Steve subiu as escadas de sua casa com um prato cheio de biscoitos de chocolate e seu fiel Eddie ao lado.

A pequena Julie estava deitada em sua cama, triste com a partida de sua mãe, que havia ido para uma convenção no continente. Ele não poderia ficar chateado, mas se fosse um pouco sincero, ele ficou chateado por ela não poder levar todos junto com ela.

Anna também expressou sua insatisfação com isso, mas acabou tendo que ir.

— Oi. – Steve sorriu com a bandeja em suas mãos assim que abriu a porta. – Você quer alguma companhia?

— Não. Julie olhou para o pai. – Estou chateada com a mamãe.

— Eu entendo, mas você sabe que sua mãe teria nos levado se o chefe mal dela tivesse deixado. – Steve se sentou ao lado dela e Eddie subiu na cama e se deitou. – Eu sei que Eddie sente a falta dela também. Mas quer que eu te conte uma história?

— Conta a história do meu nascimento? – Julie viu Steve dar um sorriso fofo. – Queria saber como nascem os bebês.

— Bem, você ainda é muito nova para descobrir todos os processos, mas eu vou te contar a partir do ponto em que você já morava na barriga da mamãe. – Steve pegou a filha no colo. – Tudo começou no dia em que sua mãe já estava de quatro meses de gravidez...

Seis anos antes...

— Steve, eu me sinto enorme. – Anna se sentou no sofá. – Parece que eu vou literalmente explodir.

— Sua mãe se sentia cansada demais, então eu fiz o que qualquer homem faria. – Steve continuou. – Eu assumi o lugar dela.

— Não faço idéia do que as mulheres reclamam. – Um grávido e imaginado Steve desceu as escadas. – Eu levei mais tempo no banho, mas pelo menos eu tenho seios para brincar.  Ai!

Steve literalmente dobrou de dor no momento em que a primeira “contração” o atingiu.

— Danno! Danno venha aqui! – Steve se encolheu. – Você precisa pegar o carro.

— Não me diga que a bolsa estourou. – Danno gritou de medo. – Estou indo.

De volta ao presente...

— Aí eu disse, não vira para a direita, vira para a esquerda. – Steve estava com uma almofada por debaixo da camisa. – E pá!

— O que houve? – Julie ficou ansiosa pela próxima parte.

— Danno desviou do jovem, mas acertou o velhinho. – Steve viu que a filha estava sorrindo um pouco.  – O minha gatinha. Eu estou tentando fazer você ficar feliz.

— Não dá. – Julie abraçou Steve. – Estou com saudades da mamãe. E os biscoitos estão diferentes.

— Bem, é que eu coloquei sal ao invés de açúcar. – Steve viu a filha o encarando. – Vamos fazer o seguinte, você toma seu banho e depois nós dois vamos sair com Eddie e o tio Danno para caminhar.

— Só vou tomar banho depois que a mamãe voltar. – Julie cruzou os braços no peito.

— Então, você vai ficar com o bumbum fedendo. – Steve estava sorrindo por dialogar com uma menina de seis anos.

— Não posso tomar banho. – Julie olhou seriamente para Steve. – Você não pode me ver. Você é menino.

Aquilo fez Steve sorrir como um bobo.

— Pense assim até os trinta anos. – Steve beijou a testa da filha e chamou Eddie, que havia pego no sono. – Vamos, campeão.

— Senti o cheiro de biscoitos. – Danno foi entrando. – Estão bom?

— Estão que é puro sal. – Steve viu Danno largar o biscoito. – Mas eu prometi a Julie que depois dela tomar banho, eu vou levar ela e Eddie para uma caminhada. Com você.

— Conte comigo. – Danno podia ver que o amigo parecia chateado. – Ainda chateado com o chefe de Anna?

— Às vezes eu acho que o chefe dela quer algo a mais. – Steve balançou a cabeça. – Mas eu confio na minha esposa. Mas eu disse que se ele tentasse algo, eu enfiaria a cabeça dela na primeira privada que eu achasse.

— Bem, quem sabe assim ele para de dar em cima de Anna. – Danno desistiu de tentar roubar balas de Steve. – Eu posso ganhar algumas?

— Você é pior que Julie. – Steve pegou um punhado de balas de chocolate e deu ao amigo. – Divirta-se.

Julie desceu com um sutiã em seu corpo e Danno sorriu pela inocencia da garotinha.

— Pode terminar aquela história papai? – Julie viu o pai assentir. – Mas dessa vez eu quero a verdade.

— Você não gostou da outra? – Steve fingiu estar magoado. – Mas você parecia bem com ela.

— Papai, meninos não podem ter bebês. – Julie falou. – E o tio Danno não seria seu motorista designado. Ele mal gosta de ouvir sobre fantasmas de Halloween.

— Tudo bem, a verdade é que você parecia não gostar de mim no começo. – Steve olhou nos olhos da filha. – E a verdade é que eu até hoje tento te conquistar. Você é muito especial para mim e para sua mãe. E você nunca mentiria para mim.

— Não, papai. – Julie sabia que era a hora do troco.

— Certo, o papai é o homem mais bonito do mundo, não é? – Steve olhou nos olhos da filha.

— Não com George Clooney. – Julie disse sem pensar.

— Ops... – Danno deu uma risadinha. – Que tal agora irmos tomar um sorvete?

— Isso, alimente a garota com açúcar. – Steve brincou. – Você parece um avô coruja, sabe disso?

— Sim, mas você e Anna são os pais que a educaram e muito bem. – Danno pegou Julie e a colocou nos ombros. – Eu sou o tio que leva ela para o parque com o cachorro e compra sorvete e refrigerante.

Steve balançou a cabeça em descrença. Era um dos motivos pelos quais ele adorava o amigo. Os três mais o cão Eddie saíram para o parque, felizes por poderem brincar um pouco.

— Papai, eu espero que a mamãe demore mais um pouquinho. – Julie disse, já deitada. – Mas só um pouquinho.

— Eu sei. – Steve beijou a testa da filha e ela fechou os olhos abraçada ao urso. – Boa noite. Sonhe com os anjos.

Se passaram mais dois dias antes que Anna voltasse para casa. Ela estranhou que a casa estivesse tão silenciosa. Subindo nas pontas dos pés, ela abriu a porta do quarto e sorriu ao ver Julie, Steve e Eddie dormindo juntos na cama.

Sem fazer muito barulho, ela se arrumou para dormir e não perdendo tempo, entrou na cama junto com seus amores.

— Mmm, bem-vinda de volta, querida. – Steve disse, ainda meio dormindo. – Fez uma boa viagem?

— Eu posso falar sobre tudo depois. – Anna apenas pegou Julie e a colocou no meio dos dois e Eddie resolveu entrar também. – Agora, vamos dormir.

Steve sorriu e passou a mão no cabelo da filha e da esposa. Para que ele iria querer futebol quando tinha uma bela família.