O Recomeço escrita por Caroline Miranda


Capítulo 7
Capítulo Seis




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Naquela manhã, ocasionalmente às sete e meia, Elizabeth havia levantado-se e tomado um banho bem gelado. O verão estava castigando os italianos em seus últimos dias e, diferente dos outros, ela teria motivos a mais para querer um banho com água gelada em seu corpo; enfrentaria Daniel D'amico depois de quatro anos. Seu estômago revirava com todas as lembranças do fatídico dia do acidente, dos momentos que passou dentro daquele carro enquanto ainda estava capotando.

Seu café da manhã fora muito pouco, seu estômago estava rejeitando qualquer coisa, então pensou que seria melhor passar na Caffè Benevolo II para pedir o mesmo de sempre. O seu pedido acabou sendo um copo pequeno para viagem, hoje não daria tempo de observar o movimento da rua. As pessoas a olhavam como se estivessem curiosas para saberem onde Elizabeth estaria indo. Ao que era certo, ela tentava ignorar todos os olhares curiosos para focar apenas no dia que teria pela frente.

— Você pode parar aqui, Lorenzo — Elizabeth disse, suspirando ao ver todos aqueles jornalistas parecendo urubus querendo um pedaço de carne na porta do tribunal. — Eu agradeço por ter vindo comigo.

— Não precisa agradecer, pequena Elizabeth — Lorenzo disse, sendo bem otimista. — Não esqueça que tudo dará certo — ele sorriu docemente.

— Obrigada, meu amigo — ela disse, franzindo a testa ao ficar pensativa por alguns minutos.

Lorenzo era um velho amigo da família Cipriano, trabalhou por muitos anos para Valentina como motorista. Elizabeth chamava-o nas raras vezes que precisava dos seus serviços quando não tinha condições para dirigir. O jeito doce do amigo a acalmava profundamente, assim como o semblante sereno e de paz que ele sempre trazia em seu rosto, algo que Elizabeth apreciava muito.

Elizabeth ficou cabisbaixa ao descer do carro, mentalizava todas as coisas boas que fizera com John nos últimos dias; os beijos, os abraços, o álbum de fotografias com a dedicatória para ela, foi tudo o que ela quis pensar e, de certo modo, era a única forma de passar por todos aqueles jornalistas sem dar-se conta de todas aquelas perguntas, fotos, comentários. Ela não queria ouvir nada do que eles tinham para dizer naquele momento, nas suposições. Isso fora tudo o que Elizabeth ouviu nos jornais nos últimos dias: suposições e comentários.




Estar dentro do tribunal era um pouco mais reconfortante nas entrelinhas. Elizabeth deduziu que aqueles únicos barulhos seriam os ecos que os saltos estavam fazendo pelos corredores; ela olhava de um lado ao outro e nem mesmo sinal de Kimberly ou Jennifer. Será que elas desistiram de vir? Kimberly não faria isso, ela pensou. Em sua direita estava uma mulher sentada ao lado de um homem, ambos estavam olhando para ela  como se quisessem falar com Elizabeth.

— Eu deveria? — Elizabeth perguntou para si mesma.

A mulher pareceu querer levantar do banco, mas o homem segurou um dos seus braços e sussurrou algo em seu ouvido, talvez não quisesse que ela fosse falar com Elizabeth. Mas, por que Elizabeth sentiu necessidade de ir falar com essa mulher? O seu coração pedia por isso, ela não sabia ao certo e, ao mesmo tempo, a sua cabeça implorava para que as suas amigas chegassem naquele lugar o mais depressa possível.

— Nós te achamos — Jennifer disse, aproximando-se e abraçando Elizabeth.

Elizabeth não conseguiu conter a sua expressão de alívio ao ver Jennifer e Kimberly. — Eu achei que vocês não iriam vir.

— Isso envolve o meu irmão e você, claro que iríamos vir — Kimberly disse, com a voz calma.

— Meninas, vocês sabem quem são aquele casal? — Elizabeth apontou discretamente para o casal sobre o banco.

— Beth — Jennifer murmurou —, são os pais dela.

 

 

A sala estava mais fria do que os corredores. Não era muito grande, tinham poucas pessoas comparado a repercussão que o caso havia ganhado pela Itália e no mundo, mas como era de se esperar, estava com alguns repórteres que anotavam tudo ao fundo da sala. Os pais de Daniel ficaram o tempo todo olhando Elizabeth — mesmo que estivessem do outro lado da sala —, olhavam como se fossem a matar com os olhos.

— Idiotas — Kimberly resmungou.

A porta lateral foi aberta para que dois policiais pudessem entrar, somente depois Daniel entrou sendo escoltado por mais dois policiais, outros dois o seguiam por trás. A barriga de Elizabeth embrulhou naquele momento, lembrou das doses de coragem que John havia pedido que ela tivesse naquele dia, todas as palavras cheias de carinho que ele lhe disse, isso acalmou seu coração naquele momento. Daniel olhou em direção a Elizabeth, suavizando um sorriso. Isso fez as pernas dela tremerem como se estivesse sentindo extremo frio, de certo modo, acabou precisando respirar fundo para recuperar suas doses de coragem e se manter firme pelas longas horas daquele interminável dia.

— Você está bem, Beth? — Jennifer murmurou, exalando preocupação.

— Sim... e-eu acho que sim — Elizabeth gaguejou.

 

 

Daniel seria julgado por dois crimes.

Primeiro crime: homicídio doloso. Sophie Facchin era uma jovem sonhadora de apenas vinte e três anos, namorada de Daniel. Eles namoraram por cerca de dois anos antes dele começar a ter crises de ciúmes, isso passou a afetar o seu relacionamento com Sophie, que sonhava em ser atriz. Daniel não conteve seus surtos de ciúmes quando misturou doses de drogas ilícitas com seu temperamento explosivo. Assassinou sua namorada com dois tiros assim que ela havia terminado tudo com ele no mesmo dia em que Elizabeth e George sofreram o acidente de carro.

Segundo crime: fuga e acidente criminal. Daniel se tornou foragido assim que foi pego em flagrante pela mãe da jovem que havia acabado de assassinar, ela imediatamente acionou a polícia. Ali se iniciava uma perseguição policial a um assassino foragido. Ele havia assinado sua culpa quando fugiu correndo da cena do crime, como também, quando roubou o carro. Pouco tempo depois ele seria responsável por mais duas mortes naquela noite. Esse carro fora o mesmo que havia batido no veículo que Elizabeth e George estavam; ele morreu no local do acidente e Elizabeth teve um aborto espontâneo enquanto o carro estava capotando na estrada. Daniel ficou desacordado sobre o volante por um breve tempo, o momento perfeito para a polícia agir.

 

 

As provas sobre o crime eram inegáveis. Testemunhas foram explicando suas versões, as de defesa e de acusação; o promotor agia como um leão, a advogada de defesa preferia se rastejar como uma cobra apenas esperando o momento certo para o ataque. Isso aumentava a angústia de Elizabeth, seus pensamentos variam constantemente o tempo inteiro, era um fato.

A mãe da Sophie falou palavras tão tocantes, deixaram os olhos de Elizabeth marejados. Ela havia conseguido sentir a dor que aquela mãe sentira por todos aqueles duros anos, por todas as vezes que queria abraçar sua filha, mas não podia. Pensou diversas vezes que deveria ter sido corajosa para falar com aquele casal antes do julgamento, de todo modo, agora era tarde demais. Já haviam horas de julgamento, muitas testemunhas falando tantas coisas a respeito do relacionamento deles — Daniel e Sophie — sobre como ele era um homem excepcionalmente temperamental, das vezes que brigaram em público. Elizabeth deu-se conta do quão abusivo era aquele relacionamento, o quão perturbador aquele homem poderia ser, era muito além do seu filho e do seu falecido marido. Por alguns segundos olhou para o júri e pensou se eles estavam vendo Daniel da mesma forma que ela estava vendo.

 

 

Elizabeth havia sentando-se diante do tribunal, olhou para aquele homem que há quatro anos havia sido culpado do acidente que quase tirou sua vida. Suas mãos suavam em seu colo, suas pernas tremiam sem controle algum, era insuportável não ter controle do modo como estava.

Donatella era uma advogada com a reputação inegável, muito persuasiva. Em muitos julgamentos conseguia entrar na mente de muitas testemunhas, júris, fazendo com que acreditem na versão dos fatos que ela quisesse.

Ela dirigiu-se até Elizabeth que estava estática na grande cadeira de madeira. — Olá, Cipriano — Donatella disse, sorrindo. — Como bem sabe, eu sou a advogada de defesa. Finalmente chegamos no outro lado do caso, o lado do acidente. Pode me descrever sobre aquele dia, por favor?

Elizabeth pigarreou, apertando os polegares um sobre o outro. — Claro. George e eu estávamos indo para Roma, então decidimos ir de carro, acreditamos que seria mais divertido naquele momento — ela deu de ombros. — Nós estávamos no carro conversando, ouvindo música e nos divertindo, quando o Daniel bateu sobre nós. Depois disso, tudo que eu me lembro foi do carro capotar violentamente, tudo ficar muito — Elizabeth arfou profundamente —, preto.

— Hummm... — Donatella ruminou, olhando para o chão. — Vocês estavam se divertindo? Que tipo de diversão, Cipriano? Você pode me descrever? — ela olhou para Elizabeth.

— George olhou para a minha barriga por uns três segundos, eu acho. Ele sorriu, prometeu algumas coisas. Acabou sendo uma conversa bem descontraída por alguns segundos.

— O suficiente para desprender a atenção da estrada? — ela questionou Elizabeth, sendo persuasiva.

Nesse momento começou um murmurinho no tribunal, Elizabeth ficou boquiaberta com a persuasão daquela advogada.

— Não, o George era completamente prudente. Ele jamais faria algo que me colocaria em risco — Elizabeth levantou-se da cadeira.

— Silêncio no tribunal — o juiz bateu sobre o malhete por três vezes.

Donatella aproximou-se da mesa onde Elizabeth estava. — Eu não quero criar suposições, mas acidentes acontecem o tempo todo. Vossa excelência, eu encerro. — Ela sorriu para Elizabeth.

— Isso não é justo — Elizabeth murmurou, sentindo-se injustiçada.

Donatella realmente não estava pegando leve naquele julgamento, ela queria livrar Daniel de todas aquelas acusações e, claro, queria colocar George como alguém que fosse capaz de cometer qualquer acidente, mas ainda havia uma chance de mudar o rumo daquela situação. O promotor não está ao lado de Daniel, ela pensou. Por meros segundos, Elizabeth sentiu um alívio percorrer seus pensamentos. Sentou-se e ao que se via, seu corpo foi relaxando constantemente assim como os seus pensamentos.

Vincenzo estava lutando como um leão para condenar Daniel naquele dia. As provas de condenação foram incrivelmente retratadas, as argumentações. Ele precisava tentar demonstrar o outro lado para o júri que Donatella não deu a oportunidade de Elizabeth mostrar, ele entendia o porquê; sentimentalismo comove as pessoas, e com os anos de profissão que ele tinha, ele entendia onde aquela mão sobre a barriga iria chegar.

Ele levantou-se do aposento e dirigiu-se até Elizabeth. — Boa tarde, srta. Cipriano. Acredito que a nossa conversa será muito mais esclarecedora do que condenatória — Vincenzo comentou,  referindo-se a Donatella. — Eu fiquei curioso para saber porque George havia tocado em sua barriga. Será que pode me esclarecer, por favor?

Elizabeth olhou brevemente para Kimberly e Jennifer. — Sim — ela sentiu seus olhos ficarem úmidos. — Eu estava grávida quando sofri aquele acidente, havia perdido o meu filho quando o carro capotou, tive um aborto espontâneo — seu olhar fora em direção a Daniel. — Eu não tive tempo de sentir o meu filho nos meus braços, mas, naqueles três segundos, George apenas passou a mão em minha barriga e não foi no momento do acidente como ela sugeriu. — Elizabeth acenou negativamente com a cabeça. — Eu lembro perfeitamente que o carro bateu trinta segundos depois, ele olhou para a minha barriga trinta segundos antes, prometeu que removeria as suas câmeras do outro quarto para colocar as coisas do nosso filho e, por fim, George havia falado que me amava, e eu não tive tempo nem de terminar de dizer que eu o amava, porque você havia atingido o nosso carro fugindo da polícia, Daniel. Sua advogada pode até tentar fazer com que George pareça imprudente, mas eu desejo que você apodreça na cadeia lembrando todos os dias que eu ainda estou viva.

Era a dose de coragem de John que havia feito Elizabeth dizer todas aquelas palavras.

Novamente mais murmurinho no tribunal. Donatella estava petrificada sobre a cadeira, Daniel espumava de ódio com aquelas palavras de Elizabeth, Vincenzo estava satisfeito com aquele desfecho incrível, não poderia ter sido melhor, Jennifer e Kimberly estavam intactas sobre o banco, não conseguiam acreditar em absolutamente nada.

O juiz bateu sobre o malhete por três vezes. — Silêncio no tribunal.

— Como vocês podem ver, Daniel não apenas matou Sophie e George naquela noite, mas também foi capaz de interromper a gravidez de uma jovem mãe. — Vincenzo disse, dirigindo-se ao júri. — Daniel merece pagar por todos os crimes que cometeu. Vossa excelência, eu encerro.

 

 

As próximas horas no tribunal foram críticas, considerações finais foram válidas. A defesa deu a sua última palavra a favor de Daniel, claro que Donatella tentou a todo custo reverter aquela situação, apesar de tão reprimida. Vincenzo foi completamente convincente em suas últimas argumentações, sendo muito equilibrado e persistente. O júri teria um tempo para deliberar, fora estipulado o tempo limite de uma hora para que eles chegassem em um consenso.

Elizabeth, Kimberly e Jennifer ficaram em um corredor isolado.

Fez-se silêncio por um longo tempo.

— Quando iria contar que estava grávida? — Kimberly disse.

— Eu nunca pensei em contar, eu acho — Elizabeth deu de ombros.

Kimberly ergueu as sobrancelhas. — Essa foi a merda mais egoísta que você fez, Elizabeth. Ele era o meu irmão, na sua barriga era o meu sobrinho.

— E ele era o meu marido, Kimberly — Elizabeth disse, gritando. — E quem eu estava esperando era o meu filho.

As vozes passaram a fazer eco pelo corredor.

— Meninas, nós estamos em um tribunal. Podemos manter a classe? — Jennifer estava um pouco assustada.

— Como você se sentiria se fosse o seu irmão, Jennifer? Você — Kimberly apontou para Elizabeth —, é a merda de uma egoísta insuportável — ela gritou ainda mais alto. — Eu espero que apodreça sozinha.

Kimberly deixou Elizabeth e Jennifer sozinhas no corredor, não queria ouvi-las naquele momento, tampouco ver a cara de Elizabeth. Estava magoada, não entendia como ela conseguiu ser capaz de esconder aquilo.

— Kimberly, volta aqui agora — Elizabeth disse, ainda gritando.

— Beth, ela está magoada agora, mas isso vai passar. Seja lá qual tenha sido os seus motivos, ela vai entender — Jennifer disse, um pouco pensativa.

Aquela hora havia passado com tanta aflição, Jennifer e Elizabeth ficaram naquele corredor mesmo, sentadas sobre o banco apreciando o silêncio. O júri demorou exatamente uma hora para decidir o veredicto, as meninas agradeceram mentalmente por isso, pois aquilo não iria se estender mais do que aquela tarde, aquele julgamento estava causando mais confusão do que o normal.

A cabeça de Elizabeth não estava focando em absolutamente nada, suas mãos estavam novamente trêmulas. Jennifer percebera isso, e não demorou para estar com os dedos entrelaçados sobre os dedos da melhor amiga. Porém, o medo estava tomando conta do interior e pensamentos do modo mais complexo enquanto o juiz analisava o veredicto. Tudo estava entrando em uma linha cronológica: infância, adolescência, sua mãe, George, seu filho, acidente, Potere, John, julgamento, Kimberly.

Merda, merda, merda. Eu vou enlouquecer, ela pensou.

Cada instante que os lábios do juiz se moviam era torturante para Elizabeth, era como voltar para o dia do acidente.

— Prisão perpétua sem direito à condicional, Beth  — Jennifer disse, abraçando-a fortemente.

Elizabeth estava intacta naquele momento. — O quê? — ela murmurou.

A voz de todos estavam distante demais e a sua visão naquele momento ficou distorcida; seus braços não se moviam, ela não conseguia sair do lugar. Elizabeth procurou se acalmar, ela precisava ficar aliviada agora. Sentia-se supliciada por todos aqueles anos, durante os quatros duros anos da sua vida. Isso não trariam todos de volta, mas as mortes não iriam ter sido em vão, ao menos era um jeito de se pensar.

 

 

— Onde você quer ir agora? — Jennifer disse, saindo da sala com Elizabeth.

— Que tal na Caffè Benevolo II? — Elizabeth respondeu, sorrindo. — Eu juro que estou tentando controlar meu vício em cafeína.

— Será que nós podemos conversar rapidamente? — uma mulher disse, tocando o ombro de Elizabeth.

Ela virou-se, era a mãe da Sophie. Estava com o semblante mais sereno do que estava antes do julgamento, naquela hora sobre o banco. — Claro que sim. Jennifer, você pode esperar um instante?

Jennifer assentiu para Elizabeth. — Eu irei esperar você no carro, Beth. Foi um prazer conhecê-la, tenha uma ótima tarde. — Ela sorriu para a senhora antes de partir.

— Bem, estamos sozinhas agora.

— Como você está depois disso tudo? — a senhora disse, parecendo estar preocupada.

— Foram anos difíceis, mas agora eu me sinto... — Elizabeth ficou pensativa por um tempo. — Supliciada. Eu acredito.

— Você sabe o quanto dói perder um filho — a senhora aproximou-se de Elizabeth, pegando suas mãos. — Eu não sabia que você havia perdido o seu bebê. Algumas pessoas dizem que o mundo muda quando você segura o seu filho em seus braços, mas o mundo muda quando se descobre que está grávida. Estou certa?

Elizabeth assentiu, sentindo seus olhos ficarem marejados pela décima vez naquele dia. — Completamente — ela sussurrou.

— Eu sinto muito por seu filho, meu bem. Sinto muito por todo mal, toda dor que esse homem fez você passar.

Ela abraçou o pequeno corpo da senhora, sabia que ela compreenderia os seus sentimentos de perda. Lágrimas rolaram de seus olhos, todas as lágrimas que não teve oportunidade de derramar por todos aqueles anos. — Eu também sinto muito por você. Não tem nada no mundo que consiga doer mais do que isso.

A senhora abraçou Elizabeth como uma mãe, afagando o topo da cabeça. — Não se preocupe, meu bem. Se acredita em paraíso, é para lá que seu filho e seu marido estão, é para lá onde minha filha também está.

Naquele momento Elizabeth sentiu uma paz imensa em seu coração, uma paz que não sentia desde o acidente. Sentia que finalmente George havia conseguido encontrar o seu descanso, o seu paraíso; embora todos os últimos anos torturantes, agora os próximos seriam para caminhar, mesmo que precisasse aprender a fazer isso de um jeito ou outro. Com George, Elizabeth descobriu-se como mulher e não uma menina de dezoito anos, superou os limites que a vida lhe propôs. Mas, também viu que agora era hora de deixá-lo apenas partir, porque a vida precisava continuar. Ela estava viva, ela estava respirando. George se foi, seu corpo se foi, seu filho também se foi, mas as lembranças ficaram. Isso ninguém arrancará de Elizabeth. A vida continuava.


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