Elkhalas escrita por Olive Silver


Capítulo 3
02- Um assassinato indesejado e um cristal teleportador


Notas iniciais do capítulo

Tenham uma boa leitura!



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Após um tempo nós já estávamos fora d’água, tinha se passado uma hora depois do ocorrido. Coloquei minhas coisas para secar deis de que saímos. O livro que encontrei na escrivaninha e o mapa, por sorte não ficaram manchados. Por mais que eu estivesse com pressa, não pude usar os meus poderes pra aquecer as coisas. Minha preocupação é outra nesse momento, alem do fato que Akimi parece resfriada, o símbolo me preocupava e muito. Já havia se passado décadas e ele simplesmente sumiu, rever o símbolo que tanto usava me trazia lembranças e sempre os mesmos sentimentos.

—Faz tempo que não o vemos, né Akimi...? –Enquanto eu a acariciava ela dormia tranquilamente, tentei aquecê-la da melhor forma possível. Esta ficando escuro, talvez seja melhor eu fazer alguma fogueira. Deixei a Valuret deitada sobre minha mochila já seca, enquanto isso fui buscar lenha antes que escurecesse de vez. Por mais que essa região seja agradável, ela não é um bom lugar pra se andar a noite, sua cor escura deixa tudo ainda mais perigoso.

Após cortar galhos secos fui em direção ao nosso cantinho improvisado, os coloquei no chão e os ajeitei.  Logo em seguida juntei minhas mãos no formato de uma concha, tentando fazer uma chama. Quando a primeira faísca apareceu, abri um pouco pra que ela se juntasse aos galhos. Não demorou muito pra que a fogueira estivesse pronta e bem no momento certo, já que anoiteceu rapidamente. A lua logo apareceu e junto com ela, as estrelas. Mesmo estando em outro mundo, algumas das constelações são idênticas a da Terra, mas Eldarya também possui as suas próprias. Sentei-me a alguns metros do fogo e me encostei no tronco de uma arvore, logo pegando o livro já seco. Analisei sua capa azul passando os dedos sobre o símbolo dourado, essa lua realmente me incomodava e muitas vezes desejava nunca o ter conhecido... Mas outras desejava que ainda pudesse usa-lo.

Suspirei levemente entes de abri-lo, ele possuía uma fechadura, mas por algum motivo estava quebrada e que no caso facilitou muito. As paginas estava velhas e possuía um tom amarelado, a tinta em suas folhas não tinha nenhum dano mostrado que poderia ter sido causada pela água há uma hora. A primeira pagina tinha o mesmo símbolo colocado na capa, logo a segunda um grande titulo escrito em outra língua e o resto era vários textos enormes com alguns desenhos de cristais e sombras. Comecei a passar as paginas rapidamente e cada vez mais desenhos eram mostrados. As sombras pareciam demônios e os cristais, cada pagina que se passavam eles iam sendo pintados de preto e sua cor branca não era mais mostrada que nem nas anteriores. Só que o que me incomodou foi o que vi numa delas, havia uma flor desenhada. Estava mal feita e parecia que a pessoa foi impedida de completa-la, havia sangue na pagina e ela estava levemente rasgada na ponta. Fiquei alguns minutos a analisando e logo comecei a ter duvidas, ela tinha algumas características da flor que eu tanto procurava e ao mesmo tempo não tinha.  Enquanto eu a olhava, ouvi um pequeno rugido agudo, levantei a cabeça levemente antes de ver o meu Drafayel.

— Sekki onde esteve o dia todo? –Perguntei ao vê-lo pousar sobre o livro. Ele era um mine dragão branco, pelo menos tinha a aparência de um, seu tamanho era mais ou menos o de minha mão. Suas asas eram de flores de cor rosa e amarela, possuía pequenos chifres roxos e olhos rosa. Na ponta de sua calda tinha uma pequena flor de três pétalas, começando rosa, meio branca e terminando com um tom verde claro, era a mesma flor que eu usava como broxe em minha roupa no peito esquerdo. Ao ouvir suas explicações eu o mando descansar, ele havia passado o dia todo voando em busca de pistas e rumores sobre memória e sobre a flor. Enquanto o via ir voando ate o encontro de Akimi, deitei minha cabeça no tronco, olhando para a lua que iluminava toda a noite. Lembro-me que na Terra meus pais me levavam pra ver as estrelas, chuva de meteoros e a lua de sangue. Era bem divertido, nos montávamos um mine acampamento junto com a família toda. Às vezes sinto falta, muita falta, queria que tudo não tivesse terminado. E cada vez que eu olho pro passado, percebo o quanto minha vida era perfeita e o quanto eu não aproveitava. Talvez um dia, eu poderei vê-los novamente... Olhando para o céu e a lua, pude perceber o quanto estava cansada e dolorida, aos poucos sentia que ia cair no sono, mesmo lutando pra manter os olhos abertos.

“-Me ajude...”

Acordei num pulo e logo senti dores nos braços, mãos e pés. Demorou alguns segundos pra eu conseguir entender o que estava realmente acontecendo, havia cordas amarradas em meu corpo numa força desnecessária. Eu estava deitada no chão, podia sentir a terra e a grama. Minha visão estava embasada, mal dava pra ouvir os sons que eram transmitidos em minha volta, pareciam ser risadas. Tentei me mover, mas quanto mais força eu colocava, mais dor e tontura eu tinha. Encostei minha cabeça no chão e pude reconhecer algumas imagens, eram homens, havia uma fogueira e varias barracas. Aos poucos minha vista foi voltando ao normal, por um minuto me arrependi de ter sido tão descuidada, pois nesse exato momento eu estava de volta naquele lugar. Pisquei umas duas vezes pra ter certeza, reconheci o local e realmente eu havia sido capturada.

Alguns homens notaram que eu estava acordada e logo começaram com seus comentários ridículos. Eles achavam graça da situação, me insultavam de varias coisas, mas principalmente pelo fato de eu ter lhes roubado. Sem que eu pudesse fazer qualquer coisa, um deles me pega pela gola da minha roupa, me levantando. Senti uma baita de uma tontura, ele falava alguma coisa, mas eu fui incapaz de entender. Logo depois do seu discurso ele me soltou de uma forma brusca, minha cabeça girava e meu corpo doía. Aos poucos minha visão voltava, mas a dor e as tonturas continuaram. Outro deles se aproximou e me colocou encostada a alguma coisa, pude entender algumas palavras que pronunciava, ele queria saber sobre o livro. O homem que estava em minha frente estava impaciente e ficava me perguntando a mesma coisa toda hora, ele queria o livro que eu havia roubado e por algum motivo, ele dizia que não estava comigo.

Coma falta de resposta ele me deu um soco no rosto e logo me fez perguntas berrando. Eu ainda tentava me recuperar da tontura e não fazia ideia do que ele estava falando, o livro estava comigo. O que eu realmente estranhava, era que a dor de cabeça não parecia ter sido causada por uma pancada e por algum motivo, eu sentia vários sentimentos negativos. O homem me bateu novamente, com a força do seu soco meu rosto foi virado para o lado e assim sinto um líquido descer pelos meus lábios. Raiva, tristeza, dor, ódio, muitos outros sentimentos e não conseguia explicar o motivo de senti-los tão de repente. Quanto mais ele me batia, menos eu escutava as risadas dos homens e mal sentia dor, havia uma voz que me chamava.

Ela começou suave, doce e gentil. Mas aos poucos, outras vozes apareceram e eram como gritos. A dor foi aumentando, era como se minha cabeça fosse explodir e as vozes seguiam o mesmo ritmo. Elas me pediam ajuda, me xingavam e diziam que eu podia mudar, eu apenas queria que elas parassem. Eu mal sentia dor dos socos e nem escutava mais os mercenários, na verdade, eu não me importava. As vozes eram tantas que fundiram num som agudo e perturbador que me fizeram gritar, só que no mesmo momento elas cessaram e apenas uma prevaleceu.

—Os deixem comigo...—Uma voz que parecia ser feminina falou, num tom tão sombrio que vinha do meu interior, gelada e cheia de forças negativas. Quando ela se calou eu apenas me encontrei na escuridão, eu não sentia nada. No imenso vazio era onde eu me encontrava, foi la que eu prevaleci, sem sequer ter noção de qualquer coisa. Eu não consegui esboçar nenhum sentimento e sequer pensava em um, mas depois de um tempo, que pareceu horas, eu comecei a sentir o meu corpo.

Abri meus olhos devagar, não sentia mais dor, nem no rosto e nem na cabeça. As cordas que haviam sido amaradas em mim haviam sumido. Um pouco desajeitada me levantei e olhei a minha volta, havia grandes espetos feitos de cristais próximos a mim, que se espalharam por todo o acampamento. Os homens já não se encontravam com vida, eles tinham sido atravessados e os cristais de tom azul puxado para o branco, ganhava uma coloração avermelhada.

—O q-que...? –Me levantei sem muita pressa analisando a minha situação, por algum motivo eu não me lembrava de muita coisa. O que houve exatamente? –Akimi! Sekki! Onde vocês estão?! –Gritei num tom desesperador, não demorou muito pra eles aparecerem. Akimi puxava pela boca a alça de minha bolsa, fui logo ao encontro dos dois. –Ah que bom. Vocês dois estão bem? –Pergunto enquanto pego em meus braços a pequena Valuret e acaricio o meu Drafayel com o dedo indicador. Logo agacho e pego minha bolsa, a abrindo. Todas as minhas coisas estavam ali, principalmente o livro e o mapa. Eu a coloquei nas costas e olhei novamente o local, todos estavam mortos. Meus cristais causaram isso, mas por quê? Eu não tinha a intenção de matar ninguém, o pior é que eu mal me lembro do que ocorreu.

—Vamos, temos que sair daqui. –Digo a eles enquanto dou as costas pro acampamento, fomos em direção à mata. Cada passo que eu dava, os cristais iam se desaparecendo e aos poucos viravam apenas pó. Os sons dos corpos caindo no chão vieram em seguida.  Mas, antes de nos sequer sairmos daquele lugar, vimos uma cena que me destruiu. O Bakhrahell estava no chão coberto de sangue, um dos meus cristais havia o perfurado. Corri em sua direção, me abaixando em sua frente. Ele ainda estava vivo e sofria muito, tentei acalma-lo e tranquilizá-lo o maximo que pude. Comecei a fazer carinho, enquanto tentava cura-lo. Ele tinha dificuldade em respirar e rugia fraco demais. Coloquei a palma da minha mão no ferimento com uma mão, enquanto a outra segurava o grande espeto, fazendo com que ele sumisse rapidamente e virar apenas pó.  No mesmo momento juntei minhas mãos e um brilho branco surgiu, fazendo o ferimento se fechar devagar. Mesmo com isso, não estava adiantando, pude sentir que ele não ia mais resistir. Antes da ferida ser fechada, o Bakhrahell acabou partindo dessa vida, aos poucos pude sentir as lagrimas descerem pelas minhas bochechas. Por mais que ele nunca tivesse sido meu mascote, não era agradável vê-lo sofrer ate morrer. Nenhuma dessas criaturas magníficas merecem isso.

Fomos ate a beira do mar para que eu pudesse me lavar. Molhei o rosto e respirei fundo, antes de dirigir o meu olhar para a água. Olhando sem ter um motivo especifico, percebo algo estranho no fundo, algo brilhante. Seu brilho aumentava mais e mais, tanto que sua cor azul ficou visível ate mesmo fora da água. Curiosa ando em sua direção, sem me importar em molhar minhas meias e o resto de minhas roupas. Assim que cheguei bem perto, estando a água na altura de minha cintura, o brilho aumento ainda mais e tive que tampar meus olhos com minha mão. Rapidamente me agacho de baixo d’água para pega-lo, mas a sua luz me atrapalhava ate mesmo para encontra-lo, minha mão ficou vagando no fundo procurando seja lá o que for. Assim que me encosto em algo que aparenta ser uma pedra, um calor diferente invadiu minha mão, fazendo que eu tivesse certeza que aquilo era o que eu procurava.

Saio da água encharcada, me cento no chão abrindo minha mão devagar, tomando cuidado com uma rajada de luz. Mas pra minha surpresa o seu brilho havia sumido e eu me deparava com uma bela pedra azulada. Fiquei o encarando por um momento, sinto Akimi e Sekki irem ao meu encontro, curiosos para ver o que eu havia encontrado. Eu me sentia estranha, um sentimento familiar me invadiu, um sentimento coberto de negatividades e por algum motivo sentia raiva em ver o que estava em minhas mãos. Sinto que não estou sozinha e que esse alguém, emanava muito ódio.

Acaricio a pedra com o meu dedo indicador da minha mão livre, assim que eu o faço, o brilho retorna ainda mais forte do que a outra vez. Sentindo-me obrigada a tampar os meus olhos eu logo o faço e aos poucos senti que minha consciência sumia. Tudo estava escuro, estava frio e molhado. Ouvia sons de chuva e parecia que eu estava de baixo dela, sendo incapaz de enxergar ouvi passos vindo em minha direção, parecia ser botas graças aos sons que faziam na lama.

—Ei pirralha, o que esta fazendo ai?

Abri meus olhos respirando desesperadamente, era como se eu tivesse ficado sem ar por um bom tempo. Sinto que estou deitada, logo percebo que não havia um céu e sim um telhado branco e azulado. Levanto-me sem entender o que realmente estava acontecendo, noto que eu não estava mais na floresta e sim, numa enorme sala. Dou uma olhada em volta, não havia paredes e sim grandes janelas azuladas e roxas.  Pelo fato de não conseguir ver mata e montanhas, mas em sim varias nuvens, havia certeza que eu estava em um local alto. Pude notar em minha frente uma porta, ela era grande e avermelhada, possuindo detalhes prateados.  Logo atrás quatro caminhos, um de cada canto da sala, que levava ate o centro se encontrando em uma construção. Em cima dela havia um imenso cristal azulado, sua cor e estrutura eram a mesma da pedra que encontrei. Notando a minha situação, conferi pra ver se meus mascotes estavam comigo, por sorte, Akimi se encontrava em minha bolsa e Sekki em meu capuz. Alem de aparecer em uma sala desconhecida, minhas roupas estavam praticamente secas e meus ferimentos... Tinham sido curados.

Em um breve momento notei que não estávamos sozinhos, por extinto me escondi atrás da grandiosa construção, coloco meu capuz escondendo o maximo que pude do meu rosto. Logo avisando aos dois para não fazerem barulho. Escuto uma voz feminina dentro da sala, ela falava com alguém estressadamente. Comecei a procurar por uma saída, não quero arriscar e tenho a impressão de que apareci na hora errada. Desesperada tentei procurar alguma solução em minha bolsa, só que a única coisa que consegui foi deixar meu livro cair junto com a pena, fazendo barulho. Antes que eu pudesse pega-los e fingir que não existo, uma mão gigantesca me agarrou.  Fui arrastada por um gigante, levada em direção a uma mulher-raposa.

—Mas o que?! Quem é você e como consegui entrar aqui?!

—Sekki, Akimi...Se escondam. –Digo num sussurro ao notar nossa excelente situação. A mulher em minha frente possui orelhas de raposa e caudas. Ela tem a pele clara, longos cabelos pretos com pontas azuis, assim como suas caudas e olhos azuis com tons de rosa. Provavelmente uma kitsune. Ela vestia um maio azul escuro, um casaco rosa escurecido, com um tom mais claro de rosa na região dos seus ombros. Segurava um grande cajado que mantêm pendurado algo que parecia uma gaiola, nele havia um fogo azul bem anormal. Como não tive resposta ela continuou.

—Eu te fiz uma pergunta! Você faz parte dos Templários ou da maçonaria? –Ela perguntou num tom calmo, mas mesmo assim pude notar que ela perderia a paciência em segundos. Permaneci em silencio, vendo que não iria dizer nada ela bate com seu cajado no chão, fazendo com que a gaiola balançasse e que seu fogo se acendesse indo em direção a sua mão livre.

—Responda! – Antes que eu pudesse pensar em uma resposta, um barulho forte vindo do lado de fora nos interrompe. – Mas o que foi isso? –Ela olhou em volta preocupada, antes de se dirigir ao ser colossal que me segurava com força. –Jamon, resolva esse problema, você conhece o procedimento. Vou checar o que esta havendo la fora.

A Kitsune sai imediatamente da sala, logo temo sobre esse procedimento, ela perguntou sobre os templários... Talvez eles sejam inimigos dos humanos? Ser arrastada novamente me tira dos meus pensamentos, o tal de “Jamon” tinha a aparência de um humano musculoso por parte de corpo, sua pele era marrom claro e já o rosto era parecido com de javali. Tentei me soltar o máximo que pude mas ele era muito forte e estava me machucando. Akimi queria ajudar achando que morde-lo o faria soltar, mas eu a proibi, queria que permanecesse escondida e não acho que suas pequenas presas causaria dor nele. Com isso fui arrastada e mesmo lutando pra me soltar, nada adiantou e me senti derrotada.


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Notas finais do capítulo

Ate o próximo capitulo!



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