My Huckleberry Friend escrita por SnowShy


Capítulo 18
A Declaração


Notas iniciais do capítulo

Oi, gente!!! Preparados pro último capítulo???



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POV. Linda

 

Depois de quase pintar o cabelo de azul, eu decidi que não ia mais correr o risco de fazer loucuras por questões sentimentais, então estou fingindo que não estou apaixonada por ninguém desde então. Ou seja, desde ontem. É claro que, pra isso, eu tive que evitar um pouco o Henry. Eu bloqueei o número dele, procurei não me encontrar com ele em canto nenhum... Hoje, quando eu vi que ele estava na cafeteria, esperei ele sair pra eu poder entrar.

O problema é que, mesmo que eu diga pra mim mesma que não preciso dele, que eu não sinto mais nada... parece que as pessoas ao redor não acreditam muito nisso. A Sarah ficou o tempo todo perguntando se eu estava bem, querendo saber o que tinha acontecido... Eu falei que não era nada, só tinha muita coisa pra estudar, mas ela não pareceu acreditar. E além dela ainda tem o meu pai, que tá desde ontem me fazendo esse tipo de pergunta.

Eu não entendo o porquê desses sentimentos, não sei por que eles me afetam tanto. E queria muito poder controlar isso! Até porque amanhã eu vou ter que ir pra escola e ver o Henry de qualquer jeito. Pior, ver ele com a Kimi. Isso eu não posso evitar, porque ela é uma das minhas melhores amigas, se eu for evitar ela, vou acabar me distanciando de todas as outras, que nem a Fran quando brigou com a Liv... Então é isso que é ser adolescente? Ficar se preocupando com um monte de besteiras ao invés de se concentrar no que é realmente importante?

Eu penso nisso durante a noite de domingo, enquanto tento fazer o dever de química (ou fingir pra mim mesma que estou fazendo, né?), quando o meu pai bate na porta do meu quarto. Ah, não! Lá vem ele com aquelas perguntas de novo... Eu não quero demonstrar que estou incomodada, então deixo ele entrar, mas aviso que estou estudando. Ele diz que não vai tomar muito do meu tempo e que precisa que eu converse com ele direito, porque ele tá preocupado comigo.

— Não precisa se preocupar, não tem nada de errado comigo — respondo.

— Mas eu não gosto de te ver triste, filha.

— Eu não tô triste...

Ele suspira e diz:

— Desde pequena, você nunca costumou demonstrar bem os seus sentimentos. Eu não sei o porquê, talvez tenha a ver com a ausência da sua mãe...

Eu nunca tinha pensado nisso. Na verdade, eu nem sabia que eu não costumava demonstrar sentimentos... A minha mãe abandonou a gente quando eu ainda era bebê, então eu nunca me importei com ela. Se ela não quer saber de mim, por que eu ia querer saber dela? Eu nem a conheço... Mas será que isso me afetou de alguma forma, mesmo que eu sempre tenha dito a mim mesma que não?...

— Apesar disso — o meu pai continua —, você sempre me contou tudo. E eu quero que você saiba que ainda pode contar.

Como eu não respondo, os dois ficamos em silêncio por um tempo.

— Tem alguma coisa a ver com o Henry, não é? Pela sua cara de surpresa, parece que sim... O que ele fez?

— Nada. Quer dizer, ele não fez nada comigo... Tanto faz, eu tenho coisas mais importantes pra pensar, preciso estudar.

— Mas filha, gostar de alguém não vai te impedir de estudar, afinal, você sempre estudava com ele, não é? 

— Mas é diferente... Agora que eu já sei que gosto dele, eu tenho ficado distraída, doida, sei lá... Acho que essas coisas de sentimento não são pra mim, prefiro ficar só com o meu bom senso, mesmo...

— Linda, ninguém pode ser totalmente racional ou totalmente sentimental. Não adianta você fugir dos seus sentimentos, tem que procurar um equilíbrio entre a razão e a emoção. 

— Entendi... Tipo as irmãs Dashwood no final de Razão e Sensibilidade?

Ele sorri e diz:

— Isso mesmo, minha Elinor.

— Mas eu acho que o que eu sinto não importa agora, já que ele gosta de outra pessoa...

Meu pai me olha com compaixão e diz que sente muito. Parece que ele não esperava por isso e talvez não saiba o que dizer agora... Tudo o que eu sei é que eu sei é que parece que ele entende exatamente pelo que eu estou passando...

Então alguém toca a campainha e ele vai atender. É a Sarah. Meu pai tem uma cara de alívio quando leva ela ao meu quarto, acho que por eu poder conversar com uma adolescente sobre o que tá acontecendo comigo. Mas eu bem que preferia só voltar a estudar...

A Sarah diz que tá preocupada comigo pela expressão que eu tinha hoje de manhã na cafeteria (e agora), mas também porque a Liv contou pra ela a história do cabelo e o Henry falou que não tava conseguindo entrar em contato comigo.

Eu queria repetir o que disse ao meu pai, que está tudo bem etc... mas de repente começo a chorar. Eu nem sei como isso aconteceu! Nem senti as lágrimas vindo, não tive tempo de tentar me controlar... Então ela me abraça, fala umas coisas pra me acalmar e quando, finalmente, eu consigo ficar mais calma, ela me pergunta o que aconteceu.

Acho que não tenho outra saída, a não ser contar a verdade. Então eu digo o que vi acontecer entre o Henry e a Kimi no parque e que o motivo pra eu estar assim toda esquisita é que eu gosto dele. Muito mais do que eu queria gostar. 

— Ai, Linda, eu não devia contar isso, mas não aguento te ver assim...

Eu a olho intrigada e ela diz:

— Eu sei porque a Kimi tava com o Henry no parque. E não é nada do que você tá pensando!

~~

POV. Henry

 

Eu pensei em mostrar a música pra Linda na escola, durante a semana, mas agora não sei se isso vai dar certo. Ontem eu achei que ela tava desconfiando de alguma coisa, mas hoje ela simplesmente sumiu. Eu não consegui encontrá-la em lugar nenhum, nem falar com ela pelo telefone ou pela internet. Comecei a ficar preocupado, mas falei com a Sarah e ela me disse que a Linda esteve na cafeteria hoje de manhã. Então talvez o problema seja comigo... Será que ela tá com raiva de mim por algum motivo? Será que talvez não teria sido melhor eu simplesmente dizer a ela o que eu sentia de uma vez ao invés de ficar inventando coisa?...

É noite e eu estou no parque jogando pedrinhas no rio. E pensando na Linda, como sempre... Com esperança de que ela apareça? Talvez. Mas, se não acontecer, eu tento falar com ela amanhã na escola e resolver tudo. De repente, escuto a voz dela gritando o meu nome. Volto o olhar na direção da voz e percebo que não é coisa da minha imaginação. Além de gritar, a Linda tá correndo feito uma louca e eu começo a ficar preocupado. Será que aconteceu alguma coisa séria, por isso ela não falou comigo o dia inteiro???

Então eu também corro na direção dela e ela segura nos meus braços, ofegante, quando ficamos próximos. Então eu pergunto:

— Tá tudo bem? Aconteceu alguma coisa?!

— Nossa, eu não devia ter corrido tanto! — Ela diz, olhando pra cima e colocando uma das mãos no peito.

Depois de se recuperar, ela olha nos meus olhos e pergunta:

— É verdade?

— O quê? — Agora além de preocupado, eu tô confuso...

— Que você escreveu uma música pra mim?

— Quem te contou?

— Então é verdade! Quem contou foi a Sarah, mas não fica com raiva dela, porque se ela não tivesse contado existia uma grande possibilidade de eu nunca mais falar com você... Bom, você sabe que às vezes eu sou um pouco teimosa, né?

— Um pouco? — Eu digo, rindo, e ela ri também. — Eu adoro o seu sorriso!

Ela me olha como se não estivesse esperando ouvir isso e parece um pouco envergonhada. Acho que está na hora de dizer o que eu sinto. Eu sei que eu já tenho a música, mas por que esperar até amanhã?

— Linda, eu... preciso te dizer que... você é uma das pessoas mais incríveis que eu conheço. — Meu coração bate mais rápido a cada palavra, eu acho vou infartar e tô morrendo de vergonha, mas, mesmo assim, continuo: — Você me fez ser uma pessoa melhor e me sentir bem comigo mesmo. Mas além disso... Eu sinto algo muito forte por você. Eu sei que você talvez só me veja como um amigo e, se for isso, tudo bem, pode esquecer tudo o que eu tô dizendo agora e também nem precisa ouvir a música! Mas eu quero que você saiba que... eu amo os seus olhos brilhantes, a sua inteligência e até a sua teimosia, esse seu jeito de uma hora ser super legal e depois me ignorar sem eu saber o motivo... Eu não consigo parar de pensar em você, Linda, nem por um segundo! É como se eu tivesse enfeitiçado, sei lá... O que eu tô tentando dizer... é que eu tô completamente apaixonado por você!

~~

POV.  Linda

 

Acho que nem consigo colocar em palavras o que eu sinto agora. Parece um misto de nervosismo com felicidade, frio na barriga, taquicardia... Eu nunca imaginei que alguém diria uma coisa dessas pra mim, achei que isso só acontecia nos livros! Eu tento dizer alguma coisa, mas fico travada. Então eu percebo na expressão do Henry como foi difícil pra ele dizer tudo aquilo, como ele parecia sincero e ao mesmo tempo inseguro, porque acha que eu não sinto o mesmo... Acho que eu não preciso me preocupar em encontrar as palavras certas, só preciso que ele saiba que é correspondido. Não vou mais negar os meus sentimentos!

— Eu... sinto a mesma coisa — eu respondo tão baixo, que me pergunto se ele chegou a escutar.

Pela expressão dele, acho que sim. Ele sorri como se fosse a pessoa mais feliz do mundo, o que me faz sorrir também. Então começa a se aproximar, mas faz isso de forma devagar, como se estivesse pedindo permissão. Eu tô tão nervosa que mal consigo respirar! Quando nossos rostos ficam próximos, ele tira o cabelo do meu rosto, o que me faz lembrar daquele sonho que eu tive uma vez. A lua está cheia, assim como no sonho. Mas o que eu sinto quando ele me beija é diferente, muito mais intenso. Porque é real. Minha mente nunca poderia inventar um sentimento como esse! Parece que eu tô flutuando e não consigo mais pensar em nada...

 

Eu e o Henry decidimos que não vamos mais complicar as coisas de hoje em diante. Vamos dizer o que sentimos e nunca tentar mudar quem somos, a não ser que seja pra melhor. Eu nunca pensei que viveria um romance como os dos livros que eu leio, nem mesmo chegava a desejar isso, mas agora que está acontecendo, mal posso esperar pelas próximas páginas! E, mesmo que eu esteja curiosa pra ouvir a música, consegui convencer o Henry a me mostrar o poema que ele tinha escrito antes. Tenho certeza que ao invés de "brega" como ele acha que ficou, deve ser muito romântico, puro sentimento em palavras...


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Notas finais do capítulo

Muito obrigada, Isah, por ter acompanhado a fanfic, ter comentado em todos os capítulos até agora e por ter feito aquela aesthetic fofinha da Linda! Hehe ❤ Foi muito bom ter vc aqui!
Obrigada também a qualquer outra pessoa que tenha lido a história até aqui mas não tenha se manifestado, eu espero que todos tenham gostado! *-*



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