Junte-se a mim. escrita por Lana Kabana


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Após a batalha de Crait, Rey passou semanas sem nenhuma comunicação com Kylo, até que havia chegado a hora de se conectarem novamente por algo que era muito maior que eles.



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Os últimos meses não foram fáceis para a general, com a morte de seu irmão, Leia Organa sentia que seu fim estava próximo. Seus pedidos de ajuda começavam a surtir efeito, aos poucos vários planetas começaram a solicitar mais informações de como ajudá-los.

— Eu não tenho muito tempo meu amigo.

— Weeooo

—  Eu não estarei sozinha, a Força sempre estará comigo.

— Weeooooooo

— Eu sei. Preciso falar com ela. Não tenho mais forças para deixar esse planeta.

Mesmo contrariado Chebawacca foi procurar Rey na base, o mais provável é que ela estivesse no final de seu treino diário.

Em um sistema solar distante, Kylo descansava em uma das áreas restritas da nave imperial, após a batalha de Crait em que ninguém havia saído vitorioso cada nova decisão sua de avançar o domínio da Primeira Ordem era questionado pelo General Hux. Algumas horas antes havia se questionado o quanto era realmente importante mantè-lo vivo, mas lhe faltava a crença que sem aquele general todo o exército stormtrooper seguiria suas ordens.

Ele dormia. Algo parecia incomodá-lo, revirava-se no leito durante o sono.

Por quê ela o via agora? Faziam meses  que Rey não mantinha contato com ele. Era difícil desviar o olhar dele, não havia mudado muito, sua cicatriz permanecia...Talvez um pouco mais discreta do que ela se recordava desde a última vez que se viram.

Ela se aproximou um pouco mais, Kylo remexeu-se e sua respiração se tranquilizava conforme Rey se aproximava, num impeto - que talvez fosse mais arriscado do que ela poderia imaginar - ela se aproximou mais e mais até que fosse possível extender seu braço e tocar seus cabelos.

"Weeeooooooooo" - Chewy batia à sua porta, a conexão se fora assim que Kylo abriu os olhos.

"Ela estava aqui, não foi sonho."

"Não foi sonho!"

"Por que ela se foi? Na verdade o que ela queria aqui? Vestiu-se rapidamente, não seria mais possível dormir. Por semanas ele havia se concentrado em como se comunicar com Rey e não teve sucesso em nenhuma de suas tentativas. O Lorde Supremo da Galáxia estava só.

— Calma Chewy, calma! - Rey estava muito confusa, sreá que alguém havia sentido a presença de Ben na base, talvez a General Organa, talvez Chewy..."Melhor abrir a porta."

— Woooeeeoo.

Não era preciso muito para que Rey entendesse que a general queria vê-la. Os únicos que sabiam que ela poderia estabelecer uma comunicação através da Força com Kylo estavam mortos - Smoke e Luke Skywalker. Apreensiva ela seguia Chebawacca até os aposentos da General.

Elas nunca haviam conversado sobre os acontecimentos na sala do trono de Smoke, tudo que Leia sabia era que seu filho havia ordenado o ataque a base de Crait, como exatamente Rey saíra viva e Smoke morrera permanecia um mistério.

— Com sua permissão?

— Sim, pode entrar.

— Como posso lhe ajudar?

Com uma voz cansada a General Organa explicou a Rey (para seu alívio) que ela precisaria viajar entre diversos sistemas planetários com Finn e Poe para alertar-los sobre a proximidade e perigos que a Primeira Ordem traria agora sobre o comando de Kylo Ren.

— Rey, Kylo está mais poderoso do que eu algum dia poderia imaginar. Ainda que sejamos poucos precisamos nos organizar para poder enfrentá-lo.

— O nome dele é Ben Solo, eu já lhe disse que vi conflito e dúvidas em sua alma, ele não foi dominado pelo lado negro. Nós precisamos ajudá-lo.

Leia não escondeu sua surpresa com aquelas palavras, Rey era tão insistente quando seu irmão Luke na juventude.

— Então me diga Rey de Jakku, como podemos ajudar alguém que não existe mais?

A grande verdade é que ela não sabia, a única verdade que podia sentir através da força é que Ben continuava em Kylo.

— Em breve me unirei a Han e meu irmão, não haverá um de minha família a continuar o meu legado, todos nós teremos partido e preciso pedir ajuda a cada um dos que sobreviveram a não deixar que a Primeira Ordem vença.

Rey sabia que uma das expectativas da general é que ela se tornasse uma das lideranças da resistência, mas a maneira que a general lhe falava a deixava muito incomodada. Na verdade o que ela poderia dizer, ela sabia que lutaria até o último minuto de sua vida, mas a que preço? Já não havia como segurar aquele desconforto, ela precisava dividir aquela angústia com alguém.

— General, com sua permissão, eu não fui capaz de matar Ben Solo. Eu tive essa chance e não consegui. Agora algo dentro de mim me culpa por ter permitido que ele vivesse para que pudesse destruir a vida de tantos outros.

— Criança, você realmente acredita que matar Kylo Ren significaria o fim da Primeira Ordem? Sempre haverá outro e mais outro, assim como Kylo tomou o lugar de Snoke haverá outro a tomar seu lugar. Nós somos poucos agora, precisamos crescer, formar alianças para diminuir a força da Primeira Ordem, até que possamos fazer cada um deles, cada um dos stormtroopers a questionar qual seu papel naquela trilha de morte e desolação.

— Finn?

— Finn pode nos ajudar, Poe, Rose, você, Chewy, todo e qualquer ser que acredite na liberdade. Eu sei que suas decisões até agora não foram fáceis, que você vive atormentada por coisas que eu não posso lhe ajudar, mas não se culpe pelo que você decidiu.

— Eu sei que não tomei nenhuma decisão errada, mas para cada um daqueles que me perdemos me faz lembrar que eu lhe poupei a vida.

— Rey de Jakku, eu lhe admiro por não ter desistido. Nem todos teriam sua coragem.

Com um alívio que transbordava em forma de lágrimas Rey pediu permissão para sair do quarto de Leia. Com a resistência reduzida a poucas pessoas, Rey se culpava ainda mais por toda a situação que estavam vivendo

— Permissão concedida.

— Rey, posso lhe pedir um favor?

Ela acenou com a cabeça indicando que sim.

— Diga a ele que o amo e que eu sinto muito.

Rey abaixou a cabeça e saiu. Ela sabia. Todas essas semanas, talvez até mais tempo do que ela pudesse imaginar e ainda assim não interferiu, talvez ela até soubesse que ela havia visto Ben a poucos minutos atrás e ainda assim a única coisa que ela lhe pediu foi transmitir um pedido de desculpas.

Ela precisava de um pouco de ar, naquele planeta quente e úmido que estavam não havia a brisa refrescante de onde ela havia encontrado Luke pela primeira vez. A idéia de água por perto lhe acalmava após viver tanto tempo naquele deserto de Jakku.

A água fresca aliava seus pés do calor e o barulho da água corrente lhe lembrava que tudo fluia através da força. Força essa ainda tão desconhecida que mais uma vez a havia conectado com Ben.

Longe dali Kylo Ren vasculhava através das informações dos aliados qual o provável sistema planetário que os poucos da resistência ainda se escondiam. Nada que pudesse lhe levar à Rey. Ainda se lembrava que na última vez que se viram ela tinha ido a seu encontro.

Longe dali, Rey sentiu quando a correnteza mudou o fluxo da água. A general estava partindo, assim como havia sentido com Luke agora ela também iria. A Força que fluia pela água levava a Força que estava na general para se unir àquele planeta.

Rey se permitiu não ser tão forte, estava sozinha, frente a desafios que jamais havia sonhado enquanto estava em Jakku. As figuras mais próximas que tinha de uma família estavam se indo pouco a pouco, Han, Luke e agora Leia – Finn era como o irmão que nunca se quer havia pensado que teria um dia, mas não seria justo comportailhar essa dor com ele.

Lágrimas começaram a surgir, ela não fez esforço em segurar o choro, não o via como sinal de fraqueza e sim como uma possibilidade de aliviar sua alma daquele peso que sentia.

Ele estava ali.

— Eu preciso ficar sozinha.

— Você estava sozinha até agora, eu senti.

Ele se sentou a seu lado, ela não teve curiosidade em olhá-lo e mesmo assim sabia que Kylo a mirava sem pudores.

— Eu sinto muito. – Ele tentou continuar a conversa. A conexão se abrira com Rey no exato momento em que sua mãe havia partido. – Já era hora.

— Sente, eu sinto por você. Eu sinto por cada pessoa que um dia acreditou que você poderia mudar. – Nesse momento ela se virou em sua direção, não estavam a mais de um metro de distância um do outro. – Você sabe o que ela pediu para eu te dizer? Ela sabia que falariamos!

Impassível Kylo Ren balançou a cabeça aguardando que ela se acalmasse para continuar.

— Ela me pediu para que eu lhe dissesse que ainda o amava e que sentia muito por tudo.

Kylo estremeceu. Sua mãe acabara de partir e ainda assim se lembrara de se desculpar.

— Obrigado.

— Está feliz agora? Finalmente você conseguiu tudo que você queria, sua família morta, você supremo líder de toda a galáxia e os poucos que sobraram da Resistência estão sem liderança.

— Você será a líder deles.

Ela insistiu na mesma pergunta

— Você está feliz agora?

Kylo ficou em silêncio, nada do que havia feito ou que seus seguidores haviam obedecido lhe trouxe alívio. Por quê ela insistia naquela pergunta?

— Não. Você está?

Os olhos de Rey estavam marejados por aquela pergunta, o que ele esperava? Por que estava ali? Ela não percebeu o momento que começou a segurar o choro, como se isso adiantasse algo. Ambos podiam sentir o que cada um se permitisse.

Ele se aproximou mais como se pudesse realmente consolá-la, como se ainda fosse possível atravessar uma galáxia inteira em menos de um segundo para poder lhe oferecer o que ele mais precisava.

— Rey... – Ele estendeu seu braço na esperança de alcançar seu rosto e enxugar a primeira lágrima que havia a vencido.

Ela pode sentir seu toque e desviou o olhar.

Sem ameaça, sem medo, ele se aproximou mais e lhe extendeu sua outra mão, como se pedisse e oferecesse um abraço ao mesmo tempo.

— Ben...

Atravessando o límite da compreensão de ambos, eles se abraçaram e Rey pode sentir o quanto ele estava triste pela morte de sua mãe e por ele não estar ao lado dela naquele momento.

O abraço lhes trouxe o passado, o presente e o futuro como algo misturado e de difícil entendimento, eles se viram do mesmo lado, juntos contra algo que não sabiam ainda.

— Mate seu passado Rey, junte-se a mim. Eu lhe imploro. – Kylo lhe segurava ternamente.

— Você matou Han Solo, Snoke, deixou que a Resistência se acabasse por aquele monitor na sala do trono e esperava realmente que eu aceitasse me unir à você?

O líder supremo da Primeira Ordem se afastou dela o suficiente para ver seu rosto.

— Por que você não me matou se teve a chance na sala do trono? Você teve a chance de mudar tudo e ainda assim permitiu que eu continuasse vivo. Por quê?

O que havia dito a Rey poucas horas antes lhe voltou a mente, não era para ela aquela pergunta...

— Você acredita que matar Kylo Ren acabaria com a Primeira Ordem? Assim como você matou Snoke, haverá alguém pronto para assumir seu lugar. Eu quero encerrar esse ciclo com Ben Solo. Junte-se a mim.

— Reyyyy, Reyyyy.... – a voz de Finn se aproximava.

Bem devagar ela foi sentindo que a presença de Ben Solo se desfazia.

— Rey, que houve? Você está chorando? Eu não trago boas notícias

— Sim, Finn, nós já sabemos. Vamos voltar para a base.

Kylo Ren estava sentado em seus aposentos na nave da Supremacia, precisava trocar os sapatos, inexplicavelmente eles estavam molhados e cheios de lama.


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Notas finais do capítulo

Espero que gostem!
Todos os personagens citados pertencem a Disney/Lucasfilm.



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