas fungando e olhei para as minhas madrinhas, todas elas choravam. Assim como Jen e até Sophie.

— Se houver alguém nesta igreja que é contra ou tem algo contra este casamento, que fale agora ou cale-se para sempre.

As pessoas se encararam, ninguém falou nada, porém, algo no fundo da minha mente me disse que se tivesse alguém, ele não sairia vivo daqui. Tenho certeza de que, pelo menos, quatro pessoas estavam devidamente armadas dentro dessa igreja.

— O que Deus uniu em sagrado matrimônio, o homem não separa. – O padre continuou e depois olhou para nós dois como que dizendo, podem se beijar.

Henry, com muito cuidado, me virou para ele e me puxou para seus braços, me beijando logo em seguida, senti meu rosto corar enquanto os convidados batiam palmas e alguns assobiavam.

Terminamos o beijo e nos viramos para a nave:

— Senhor e Senhora Sanders. – Nos apresentou.

As palmas ficaram mais altas e eu recomecei a chorar, na verdade, eu chorara o tempo inteiro, me dei conta tarde demais.

Nossos pais, padrinhos e madrinhas desceram do altar para nos esperar do lado de fora da igreja. Quando o local estava praticamente vazio, os seguimos, para sermos recebidos por uma chuva de pétalas de rosas na porta.

Ali, recebemos alguns cumprimentos, as pessoas, agora, podendo nos abraçar de verdade e dar os seus votos de felicidade, além, é claro das inúmeras fotos.

Primeiro com a família de Henry, depois com a minha, padrinhos e madrinhas e eu pedi uma em especial.

Com Sophie. Que se sentiu toda importante.

Ao fim das fotos, era hora de ir para a festa.

E foi só aí que me dei conta de que era uma mulher casada, e eu estava muito feliz com isso!


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Notas finais do capítulo

Link da pasta:
https://pin.it/5fVa6W0
Espero que tenham gostado, pois, particularmente, eu chorei escrevendo esse capítulo!
Sim, agora Kelly e Tony brigam para saber quem é o irmão mais velho da Sophie!!
Só um adendo, o tal carro mencionado é sim o carro que Gibbs sai dirigindo no Episódio Heartland (S06E04)
Muito obrigada a quem leu, e por todas as visualizações e comentários!
Terça tem a festa e a playlist do camsamento!
xoxo



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