Eu cheguei em casa sorridente e não sabia ao certo o motivo. Assim que abri a porta e me deparei com aquela pilha horrenda de... contas! As abri e as li, só a luz era 150, mais ainda tinham gás,água,comida,telefone e remédios. Tive que colocar minha matemática em ação, depois de algumas somas o total assustador.

 

Luz – 150

Gás – 100

Água – 115

Comida – 200

Telefone – 50

Remédios – 70

_______

685

 

         Morri agora, 685 era muito dinheiro mesmo sendo que nossa renda mensal era de 800. tentei me controlar e fui preparar o jantar.

 

          Preparei alguns legumes e bife tenho que confessar queimei o primeiro mais depois fui pegando o jeito. Fui arrumar a mesa quando ouvi a a porta se abrir, finalmente Lucas avia chegado.

 

         Ele entrou, jogou a mochila no sofá, e caiu sobre o mesmo estava exausto. Achei melhor falar sobre as contas mais tarde. Nosso jantar foi calmo, Ani e Lúcio reclamaram dos legumes mais acabaram com o bife.

 

_Muito bem, agora os dois vão lá pra cima escovar os dentes. Eu já vou ajudá-los com o dever de casa.

 

Todos foram se levantando mais eu chamei por Lucas.

 

_Lucas precisamos conversar.

 

_Anne eu to tão cansado.

 

_Eu se mais são sobre as contas.

 

Mostrei pra ele a soma de todas as contas e ele teve a mesma reação que a minha.

 

_Nossa! Nos gastamos tudo isso?

 

_É.

 

_Anne, eu só vou receber no final do mês. E o dinheiro da tia Joseline esta acabando.

 

_Teremos que economizar.

 

_Espera. Tem a herança dos nossos pais.

 

_Não quero mexer nesse dinheiro Lucas é pra faculdade.

 

_Então o que iremos fazer?

 

_Eu posso arrumar um emprego.

 

_Não. Você é muito nova pra trabalhar e alem do mais você trabalha muito aqui em casa, não seria justo.

 

_Ok, então teremos que cortar os gastos.

 

_Isso.

 

        Que ótimos cortar os gastos já não tínhamos quase nada ainda teríamos que cortar. Fui ajudar os pequenos com o ajudar depois terminei de arrumar a cozinha e fui tomar banho.

 

            Sai do banheiro, olhei pela janela e vi a casa do Nicolas. Como pode ele morar bem do outro lado e eu não o vi. Ele era tão, tão... ah, não sei explicar. Enquanto pensava o motivo para explicar, um barulho estranho estava saindo das minhas roupas. Como isso não era normal fui procurar o por que

dele estar ali. Felizmente era o meu celular com o toque de vaca.

 

_Oi Vick.

 

__Oie amiga. Como foi na aula hoje?

 

_Bem.

 

_Bem? Só bem?

 

_É não aconteceu nada de mais. Por que você faltou hoje?

 

_Eu, estava, muito enjoada.

 

_Você tem que ver esses enjoos Vitoria.

 

_Não devem ser nada demais.

 

_Ok, mais não esquece de ver.

 

_Ta.

 

_Vick eu vou dormir estou morta. Amanha conversamos.

 

_Ok. Tchau. Ate amanha.

 

_Tchau.

 

          Na manha seguinte nos arrumamos e saímos para escola, vi o carro do pai do Nicolas e sorri. Na escola o mesmo barulho chato de sempre, Lucas estava muito cansado e a Sarah tentava reanima-lo. Ao longe vi a Vitoria sentada no banco de cabeça baixa, esses dias ela tem andado muito estranhamente. Eu caminhei ate ela para conversar, mais antes de chegar ate ela um garoto alto e loiro se aproximou dela parei na hora e fiquei os observando. Ele parecia nervoso e ela parecia querer chorar.

 

_Oi.

 

_Oi Nicolas.

 

_O que ta fazendo aqui sozinha?

 

_Bem ... - olhei para o banco e a Vick já não estava mais lá. _ Nada. Vamos sentar?

 

_Vamos.

 

      Caminhamos ate uma das mesinhas coloridas e nos sentamos em uma. Fiquei olhando para os lados para ver se via a Vick, mais nenhum sinal dela.

 

_Você não parece ser tão calada.

 

_Han? Não eu não sou.

 

_Você parece preocupada.

 

_Tenho muitos problemas.

 

_Hey você é adolescente. Nós não temos problemas tão graves assim.

 

Abaixei a cabeça e olhei para baixo, meus problemas eram sim importantes, pra mim eram importantes.

 

_Desculpe.

 

_O que?

 

_Desculpe. Eu sempre digo alguma coisa que te deixa pensativa e ... triste.

 

_Eu não estou triste Nicolas e que... - pensei bem nas palavras mais achei melhor não dize-las _Nada esquece.

 

_Hum. - ele bufou e deitou a cabeça na mesa parecia que tinha perdido algum jogo.

 

_Agora você é que ta triste.

 

_Não estou triste é que...

 

         Ele levantou olhou nos meus olhos e começamos a rir do nada como dois retardados. Mais era bom estar com ele, estranhamente bom. Para nossa infelicidade o sinal tocou, nós pegamos nossas mochilas que pareciam ter quilos de chumbo e subimos para a aula.

 

        Assim que entrei na sala vi a Vick sentada bem lá no fundão coisa que é muito rara. Corri e fui ver oque era, ela simplesmente não disse nada, eu iria continuar perguntando mais a professora de matemática chegou bem na hora. Dei graças a Deus por estar sentada lá no fundo, odeio a aula dela e cá para nós eu

a odeio também.

 

        Depois de três horas presa na sala com cálculos e oque era mesmos aquilo? Bem deixa pra lá, voltando a história, o sinal para o interva-lo bateu então a Vitoria de a louca e saiu correndo para o banheiro eu a

segui. Assim que entrei a vi sentada no chão e chorando muito.

 

_Vick o que foi? - Ela me abraçou forte e eu retribuiu o abraço. _Por que você esta assim?

 

Levantei seu rosto e percebi que ela estava chorando muito foi ai que desesperei.

 

_Vitoria me conta o que aconteceu?

 

_Eu, estou, gra-vi-gravida.

 

_Gravida!

 

_Sim.

 

          Ela chorava e soluçava e minha cabeça ia a mil. Como assim gravida? Isso explica os enjoos mais como eu não percebi?

 

_Como assim me explica essa historia direito.

 

_Sabe o Andrew primo da Raquel? Nós ficamos juntos já tem quatro semanas e ontem eu fui a médica da minha mãe e descobri.

 

_Eu não acredito.

 

_Meus pais vão me matar.

 

Novamente Vick voltou a chorar desesperadamente e eu não sabia o que fazer.

 

_Calma Vick, vamos dar um jeito.

 

_Como?

 

_Esse tal de Andrew vocês já conversaram?

 

_Vamos conversar hoje a noite.

 

_Ótimo veja se ele vai assumir esse filho, ou melhor ele tem que assumir. Depois vemos o resto. Agora vamos comer.

 

Me levantei e a ajudei a se levantar sorri.

 

_Eu não to com fome.

 

_Você precisa se alimentar esta gravida.

 

_Anne, isso não é uma coisa boa.

 

_Não fala isso. Uma criança é uma benção.

 

_Mais, Anne não nessa situação. Como eu vou criar uma criança?

 

_Eu crio três e não reclamo.

 

Vick me olhou com um olhar de interrogação e eu sorrindo respondi.

 

_É três o Lucas,Anita e o Lúcio. Digamos que o mais bebê seja o Lucas.

 

Vitoria riu e eu me senti melhor.

 

_Obrigada amiga. É por isso que eu amo você.

 

_Eu também te amo. Vocês dois. Ouviu bebê?

 

_Anne acho que ele não pode escutar você.

 

_Claro que pode.

 

          Fomos caminhando ate o refeitório da escola e pedimos pela primeira vez comida saudável. Depois de comermos voltamos para a sala. As horas se passaram mais rápidos graças a minha linda professora de

artes e teatro, Gabriela. Artes é minha aula favorita e é um tipo de compensação por três horas de matemática.

 

_Muito bem, meus lindos alunos. - começou a professora com umas folhas na mão. _Todos sabem que daqui a algumas semanas teremos nossa tão esperada peça teatral. Tudo foi encarregado a mim, o tema, figurino, personagens, e etc. Mais além de tudo eu preciso da ajuda de vocês. Eu sei que muita gente aqui não gosta de se mostrar. Pois bem, eu quero que vocês escolham um tema para a peça. Sobre oque? De que? Por isso vou dar um pequeno trabalho. Quero que vocês pesquisem suas obras favoritas. Grandes espetáculos, o que quiserem.

 

Depois da aula que foi a melhor da semana, fui Vick e eu fomos direto para o estacionamento.

 

_Quer carona?

 

_Não obrigada. Ate amanha.

 

Sorri para minha amiga. Oque mais poderia dizer. Só sei que ficarei do lado dela.

 

_Oi.

 

_Oi Nico.

 

_Você sumiu hoje.

 

_É problemas.

 

Ele fez uma cara triste e eu não pude deixar de perguntar.

 

_O que foi?

 

_Nada. Meu pai vai ficar no consultório ate tarde hoje então vou ficar sozinho em casa. Sabe comida congelada, tv e refrigerante ate eu pegar no sono.

 

_Você pode ir comer lá em casa.

 

_Serio?

 

_Sim.

 

           Ele sorriu e nós voltamos pra casa. Estava meio cansada mais resolvi caprichar no jantar. Corri para o livro de receitas da minha mãe. Sempre que ela queria impressionar recorria ao famoso livro de receitas da família Johnson. Vasculhei o livro por alguns instantes e lá estava risoto mexicano! Era simples, bonito

e gostoso. _ Mãos a obra _ Pensei, agora era só achar os ingredientes e preparar.

 

          Em uma panela, aqueça o azeite e frite a cebola. Adicione o palmito e mexa. Desligue e acrescente o presunto e a manga. Em um recipiente, coloque o arroz cozido. Junte o refogado, as azeitonas, a cebolinha, o queijo ralado, orégano e a pimenta.

Coloque em um refratário e decore com fatias de presunto e manga. Pronto!

 

         Agora e a sobremesa? Pensa, pensa, pensa... já sei. Pedaços de amor. Eu sempre fazia e muito bom.

1- Numa panela coloque 1 litro de suco de laranja peneirado, o açúcar e leve para ferver por +/- 15 minutos até obter uma calda em ponto de fio fraco. OBS: durante a fervura, vá retirando e desprezando a espuma que se forma na superfície. Acrescente 4 cravos e 1 pedaço pequeno de pau de canela e abaixe o fogo. 2- Sobre a calda (ainda em fogo baixo) despeje lentamente 7 ovos peneirados, sem mexer e deixe ferver por mais 3 minutos. 3- Só depois deste tempo e com auxilio de uma colher de pau, mexa o doce na panela, em formato de cruz para “quebrar” os ovos na calda. Desligue o fogo e deixe esfriar. Depois de frio guarde em compoteira por no máximo 2 dias. Perfeito.

 

Já estava quase na hora do jantar quando Lucas chegou.

 

_Hum que cheiro bom.

 

_É risoto mexicano.

 

Disse correndo até meu quarto.

 

_Espera por que a...

 

        Nem deixei Lucas terminar tinha que me arrumar para o jantar. Eu estava muito nervosa e não sabia o porque. Por mais que tentasse ficar calma, aquele friozinho na barriga teimava em permanecer lá.

 

Muito bem a roupa. Procurei no meu armário algo simples mas que me deixe bonita. Alguma coisa que não diga olhe pra mim! Mais me deixe ser apreciada.

 

       Enquanto vasculhava achei uma caixa rosa e dentro dela avia um vestido preto com a barra rosa que minha avia comprado pra mim quando eu fiz 14 anos. Eu me lembro de quando o ganhei.

 

Era meu aniversario e esta vamos em casa. Meus pais aviam deixado eu fazer a festa em casa. Me lembro de estar no quarto escolhendo a roupa quando minha mãe entrou.

 

_Oi meu amor.

 

Ela estava tão sorridente com a caixa rosa nas mãos.

 

_Oi mãe.

 

_Vim te dar seu presente.

 

Ela colocou a caixa sobre a cama e eu a abri lá dentro estava o vestido.

 

_É lindo mãe.

 

_Você pode usá-lo hoje.

 

_Err...

 

_Ou, você já tem um vestido.

 

_Mãe eu adorei ele, mais eu

 

_Tudo bem meu amor, use o seu vestido. Você vai ter outra oportunidade de usar esse aqui. Talvez na

igreja?

 

_É talvez.

 

_Eu só quero ver você usando ele.

 

Ela sorriu e saiu do quarto.

 

       Me deu um enorme aperto no coração. Ela não esta aqui para me ver vestida com o vestido que elaescolheu pra mim. Como eu fui... egoísta. Resolvi usá-lo agora. Vesti o vestido, deixei o cabelo solto e pus uma tiara preta com com um laço e calcei meu All Star. Sei que deveria usar um salto ou uma sapatilha mais eu amo tênis.

 

    Passei um brilho labial e rímel nos olhos, afinal não quero que ele perceba que me arrumei pra

ele, apesar de estar. Confuso.

 

Espero que tenha gostado mãe.

 

          Desci correndo ate a sala e Lucas já avia tomado banho e estava conversando com as crianças no sofá. Assim que me viram todos pararam. Será que tá feio?

 

_Que foi gente?

 

_Você esta linda. - disse Lucas sorrindo. Ele se levantou, veio ate mim, beijou minha testa e disse. _Tão linda quanto a mamãe.

 

         Me senti bem ao ouvir isso. Era bom me sentir parecida com a minha mãe. De certa forma a sentia conosco naquela noite.

 

_Bem você se arrumou tanto para o Nicolas?

 

_OQUE?? Quer dizer que tá exagerado?!

 

_Não você tá linda. É que, não vejo você se arrumar assim desde...

 

_Você tem razão eu vou me trocar.

 

_Não! Por favor não faça isso. Anne, nossos pais com certeza iam querer ver você feliz. Então para com

isso é põe logo meu jantar que eu to morrendo de fome.

 

_Hei, agente só vai comer depois que o Nicolas chegar.

 

        Falando nele, assim que terminei a frase, a campainha tocou. Eu corri e fui atender, estava nervosa. Assim que abri a porta eu o vi, estava lindo com aquela calça jeans escura e casaco vermelho. Ele estava sorrindo. Como alguem pode ter um sorriso tão fofo?

 

_Oi.

 

_Oi.

 

Ficamos um tempo nos olhando ate que ele disse.

 

_Você esta linda.

 

_Serio? Peguei a primeira roupa que vi no armário. Mais que bom que gostou. - sorri. Mais que mentirosa

que eu sou.

 

_Entra.

 

       Disse dando passagem para ele entrar. Assim que ele entrou cumprimentou a todos e finalmente pus a mesa.

 

_Nicolas se por acaso você tiver uma dor de barriga ou indigestão a culpa e da comida mesmo.

 

       Mais um dos comentários idiotas do Lucas. Olhei pra ele com muita raiva quando uma voz doce me trouxe

a paz novamente.

 

_Tudo bem, eu confio nela. Sei que vai estar delicioso.

 

Fofo.

 

_Bem feito irmãozinho.

 

_Oque vamos ter pra hoje senhora cozinheira?

 

_Risoto mexicano e de sobremesa pedaços de amor.

 

      Confesso que assim que disse o nome da sobremesa olhei diretamente para o Nicolas. Esse era o meu jeito de conquistar.

 

       Nosso jantar foi tranquilo e agradável. Graças a ele fiquei sabendo que Nicolas é um ótimo aluno, gosta

de esportes radicais de rock e ainda canta. A cada minuto que se passava eu gostava mais dele.

 

       Ao fim do jantar ele Lucas jogaram um pouco de video game enquanto eu colocava a sobremesa.

 

_Já são dez e meia. Meu pai vai me matar. Eu tenho que ir gente.

 

_Tudo bem. Cara ótimo jogo. Valeu mesmo.

 

_De nada.

 

_Tchau crianças.

 

Nicolas abraçou Ani e apertou a mão do Lúcio.

 

_Eu te levo ate a porta.

 

       Levei Nicolas ate a porta mais caminhamos ate o final da calçada. Paramos, e ele olhou diretamente pra

mim.

 

_Obrigada pelo jantar estava delicioso.

 

_É com o tempo to pegando prática nisso.

 

_Você é muito linda Annelise. Bonita, forte e muito corajosa.

 

_Poe que esta dizendo isso.

 

_Por que é a verdade.

 

      De novo ele deu aquele sorriso fantástico só que desse vez o sorriso veio acompanhado de um beijo. Sim um calmo, doce e mágico beijo. Pela primeira vez durante esses dias eu me senti bem. Quando o beijo terminou Nicolas me olhou envergonhado.

 

_Desculpa.

 

Ele disse isso saindo correndo em direção a sua casa.

 

_Espera!

 

         Eu gritei mais parece que ele não me ouviu. Achei estranho mais que beijo bom. Voltei para casa saltitante estava muito feliz. Talvez esse seja o fim dos meus velhos problemas ou o começo de outros...