Jukebox escrita por xHasashi


Capítulo 2
Estúpido cupido


Notas iniciais do capítulo

Oie! Capítulo final dessa fanfic que eu amei tanto escrever!
Tem algumas músicas que coloquei na história e vou deixar aqui, tá?

Dedicada aos meus dengos, Iza e Airu ♥

Primeira música: https://www.youtube.com/watch?v=2kJA8v577W8
Stupid Cupid - Connie Francis

Segunda música:
https://www.youtube.com/watch?v=uvxagNIBVLU
Paul Anka - Put Your Head On My Shoulder

Terceira música:
https://www.youtube.com/watch?v=3FygIKsnkCw
The Platters - Only You (And You Alone)

Quarta música:
https://www.youtube.com/watch?v=IYj2hex99gY
Righteous Brothers - Unchained Melody



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Noriaki trocou o disco do rádio mais vezes do que poderia contar, jogou o quadrinho que lia do outro lado do quarto e respirou fundo, tentando não admitir algumas coisas a si mesmo. A verdade seja dita: Era orgulhoso, às vezes a ponto de não assumir sentimentos que estão pairando em sua cabeça e coração e isso era horrível, porque se conhecia muito bem para saber que uma hora ou outra, teria que enfrentar aquele “problema” de frente.

Seu quarto estava abafado, o vento da janela não era muito eficaz para matar seu calor e o verão estava em seu ápice. Daria tudo por um milkshake de chocolate com cereja, o melhor que já havia tomado em tempos. Mas…

Teria que voltar para aquele lugar, e tinha medo de encontrá-lo novamente.

Não que houvesse sido ruim, pelo contrário, o badboy era alguém muito simpático e interessante. E era aí que estava o problemão.

Já havia assumido para si mesmo o interesse em homens; depois de tanto estudar e ler alguns livros antigos, percebeu que apesar de um grandíssimo tabú para sua época, não era algo incomum. Porém, era difícil encarar que poderia ser rejeitado ou estar cultivando uma coisa unilateral; quer dizer, quais as chances daquilo dar certo? De 0 a nenhuma com toda certeza.

O problema não era levar um fora, e sim, ter seu gigantesco ego ferido.

Levantou da cama, abrindo a porta para ir em direção a cozinha tentar tomar uma água gelada e…

Hey, hey, set me free, stupid cupid, stop pickin' on me!

Bufou, revirando os olhos e fechando a porta novamente. Sua mãe não tinha nada melhor para ouvir? Se jogou na cama, abafando o som alto com o travesseiro; a música ecoava em sua cabeça como um verdadeiro carma advindo diretamente do inferno. Claro, em outros tempos provavelmente iria para cozinha dançar com a Mrs. Kakyoin, menos naquele momento, não naquelas circunstâncias.

Jotaro realmente tinha que ser um verdadeiro brotinho? Um daqueles de tirar o fôlego? O verdadeiro mocinho do cinema que as meninas se apaixonam facilmente? É...havia se tornado a própria protagonista dos filmes de romance, que pensa na cama no amado e sonha em encontrá-lo novamente. Maldita flecha enviada na hora errada e acertado; se existe um deus do amor, provavelmente ele está rindo juntamente com o cupido da cara de Noriaki.

Ok, era a hora de pensar com mais racionalidade como o bom dono da razão que era: Quais as chances dele estar naquele lugar? Provavelmente Jojo (apelido que havia dado ao amado) estava se metendo em confusão e batendo em alguns caras, ele era do tipo encrenqueiro, não é? Se convenceu disso até se lembrar da história do canudo e mudou o cenário da história: Jotaro deve estar na praia ajudando a pequenas tartaruguinhas a voltar para o oceano.

Oh céus...isso era tão fofo que piorou ainda mais a situação do pobre rapaz apaixonado.

De qualquer forma, na praia ou batendo em pessoas, ele não estaria na lanchonete e isso era reconfortante; já que um raio não cai no mesmo lugar duas vezes, qual a possibilidade de um pitel como aquele estar ali novamente?

Arrumou a camisa, pegou o óculos escuro e foi em direção a porta, amaldiçoando a sua mãe a música que ainda ecoava pela casa.

— Stupid cupid, stop pickin' on me! — Cantou, revirando os olhos e indo em direção a rua.

x

A primeira coisa que fez quando adentrou a lanchonete foi olhar em volta para se certificar que não havia nada e ninguém suspeito e, ao perceber que estava tudo sob controle, se encaminhou ao balcão que sentou-se da primeira vez; acomodou-se no estofado vermelho do banco. Recebeu um sorriso da garçonete e ouviu o burburinho das meninas ao seu lado, ignorou os olhares sobre si e pediu o milkshake que tanto almejou por aquelas semanas que a única coisa que foi alimentada era seu orgulho que estava ferido. Suspirou, batucando com os dedos na bancada a música do Elvis que tocava na Jukebox, sentiu vontade de tirar alguém para dançar e mudou de ideia ao pensar nas implicações disso.

Se arrependeu de não ter pego algum livro em casa, mas estava tão irritado que não pensou muito bem que ficaria quase entediado a espera do seu pedido.

Fixou seus olhos na janela próxima, observou os carros de modelo esportivos, o aglomerado de jovens ali dançando alguma coisa que não sabia muito bem o que era, tentava não pensar em nada naquele momento e guardar sua ansiedade para a bebida, mas…

E se ele viesse? E se desse a sorte de encontrar os olhos verde-água como o mar novamente?

O disco já havia mudado do aparelho, dando lugar a pior música possível…

Put your head on my shoulder

Hold me in your arms, baby

Squeeze me oh, so tight, show me,

That you love me too...

Bateu com as mãos na própria testa e xingou seu cupido novamente, o amor estava lhe perseguindo e era insuportável. Por que as pessoas tinham que gostar daquele tipo de música? Felizmente e para a rendição de Kakyoin, a garçonete chegou com seu milkshake cheio de cerejas e chantilly. Ficou aliviado e com água na boca para provar a bebida dos deuses que tanto merecia. Pegou o canudo e olhou para ele antes de colocar no copo, se sentiu culpado pelas tartarugas e por pensar que Jotaro o julgaria por aquilo; revirou os olhos e colocou o objeto dentro da bebida com uma certa violência. Não, Jojo não estragaria nem aquele momento com seu sorriso ladino e sua preocupação com o meio ambiente!

Bebeu um generoso gole, pegando em seguida uma das cerejas, comendo e apreciando o gosto de sua fruta preferida.

— Achei que você nunca mais ia aparecer para comer as cerejas do meu milkshake. - Noriaki travou, mordendo o canudo em sua boca e olhando para o lado quase em câmera lenta.

Oh céus, oh terra...que horas ele havia aparecido?

Ficou parado, olhando os cabelos para trás milimetricamente arrumados pela brilhantina e sem nenhum fio fora do lugar; os olhos estavam mais bonitos que nunca, percebendo que com a claridade pareciam mais azulados. O sorrisinho de canto estava ali, junto com o perfume e tabaco que pareceu tão nostálgico; apesar de fazer apenas algumas semanas que havia o encontrado ali. Ouviu o coro de anjos cantando only you ao fundo, o tempo pareceu parar naquele momento e congelou exatamente no rosto dele.

— Oi? Você tá aí? - Jotaro falou novamente, trazendo Kakyoin de volta a si. Que merda, tinha que se recompor. Bebeu mais um gole, tentando não se engasgar e acabar passando um vexame enorme.

— Me desculpe. - Se acomodou no banco novamente. - Não consegui vir aqui esses últimos dias…- Uma mentira deslavada, obviamente.

— Fiquei esperando que viesse. - Confessou, fazendo Noriaki beber outro gole da bebida em nervosismo. - Ei, o que te disse sobre os canudos?

— Me desculpe, Aquaman. - Respondeu, rindo de nervoso em seguida por causa da risadinha que Jotaro deu.

Os dois ficaram em silêncio, o coração do ruivo batia freneticamente da mesma forma que o ritmo da música que tocava. Olhou para o lado e viu as pessoas dançando, suspirou ao se imaginar em um cenário que Jojo o acompanhasse e se sentiu idiota por tudo aquilo. Vê-lo era mais difícil do que poderia imaginar.

— Acho que a garota quer que você chame ela para dançar. - Apontou para uma menina, que estava em uma mesa próxima olhando fixamente para Kakyoin. - Talvez você devesse ir. - O tom dele havia sido meio...rude? Aquela era a primeira vez que Jotaro era completamente sério.

“Não quero dançar com ela, e sim com você.” — Pensou, terminando de tomar a bebida e colocando a taça em cima do balcão.

— Não quero dançar com ela. - Disse, pegando a última cereja e comendo.

— Não gosta de dançar? - Pra alguém que parecia tão silencioso, até que ele estava falando muito.

— Gosto, mas...é complicado. - Deu de ombros, já tirando a carteira de dentro do bolso e pegando o dinheiro. - Eu preciso ir.  - Deixou a quantia em cima da bancada, se levantando do banco e saindo...mas…

Sentiu as mãos dele envolvendo seu braço o obrigando a se virar e encará-lo. Observou mais de perto o rosto daquele pitel e teve que conter a respiração descompassada que insistiu em aparecer; quase ficou sem fôlego por observar que as íris verde-água estavam tão fixas em seu rosto.

Oh droga...aquilo não era nem um pouco favorável.

— Por que não sai comigo para ver o pôr-do-sol?

Ficou paralisado com o convite, Jojo estava sendo apenas gentil, correto? Quais as chances do Universo conspirar para que aquela situação toda fosse um semelhante a um dos filmes que tanto criticava? Questionou se deveria ir ou não, não seria um problema para seus pais, já que não se importavam que ele saísse e também não iria demorar tanto assim; provavelmente ele apenas queria ver de fato o sol se pondo e era isso. Por mais que soubesse que aquilo iria deixá-lo ainda mais envolvido em toda aquela história, não seria tão ruim assim.

— Tudo bem. - Disse, vendo o meio sorriso de Jotaro se formando em seu rosto.

Ele se levantou, pegando a chave do carro dentro do bolso da calça jeans; os dois saíram em direção a porta do estabelecimento quietos. Noriaki se reprimia, tentando acalmar as constantes batidas frenéticas do seu coração, era muita informação para um dia só e aquela provavelmente era mais uma brincadeira do maldito cupido que gostava de vê-lo se ferrar em diversas maneiras.

Entrar no conversível azul-escuro batizado carinhosamente de tubarão martelo por Jotaro foi uma parte interessante do seu dia, principalmente por notar algumas peculiaridades do dono do carro, acabou sorrindo de canto com o enfeite de golfinhos que havia no retrovisor. É, ele apesar de ser daquele tamanho todo, conseguia ser adorável.

Os dois estavam em silêncio confortável, e foi aí que o perigo começou a aparecer; a sensação de borboletas do estômago de Noriaki foi quase tão intensa como a cor dos olhos dele na luz do sol. Deveria se sentir um idiota por entrar em um carro com um quase desconhecido, não sabia exatamente se podia confiar em Jojo, apesar de sua intuição dizer que sim.

x

Desceu do carro encantado com a paisagem, estavam agora no ponto mais alto da cidade, sendo possível observá-la em toda a sua grandeza. Foi em frente ao carro, encostando-se no capô juntamente com Jotaro, que parou ao seu lado ainda sem dizer uma palavra. O céu estava adquirindo uma coloração que misturava o azul e o laranja, Noriaki arriscava dizer que até alguns tons de rosa estavam presentes.

Apesar de não ser um dos maiores fãs do verão, tinha que admitir que os pôr-do-sol eram lindos e a ausência de nuvens no céu deixava tudo ainda mais bonito.

— Me diz uma coisa? - Olhou para o lado ao ouvir a voz de Jotaro. Fez um aceno positivo com a cabeça, e ele continuou. - Por que você não dança?

Sério que ele ia insistir naquilo?

— Não é nada de especial….- Respondeu vagamente.

— Eu gostaria muito de saber. - Maldito insistente.

Kakyoin respirou fundo, soltando o ar pela boca para tentar conseguir soltar as palavras que queria sem ser desajeitado ou parecer desesperado. Fez possível para segurar a sua língua que sempre o metia em confusão em quase cem por cento do tempo, se continuasse naquele ritmo, ia acontecer exatamente o que temia.

Falar a verdade poderia ser a pior parte do dia, ainda que se amasse de ser tão sincero.  

— Só acho que a dança é algo muito...profundo...e que deveria ser compartilhado com quem se gosta. - Foi o melhor que conseguiu dizer. Não quis encará-lo, apesar de ter certeza que Jojo estava dando mais um dos seus risinhos de canto.

— Quer dançar comigo? - Noriaki olhou rapidamente para ele, seu coração quase pulou para fora do peito com o convite. Não, só podia estar ficando louco; ou melhor, era uma grande brincadeira de mau gosto. Só podia ser.

— Como? - Perguntou, mesmo tendo escutado perfeitamente bem o que ele havia dito.

— Perguntei se quer dançar comigo. - Afirmou novamente.

E agora? Os deuses do amor provavelmente estavam brincando com ele, ou melhor, olhou em volta acreditando que era uma espécie de pegadinha e alguns badboys igual a Jotaro deveriam estar ali escondidos para rir da sua cara. Queria dizer sim, mas tinha tanto medo de abrir mão do orgulho que tanto lhe acompanhava que foi impossível esboçar qualquer reação ou falar alguma coisa.

Entretanto, Jotaro já havia percebido a situação desconfortável que havia se formado e a solução mais prática em sua cabeça foi mostrar para Noriaki que de fato, queria dançar com ele. Então sem dizer nada, foi até o carro, ligando o rádio e sintonizando com muita dificuldade a rádio da cidade.

“Boa noite, brotinhos. Vocês estão na Radio de Morioh. Agora, às seis horas começaremos nossos love songs para quebrar o gelo daquele seu amor não correspondido. “ — O locutor falou e o ruivo se assustou com o som tão alto daquela forma.

Quando a primeira estrofe de unchained melody tocou, Jojo se aproximou de Kakyoin, estendendo a mão para ele em um convite mudo. Apesar de estar preocupado e receoso, resolveu confiar na voz que dizia que para variar, estava com razão e que aquilo não era uma piada. Segurou firmemente na mão dele, aproveitando que ainda havia luz o suficiente para conseguir observar o rosto bonito em sua frente.

Sentiu os dedos de Jotaro tocando sua cintura com timidez, levou suas mãos para os ombros largos sem aproximar muito seu corpo do dele. O perfume misturado com tabaco veio de encontro a brisa fresca que tocou seu rosto, o coração que antes estava pulsando rapidamente, acelerou ainda mais intensamente dando a impressão que sairia do peito em breve. Tentou olhar em sua volta as árvores, a paisagem, o sol...porém, em uma dessas suas tentativas de disfarçar, seus olhos se encontraram com os de Jotaro. Agora, os dois encaravam um ao outro em silêncio, deixando que a música lenta embargasse um sentimento que parecia estar brotando em ambos.

Em um ato de ousadia e um certo receio, Jojo teve a coragem de aproximar seu rosto também; Noriaki mal conseguiu impedir quando seus lábios se juntaram ao dele, ficando assim por alguns minutos até finalmente beijá-lo como queria. Agora, as mãos dele o puxaram para perto, enlaçando a cintura de Kakyoin em um abraço; assim como o ruivo o segurou mais forte, aproximando ainda mais seu corpo do dele, aproveitando aquele momento o máximo que podia.

O sol já se punha nas montanhas, as luzes da cidade iam acendendo gradativamente enquanto os dois se distanciaram e sorriam um para o outro. Noriaki o abraçou mais forte, encostando a cabeça no peito de Jotaro agradecendo aos deuses do amor e ao cupido por finalmente ter acertado uma flecha certeira.

Não sabia ao certo se era o protagonista de um filme romântico, porém, como tudo em sua vida: Tinha certeza que iria protagonizar muitos momentos felizes ao lado do agora seu, Jojo.

~fim


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado do desfecho ♥
beijo, brotinhos



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