Ele e Eu escrita por Thay Chan


Capítulo 14
Capítulo 13


Notas iniciais do capítulo

Boa tarde! Como estão meus pequenos gafanhotos? Espero q todos estejam bem e curtindo bastante o carnaval! Kkk, só eu msm pra postar um capítulo em pleno carnaval, mas eu realmente não sei esperar, então aqui estou eu! Então, esse capítulo é o maior de todos e, cara, seria maior, mas eu decidi dividir ele pq se n ficaria enorme, mas gostei de onde parou, então o próximo será o cap. 14 msm. É isso, espero q vcs gostem! Aproveitem!



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DURANTE A SEMANA toda, os noticiários vinham anunciando um forte temporal. Segundo eles, uma frente fria estava se formando sobre o leste do Condado e Toms River estaria bem no olho do furacão. Pelo o que parecia, pelos próximos dias a cidade ficaria sob uma forte chuva torrencial e as autoridades deveriam ficar em alerta, pois poderia haver névoa densa e a probabilidade disso causar graves acidentes de trânsito. Também havia a possibilidade de acontecerem chuvas de granizo em alguns pontos isolados, mas era mais esperado na região sul do estado.

Papai e eu conversamos sobre isso em uma noite quando estamos na sala, ele, à mesa de jantar dividindo sua atenção entre o notebook e a TV, que mais uma vez noticiava a grande tempestade, e eu, no sofá, vestida com o meu pijama amarelo banana, com uma grande tigela de pipoca caramelizada entre as pernas cruzadas.

— Eu espero que não seja isso tudo o que estão dizendo – disse papai, enquanto observava a meterologista informar os percentuais de umidade de ar de cada região. — Eles sempre cometem erros. Espero que esse seja só mais um deles.

Eu olhei para papai, que parecia visivelmente preocupado. A ruga entre as sobrancelhas denunciando sua ansiedade.

— Não sei não, papai – eu disse, sem querer ser estraga prazeres, mas sem conseguir mentir sobre isso. — Eles estão anunciando essa tempestade desde o início da semana, não acho que haja algum erro aí.

Papai ainda olhava a meteorologista:

— Eu sei, querida. Mas a meteorologia é muito incerta. Se trata de probabilidade. O que serve como verdade hoje, não serve amanhã.

Eu mastiguei a pipoca na minha boca antes de falar:

— Bom, por enquanto ainda está servindo. Infelizmente.

Papai me olhou, como se o objeto da sua atenção tivesse mudado:

— Você está bem com isso?

— Bem, eu não posso mandar os Céus pararem de chorar nem nada do tipo. Então sim, estou bem – eu disse.

Papai sorriu, achando graça.

— Mandar os Céus pararem de chorar? Não sabia que você acreditava nesse tipo de coisa.

— Ou é isso ou acreditar em todo esse processo de ciclo da água. Nuvens se condensando, pufff! – eu disse, revirando os olhos exageradamente.

Papai riu.

— Bem, agora eu sei que você realmente gosta de Percy Jackson.

— Não mais do que Harry Potter – disse, lambendo os dedos sujos de açúcar.

— Claro que não – papai falou. — Eu a renegaria se fosse o caso.

Eu sorri prontamente e então voltei minha atenção para a TV enquanto pegava a tigela de pipoca. A meteorologista agora alertava sobre os riscos de uma chuva como essa que estava prevista.

Ficamos por algum tempo calados, apenas ouvindo a cobertura do possível temporal e o som de papai digitando. E então um relâmpago cruzou o céu e clareou a sala por alguns segundos.

— Ops – eu me virei para papai. Mas antes que ele pudesse dizer qualquer coisa, começou a chover e a trovoar ruidosamente.

Depois de um momento, papai falou:

— Parece que hoje é o dia C.

Sim, ele havia trocado propositalmente a letra D pela a C tentando fazer uma alusão à palavra chuva. E sim, eu deveria ter pelo menos fingido que a piada havia sido engraçada, mas estava ocupada demais pensando em outras coisas.

Pulei do sofá e fui até a janela. As gotas d'água batiam no vidro com força, como se planejassem quebrá-lo. Mas fora elas, não era possível enxergar mais nada. Apenas a escuridão de uma noite sem lua.

É, eu sei que há dois segundos atrás eu parecia estar bem com todo esse negócio de temporal, mas a verdade era que há dois segundos atrás o temporal ainda não havia começado.

Eu voltei para o sofá e abracei as pernas.

— Quando o sr. acha que vai parar? – eu perguntei a papai. Ele estava fechando o notebook porque não gostava de usar aparelhos eletrônicos quando estava chovendo, por causa de descargas elétricas.

Ele parou e olhou para mim, solidário.

— Não sei, querida. Mas acho que não ainda hoje.

Eu suspirei.

— Ótimo – disse, apoiando o queixo nos joelhos, desanimada.

Papai parou ao meu lado e colocou uma mão nas minhas costas de maneira reconfortante.

— De qualquer forma, tenho certeza de que acabará logo – disse papai, tentando parecer convincente o suficiente.

Gemi e escondi o rosto entre as pernas.

Não sei porque eu havia perguntado quando a chuva passaria, era óbvio que não seria logo. Além do mais, a TV havia anunciado pelo menos quatro dias de tempestade. E papai sabia disso, mas eu não podia culpá-lo por ele estar tentando me animar. Por isso apenas continuei calada.

Depois de um momento, papai puxou meu braço para que eu levantasse a cabeça e olhasse para ele.

— Escuta, sei que não será tão rápido assim. Mas você quase não vai perceber o aguaceiro caindo lá fora, prometo.

— Dúvido muito – eu disse.

— Palavra – papai disse, todo seguro.

 

Papai não estava brincando. Durante as próximas horas, ele embarcou na missão de tentar me distrair. Ele tirou a mesa de centro do meio da sala e pegou todos os jogos que tínhamos guardados. Agora, nós estávamos em diversas posições complicadas enquanto jogávamos Twister. Papai parecia estar a ponto de jogar a toalha por causa da coluna. E eu não perdia a opostunidade de implicar com ele sempre que podia, principalmente porque queria ganhar.

— Acho que o sr. deveria parar enquanto pode, antes que sua coluna trave de vez – eu disse, enfaticamente, enquanto observava papai tentar se esticar para colocar o pé direito no círculo vermelho.

Papai olhou para mim, tentando não parecer cansado, e sacudiu a cabeça.

— Nada disso, mocinha – disse ele, estalando a língua. — Você não vai me vencer tão fácil assim.

Eu sorri.

— O sr. parece como se estivesse correndo uma maratona – falei.

— Ah, isso? É porque está abafado. Eu sempre arfo quando está abafado, você sabe.

— Mas o céu está caindo lá fora.

— Isso não quer dizer nada – insistiu papai. — Ainda sim está quente. — E então como se tivesse se dado conta de algo, falou: — Oh, droga! Esse jogo era para fazê-la esquecer a palavra com C, e você acabou de falar ela!

— Eu não disse a palavra com C!

— Ok, você não disse. Mas pensou nela, certo? – eu assenti, contrariadamente. — Eu sou realmente ruim nisso.

Ele não disse isso mais do que como uma constatação, mas mesmo assim me senti uma idiota por ter citado a palavra com C.

— O sr. não é ruim. Eu consegui mesmo esquecê-la esse tempo todo – eu disse, rápido demais, querendo mudar logo de assunto. — Então, o sr. vai ou não me passar a vez?

Papai sorriu.

— Calma, garota – ele disse. — Estamos trabalhando aqui. Você não espera que um mágico tire seu coelho da cartola em um passe de mágica, espera?

— Hã, na verdade, sim.

Papai negou com a cabeça.

— Não, não. O segredo da boa mágica é a expectativa. Você precisa criar expectativa para que a mágica funcione devidamente – ele disse.

Perguntei-me como ele poderia saber disso. Papai não sabia fazer nenhum truque de mágica, nem mesmo o de esconder uma moeda atrás da orelha, e não era por falta de tentativas.

— Ok – eu disse, decidindo não falar o que estava pensando. — Mas o sr. não acha que já criou expectativa demais? Eu realmente estou ansiosa pela a mágica.

Papai limpou a garganta, como um apresentador de circo fazia antes de anunciar a próxima atração.

— Certo – ele disse. — Agora você vai presenciar meu mais famoso número. Lá vai… – e então ele esticou o pé sob a perna que estava sobre o círculo azul, mas antes mesmo dele chegar ao círculo vermelho, tudo ficou escuro. — O que aconteceu?

— Salvo pelo o gongo – eu disse, para ninguém em particular, já que tudo o que eu via era escuridão. — Acho que a energia acabou – eu respondi, ainda para ninguém em particular.

Papai gemeu enquanto se levantava.

— Deve ter sido a tempestade – ele disse. E então: — Oh, sinto muito, querida. Não tem como ignorá-la agora.

Eu tateei o sofá e me joguei nele.

— Tudo bem – eu disse. — Só o que eu quero agora é que a energia volte.

— Espera – papai disse. E então os passos dele ecoaram pela sala. Eu sempre achava estranho o modo como tudo parecia tão silencioso durante a noite, principalmente sem o som da TV ao fundo. Ouvi o barulho da gaveta do rack sendo aberta, e em seguida o de coisas aleatórias sendo reviradas. — Aonde está? Tenho certeza que deixei aqui. Caneta, bloco de papel, pilha… espera, achei.

Um segundo depois parte da sala estava iluminada pela a luz da lanterna que papai tinha na mão.

— O que vamos fazer agora? – eu perguntei a ele, enquanto jogava a cabeça para atrás, entediada.

Papai examinou a sala com a lanterna.

— Acho que deveríamos primeiro olhar a caixa de luz.

Eu me levantei, lentamente.

— O sr. tem outra lanterna? – perguntei.

— Não, o que é uma grande burrice, já que nessa casa moram duas pessoas e não ajuda muito ter apenas uma – papai respondeu. — Lembre-me de comprar outra na próxima loja de departamento que pararmos – ele pediu.

Dei de ombros.

— De qualquer forma, eu não sei onde fica a caixa de luz mesmo. E nem saberia o que fazer caso soubesse. Portanto, eu estarei bem atrás do sr. – eu falei.

Papai assentiu como se tivesse acabado de assumir um papel importante. Nesse caso, o de Eletricista da Família.

— Certo. Então vamos ver qual o problema – disse ele, confiante, antes de se colocar na frente com a lanterna na mão e eu o seguir.

Nós atravessamos a sala, pegando no caminho dois guardas-chuvas e dois casacos com capuz que ficavam em um cabideiro, passamos pela a cozinha e saímos pela a porta do fundo, mas antes que chegássemos a contornar a casa, percebemos que o problema deveria ser maior do que somente nossa caixa de luz, porque todas as casas ao nosso redor também estavam às escuras. Além do mais, haviam vários pequenos focos desfocados de luz fluorescente iluminando áreas limitadas da rua. Papai e eu andamos até a frente da casa.

— Uau – papai disse.

Na nossa frente, todos os nossos prováveis vizinhos estavam espalhados pela a rua, com lanternas, guardas-chuvas e capas, a chuva caindo sobre eles como a água de um chuveiro, a maioria olhando para um poste de luz onde havia um transformador. O nosso transformador.

Papai se aproximou de um grupo de cinco pessoas, que conversavam em uma roda enquanto apontavam para o transformador. Eu o segui, cautelosa.

— Boa noite – papai falou, observando o grupo parar a conversa para prestar a atenção nele. — Meu nome é Kisashi Haruno, me mudei há algumas semanas para essa casa – ele apontou para a nossa casa — E nós, eu e minha filha, – ele apontou para mim – também estamos sem energia. Vocês poderiam me dizer qual é o problema? – papai perguntou, educadamente.

Um homem barrigudo de capa esticou a mão que não segurava a lanterna vermelha para papai. Papai trocou a própria lanterna para a mesma mão do guarda-chuva e aceitou o cumprimento.

— Boa noite! – Disse o homem barrigudo, muito empolgado. — Sejam muito bem-vindos! – ele olhou para papai e depois para mim. Eu me encolhi. — Eu sou Billy Hamilton! Mas podem me chamar apenas de Bill ou Billy mesmo! – ele gargalhou — Muitas pessoas acham que Billy já é um apelido! – ele continuava a falar dando ênfase à cada palavra. — Muito prazer em conhecê-los! – ele apontou para o restante do grupo. — Esses são Katya, Shanie, Jonh e Mikoto! – Billy foi os apresentando enquanto eles apertavam a mão de papai.

Papai parecia animado em conhecer todos eles, mesmo em meio à toda aquela chuva.

— Então! – disse Billy, apontando o tranformador. — Nós achamos que esse carinha aqui queimou! Eu não ouvi, mas Jonh e Katya dizem que ouviram um estrondo antes da energia acabar!

Katya e Jonh acenaram com a cabeça.

— Sim, – Katya, uma mulher de olhos enormes, que pareciam mal encaixar no rosto, e muito magra, falou. — Jonh e eu estávamos vendo The Tonight Show Starring Jimmy Fallon, quando nós ouvimos uma barulho de algo explodindo vindo daqui de fora, e então, bem quando olhávamos pela janela para ver o que era, a energia da nossa casa e da rua toda acabou.

— E depois – continuou Jonh, um homem alto, de cabelos cor de palha e olhos azuis piscina — Eu achei que era o transformador e fui até a casa de Bill, e quando chegamos aqui, o transformador estava com cheiro de queimado.

— Também com toda essa chuva! – disse Billy. — Talvez tenha sido atingido até mesmo por um raio!

Papai olhou para o transformador e depois para Billy.

— Você acha que demorará muito para virem concertar? – perguntou papai.

Billy assentiu.

— Oh, com certeza! Principalmente com essa chuva!

— De qualquer forma, – disse a mulher com uma voz bonita e os cabelos escuros presos em um coque — Não faz sentido ficarmos todos nessa chuva. Podemos pegar um resfriado ou coisa pior. Iremos para a minha casa, lá nós temos velas e comida o suficiente!

— Mikoto, nós não queremos atrapalhar – disse Katya, com seus grandes olhos esbugalhados a fazendo parecer como se ela estivesse surpresa.

— Imagina, Katie – disse Mikoto. — Não é incômodo algum, nós estamos realmente precisando fazer uma pequena reuniãozinha de vizinhos — ela olhou para mim e papai. — Vocês também estão convidados, – disse ela — Afinal agora também fazem parte da família. Ou melhor, vocês têm que vir. Também será uma festa de boas-vindas – ela sorriu.

Papai olhou para ela como quem não sabia como recusar, mas como quem também queria aceitar. Eu sabia que ele queria mesmo ir, então fiz o que tinha que fazer. Puxei ele para o canto e disse baixinho:

— Vamos, papai – eu disse, mesmo que não quisesse.

Papai olhou para mim, surpreso, mas logo depois se recuperou.

— Sá, você não precisa fazer isso por mim, eu não quero – mentiu ele. — Nós podemos voltar para casa e fazer algo legal – ele tentou.

— Não – eu tentei soar confiante e até tentei um sorriso mas não tinha certeza de como ele pareceu, mesmo assim continuei: — Eu realmente quero ir. Vai ser legal.

Papai me olhou cheio de dúvidas como se não acreditasse mas não quisesse insistir.

— Tudo bem – disse ele, dando-se por vencido. — Mas, – ele completou — Você precisa me prometer que se se sentir desconfortável com qualquer coisa e quiser ir embora, vai me falar. – ele me olhou, esperando.

Eu assenti.

— Prometo.

Papai sorriu, suavemente, e então pegou a minha mão.

— Certo – ele disse para o grupo, enquanto nos aproximávamos. — Nós não perderemos nossa própria festa. 

 Mikoto sorriu e Billy e Jonh trocaram um hive-five barulhento e um "Isso aí, mano!"

— Então vamos sair dessa chuva antes que sejamos nós os atingidos por um raio – disse ela, nos guiando até a casa de frente à nossa, a mesma da do garoto que nos ajudara com as sacolas de mercado, a casa verde-limão.

 


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Notas finais do capítulo

O q acharam? Gostaram? Espero q sim! Eu particularmente amei ele! Foi um dos q eu mais gostei de escrever. Mas espero q vcs tenham gostado tbm. Me digam! É isso, bjs e até a próxima!



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