Heartless escrita por Raposinha Marota


Capítulo 1
Heartless


Notas iniciais do capítulo

Olá, caros leitores!
Agradeço de antemão pela atenção e espero que possam aproveitar a leitura como desejam.
Estória inspirada na música do Hinder, Heartless.

Desejo-lhes uma boa leitura.

Obs: Se possível, leiam ouvindo a música. Garanto uma experiência muito interessante.



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Não havia homem na terra que pudesse condená-lo. A raiva, a decepção e o sentimento pobre de traição o consumia rapidamente, sem dar-lhe o tempo de se salvar. Tudo ao alcance daquele homem era destruído, sendo arrebentados contra as paredes ou simplesmente lançados violentamente contra o chão. Tudo se deteriorava com apenas um único toque. Seu interior clamava. Ardia como as próprias chamas do inferno. Ódio lhe resumia muito bem. Por mais que seu rosto apenas incumbia a sinistra indiferença, seus olhos transbordavam em uma mistura devastadora de dor, fúria e sede de vingança. O cômodo que habitava já estava quase irreconhecível pelo caos que o próprio havia criado. As paredes tinham suas feridas, marcas que não chegavam perto das que foram feitas no coração do homem. Vidro e porcelana, aos pedaços, decoravam o piso, assim como os retalhos de seu vestuário... Por mais que continuasse aquela desordem, não havia remédio para a sua dor e sua revolta. 

Em um minuto dado aos seus pensamentos, suas ações cessaram por completo. Zero insistiu dar um profundo e demorado inspiro. O ar gélido fora o suficiente para lhe trazer o mínimo de sanidade possível para fazê-lo perceber o que havia feito. Observar o cenário criado fora desgostoso. O homem rapidamente pegou sua carteira, o molho de chaves e seu celular. Abriu a porta em um aparentemente golpe, abandonando o apartamento em que vivia sem se preocupar em trancar a porta assim que fechara a mesma com toda a brutalidade. 

Perambulando as ruas cinzentas, sua mente conturbada organizava-se aos poucos. O rapaz agradecia ao pequeno momento de lucidez que teve. Se não fosse por isso, certamente ele teria arriscado a dirigir até a casa de Yuuki em sua condição mental. O tempo até seu destino era bem-vinda ao homem. Uma vez que o tempo seria o suficiente, ou deveria ser, para retomar a sua sanidade e manter-se são para o que estava por vir. A cada passo dado, um fragmento de maturidade; A cada passo, um fragmento de rancor. Fora um tolo por ter acreditado. Acreditado nas palavras vazias que a mulher lhe iludira. Fora ingênuo ao crer que a conhecia após todos aqueles anos. Ele era feliz... 

Até que a verdade o despertou e o fez ver o quanto fora enganado. 

A presa era sua inimiga. Não bastava apenas tocar o interfone da residência. Rudemente, o homem batia seu punho fechado contra a porta, sendo impossível não ser capaz de ouvir tais ruídos. Zero não se permitia perder nem mais um segundo de sua vida com aquilo. Logo, a porta se abriu, revelando uma bela mulher, perfeitamente vestida e maquiada. Ela exibia um belo sorriso, porém o mesmo morreu no mesmo instante que seus olhos recaíram no rapaz em sua porta. Yuuki encontrava-se em pânico, demonstrando seu nervosismo ao fugir do olhar inquisidor. Ao menos, aquele tempo em que viveram junto tiveram alguma utilidade para o rapaz. Tal comportamento lhe causou ódio e tomado por esse sentimento o homem chocou seu braço contra o batente, produzindo um alto som ameaçador. Em defesa, a mulher assustada recuou alguns passos. Seus olhos aterrorizados buscavam reconhecer a pessoa ali. Ela não compreendia o que poderia causar aquela reação... A não ser que ele sabia. E fora quando os olhos cinzentos do mesmo pareciam querer a sua morte que a mulher compreendera. 

O dono daqueles olhos cheios de tristeza e ódio tinha plena ciência das decisões ocultas tomadas por Yuuki.

 

— Eu ainda não acredito que isso está acontecendo. – a voz do rapaz estava repleto de incredulidade. O sarcasmo em suas palavras era tão ofensivo quanto as suas expressões severas. Calada, a mulher apenas consentiu. – Você teve a ousadia de me pedir um tempo, dizendo que estava ocupada com compromissos com a faculdade e estava sufocada... Sendo tudo uma grande porcaria de mentira pra você ir se encontrar com o desgraçado do seu ex? 

— De onde tirou isso, Zero? – Yuuki fingiu ignorância, tentando alcançar a mais tranquila feição. Contudo, seu próprio disfarce se comprometia toda vez que fugia do contato visual com o homem. 

— Acha mesmo que não tenho amigos nesta cidade só porque sou novo aqui? Sim. Eu estou sabendo dos seus encontros com o Kaname. Eu não queria acreditar que você teria essa coragem. Mas, sério, justo a mim? Aquele que te apoiou e te deu o amor necessário quando o cafajeste te largou por causa de outra? 

— Eu não estou saindo com ele. Apenas conversamos. Eu juro. 

— Não cansa de mentir, não é mesmo? Até quando quer me enganar? 

— Eu te juro! – Yuuki sabia. Sabia que se não conseguisse se provar inocente, perderia-o para sempre. Ela não queria isso. Almejava conseguir o melhor de ambos os lados. Um pensamento extremamente arrogante e enojador. Suas extremidades tremiam na hipótese de perdê-lo. Imaginou quem poderia tê-lo informado de seu adultério. Em questão de segundos, apenas uma imagem lhe tomou a mente. Sua expressão se tornou dura e rancorosa. Apenas aquela que mais odiava poderia ter feito isso. – É aquela sua amiga, não é?! – seu olhar era desafiador, sendo a primeira vez que confrontava o olhar do outro com tanta intensidade. –  Ela está armando contra mim! Contra nós! Eu nunca te trairia! 

— Pra constatar, quem me contou foram outras pessoas. – Zero soou ainda mais intimidador. Retirando as presas o celular do bolso, o mesmo rapidamente localizou o que queria e exibiu o aparelho. Sobre a tela, uma foto estampava grandiosa. Os olhos âmbares retraíram-se de imediato. Ela reconhecia as pessoas ali. A imagem retratava o exato momento em que Yuuki beijava Kaname ao que ambos estavam aproveitando um jantar em um restaurante popular da cidade. A mulher estava espantada com tal prova e ao buscar a fonte, a mesma notou um ícone com a foto de um homem que ela desconhecia. – Vai me dizer que isso é um cumprimento agora? 

— Zero, isso não... 

— Chega! – gritou o rapaz em fúria, guardando o celular de qualquer jeito. – Você está querendo me fazer sentir impotente, tolo... Você não pode negar as marcas que você deixou. Não há desculpas para isso. Essa é a verdade. Você não passa de uma vadia! Jogando-se nos braços daquele que já te abandonou e te descartou como lixo. Abanando o rabo assim que ele volta... Você é apenas um demônio disfarçado de pessoa. 

— Olha como fala... 

— Eu tenho esse direito! – dando mais um soco no batente, o jovem fez a garota se calar. – Você me enganou, me usou e quer que eu seja como você! Você é egoísta, uma idiota, impotente contra esse fogo que tem! Você não tem um coração, apenas há um buraco frio dentro de você. Acabou! 

— Por favor, Zero. Não...

 

O som do telefone da casa calou ambos, arrepiando o corpo da jovem em cada toque. Zero apenas encarou o aparelho sobre um móvel ao canto da parede, mais adentro da casa e indiferente, aproximou-se do aparelho, ignorando completamente os protestos exaltados e suplicas da dona da residência. Já à frente do aparelho, o homem retirou do gancho e sem pronunciar uma só palavra o mesmo esperou que a outra pessoa se identificasse. As palavras que ouvira a seguir eram enojadas. Ouvir a voz de Kaname já lhe era o motivo suficiente para sentir repulsa e desgosto, contudo o modo como ele se referia a Zero, confundindo-a com a mulher, era ainda mais irritante. Zero retirou rapidamente o aparelho do rosto e, com uma calma inesperada, colocou-o sobre a mesa. O homem tinha expressões duras, sombrias e extremamente severas. Yuuki demorou um período de tempo para refletir sua situação. Assim que o medo de perdê-lo lhe assombrou, correu para abraçá-lo. Ao sentir o contato daquele corpo, Zero brutalmente a jogou para trás, derrubando-a sobre o chão. No que seus olhares se cruzaram, a mulher viu sendo alvo daqueles olhos frios e vazios. O homem saiu da casa logo em seguida e se foi, deixando os chamados em prantos da mulher que um dia amou se perderem no vazio. 

Só após quase uma hora do ocorrido, Zero fora capaz de parar. Estava longe de casa. Apenas permitiu que seu corpo vagasse tempo o suficiente para que sua mente voltasse a processar normalmente. E seu coração também havia se acalmado. Apesar da dor e do sofrimento, parte de si se sentia livre. 

A noite estava solitária... do mesmo modo como o rapaz se sentia no momento. Sozinho. Buscando o celular, o homem pensou que poderia buscar auxílio. Um alívio para sua alma e companhia para suas confissões. Seria a melhor forma para amenizar suas tristezas... Até mesmo esquecê-las. Olhando para os contatos sem interesse algum, ao olhar para um nome em específico, sentiu-se extremamente mais calma. Até mesmo mais feliz. "É aquela sua amiga, não é?!", as palavras de Yuuki soaram distantes. Ele sorriu brevemente e ligou para o número no visor.

 

— Miyuki? 

— Zero? – o dono do nome suspirou aliviado. Ao sentir o calor das próprias lágrimas em sua face, o homem se perguntou se finalmente poderia deixar de ser forte. E sem querer, um soluço lhe escapou dos lábios. – Zero? O que houve? Por que está chorando? 

— Podemos nos encontrar agora? Eu preciso de um ombro.


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Notas finais do capítulo

Recomendo >>> Heartless: https://www.youtube.com/watch?v=TBhy4z976vQ

Caros leitores de todas as idades. Gostaria que, humildemente, deixassem uma palavra a esta escritora que aqui vos escreve. Não é pedir muito um simplório comentário para dar a luz que um escritor necessita.



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